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O barco atracou ao lado de uma ponte de madeira e logo Katáli apareceu para me ajudar a andar. Desci do barco com dois soldados em minhas costas, logo atrás as meninas vinham em fila e sendo puxadas pelas correntes como escravas.
Tudo aquilo estava me abalando, eu sentia o peso da minha responsabilidade pesar em meus ombros a cada passo que eu era obrigada a dar em direção a uma grande casa com um grande estábulo e celeiro cercados por um muro de pedra guardado por soldados armados com espadas e lanças. Conectado com os muros da mansão, havia uma grande muralha com torres e vigias que se estendia até uma montanha próxima, ao leste.
- Que lugar é esse?- Perguntei para Katáli enquanto analisava os guardas no muro.
- Bem vinda aos campos verdejantes de Constança.- Maurizio respondeu surgindo do meu lado.- Aquela mansão é o lar do filho mais velho do general, ele é responsável por guardar nossa fronteira com Hiunaak. Nós não vamos ficar muito tempo, apenas o suficiente para preparar nosso transporte para a fortaleza de Constança.
Nos aproximamos do portão e Maurizio bateu o pulho fechado em seu peito e abaixou a cabeça para os guardas, logo os outros soldados fizeram o mesmo em sincronia. O portão foi aberto e conforme entrávamos na propriedade mais eu me surpreendia com tudo naquele lugar. O jardim tinha belas flores e um xafariz com estátuas de mulheres com asas e espadas em mãos, o estábulo estava cheio de cavalos muito bem cuidados e o celeiro estava com as portas abertas deixando á mostra os funcionários empilhando feno.
- Maurizio!!- Uma voz animada me tirou de meus devaneios e eu observei o homem que vinha de braços abertos e um largo sorriso em nossa direção.
- Enrico Marjorie!!- Maurizio disse e os dois se abraçaram como se fossem irmãos. - Srta. Marjorie, é um prazer revê-la. - Ele disse para a jovem que saiu de trás do tal de Enrico.
- Já disse para me chamar apenas de Megan. - Ela disse com um sorriso.
- Vejo que a missão foi bem sucedida.- Enrico falou enquanto nos observava.- Essa é a moça que me contou, Katáli?- Ele se aproximou de mim encarando meu rosto.
- Sim. Essa é a guerreira Aylla, deu trabalho para capturá-la mas seus soldados fizeram um ótimo trabalho.- Katáli respondeu.
Enrico e Megan me analisaram dos pés a cabeça e deram as costas indo para dentro da mansão, os soldados levaram as outras para longe de mim enquanto eu era conduzida para dentro. Enrico ordenou que me levassem para a enfermaria e Megan se disponibilizou para me vigiar.
Descemos algumas escadas e entramos numa sala branca cheia de camas estranhas, num canto havia uma mulher vestida com um uniforme vermelho e preto mechendo em um armário.
- Sra. Galles , cuide dos ferimentos dessa nativa por favor. - Megan disse.
Me colocaram na cama e a mulher passou a cuidar da minha perna e dos meus arranhões. Megan não parava de me encarar com um olhar frio e ameaçador.
- Você deve achar que somos tolos em trazê-la para ser curada, mas acho que é importante avisar que você está em nosso completo domínio. - Megan falou ao sentar-se numa cadeira ao meu lado. - Você servirá apenas como uma peça no tabuleiro contra seu próprio time. É impossível fugir de nós, você e seus amiguinhos imundos vivem numa terra fértil e valiosa, então vamos tomar essas terras de vocês nem que para isso morra cada um de vocês até não restar ninguém. - Ela terminou quase rosnando.
- Boa sorte com isso, vão precisar.- Respondi olhando em seus olhos. - Não vão nos oprimir, podem até achar que estamos intimidados, com o rabo entre as pernas, mas não vamos nos render. Vamos proteger o que é nosso nem que para isso tenhamos que lutar com cada um de vocês até que recuem e nos deixem em paz.
Megan me olhou surpresa e saiu a passos pesados. Eu não deixarei que tomem nossas terras, eu lutarei, eu derramarei até a última gota do meu sangue antes de deixar eles destruírem nossa nação, nossa grande família.
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A Sra.Galles me deu um chá e em poucos minutos mergulhei num sono profundo e acordei do nada em um quarto bonito, cheio de cortinas e móveis de madeira esculpida. Minha perna estava totalmente curada e isso me deixou com a curiosidade aguçada. Como conseguiram curar um corte daqueles em questão de horas? Em Thaythar havia uma planta sagrada que Niké e Simbogyle usavam em suas poções para curar rapidamente mas essa planta só crescia em Thaythar e em nenhum outro lugar.
- Já acordou?- Enrico apareceu na porta do nada. - Imagino que esteja pensando que somos totalmente selvagens, mas não é bem assim. Não vamos ferir nenhuma de vocês, é apenas um jogo de chantagens e estratégias, depois de conseguir o que queremos vocês poderam ser livres.
- E por que acha que vamos deixar vocês destruírem nosso lar?- Perguntei me levantando.
- Nós compreendemos que Hiunaak é o lar de muitas tribos e que vocês são humanos como nós, por isso estamos sendo mais pacíficos. - Ele respondeu.
- Pacíficos? Vocês nos atacaram ontem a noite e mataram vários de nós!! Além de que estão levando minhas amigas e eu cativas para sua fortaleza!
Enrico se aproximou, ficando a centímetros de distância de mim, ele olhava diretamente para meus olhos com o semblante sério. Sua mão pousou em meu ombro e ele suspirou desviando o olhar para a janela.
- Apenas se comporte e nem você nem suas amigas serão feridas.- Ele respondeu e saiu a passos rápidos fechando a porta atrás de si.
Dei alguns passos em direção a janela e fui impedida, olhei para baixo e só então percebi que uma corrente conectada com as grades da cama prendia meus pés me impedindo de dar mais do que três passos. Me sentei na cama sentindo a raiva crescer dentro de mim.
Algumas horas se passaram e Katáli apareceu na porta com dois soldados, um segurava Maisha com uma mão enquanto que com a outra segurava uma espada próxima ao pescoço dela. Katáli balaçou as correntes na mão com ou sorriso vencedor.
- Vai deixar eu prender suas mãos e vai se comportar se não quiser ver a querida Maisha morta.- Ele disse.
Respirei fundo tentando conter minha vontade de socar aquela fuça imunda e estendi minhas mãos para que ele colocasse as correntes. Katáli saiu praticamente me arrastando escada a baixo com Maisha e os soldados logo atrás. Fomos em direção ao estábulo onde uma carroça puxada por dois cavalos nos esperava junto com Maurizio e seus homens montados em seus cavalos.
Logo outros soldados vieram trazendo Nerfetari e Aneesa, colocaram elas na carroça e voltaram a seus postos dentro da casa. Olhei ao redor enquanto levavam Maisha para a carroça e não avistei Gerda.
- Maurizio, onde está Gerda??!- Gritei furiosa.
- Bem aqui.- Megan apareceu com Gerda logo atrás vestida com uma bela roupa vermelha e cabelo trançado e preso em um coque com lenço amarelo e preto. - Ela nos contou como foi subjulgada por Thaythar e jurou lealdade á Alemanha, já que é uma de nós. Meu irmão Enrico permitiu que ela ficasse aqui.
- O quê?- Perguntei confusa. As demais na carroça também encaravam Gerda surpresas. - Gerda, você disse isso??
Gerda abaixou a cabeça e não respondeu. Minha raiva se espalhou como veneno no meu sangue e eu me inclinei com toda força na direção dela enquanto puxavam minhas correntes tentando me segurar.
- TRAIDORA!!! VOCÊ VAI PAGAR POR SUA INGRATIDÃO SUA RATA IMUNDA!! EU PRATICAMENTE CRIEI VOCÊ E É ASSIM QUE AGRADECE?? EU NUNCA VOU ESQUECER ISSO, NUNCA!!!
Depois de muito esforço dos dois soldados que me puxavam, conseguiram me arrastar até a carroça e trancaram a porta antes que eu conseguisse acertar um chute na cara de alguém. Sem demora a carroça partiu dali me levando cada vez mais para longe daquela traidora imunda.
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_____Bônus: Megan e Enrico____
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