Capítulo 35

Eu nunca havia me apaixonado. Paixão ou amor, ou uma simples vontade de querer estar próximo, eu nunca havia sentido algo assim. Para ser mais realista, acho que nunca senti outras emoções, fora ter medo de morrer... Eu queria encontrar um amor, casar, ter uma família, contudo, seria muita irresponsabilidade da minha parte, cativar alguém. Eu teria que ser conquistado novamente, todos os dias, e isso seria frustante para uma garota. Dizem que nunca esquecemos sentimentos, mas quem garante? Se eu permitir que alguém entre em minha vida e me ame, acabarei machucando essa pessoa... Só que, seria muito errado sentir uma vez apenas, uma emoção diferente? Mesmo que seja apenas em meu coração? Será que... Eu poderia amar?

Ainda não acredito que estou pensando em tudo isso, só por ter visto o sorriso de Marry ao me ver e por ter fugido de mãos dadas com ela. Até quando ganhei meu primeiro beijo, a reação foi diferente... Será que isso, é como dizem "Existe uma grande diferença entre amor e paixão"? Sempre imaginei, que para saber diferenciar, precisamos segurar a mão de outra pessoa. Há um calor diferente, um encaixe exato... O problema é quando você é o encaixe exato de alguém, mas para essa pessoa, ela tem outro encaixe melhor.

— Você sempre fica pensativo assim, ou é apenas quando está comigo? — Ela soltou minha mão sentou-se no chão, como se aquilo fosse normal — Dona Teresa vai me dar um sermão daqueles, quando souber que fiquei fora até meia noite...

— Meia noite?! — Perguntei apavorado — Meu pai vai me matar...

— Achei que só tinha mãe — Ela falou digitando algo em seu celular — Olha, preciso ir, a gente se ver por ai...

— Espera! — Pedi antes dela sair. Eu não fazia ideia de como voltar para casa — Sabe como faço para chegar na minha casa?

— Fala serio! — Ela disse e começou a rir. Depois olhou bem para mim e percebeu que eu realmente não sabia onde morava — Esquerda, esquerda, direita. É só seguir até o final da esquina, sempre siga até o final delas, não dobre antes, ás vezes vai ter uns becos que confundem, mas todo final de esquina tem uma caixa de lixo, então assim você saberá.

— Muito obrigada! — Falei e sorri. Ambos saímos em direções diferentes, mas antes de dobrar a esquina, observei ela se distanciando, seus cabelos vermelhos eram como fogo na escura noite — Tão linda, mas tão estressada...

Voltei para casa e para minha sorte, pelo jeito meu pai ainda não havia chegado. Eu ainda não sabia onde iria dormir, mas para minha sorte, Sammy estava na cozinha, pelo jeito preparando algo para comer. Samantha não quis me procurar depois que sai de sua sala, então deve estar esperando eu ir até ela. Por hora, vou ter que pedir a Sammy para me mostrar a casa, afinal, preciso aprender a chegar no banheiro também.

— É... Perdão atrapalhar... — Falei ainda distante da cozinha, eu não poderia entrar, ou sentiria, tontura novamente — Mas poderia me informar onde vou dormir e como chegar no banheiro?

— Claro! Só que no momento, está ocupado. Só temos um banheiro para os hospedes e seu pai está nele — Ela falou tranquila, cortando uma maça. Só que as ultimas palavras dela me causaram um nervosismo enorme. Meu pai já estava em casa e com certeza apenas esperando nos encontrarmos — Ah sim, por falar nele, o senhor Raul pediu para te avisar, que quando chegasse, fosse falar com ele.

— Pensando bem, eu vou dormir logo — Falei tentando poupar minha vida — Onde é meu quarto?

— Acredito eu, que é o mesmo do seu pai — Ela falou comendo a maça coberta de leite condensado e eu apenas observei, estava com fome, mas não ousaria pedir — Oh! Perdão, que mal educada eu sou... Você quer comer alguma coisa?

— Sim, por favor... — Falei desanimado, pela provável última refeição — Achei que só eu comia tarde.

— Você também? — Ela perguntou animada, fazendo um sanduíche pra mim — Normalmente eu como de madrugada, mas minha mãe sempre acorda e me dar sermões por eu não seguir os horários corretos das refeições. Aqui é assim, precisamos comer todos juntos, na hora recomendada pela nossa nutricionista.

— Se não for pedir de mais... — Falei percebendo que ela estava esperando eu ir me sentar para comer — Pode trazer até aqui? Não fico muito confortável na cozinha, perdão por isso...

— Faz parte da doença? — Sammy perguntou curiosa, trazendo o prato com o sanduíche — Se quiser, posso pedir a minha mãe pra comermos na sala, já que vai morar aqui uns dias.

— Eu só fico meio tonto, meu cérebro quer me informar o nome de cada pequeno objeto presente naquele local, mas eu não sei ou não lembro o nome de tudo, então fico tonto — Expliquei, terminando de comer — Obrigada pela refeição! Pode me mostrar o quarto?

— Não há de quê! — Ela sorriu e só então percebi que ela tinha covinhas na bochecha — Me siga, vou mostrar onde é o banheiro primeiro.

Subimos as escadas e começamos a andar de cômodo em cômodo, ás vezes eu ficava imaginando como uma casa tão pequena, tinha tanta curva pra dobrar. Por sorte, o banheiro era no final do corredor e meu quarto era no começo. Não havia erros, mas algo foi muito injusto para meu pobre coração, o quarto de Sammy era do lado do banheiro de Hospedes. Como eu iria fazer minhas necessidades, sabendo que do outro lado, teria a possibilidade dela ouvir?

— Vou falar com meu pai agora, preciso das minhas roupas, infelizmente... — Falei e Sammy dei dois passos pra trás, talvez tenha entendido errado e fiquei nervoso pela reação dela — Não que eu fique sem roupas, eu gosto de usar roupas, eu só não queria elas agora, digo, eu preciso delas mas...

— Eu entendi! — Sammy falou sem jeito e saiu, entrando em seguida no quarto dela, mas sorriu antes de fechar a porta — Boa noite!

— Parabéns Richard! Agora ela deve pensar que você é um tarado! — Falei baixinho indo para meu quarto e entrando, esquecendo totalmente quem me esperava e tomando um susto ao vê-lo — Jesus, Maria, José! Ah... Pai! Nossa... Você estava aqui?

— Sabe que horas são? — Ele perguntou sério, vindo em minha direção irritado — Dessa vez, você vai se livrar de um sermão e do castigo, apenas hoje por que também cheguei tarde... Mas o horário para está dentro dessa casa é as 21 horas! Entendeu?!

— Sim pai! Perdão Pai! — Falei nervoso, indo devagar até minha mala — Vou tomar um banho rápido, prometo voltar em menos de 10 minutos...

— Menos de 5, não desperdice água! A casa não é nossa — Ele falou ríspido e deitou-se para dormir — Vou apagar as luzes, não faça barulho quando voltar!

Resolvi não dizer mais nenhuma palavra e fui logo tomar banho. Na pressa, esqueci minha blusa, mas naquele altura, todos já estavam dormindo. Molhei-me rápido e usei sabonete líquido para não perder tempo, depois me enxuguei e olhei no espelho antes de sair, eu precisava cortar o cabelo... Já estava quase nos ombros e a frente já cobria meus olhos, amanhã eu perguntaria a Sammy por algum cabeleireiro, isso se eu lembrasse de algo quando acordasse. Coloquei a toalha no pescoço e sai, para me azar, Sammy estava passando pelo corredor e me viu, mas sem dizer uma palavra correu até o quarto e trancou a porta. Parece que morar aqui será mais complicado do que imaginei.

Ponha complicado nisso, Richard kkk Mais um capítulo quentinho para vocês, espero que goste ❤

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