Maio

[Maio de 2013]

Augustine fechou a porta atrás de si. O fim de maio estava próximo e faltavam apenas alguns dias até seu aniversário. Guardou sua bicicleta em seu lugar usual, trazendo à memória o som da risada mais espalhafatosa que conhecia.

Jacques voltara ao Brasil havia três meses e, mesmo tendo estado apenas algumas horas com ele, ela sentia saudade. Suspirou, torcendo para a promessa do barbante se concretizar.

Quando estava prestes a deitar, lembrou-se do pacote que recebera. Devia ser algum vaso para a floricultura. Como em sua infância, sentou-se no chão da sala e abriu a caixa.

Estranho, pensou assim que notou que o vaso já tinha terra dentro dele.

Ficou analisando o objeto a sua frente por alguns instantes, até que notou que havia um envelope dentro da caixa vazia.

Augustine abriu o envelope esperando as comuns mensagens divertidas do pai, mas se surpreendeu ao encontrar uma fotografia de Jacques.

Ele usava óculos e estava ao lado de uma flor-de-maio. Augustine sorriu com o coração se enchendo de um calor desconhecido. Cheia de coragem, comecou a ler o que estava escrito.

Querida Augustine,

Eu sei que é estranho, mas acabei decorando seu endereço. Ok, talvez eu tenha tirado uma foto, que culpa tenho?
Bem, a questão é que eu encontrei a tal flor-de-maio aqui, mas ela demorou muito à desabrochar (isso só aconteceu em maio, agora eu descobri o porquê do nome).

Agora, com minha flor-de-maio florida, estou mandando (já vai ter chegado quando você ler, então considera como "mandei") um vaso com uma mudinha. Na verdade, é engraçado o jeito de plantar ela, mas eu acho que você já sabe como é.

Enfim, é isso. Estou com saudades de Paris (e de você). Talvez vá aí no ano novo. Quer me ver? Bem, agora você tem meu endereço. Pode mandar carta se quiser.

Com amor, seu amigo do barbante (o Jacques).

Augustine não lembrava de ter ficado tão feliz com uma carta. Pensou em escrever a resposta, mas o sono tomou conta dela de vez. Foi dormir pensando em flores e sotaques. Por algum motivo, seu coração dizia que aquele brasileiro de sorriso fácil não sairia da sua vida tão cedo.

En fait, espero que nunca saia.

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