Capítulo 15 - Encontro com a Morte
O sol brilhava no alto, as nuvens dançavam no alto azul celeste em uma monotonia. A brisa da manhã era fresca e deliciosa.
Eu estava em frente ao colégio Elite. Um carro prata vinha na minha direção.
Eu reconhecia aquele carro em qualquer lugar.
Ele era o carro do meu pai.
O que estava havendo?
Eu estava vendo o meu passado?
Nada fazia sentido naquilo tudo.
Foi então que o carro parou em frente ao colégio.
Eu podia me ver. Sem vida, completamente cansada e destruída pela espera da minha morte.
Meu antigo eu desceu e olhou para o prédio bege. Subiu os pequenos degraus e caminhou até o portão que dava acesso aos corredores e a escada do andar superior do colégio.
Segui meu eu antigo pelos corredores, mas ninguém pareceu me ver ali.
Quando meu antigo eu colocou o pé direito no degrau, se desequilibrou e caio no chão.
– Esta tudo bem com você? – era a voz de Lucas que chegava aos nossos ouvidos.
– Tudo bem. Eu escorreguei.
Ele estendeu a mão e meu antigo eu a segurou, ele me ajudou a levantar.
Eu estava tendo mais uma chance de vê-lo. Por mais que fosse uma alucinação ou um sonho ou o que quer que fosse eu estava grata, por poder vê-lo.
Então pude admirar seu rosto, seus olhos eram castanho claro, o cabelo negro desalinhado lembrava o cabelo do meu pai, um largo sorriso se estendia em seu rosto, havia ternura em seus olhos. Lucas era incrivelmente lindo, atencioso.
– Tudo bem mesmo?
– Sim obrigada.
Ele deu um leve sorriso.
– Então até qualquer hora Duda.
Ele se certificou que meu antigo eu estava segura e saiu caminhando até o pátio com um leve sorriso no rosto, como se estivesse feliz pelo incidente ter acontecido quando ele estava por perto.
Ele já me amava.
Então meu eu antigo voltou a subir as escadas com cuidado.
A visão começou a embaçar e todos paralisaram.
Houve um solavanco e eu perdi novamente o chão. A sensação de estar caindo do alto para baixo me assustou e quando dei por mim eu estava no chão enquanto Math me estendia à mão para me levantar.
– Tem certeza que esta bem?
– Sim. – respondi sem entender o que havia acontecido.
– Vamos?
Ri brevemente.
– Vamos!
Math me acompanhava com os braços envoltos no meu ombro. Eu estava com um dos fones de ouvido e ele com o outro. O mp4 tocava uma musica melancólica. Eu podia distinguir os vários instrumentos usados na musica. Um violão. Uma bateria. Uma guitarra. Um baixo. Talvez violinos e um piano.
O céu estava em um tom fúnebre como se anunciasse a morte. Uma brisa balançava os meus cabelos soltos e o sol estava coberto por nuvens cinzentas.
Minha mente ainda estava pensando na experiência de alguns minutos atrás. Eu não comentara nada com Math ele poderia achar que eu sou louca, mas talvez eu esteja ficando louca.
Math apertou o meu ombro e riu brevemente.
A rua estava cheia de carros e pessoas iam e vinham com pressa sem se importar com nos dois caminhando lentamente pela calçada naquela manhã. Foi quando Bruna apareceu saindo de uma rua que era esquina com a que estávamos e a gritei. Ela parou e se juntou a nos em uma conversa acalorada sobre o baile de verão que ocorreria daqui a algumas semanas.
– Com esse tempo – apontei para o céu – Não tem como ter baile de verão.
– Claro que tem Duda, não seja estraga prazer.
Ri e continuamos falando sobre o baile, chegamos ao colégio e Jane acenou para Bruna que foi falar com ela já gritando sobre o baile e perguntando se ela achara o vestido certo para a ocasião.
Parei e olhei para Math que se aproximou para me beijar novamente.
O impedi.
– Vamos com calma. Esta bem?
Ele deu um meneio de cabeça que me pareceu dizer que ele compreendia o que eu estava pedindo.
O beijei na bochecha e fui em direção a Bruna e Jane que haviam atravessado para a praça que havia em frente ao Elite.
Coloquei meu pé na faixa de pedestre então houve um ruído ensurdecedor, olhei para o lado e vi uma van em alta velocidade.
Fiquei inerte.
Meus olhos ficaram vidrados na van que vinha na minha direção e iria me acertar em cheio.
Houve gritos.
Então meu mundo pareceu parar novamente e uma tela que parecia a de uma TV com chiado apareceu na minha frente, sem pensar duas vezes e por algum motivo que nem eu mesmo sabia eu entrei nele.
Não houve queda ou enjôo, era como se fosse uma porta que eu atravessava e me vi na beira de uma avenida enevoada pela neblina.
Uma brisa gélida atravessou o meu corpo, algumas árvores deixaram cair suas folhas amareladas no chão enquanto outras já mortiças balançavam seus galhos que chicoteavam o ar.
Ao que parecia era outono.
Mas eu nunca estive aqui antes, o que houve aqui e porque eu estou aqui?
Ao longe um farol atravessava a neblina em ziguezagues.
Vi Lucas caminhando pela beira da avenida, saindo da sua casa.
O segui.
Ele olhava para algo de forma curiosa e pensativo ao mesmo tempo, então o farol se aproximou e vi que ele vinha em direção a ele.
Um carro.
Fiquei inerte.
Ele ficou estático esperando pelo carro. E ele o acertou em cheio, jogando no ar e caindo novamente no chão.
Eu gritei e corri ate ele. Meus olhos estavam cheios de lagrimas e meu coração estava apertado. A tristeza inundou o meu corpo enquanto eu me aproximava dele.
O carro havia batido no muro de um sitio vizinho a propriedade dos Amell. O capo fumarava. E o motorista estava desacordado.
Ele estava deitado no chão imóvel. Abaixo de sua cabeça havia sangue que se empoçava o olhei nos olhos. Eles estavam perdidos em algum lugar antes de encontrar os meus, eu não parava de chorar e soluçar então ele esboçou um sorriso de satisfação e felicidade.
– Eu sempre estarei com você... – ele sussurrou.
E então tudo ficou cinza e fui tirada de lá a força.
Eu estava de volta a minha realidade. Meus olhos estavam encharcados e eu estava disposta a morrer ali e agora. Sem ao menos lutar pela minha vida.
A van se aproximou e eu senti algo me abraçar me virando para uma extremidade oposta.
Houve um baque surdo.
Senti o meu corpo sendo jogado para o alto e a gravidade o puxou para baixo novamente tocando o chão quente asfaltado.
Eu cai de lado, minha cabeça tocou o chão e senti algo escorrer pela minha testa. O cheiro de ferrugem me incomodava enquanto o meu sangue escorria pelo meu rosto.
Eu podia ver Math estirado no chão, olhando para mim com os olhos vidrados e sem vida com um leve sorriso no rosto. O sangue escorria pela sua cabeça e nariz.
Então tudo começou a escurecer e mergulhei na escuridão.
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