2.

Eu ainda não acreditava que havia um vestido à minha espera, assim como para todas as outras. Agora, estávamos reunidas no hall de entrada, e um garçom passava a cada doze minutos cronometrados para nos oferecer taças de vinho e champanhe.

— Beatrice disse que esse é o tempo certo para uma pessoa finalizar uma taça. Gente rica é outra coisa, né? Esse buffet é muito organizado.— Scarlett confidenciou, alcançando uma taça. Por educação, fiz o mesmo, e quando Lilli inclinou a mão para pegar, intercedi sua ação com um tapinha.

— Você não tem idade suficiente para beber.— A repreendi, e ela tentou evitar que as sobrancelhas ficassem franzidas.

— Obrigada.— Scarlett dispensou o rapaz.— Briella tem razão, não faça essa carinha. Eu vi alguns drinks ali no balcão, por que não vamos lá?

— Não é justo. — Lilli nos olhou nos olhos.— Beatrice também tem dezesseis e está bebendo.

— É, mas na casa dela e com a autorização dos pais dela. Você é nossa responsabilidade.

— Para ser sincera, o sr. Coleman me confidenciou que ele perdeu o controle dela há um tempo. Por isso nem liga.  — Nós rimos quando Diane disse.

— Ela vai ficar arrastando aquele cowboy pra cima e pra baixo hoje? — Perguntei, vendo o rosto do pobre rapaz tentando acompanhá-la enquanto falava com todos os convidados.

— Acredite, Joe está mais desconfortável que a gente. — Falou Scarlett. — Ele trabalha com o senhor Coleman, mas na fazenda. Nunca esteve em um evento desses também, não gosta muito de socializar.

— Então esse é o ramo da família?— Perguntei, vendo Lilli voltar com seu suco de goiaba todo enfeitado, e beberiquei o vinho. — Eu estava curiosa. Não os conheço.

— Esse é o ramo de Peter.— Diane, como a estudiosa que era, se dispôs a me explicar.— A rede agrícola e agropecuária Pejari é gigante. Mas só ele se envolve, e o jantar comercial é justamente sobre ações na Pejari...Já a mãe dela, Judith, é uma modelo muito conhecida dos anos 2000.

— Uau.— Eu e Lilli falamos ao mesmo tempo, e então rimos.— E suponho que Bea quer seguir o mesmo caminho.

— É, a mãe dela quer muito isso. Acho que vai acabar sendo modelo mesmo, embora ela já esteja se posicionando muito bem na mídia como influencer.— Continuou Diane.

— Não se esqueça do irmão. — Scarlett pediu, terminando sua taça muito mais rápido do que doze minutos. Ri com o pensamento.

— Ah é mesmo, ela comentou sobre um irmão. — Lembrei. — Ele mora aqui?

— Sim. Só não o estou vendo agora. Ele é jogador de futebol de um dos times na cidade, mas fiquei com preguiça de pesquisar sobre, não entendo muito de esportes.

— Ah, prontinho, me desculpem.— Beatrice surgiu, agora sozinha. Ela respirou um pouco antes de prosseguir.— Agora sou toda de vocês. — A menina olhou para a taça vazia nas mãos de Scarlett.— O sommelier não veio até vocês?

Nós todas nos entreolhamos, perdidas.

— Some quem?— Perguntei.

Sommelier.— Ela repetiu devagar.— É o responsável especializado das bebidas. Ah, esses estão ótimos, não é?— Eu e Scarlett, que estávamos bebendo, fizemos que sim.— O sommelier que contratamos veio direto da Wellwine de Detroit. É um dos melhores do país.

— Esse garçom veio de outro estado em menos de seis horas só para servir vinhos?— Scarlett White verbalizou a pergunta estúpida que eu certamente faria.

Bea fez um olhar engraçado e então ignorou a pergunta.

— Vamos nos sentar, venham.— Ela se colocou atrás de nós, nos guiando até a mesa. — Scarlett, Joe e eu estávamos nos perguntando onde está o Jordan e...

— Vou buscá-lo.— Ela se dispôs, mudando sua direção para as escadas.

— Quem é Jordan?— Questionei, mas Beatrice fez aquele sinal de "explico depois".

— Vamos... — Bea nos conduziu até a grande mesa.  — Logo vão servir a entrada. — Ela nos acomodou na parte central da mesa, onde não estávamos nem tão perto dos homens de negócio e nem tão perto das amigas ricas de sua mãe. Agradeci mentalmente por isso, agora, me sentia um pouco mais relaxada.

— Brie?— Diane cochichou ao meu lado.— Esse pano aqui eu tenho que colocar no colo?

Tentei conter um sorriso.

— Eu esperava que você pudesse me dizer isso.— Nós ficamos encarando os tecidos dispostos sobre a mesa, até que observei Judith Coleman e ela escolheu a peça média para colocar no colo. Nós duas fizemos o mesmo.

— Então essas são as garotas que minha irmã tanto fala?— Escutei uma voz que me tirou do transe de tentar imitar mulheres ricas.

De pé ao  lado de Bea, um homem se posicionava em um terno totalmente preto: camisa, calça, gravata e a única coisa dourada que se destacava eram suas abotoaduras. Ele tinha cabelos loiros e rebeldes, penteados para a direita, e um sorriso desafiador desenhava seus lábios.

— Maninho, essas são Lilli, Diane e Briella. — Ela nos apresentou na ordem em que estávamos sentadas. O — Meninas, este é Arthur Coleman.

Arthur se afastou da irmã e caminhou em nossa direção. De modo encantador, ele beijou a mão de cada uma de nós, e senti minhas bochechas corarem quando ele me fitou profundamente com seus olhos verdes e soltou minha mão com delicadeza sobre a mesa.

—Está faltando uma, não? — Observou ele, apoiando-se em minha cadeira com uma das mãos no bolso. — fora a Scarlett, eu a vi lá em cima.

— Sim. Andrea virá após o jantar. —  explicou Bea. Arthur me avaliou por alguns segundos, e então tirou uma das colheres próximas a minha mão.

— Essa aqui é a de sobremesa. Vou te dar uma ajudinha porque essas regras de etiqueta são um saco.— Ele cochichou tão baixinho que precisei rir.

Beatrice se colocou de pé e então tossiu perto de nós dois.

— Mas é bom falar a verdade para vocês.— Ela tocou meu ombro.— Não percam seu tempo. Arthur tem esse jeito charmoso mas é gay.

Se ela esperava alguma reação minha, não esbocei nenhuma.

Arthur, por outro lado, coçou as sobrancelhas e então sorriu.

— Beatrice está brincando.— Ele desviou o olhar de mim por um momento para as outras, e então retornou.— Ela sempre faz isso quando se sente ameaçada.

— Ameaçada? — Antes que Arthur pudesse continuar, Bea se virou ao ver Scarlett descendo as escadas acompanhada de um homem que aparentava estar ansioso.

— Isso, isso sim é um homem de verdade. — A Coleman implicou, piscando para seu irmão.

Ele abriu e fechou a boca, mas seu telefone começou a vibrar, então Arthur nos ofereceu um sorriso.

— Com licença.— O Coleman nos deu as costas e seguiu para o que parecia uma varanda. Senti as pontas de meus dedos, que estavam dormentes, voltar ao normal.

Diane me deu uma cotovelada entre as costelas, enquanto Scarlett e Bea estavam distantes e Lillian estava concentrada demais em seu suco para perceber qualquer coisa a sua volta.

— O feeling do amor, não é?— Ela me encarou.

— Não sei do que você está falando.— Ignorei qualquer dica que tivesse recebido sobre regras de etiqueta, e virei de uma vez a taça de vinho.

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Após o jantar, nós dançamos um pouco no salão e a música que tocava agora era "Give me love" do Ed Sheeran.

Lilli e Diane começaram a valsar e Scarlett, que já parecia um pouco bêbada, também arrastou o agora conhecido Jordan Hammar para a pista. Aproveitei que estava sozinha e encontrei um espelho não muito distante da escada para verificar se minha maquiagem ainda estava intacta.

Graças ao céus, essa era a minha melhor aparência de um sábado de noite há muito tempo, mas comecei a me sentir insegura a pensar que isso só devia ao fato de que eu estava cercada de luxo. E aquilo começou a me preocupar.

— Não parece justo que você seja a única do grupo que não esteja dançando.— Pelo espelho, encontrei seu olhar. Arthur Coleman tinha as duas mãos nos bolsos da calça, e então estendeu uma delas para mim, sugestivamente.

— É muito justo me deixar de fora quando se descobre que sou uma péssima dançarina.— Confessei, timidamente.

— Acho que vou arriscar.— Ele riu, e quando entreguei minha mão, ele me puxou com velocidade. Nós rimos, e Arthur me conduziu até o meio do salão.— Então...Briella Quinn, não é?

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