Há um antigo dito em Aether, desses que ninguém sabe ao certo de onde veio, ou por onde se perpetuou. Repetido com solenidade, ele ecoa nas bocas cada vez que é proferido, como um feitiço que nem o tempo – mestre de todos os males – é capaz de apagar.

Quando as palavras faltarem, a magia falará.

A esperança nesse dizer sempre me encantou. Enquanto a verdade parece afogar-se na penumbra do desconhecido e há formas demais de começar esta narrativa, estas palavras nos trazem certeza.

Talvez eu devesse me apresentar com igual confiança, mas quem sou eu diante dos acontecimentos imutáveis do mundo?

A resposta é vaga, ofuscada pela neblina em minha mente. Sou uma observadora fugaz. Uma alma que, como tantas outras, perdeu-se na vastidão do mundo e pereceu, vítima de um mal presságio. Desde então, vago como um fantasma, sempre atenta ao que ocorre ao meu redor. Todavia, não posso mais estar presente.

Meu corpo jaz junto às cinzas de um império perdido, minha voz é ouvida somente por aqueles a quem desejo transmitir algo, tudo o que tive e o que fui foi apagado da existência.

Mas esta história não é apenas sobre mim e as palavras faltam.

Rogo para que a magia fale, que ela mostre o quevivi e o que vivo.