Parte 5

Alguns meses tinham se passado e eu recuperei a memória total.

Segui o tratamento com o Dr. Matias, que era psiquiatra e cuidava de casos de delírios, psicose, esquizofrenia... Fiquei na casa da minha mãe nos dias seguintes que saí do hospital, ainda frágil.

Voltei em seguida para minha casa e trabalho, Matias falou que seria bom retornar para a rotina.

De alguma forma tudo ficou maçante e monótono; não era mais sugado para dentro da minha mente.

Nas sessões de terapia que fazia com Matias que, aparentemente, já tinha se tornado um amigo, admitia sanidade, superação e compreensão.

Na realidade eu ainda não aceitava sua morte. Não aceitava que tudo tinha sido um delírio. Não aceitava que sentia uma falta absurda dela.

Não contava como desejava que voltasse.

Que não gostava ou queria um mundo sem ela.

Desenvolvi então, secretamente, o hábito de ir para seu túmulo quando o peito apertava.

Pedia desculpas por ficar bravo, por ter bebido e dirigido, por não ter colocado o cinto desde o início. Ficava lá, em silêncio também. Admitindo internamente algo que Matias ou minha mãe não podiam escutar.

Que queria os delírios, queria que ela tivesse ido à Itália e estudado, voltado e me encontrado, ficado comigo. Sem acidente nenhum.

Não desejava o tratamento, fazia por obrigação, para despreocupar minha mãe. Ajudava saber que até agora não tinha dado resultados.

Saía das sessões com o pensamento criminoso de ansiedade para o próximo episódio de psicose.

Estava sentado na terra, ao lado da lápide de Helena. Estava quente e o sol brilhava; o céu me lembrava a cor dos seus olhos quando sorria. Eu bebi água, tendo largado a bebida por culpa, e permaneci em silêncio. Quando o calor ficou excessivo, me levantei e me preparei para sair.

Toquei a lápide, em um pedido de desculpas silencioso, em uma declaração de saudades.

— Até o ano que vem, Helena.


FIM

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