Dez anos antes...

Eu nunca pensei que me apaixonaria no Ensino Médio de modo tão intenso a ponto de achar que seria para a vida toda. No entanto, estava quase me formando e simplesmente não conseguia imaginar minha vida sem o Rodrigo.

— Lis? — Ouvi a voz do meu amor me chamando. — Amor, você está aí?

— Estou aqui! — Gritei para que ele me achasse atrás da nossa árvore.

A primavera estava quase no fim e resolvemos fazer um piquenique no parque particular que tinha perto da nossa escola. As árvores ainda estão afloradas e a grama bem cuidada tem algumas pequenas flores espalhadas em alguns cantos. Eu amava esse lugar! Era um dos lugares mais bonitos que eu já tinha conhecido e o dono dele era maravilhoso.

Seu Antenor era tão incrível que tinha um parque particular. Fazia parte da sua propriedade, a mansão na qual vivia e mesmo assim o dividia com todo mundo que quisesse entrar, contanto que respeitasse o lugar e não fizesse nada contra a natureza.

Eu ia tanto ali que batizei a árvore que ficava escorada como minha e a compartilhei com o Digo no nosso primeiro mês de namoro, no outono do ano anterior. Lá acabou virando o nosso cantinho especial.

— Achei você! — Rodrigo apareceu ao meu lado e me puxou para um abraço apertado. Eu amava o cheiro do seu perfume. Uma mistura de cítrico com um amadeirado que me deixava zonza. — Demorei muito?

— Não, meu bem. Eu estava pensando um pouco, aproveitei para colocar algumas ideias no lugar.

— Ah, é? — Ele perguntou enquanto pegava uns pães, bolo e biscoitos que tinha levado com ele e colocou em cima da tolha quadriculada que eu já tinha deixado forrada na grama. — E eu posso saber o que tanto Elisa Fernandes pensa?

— É claro! — Virei-me para ele e o ajudei a colocar a garrafa de suco de laranja sobre a toalha. — Eu pensava no Rodrigo Castilho, um moreno lindo de olhos incrivelmente brilhantes como diamantes marrons que não saem da minha cabeça!

Ele me ofereceu o sorriso mais lindo que já tinha visto em todos os 18 anos de vida.

Talvez seja estranho dizer que conheci o amor da minha vida aos 16 anos de idade e era com ele que pretendia viver o resto dela, mas eu não tinha medo de falar que estava realmente, completamente e irrevoga-velmente apaixonada por Rodrigo Castilho. Eu já ouvi dizer que o amor não tem idade ou explicação e aprendi por mim mesma que isso era uma tremenda verdade porque eu sentia dentro de mim que nunca mais seria capaz de amar qualquer outra pessoa que não fosse ele.

Rodrigo me ensinou o que é o amor me fazendo senti-lo da melhor maneira possível. Ensinou-me que o amor não é um sentimento, mas uma Pessoa que cuida de nós de uma forma que nunca entenderemos, assim como nunca será o suficiente dizer o quanto somos gratos. Ele me ensinou que, independente dos obstáculos, o amor pode enfrentar qualquer coisa só pelo fato de estar com quem se ama e é assim que eu sinto.

Eu tinha o grande sonho de cursar Agronomia e me especializar em paisagismo, já tinha sido aceita com bolsa na melhor faculdade da cidade, só que ela ficava na capital e eu teria que me mudar para lá. Rodrigo tinha o sonho de fazer Arquitetura e também ganhou bolsa para a faculdade, tanto para a da nossa cidade natal quanto para a da capital e ele disse que iria comigo. Estamos só esperando passar a primavera para nos casarmos no verão e morarmos juntos na capital. Tudo isso será um sonho a se tornar realidade.

— Eu te amo, Lis. Amo tanto que nem sei. — Rodrigo segurou a minha nuca e encostou sua testa na minha. — Promete para mim que o que temos nunca vai acabar mesmo depois do casamento? Eu te pedi para Deus e Ele me atendeu.

— Eu prometo, meu amor. Eu prometo.

Selamos a nossa promessa com um beijo apaixonado. Um beijo que demostrava todos os senti-mentos envolvidos entre nós dóis. Todo o amor, o carinho, a cumplicidade e o desejo de que tudo aquilo fosse eterno.

Mas não foi.

Infelizmente naquele momento não levamos em consideração que o "para sempre" sempre pode acabar. E o nosso "para sempre" durou apenas aquele verão.

Talvez Deus não cuidasse tanto assim de mim, afinal. A promessa acabou se tornando vazia...