Capítulo 3 - Movimento

Para todos na colônia alemã, Elisabeth Schmitt era uma grande novidade! Para ela mesma, era uma felicidade voltar ao lar.

Ao receber o telefonema de sua querida mãe, ficara sem palavras. Normalmente, nós pensamos ser preciso uma grande tragédia, para se reunir com aqueles parentes distantes, uma doença ou uma morte trágica! Não era assim que pensava a senhora de sessenta e dois anos, chamada Aniah. Em sua convocação deixara bem claro, o fato de que não estava disposta a ter uma doença grave, para só então, voltar a abraçar a filha caçula.

Não fora fácil entrar no ônibus da rodoviária de volta para casa. As mãos suavam frio por tida a viagem, os olhos vidrados no asfalto maú piscaram e a cada metro avançado pelo ônibus sentia seu medo crescer. No entanto, sua mãe falara em Tony, mais especificamente dissera para pensar nele. E ele, seria o primeiro a reunir a familia, obrigando - a a pedir perdão e a enxergar seus erros.

Foi pela perspectiva dele que voltara, sendo recebida, após dois dias de viagem, pelos pais no ponto de ônibus. Durante cerca de meia hora eles choraram abraçados. Em meio a pedidos de perdão, a conversa até o antigo sobrado alemão foi amigável e acolhedora. Para Elisabeth, surpreendente!

Dias após seu encontro com Klaus, ela ainda tinha um gosto amargo de sua arrogância na boca, a bem da verdade, gostaria de ter lhe dado umas respostas atravessadas, porém dona Lenna fora demasiadamente enfática, ao falar dos dissabores do filho. Ficara evidente que ele se vitimizava por seu atual estado, então se punha em posição hostil. Vendo Klaus naquela cadeira de rodas sentiu empatia, mas pela forma grosseira dele trata - la, a fez mais... que irritadiça, porém fora amortecida pela chegada caprichosa de Deus, de sua mãe! Afinal, a desviara de uma má conduta!

Poucas horas após, o maú fadado episódio na loja, ficará sabendo por sua própria mãe, que os Becker e os Schmidt passavam a última semana do ano juntos, desde a morte trágica de seu irmão Tony. Se talvez pensasse em reencontrar Klaus Becker em um futuro longínquo, enganara - se por completo!

Respirando profundamente, enquanto admirava as montanhas a diante. Lembrou - se do lago, onde os três amigos brincavam, na infância inocente. Uma idéia surgiu, fazendo a pular da cadeira de balanço. Correndo para seu quarto, pegando a agenda de telefones, cuidadosamente organizada.

Sim, talvez não fosse algo tão ruim, passar o natal com Klaus Becker e família.

Em casa ao final do expediente na loja, ao redor da mesa durante o jantar Klaus Becker ouvira o relatório da conversa de sua mãe e Elizabeth Schmidt, extremamente incomodado. Havia algo no tom de voz de Lenna que o deixou alarmado, algo que poderia ser esperança ou talvez fosse de fato o que sua mãe dizia, no caso estava animada com o retorno da filha da amiga Aniah.

Às oito horas, da noite foi por o filho na cama, ouvindo atencioso suas histórias a respeito do jogo. Passou pelo corredor silencioso ainda em tempo de ouvir o final da oração de seu pai antes de deitar - se.

- ... Peço que meu filho seja feliz, Senhor Jesus, livra o dessas dores que ele sente. No corpo e na alma...

Não perdeu tempo ouvindo atrás da porta, então tratou de entrar em seu quarto fechando a porta em seguida. Sua fé em Deus nunca fora grande coisa. Acreditava na força de seus braços e pernas, porém desde o acidente no exército, deixara de lado tal crença por se ver como um inútil.

Deitando - se na cama, abriu o coberto sobre as pernas parcialmente mortas. As dores neuropáticas diminuíram com a combinação dos remédios novos daquele mês. Sua esperança é que fosse um resultado à longo prazo, e que de fato sentisse alívio.

Mas, alívio do que?

Sua alma gritava em absurda agonia. Sentia falta da vida ao lado de sua amada esposa Lídia. Desde que voltara de sua missão fracassada, onde uma granada o deixou meio morto, ela se fora sem uma explicação decente. Deixou seu filho no quarto ao lado, e enquanto o menino dormia, disse - lhe que não podia afundar, ao lado de uma âncora. E fora nisso, o que Klaus se transformara. Saiu na calada da noite. Nunca mais ligou nem ao menos para saber do filho Igor. Um lindo bebê de dezoito meses, olhos azuis e cabelos loiros quase brancos.

É certo dizer, que ele mesmo sentia - se afundando... Dia após dia... Nas dores neuropáticas na lombar e a na alma maú resolvida.

De repente, Elizabeth surgiu em sua mente. Seu sorriso de mulher era lindo, evoluirá muito da forma de menina meiga. Conservava os longos cabelos negros. Estava linda mesmo. Bateu na testa para expulsar tais pensamentos. Afinal, mulher nenhuma merecia se relacionar com uma âncora.

Para o seu desgostoso faltava uma semana para o natal e seus pais insistiam para que ele participasse da reunião das famílias. Seria uma dolorosa tortura por uma semana inteira. Seria inevitável as lembranças de infância, da morte do amigo e também a velha questão: Como foi seu acidente Klaus? Coisas das quais, ele simplesmente, não tinha vontade de participar.

Uma semana depois... 🌿🌼🌿

A pequena colônia alemã no interior gaúcho se transformara para um grande centro brilhante no natal. Todas as casas iluminadas e enfeites de várias formas e tamanhos tomaram cada canto da colônia. Cada cidadão se orgulhava de manter suas tradições. Dedicavam - se ao máximo. E o espetáculo era digno. Elizabeth ficou maravilhada ao ver como sua colonia crescera em pouco mais de sete anos.

Foram tempos difíceis os passados longe de casa, porém agora estava de volta, e ninguém lhe tiraria este prazer. Nem mesmo o mau humor de conde klaus Becker.

Naquela tarde de sexta ela passará o dia arrumando a dispensada com sua querida e prevenida mãe. Esperando a qualquer momento pela chegada tão desejada dos convidados especiais.

Às nove e dezoito da noite. Não que estivesse contando o tempo... Os pais dela mau se Continham tamanho prazer em reverem velhos amigos. Igor jogou - se nos braços de sua mãe com tamanha intimidade que lembrou - lhe Tony, seu falecido irmão. Sorriu ao notar que tal lembrança não a mortificara. O menino educado cumprimentou Elisabeth com um aperto de mãos.

- Sua mãe fala muito de você. E meu pai também.

- Igor. - O grave tom de repreensão na voz de Klaus soou atrás de ambos. - Desculpa.

- Boa noite Klaus. - Ela prendera os cabelos num coque frouxo que deixava escapar fios rebeldes, estes dançavam com o assoprar do vento frio em seu rosto triangular.

- Ola, Beth. - Deus sabe que ele não quis sorrir como um tolo porém, não pode evitar. Ela era uma visão cativante. Linda batendo o queixo por causa do frio. - Ainda não se acostumou com o frio da sua terra natal?

- Nunca gostei do frio, você sabe? Venham vamos entrar. - Ela sorria largamente para ele, estranhamente feliz com a provocação.

- Liga não tia. Minha avó disse que meu pai gosta de te provocar. - Igor explicou abraçando sua cintura magra.

- Eu sei. Sabe quando éramos crianças, ele não me deixava em paz. Sempre arrumava um jeito de me fazer chorar de raiva, então sua avó dava umas chineladas nele. Depois ele me pedia desculpas.

- Igor querido, você não deveria denunciar seu pai assim. Olá, de novo querida. - A mãe de Klaus a beijou no rosto, depois bagunçou os cabelos do menino divertida, e sconsegui em frente na campainha do marido.

- Amanhã tenho algo para te mostrar... Se importa de sair para um passeio antes das oito? - Elizabeth tinha o nariz comicamente vermelho, fazendo - a infantil.

- Não. Me importo... Aonde nós vamos?

- Não se preocupe você irá gostar.

- Todos iremos...

- Será... Apenas nós dois... - Elizabeth foi até a porta e parou abruptamente, olhando pra ele com aqueles grandes e incômodos olhos verde. - Tudo bem? Pra você? Por que, se não...

- Tudo bem. - A resposta simples dele a fez sorrir. Sempre um soldado, mesmo quando criança ele se comportava como um soldado. - Vamos sair desse frio.

Ambos entraram em silêncio. E, dentro da casa quente as horas seguintes foram seguidas pelo som estridente das risadas colectivas. Fora impossível não contagiar o homem carrancudo, Klaus por sua vez chegou a ignorar a dor, sua companheira de longa data e dar boas risadas com todos.

Vez por outra se pegava surpreso com a intimidade do filho e Elizabeth, em tão pouco tempo que os dois se conheciam e já demonstravam muito carinho um pelo outro. Porém, uma incógnita o mantinha em alerta, o que será que fariam de manhã tão cedo? Apenas os dois?

A manhã estava gelada, a névoa densa cobria o serrado transformando a paisagem verde vivo em algo sombrio e impenetrável. Klaus soube automaticamente que sua companhia de aventuras estaria irritada naquela manhã. Preparou seu psicológico para horas de reclamação sobre o frio.

- Vamos? Eu estou muito animada! - Ela vinha descendo a escada com os cabelos negros dourados soltos dançando evidenciando sua alegria, já estampada em seu rosto.

- Você já viu a névoa lá fora? - Ele não resistiu a pergunta debochada.

- Sim. Não vai durar muito. Esqueceu que aqui o tempo é assim, começa frio e depois esquenta? - Ela enrolou um cachecol de crochê no pescoço esguio.

- Acho que você não vai se sentir confortável nesse frio.

- Tá com medo, soldado? - Ela perguntou com uma provocação elétrica no olhar, por final abriu a porta esperando em silencio, ele manobrou a cadeira de rodas e passou por ela em silêncio cômico no olhar fixo nela.

Era fácil se deixar levar pela provocação dela, talvez tivesse pelo fato de se conhecerem desde a infância, seja lá o que fosse, ele se sentia à vontade com ela. Nem mesmo com seus pais sentia - se bem daquela forma. Algo realmente o atraia para Elizabeth e Klaus não conseguia resistir, ou não queria resistir a ela. Até mesmo por que há anos não sentia essa energia enigmática.

- Vamos de carro? - Ele vestia as luvas de couro.

- Não vamos andando. É perto.

- Como? Não posso a cadeira vai atolar na lama. Eu sabia que...

- Calma soldado. Veja homem de pouca fé, o caminho está calcado. - Apontando para um caminho de pedras, que ele não havia notado no dia anterior quando chegaram.

- Isso não estava aí quando chegamos ontem... Pensando bem, não estava aí muito antes também.

- Pois é. Eu mandei fazer há pouco tempo. Quando mamãe comentou comigo que você nunca mais foi ao lago, quero dizer... Desde o seu acicente. Eu achei que seria uma boa surpresa.

- Eu não vou no lago por que alguém sempre tem que carregar a cadeira, acho constrangedor, que me carreguem. - O gesto dela o tocou fundo.

- Vem vamos ainda tem mais pra ver.

Seria impressão sua ou a animação dela beirava a euforia, sorrindo ele desceu uma rampa na lateral da casa, seguindo lado a lado. O sol amistoso subiu alto atrás das colinas frias afugentando a névoa, aquecendo a vida ao redor, fazendo a caminhada algo realmente agradável. Até que a visão da pequena estrutura armada à beira do lago, o fez perder o fôlego.

- Então, o que você acha?

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