Capítulo 5
Nota: Este capitulo esta revisado, qualquer erro, avise!
— Sammy... — Pronunciei o nome dela e ela me encarou séria — Eu conheço você, não é? Por que veio aqui e agora tem que sair tão rápido? Por que não me conta logo o que está acontecendo?
— Acabei de quebrar as 3 regras, você ficará muito irritado comigo amanhã, quando ler isso no caderno e me odiará profundamente. Por isso fugi — Sammy explicou receosa — Olha, acho melhor você subir e ir no seu quarto, sei lá, ler algo ou ver algum vídeo... Me deixa ir, por favor.
— Como sabe disso? — Perguntei começando a ficar irritado — Responde! Como sabe tudo isso?
— É bem relativo, sabe? — Ela respondeu rindo e depois ficando séria ao ver minha reação mais irritada — Eu meio que sou sua amiga, sei que tem perca de memória, então sem problemas se não lembrar. Sua mãe me contou bastante coisa também.
— Eu não tenho amigos! — Retruquei me aproximando mais dela — Muito menos amigas. Eu não falo com ninguém, inclusive garotas estranhas, apenas com minha mãe.
— Como sabe? Você esquece tudo sobre o dia anterior. Pode muito bem ter esquecido sobre mim — Ela exclamou irritada e tentou se soltar com medo de mim — Se ler seu diário vai saber que estou certa. E enquanto vai lá, eu dou um pulinho lá em casa. Vamos, me solta!
— Não! Você vai comigo! — Disse segurando o braço dela e a arrastando até meu quarto. Não compreendia porque eu estava fazendo aquilo, porém, senti meu coração acelerado — Se estiver certa, deixo você ir, se não for o caso, ficará trancada lá até minha mãe chegar.
— Espera! Me solta! — Ela gritou tentando soltar o braço da minha mão, mas segurei mais forte — Está me machucando! Por que eu devo ficar trancada!?
— Porque você pode ser uma ladra! — Acusei irritado a arrastando escada a cima — Vamos logo, para de tentar soltar, sua mão vai doer mais!
Chegando no meu quarto tranquei a porta e comecei a olhar os vídeos no meu notebook e depois ler meu Diário. Ela estava errada, não era minha amiga, mas também não era perigosa. Suspirei e me virei para ela, algo me dizia que não estava com medo de mim de verdade, parecia querer me confrontar. Levantei e fui até a janela, pensar melhor sobre o ocorrido. Eu não conseguia encarar ela, afinal, devia desculpas a garota, mas era orgulhoso demais para fazer algo assim. Olhei meu celular e notei que mal a hora tinha passado, minha mãe ainda demoraria um pouco.
— Que foi? — Ela perguntou cruzando os braços, quando me virei pra ela — Descobriu que eu menti e vai me prender aqui?
— Eu e você sabemos que não mentiu... — Respondi constrangido e deitei na minha cama, colocando um travesseiro no rosto — Sinto muito.
— Tudo bem — Ela suspirou aliviada — Todo mundo erra.
— Toma a chave — Falei jogando o objeto pra ela — Pode ir e se possível, não conte a minha mãe sobre hoje.
— Não posso ficar um pouco? — Sammy perguntou animada — Eu queria conversar um pouco e...
— Não! — Neguei imediatamente e levantei da cama — Estou sentindo que algo muito errado vai acontecer e é melhor evitar logo. Ande logo, vá pra sua casa...
— Eu já estou aqui, já conversamos bastante. Deixa-me ficar, vai... — Ela insistiu e veio até mim, olhando bem em meus olhos — Vai dizer que ainda tem medo de mim?
Fiquei em silêncio. Não respondi. Continue encarando-a, me aproximando dela também, porém ela recuou. Segui seus passos e fiquei frente a frente com ela, algo nos olhos daquela garota parecia soltar um tipo de informação sobre ela. Seria solidão? Vazio, ausência, algo desse tipo? Talvez fosse impressão minha, porém algo me incomodava nela. Uma dor em meu coração apareceu e ela passou a me encarar também, tentando ler dentro de mim. Ambos sabíamos que aquele momento estava totalmente errado e o que aconteceria em seguida, seria o pior erro de todos. Ficamos próximos o suficiente para sentirmos a respiração um do outro. Algo preenchia meu peito, uma emoção nova... Talvez aquilo que pessoas normais sentem, a química, o sentimento chato que se instala no coração das pessoas quando duas pessoas ficam sozinhas se encarando. Eu não entendia nada sobre esse tipo de coisa.
Não pude pensar muito ou tentar entender o que eu estava sentindo. Sem mais nem menos, ela colou os lábios dela no meu. Eu nunca senti algo assim, esse calor, o coração batendo tão rápido como se eu fosse, não sei, morrer? Meu estômago estava estranho, tipo um frio na barriga. Ela estava com os olhos fechados, não sei fechei os meus também. Foi então que a dor de sempre bateu na minha cabeça. A dor que me fazia lembrar coisas ruins ou impactantes e eu lembrei, aquilo era um beijo, o sentimento que eu sentia agora, era paixão. E eu nunca estive tão ferrado na minha vida inteira. Quando eu esquecesse tudo isso amanhã, eu magoaria aquela por muito tempo e deixaria uma ferida nela.
Será que devo abrir os olhos? Cogitei a ideia, mas parecia errado. Deixei Sammy a vontade e continuamos até perder o ar e ela se afastar de mim. Por algum motivo, aquilo foi... Bom! Os lábios dela tinham gosto de maçã e eu amava maçã. Ficamos em silêncio novamente, ambos envergonhados, vermelhos iguais um tomate. Será que devemos continuar? Considerei, no entanto, eu não poderia desejar algo assim, mesmo que eu tenha retribuído o beijo dela. Me afastei devagar para não a assustar e encarei ela, só tinha percebido agora, o quão linda Sammy era. Tinha um sorriso charmoso e um olhar carinhoso.
— É seu primeiro beijo, não é? — Sammy perguntou com o rosto ainda próximo ao meu, nossos narizes ainda se tocavam e ela sorriu com isso — O que achou?
— Acha que você precisa ir embora... — Respondi quebrando todas as expectativas de Sammy, que ficou séria. Parecia que estava prestes a chorar — Perdão, isso não deveria ter acontecido e eu permiti.
— Você me odeia mesmo, não é? — Sammy questionou magoada — Foi tão ruim assim?
— Sammy, a gente se conhece a oque? 3 dias? Já se passou 1 semana? — Interroguei desesperado, não sabia o que fazer e nem como acalma-la — É possível alguém se apaixonar em tão pouco tempo? Não é que tenha sido ruim, nem que eu não tenha gostado... Olha não é você, sou eu.
— Todo cara diz isso... — Sammy afirmou chateada e começou a chorar — Diga logo que me odeia também, que sou estranha, que não há ninguém no mundo que irá gostar de uma pessoa como eu!
— É tão difícil você compreender que eu tenho um problema e tudo isso é perigoso de mais pra mim? Eu não posso ser reciproco com você nem com ninguém... — Lamentei angustiado — Eu não sou normal, não tenho uma vida normal, mal lembro do que aconteceu alguns segundos atrás, por que estou com minha cabeça prestes a explodir de dor. Sempre foi assim, não posso sentir emoções fortes, que logo elas se apagam da minha mente.
— Eu não ligo, estou disposta a passar pelo o que tiver que passar! — Insistiu Sammy. Aquelas palavras era tudo que eu sempre quis ouvir, mas por algum motivo, eu não conseguia aceitar os sentimentos dela — Não estou pedindo pra ser sua namorada, podemos ir no tempo. No momento, me deixe ao menos ser sua amiga.
— Me responda uma coisa. Se no dia que nos conhecemos, eu insistisse que já te conhecia e que você tinha me abraçado minutos antes. — Insinuei olhando nos olhos dela e sorrindo — Você diria que é verdade ou mentira?
— Mentira... — Sammy respondeu séria — O que isso tema a ver?
— Só imagine. Se eu continuasse dizendo que você tinha me abraçado e eu cheio de expectativas, de esperanças, esperasse que você acreditasse. Como se sentiria? Você não lembraria, tenha acontecido ou não, eu estaria confiante que aconteceu e ficaria magoado por você agir de um jeito estranho, negando aquele momento do abraço que foi tão bom pra mim... Imagine — Propus com um olhar triste e senti uma lágrima descendo no meu rosto — Imagine como eu me sentiria por você não lembrar. Como seria se isso acontecesse todo dia? Você não se sentia culpada por me ver sofrendo?
— Eu sei que posso dar um jeito... Me deixe ao menos tentar. — Sammy implorou segurando minhas mãos — Se você está dizendo que vou sofrer, por você nunca lembrar das interações que tem comigo, eu posso suportar tudo isso.
— Mas eu não posso! — Soltei minhas mãos e enxuguei meu rosto. Olhei para Sammy e me condenei por ter permitido ir tão longe dessa vez — Vá embora, isso acaba aqui. Nunca mais fale comigo de novo... Pode visitar minha mãe, pode vir aqui, desde que me deixe em paz.
Sammy continuou imóvel, mesmo eu dando as costas pra ela. Pedi novamente para ela ir embora, já não tinha mais forças nem para permanecer em pé. Minha cabeça doía tanto e o quarto já estava rodando. Eu iria desmaiar a qualquer momento e não daria nem tempo de anotar ou gravar sobre tudo que aconteceu. Fui até a janela e me apoiei nela, não tinha mais forças pra falar e nem me mover até a cama. Eu queria que Sammy entendesse que eu estava mal e fosse embora, no entanto, ela veio até mim e me abraçou pelas costas. Fazia tempo que eu não sabia como era receber um abraço.
— Você está tornando tudo mais difícil e doloroso, sabendo que será apenas pra você... — Falei soltando os braços dela de mim — Daqui alguns minutos, eu posso ser alguém, que te machuque mais que agora. Se tiver sorte, talvez eu seja mais compreensivo, mas eu não controlo mais minhas emoções... Posso ser insuportável e piorar tudo, então por favor, vá para casa.
— Não vou desistir de você! Mesmo que não saiba quem sou, eu te conheço a mais tempo que imagina e prometi a alguém, que ficaria do seu lado até ele voltar — Sammy revelou e me virei rapidamente para encará-la. Minha cabeça deu uma pontada forte, eu tinha poucos segundos — Posso ser uma estranha pra ti Richard, porém, até sua mãe sabe, conheço você, sei tudo sobre ti e não vou sair da sua vida. Estarei do seu lado... Pois foi isso que prometi a seu pai.
— Vá embora! — Gritei a empurrando pra fora do quarto — Se realmente veio por causa dele, então você estava certa, eu te odeio! E não ouse dizer que minha mãe está metida nisso, por que ela não suporta meu pai tanto quanto eu!
— Richard, espere. — Sammy pediu antes de sair — Você entendeu errado.
Coloquei Sammy pra fora e tranquei a porta. Encostei as costas na porta e comecei a chorar em silêncio, ouvindo Sammy bater na porta e pedir pra abrir. As lágrimas desciam pelo meu rosto de um jeito tão pesado, que doía. Por que eu estava passando por tudo isso? Por que eu não podia ser normal? Por que eu havia nascido assim? Era tudo que passava em minha mente e me torturava por dentro. Não demorou muito tempo para Sammy desistir e ir embora, logo percebi que estava sozinho e já podia chorar sem me preocupar com nada. Gritei desesperado, pedindo aos céus, para eu sumir de vez e nascer novamente sem nenhum problema. A dor de cabeça já estava passando do limite e quando dei por mim, eu já tinha desmaiado.
Se eu não tiver morrido dessa vez, só posso estar em coma. Deduzi olhando em volta e vende apenas branco por onde eu andava. Caminhei um pouco e vi algo irreconhecível muito distante de onde eu estava. Corri até lá e quanto mais me aproximava, algo se formava e logo reconheci que era uma pessoa. Ei, você. Está me ouvindo? Ele se virou e sorriu pra mim, era jovem, parecia mais novo que eu. Estava com a mesma roupa que eu estava usando, calção jeans e um blusão com capuz. Ele falou algo que não conheci entender e depois sumiu, quando uma luz forte preencheu todo o lugar. Eu só poderia estar morrendo mesmo e nem ao menos tive oportunidade de despedir da minha mãe. Isso que eu ganho por ser ruim com as pessoas, eu não queria morrer agora... Se ao menos eu tivesse mais uma chance, eu faria tudo diferente. Não pude pensar em mais nada, senti uma dor no peito horrível e logo fui perdendo todos os meus sentidos, talvez era realmente o meu fim.
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