🩸09🩸 Complexo...
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Ele achou mesmo que eu ia engolir aquele dar de ombros como se não fizesse ideia de quem ou o que matou aquele homem? Falando nisso, aquele homem tinha uma força tremenda, quando o vi morto no chão, não havia nenhuma ferramenta para ajudá-lo, se toda aquela força vinha dele então ele realmente não era humano.
Mas e aquela tatuagem? Eu queria ver o desenho, se fosse igual a tatuagem do Treton? Havia uma possibilidade já que estava marcado no abdômen ao lado direito como a do Treton. Aquele homem o conhecia, ele mencionou seu nome enquanto estávamos trancados além de falar outras coisa que eu não entedia mas talvez Treton entedia.
Ethan tirou uma mão do volante e agarrou meu pulso afastando o meu braço para que eu parasse de roer as unhas.
- O que tanto te incomoda? - ele colocou a mão de volta no volante sem tirar os olhos da estrada.
- Nada demais. - dei um sorriso embora ele não estivesse prendendo atenção em mim.
- Te conheço há anos, você não costuma roer as unhas por nada. - seus olhos verdes encontraram os meus por alguns segundos mas logo já estavam de volta na estrada.
- Estou bem. Sério, não precisa se preocupar.
Ele deu um suspiro e balançou a cabeça que sim. Ele me conhecia bem para saber quando eu estava falando a verdade e sabia que eu estava evitando entrar em algum assunto mas resolveu fingir que acreditou em mim.
Ele estacionou o carro na frente da minha casa e eu bati a porta ao sair. Olhei para frente a procura da BMW do Treton mas ela não estava estacionada lá o que significava que Treton ainda não havia chegado.
- Segunda te levo pro colégio. Tudo bem pra você? - Ethan se inclinou para perto da janela para conseguir me ver melhor.
- Não. Eu dou o meu jeito. - sorri e acenei pra ele antes de subir os degraus e entrar em casa.
A verdade é que eu pretendia fazer Treton me levar pro colégio. Eu não desistiria tão facial assim das respostas e ele era o único que podia me dar.
Um celular começou a tocar, pensei que fosse o meu mas era o do meu pai que estava em cima do armário da cozinha, o que era estranho, ele não costumava esquecer o celular em casa. Estiquei a mão e peguei o aparelho atendendo a ligação antes de levá-lo até a orelha.
- Alô?
- Linah? É o Marcos.
- Ah, oi Marcos, aconteceu alguma coisa?
Marcos era policial como meu pai além ser o melhor amigo dele.
- É exatamente o que eu ia te perguntar. Ele não veio pro trabalho hoje e ontem também saiu bem cedo, o que ele não costuma fazer. Ele nem mesmo deu uma justificativa para a falta.
- Na verdade eu não estou sabendo de nada. Ele sai antes de mim. Mas ontem a noite ele voltou pra casa normalmente.
Bom, isso depois de sair com a Lola de novo.
- Ok. Quando ele chegar poderia perguntar o que está acontecendo? Ele nunca faltou a um dia trabalho e sei que você sabe disso.
- Sim eu sei. - parei de falar quando ouvi barulho de um veículo se aproximando e corri até a sala empurrando uma das cortinas para o lado e vendo que uma BMW havia estacionado em frente a minha casa. - Peço pra ele ligar pra você depois, ok?
- Tudo bem. - foi tudo que ele disse antes de finalizar a ligação.
Larguei o celular no sofá e corri até a porta tendo uma surpresa ao puxa-la.
Pensei que ia ver Treton mas quem saiu do carro foi meu pai e a Lola. Eles sorriam e conversavam mas o sorriso pareceu ficar branco quando meu pai me viu parada na porta.
- Pensei que estava no trabalho pai. - desci os degraus e percorri o gramado até parar em frente aos dois que estavam ao lado do carro.
A porta da casa vizinha se abriu e por ela saiu Treton a quem Lola encarou fazendo uma careta de desaprovação embora eu não soubesse porquê.
- Bom, eu só sai um pouco. Trabalho demais não faz bem querida. - meu pai sorriu pra mim mas eu não compartilhei da mesma alegria que ele.
- Marcos ligou. - falei olhando para Lola que matinha um sorriso maníaco nos lábios.
- Ligou? - meu pai perguntou parecendo não saber o que dizer.
- Nós só saímos um pouco querida. - disse Lola pondo as mãos no ombro do meu pai e ele olhou para ela com ternura o que me enjoou, ela estava o induzindo a fazer besteiras e ele sorria pra ela?
Olhei para o lado mas Treton havia ido a algum lugar sumindo totalmente de vista. Eu tinha perdido minhas respostas, que droga.
- Você consegue imaginar o que ele falou pra mim? - perguntei ao meu pai ignorando totalmente o que Lola tinha dito pra mim.
- Hã... Falo com ele amanhã.
- Sabe que devia estar no emprego essa hora? Ao invés de estar por aí... - olhei para Lola. - Saindo um pouquinho?
- Entre pra casa Linha. Não estou aqui para ouvir sermões da minha filha.
Revirei os olhos.
- Isso é sério?
- Entre em casa agora. - ele ficou sério e apontou para o lugar a qual eu caminhei até ela e a bati com força atrás de mim.
Andei novamente até a janela da sala e olhei para o lado de fora vendo meu pai beijando o pescoço da Lola não se importando nenhum pouco com quem quer que estivesse olhando, ela fazia uma careta aproveitando que ele não podia ver sua expressão. Eu pensei que ele entraria em casa mas ao invés disso ela sussurrou algo no ouvido dele e os dois entraram no carro mais uma vez. Já dentro do veículo ela abriu a janela e olhou em minha direção um segundo antes do carro partir, eu podia jurar que ela tinha me visto.
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Fiquei sentada na varanda esperando meu pai ou Treton voltar, eu não costumava desistir fácil das coisas e com certeza não desistiria das respostas que Treton estava me devendo.
Inclinei a cabeça para cima tomando o último gole do chocolate quente, mas ao baixar a caneca, vi uma pessoa vestida de preto do outro lado da rua. Ele estava virado de frente para mim com as mãos no bolso do sobretudo preto. O capuz estava cobrindo seu rosto mas eu podia jurar que ele estava me encarando. Ele quase se juntava a escuridão, já passava das dez da noite e tudo estava escuro, apenas os cachorros dos vizinhos e alguns grilos no mato emitiam som.
De repente algumas gotas de chuva começaram a cair uma aqui e outra ali. O homem que eu ainda encarava tirou uma das mãos do bolso e acenou me chamando para onde quer que ele estivesse indo. No segundo seguinte começou a andar pela estrada.
E se fosse Treton? Eu deveria segui-lo?
- Treton?! - o chamei, ele virou a cabeça para trás um segundo antes de se voltar para frente e continuar andando mas eu não sabia ao certo se ele havia olhado porque chamei ou porque queria conferir se eu estava o seguindo.
Me levantei da cadeira e desci os degraus de madeira. Eu estava descalça e pisando na grama que estava molhada por conta do orvalho. Me perguntei se deveria segui-lo.
Talvez fosse o Treton e mesmo que não fosse, poderia ter as respostas das quais eu preciso ,afinal, ele estava vestido como as duas pessoas que vi ao lado do Treton quando cheguei em casa ontem.
Ele estava quase virando a esquina. Resolvi me adiantar correndo pelo asfalto enquanto a chuva se tornava levemente mais forte. Virei a esquina alguns segundos depois dele mas o estranho era que ele estava mais a frente do que antes e caminhando em direção a mata.
- Espere! - gritei enquanto ele passava pelas barras de ferro mas talvez ele estivesse longe demais para me ouvir.
Meu cabelo já estava encharcado igualmente as minhas roupas. A chuva estava bem mais forte ao ponto de fazer algumas colinas ao longe sumirem. Eu corri o máximo que pude, quando cheguei mais perto vi um corvo pousado sobre uma das barras de ferro. Ele virou a cabeça na minha direção e voou para dentro da mata sumindo na escuridão.
Semicerrei os olhos tentando ver algo no escuro entre as árvores lá dentro, o homem havia sumido totalmente.
- Onde você está? - perguntei mas não houve nenhuma resposta.
Eu poderia ser louca o suficiente para seguir um estranho até ali, mas em hipótese alguma entraria numa mata para procurar por ele.
Me virei para voltar para casa mas, alguma coisa agarrou meu tornozelo, antes que eu tivesse tempo de olhar o que era meu corpo foi puxado me fazendo cair no chão. Minhas mãos percorreram a grama a procura de uma pedra ou um tronco de árvore com o qual eu pudesse me defender, quando a ponta dos meus dedos alcançou um galho fui puxada para trás mais uma vez e meu corpo passou pela abertura entre a grade de ferro e o solo me fazendo entrar dentro da mata.
Gritei apavorada. Minhas roupas antes molhada agora estavam cheia de terra e meus joelhos sofriam leves cortes enquanto me arrastavam.
Um calafrio percorreu minha espinha e o medo tomou conta de mim. Eu não queria morrer ali.
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