Capítulo 25

Acredito que eu esteja me tornando uma pessoa muito bipolar, ontem antes de dormir, eu queria morrer, mas nesse momento, estou vagando pela minha mente, acredito eu que seja ela e estou procurando uma maneira de permanecer vivo até pelo menos eu ter meus filhos. Seria legal viver até os 30 e ser pai, mas eu daria muito trabalho a minha esposa. Sinceramente não sei por que estou perdendo tempo pensando nisso, talvez por que eu nunca chegue a essa fase da minha vida. Eu preciso aprender a ser mais otimista, pensei enquanto andava.

— Precisa mesmo — A voz falou me assustando como sempre — Sentiu minha falta?

— Até parece — Falei com tédio — Olha, você nunca vai me dizer quem você é? Ou eu nunca vou poder lhe ver? Você tem uma voz feminina... É uma garota?

— Eu posso mudar minha voz para masculina e feminina, grave e aguda, então não venha com conclusões precipitadas — Explicou a voz que parecia ofendida — Olha, isso depende de você, se não percebeu, eu sou sua consciência, a voz que habita dentro de todos. Você que escolhe se tenho voz feminina ou masculina, mas do jeito que só convive com mulheres, já sabe.

— Não sabia que minha consciência era tão filosófica... — Falei pensativo — Agora entendi o "Só você pode se ajudar" mas me fala, dessa vez eu vou acordar sem memória?

— Quem sabe! Tenta ai lembrar, eu disse que arrumasse um jeito. — Ela falou não se importando com minha preocupação — Aliás, não durma muito, quanto mais você dorme, mas coisas são apagadas, logo você não saberá nem seu nome.

— Seria bom não dormir mais... — Falei desanimado — Até depois, vou tentar acordar.

Forçando um pouco pelo o que parecia o nervo ligado a minha cabeça, pois acordei mais uma vez com dor, conseguir acordar. Dessa vez sem as memórias de ontem, mas por sorte, antes de dormir eu tinha anotado para assistir o vídeo na filmadora, algumas informações sobre Teresa e por que eu tinha voltado pro hospital. Também deixei um lembrete que talvez Sammy viesse me visitar e que eu deveria pedir a ela para me arrumar meu celular que tinha boa parte dos meus lembretes e memórias de dias importantes.

Por sorte, ainda tinha as memórias de escrita e leitura, mas talvez logo perderia elas também, então eu precisaria com urgência do meu notebook também onde está boa parte dos vídeos que me ensina a ler e escrever. Se eu ficasse perdendo tempo no hospital, logo não realizaria nem meus sonhos, por que por pouco não estou acordando sem o movimento do corpo... 

— Bom Dia senhor Richard — o medico falou entrando no quarto — Como está se sentindo hoje?

— Até bem, melhor se o senhor me contasse o resultado do meu exame — Falei irônico e o medico riu — Aliás, qual é seu nome mesmo?

— Gustavo Armani. Dr Armani aqui pelo hospital — Ele respondeu caminhando até a janela —  Creio que não lembra, mas o médico que lhe atendeu antes não fui eu, o hospital o demitiu por ter lhe dado a informação sobre sua morte.

— Ah, perdão —  Falei já imaginando que por esse motivo ele não me dava os resultados —  Então... O que devo a honra da sua visita?

—  Vim conversar, observar como você age, analisar algumas coisas e fazer algumas perguntas —  Explicou Dr Armani ainda observando algo pela janela e depois se virando pra mim — Vim trabalhar um pouco no seu caso, que por sinal é bem curioso...

 — Não vai conseguir muita coisa, infelizmente hoje acordei sem as memórias, só sei meu nome e agora o seu — Falei pegando meu caderno para anotar sobre o Doutor — E sei o que anotei ontem, já que li.

— Analisei todas as pesquisas dos médicos que já lhe examinaram, por mais que eu tente entender, parece que sua doença é algo novo —  Dr Armani falou pensativo — Não entendo por que todos acham e fazem certa ligação com uma provável morte. Li e Re-li sobre todos os tipos de amnésia, outras doenças que causam esquecimento e analisei relatos de pessoas que tiveram problemas assim, mas todos apresentam um quadro de reabilitação e não morte.

—  Então eu posso sobreviver? —  Perguntei me sentando na cama, aquela informação me pegou de surpresa, eu estava sem forças nas pernas —  Quer dizer que eu ficarei melhor?

— Isso não é uma total certeza. Como eu mencionei, parece que sua doença é algo novo... Se fosse algo parecido com o Alzheimer, certamente teria uma possibilidade de morte, pois ele mata as células do cérebro responsável pelo respirar, engolir e outras capacidades vitais... Sem comer, dormir bem, beber água e outros problemas, qualquer um morre — Explicou o Doutor escolhendo bem as palavras talvez para não me abater ou apenas por não saber totalmente o que dizer, já que era algo novo — Então entenda, o Alzheimer pode levar o indivíduo a morte, mas até essa doença, tem medicamentos que impeçam que a pessoa morra rapidamente. Poderíamos achar algo que lhe ajudasse também.

— Mesmo que eu não tenha Alzheimer, por que eu não esqueço todo dia, minha mãe me ajuda a comer e consigo fazer meu cérebro lembrar certas memórias necessárias, eu sinto dores de cabeça... — Falei angustiado — Essas dores de cabeça, dependendo da intensidade, me fazem esquecer como respirar e quando desmaio por causa delas, acordo ás vezes sem meus movimentos.

— Essa é a parte mais curiosa... — O Dr falou pensativo olhando para o teto — No histórico de analise feito pelo médico que descobriu seu problema, diz que você provavelmente tem esse incomodo desde que nasceu. Quando era bebê, ninguém notou de inicio, mas quando você começou a desmaiar depois dos 5 anos, isso foi piorando...

— Eu não lembro dessa parte da minha vida — Falei deitando e fechando os olhos, resolvi contar ao Doutor o que acontecia quando eu dormia, poderia ajudar a resolver meu problema — Mas sempre que durmo, vou para um lugar muito claro ou ás vezes muito escuro e fico vagando por lá, andando sempre em frente e fico conversando com uma voz que me dá conselhos ou me ajuda a lembrar do que preciso.

— Interessante... Me conte mais sobre isso — O Doutor pediu cruzando os braços curioso — De quem é essa voz? Que conselhos ela dá? O que você lembra com a ajuda dela?

— Ela disse que é minha consciência. Me aconselha a lutar, ficar vivo, realizar meus sonhos e muitas outras coisas — Expliquei pensativo, por algum motivo eu lembrava de tudo aquilo e conseguia repassar ao Doutor — Ela me ajuda também a lembrar memórias bases, na verdade ela me dá uma escolha, tem várias e eu escolho uma. Se eu quero movimentos do corpo, ou capacidade de falar, de lembrar algo do dia anterior... Tenho que escolher entre um e outro.

Expliquei tudo ao Doutor Armani e ele me ouviu com atenção, com o tempo ele foi fazendo algumas anotações, mas sempre ficava em silêncio. Depois que contei tudo, ele avisou que era horário de visitas e saiu, mas disse que depois voltaria para continuarmos aquela conversa. Naquele momento eu me senti esperançoso, talvez houvesse uma chance de ficar melhor e viver mais do que eu imaginava que viveria. Minha mãe e Sammy ficariam felizes em saber disso, mas talvez fosse melhor esperar um pouco para contar a elas. Só sei que estava ansioso para vê-las, o dia hoje seria bom.

Não sei vocês mas eu amo ver o Richard assim... Queria que tudo desse certo para ele. Tanto o médico como eu, estamos fazendo o possível para achar uma ajuda para ele kk Enfim, espero que tenham gostado do capítulo, votem, comentem e até o próximo!

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