Capítulo 5 - Angustia
LUCAS AMELL
O vento uivava no lado de fora, o céu cinza incitava um tom fúnebre sobre o ambiente, às folhas continuavam a cair do lado de fora. Meu corpo estava curvado sobre a pequena mesa redonda enquanto eu olhava vagamente para Marcus que parecia estar preocupado comigo.
A garçonete da lanchonete do hospital colocava na pequena mesa com apenas dois lugares o meu café expresso e o suco de laranja de Marcus, o ambiente estava praticamente vazio a não ser por mim e Marcus e consequentemente os atendentes da lanchonete. Olhei vagamente para o copo e o ignorei por alguns instantes. Minha mente viajou para um lugar distante e esse lugar acabava no sorriso de Lucy, mesmo quando eu não queria estar preocupado com sua vida.
Com a nossa vida.
Marcus passou a mão sob os meus olhos me tirando de uma vaga e longínqua lembrança enquanto seus olhos se acalmavam aos poucos com o estado em que eu estava. Meu rosto estava cansado, olheiras dominavam a parte inferior dos meus olhos, meu cabelo estava desalinhado.
Suspirei.
– Quando tudo isso começou? – Marcus perguntou.
– Há alguns dias eu acho, não tenho noção do tempo quando estamos juntos.
– Você a ama muito.
– Eu não sei viver sem ela. Se fosse possível eu daria a minha vida para ela, mesmo que ela se odiasse se eu o fizesse, mas eu saberia que ela estaria bem. Que ela estaria vivo.
– Isso é serio Lucas?
O silencio repentino tomou conta da nossa mesa, Marcus pensava. Eu olhava para o café enquanto o meu dedo indicador deslizava pela borda do copo em movimentos contínuos e interruptos.
– E qual o estado de saúde dela?
– Não é um dos melhores. O coração pode parar a qualquer momento, a medicação não faz mais efeito e a única alternativa que nos resta é um transplante. – falei sem emoção alguma. – É a melhor chance que ela tem, mas não há garantias que ela sobreviva após o procedimento.
– Há uma chance.
– Não creio que isso aconteça.
Meu dedo parou no meio da borda.
– É claro que tem. O que esta havendo com você?
– Você não entenderia. – falei rispidamente.
– Lucas...
– Não. Você não entenderia. Não é Alice que esta morrendo, você não sabe nem um terço do que eu sinto. A mamãe acha que sabe o que é melhor para mim, mas ela se esqueceu de onde viemos e o que verdadeiramente importa. Ela acha que dinheiro compra e resolve tudo, já o papai é indiferente. Você parece ser o único que liga para o que eu sinto, mas mesmo você não entende o que é ter a angustia de poder perder a única pessoa que você mais do qualquer coisa nesse mundo. Você não sabe o que é isso.
Lagrimas desciam pelo meu rosto e em meio a elas eu não vi quando ele se levantou e me abraçou então eu desabei.
Eu me perguntava por que tudo aquilo estava acontecendo comigo, porque quando finalmente eu era feliz eu poderia perdê-la. Eu sabia que ela estava doente, mas o que me importava era velo feliz mesmo que isso me matasse por dentro, mas é claro que vai me matar.
A princípio eu só tinha um objetivo e era vela feliz e naquele momento eu estava esquecendo de que ela lidava com aquilo melhor do que eu.
As lagrimas do meu rosto cessaram.
Marcus não falou nada só me levou para casa com ele. Mamãe e papai não falaram nada são sei se foi pelo fato de verem meu rosto deprimido e cansado ou se foi pelo olhar de Marcus que ele lhes dirigiu quando entramos em casa.
Ele me levou para o quarto, me abraçou em silencio e saio fechando a porta atrás de si. Olhei para o meu quarto, a cama estava arrumada, a prateleira de livro estava organizada, os CDs e DVDs guardados e organizados a TV e o SOM estavam cobertos e o computador estava desligado. Eu não entrava naquele quarto há dias, eu não deveria esta em casa minha namorada poderia morrer a qualquer momento e foi nesse momento que me encostei no guarda roupa e voltei a chorar.
Ela iria... E eu não poderia fazer nada para impedir.
Meu corpo deslizou ate o chão e lá fiquei horas a pensar enquanto aos poucos minhas lagrimas se esvaiam.
MARCUS
Desci as escadas e segui para a sala, me sentei em uma poltrona e olhei para a lareira que sibilava chamas alaranjadas. Meu corpo estava cansado, minha cabeça tombou para trás e olhei para o teto de madeira.
– Você o fez criar juízo? – Magie adentrou a sala e sentou-se na minha frente no sofá bege.
– A ultima coisa que quero é falar sobre isso com você.
– Como ousa Marcus, eu sou sua mãe. Você veio aqui para fazer Lucas acordar para a realidade.
– E não vim aqui para fazer nada com Lucas – levantei minha cabeça e estreitei os olhos em direção a minha mãe – Você esta matando ele quando ele mais precisa de você.
– Eu não o estou matando ele é aquela...
– Aquela o que mãe? Você sabe de onde veio? Ate onde eu me lembro nem sempre você foi Magie Amell. Vovó morreu com desgosto da senhora.
– Seu insolente.
– A verdade dói não é mamãe? Ou devo dizer apenas Magie porque a senhora não age como uma mãe de verdade.
Magie em silencio e levanta e segui em minha direção ela me olha nos olhos e a palma de sua mão toca meu rosto que reage virando para o lado esquerdo, um ardor invade a minha face e me vejo olhando para uma foto presa na parede. Lucas e eu, plantando flores no jardim da casa da vovó com nossa mãe, todos estávamos com um sorriso no rosto.
– Eu fui embora porque eu não conseguia mais viver com você, não podia mais suportar um minuto com você nessa casa. Lucas iria comigo mas ele decidiu ficar. Sabe porque ele decidiu ficar?
Virei meu rosto e a olhei, ela permanecia em silencio.
– Ele disse exatamente as seguintes palavras: "Se eu for quem vai cuidar da nossa mãe? Ela não é perfeita, tem seus defeitos, mas ainda sim é nossa mãe e apesar de tudo eu a amo e sei que você a ama, mas que você precisa ter uma vida longe daqui. Eu não posso deixa-la assim como você nunca ira me abandonar – disse ele enquanto dava um pequeno sorriso e me abraçava me desejando uma boa viagem".
– Ele sempre esteve aqui pela senhora, mas a senhora nunca esteve aqui por ele ou por qualquer um de nos. Devo parabeniza-la você fez com que o único filho que a admirava perdesse toda a fé em você.
Levantei-me e segui para a escada, passei no quarto de Lucas que dormia alguns momentos tranquilamente e em outros estava agitado. Fui para meu quarto e acendi as luzes. Ele estava do mesmo jeito que eu o deixei a alguns anos atrás. Nada havia sido tirado do lugar. Apenas uma coisa não estava como deveria.
Peguei o porta retrato com uma foto minha e de Magie, eu estava segurando um troféu e vestia roupas velhas e estudava em uma escola publica. Eu havia sido o capitão do time de futebol e havíamos ganhado o campeonato. Quando fui embora aquele mesmo porta retrato estava no lixo com o vidro estilhaçado, mas lá estava ele como se nunca houvesse acontecido nada posto na minha escrivaninha.
Lucas sempre esteve certo sobre nossa mãe, ela nos ama, mesmo que não seja da forma como esperamos. O dinheiro a fez mudar muito e a busca por nos dar o melhor a fez assim. Eu não me preocupava com minha mãe, sempre acabávamos reunidos numa mesa de jantar rindo. As brigas eram apenas momentos ruins. Mas naquele momento eu estava preocupado com Lucas. o que aconteceria se Lucy morresse?
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