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ஓீ፝͜͜͡͡O despertador tocava sem parar.
Sarah abriu os olhos desligando-o com urgência, pois aquele barulho parecia penetrar sua mente como um parasita. Ela não levantou imediatamente da cama. Por alguns minutos ficou fitando o teto buscando a coragem necessária para se pôr de pé dentro de si, que parecia estar perdida em meio à todo o caos. Ela ainda tinha de preparar o café da manhã antes de mais nada, então resolveu se levantar, arrumando a sua cama o mais rápido possível e desceu até a cozinha apenas de pijama para fazer o café da manhã.
Às vezes era difícil agir como uma mãe o tempo todo, mas infelizmente tinha que se acostumar àquela vida, já que seu pai praticamente deixava ela e seu irmão à mercê dos próprios cuidados. Ter responsabilidades na idade em que estava era comum, para gerar um futuro adulto responsável, mas às vezes ela sentia que o seu fardo era pesado demais, pois a maioria das pessoas vivam apenas para suas próprias vidas e para escola, mas ela tinha que ser mãe, amiga e uma estudante de ensino médio. Não era tão fácil quanto parecia.
Ela estava um pouco aérea naquela manhã. Costumava ficar distraída quando não havia dormido o suficiente. E já fazia alguns dias que ela tinha pesadelos sempre com a mesma coisa, o que fazia ela acordar e ficar se mexendo na cama de um lado para o outro atordoada. Seu sono nunca mais tinha sido o mesmo desde a última lua cheia. Agora vivia com a sua cabeça pesada e sentindo-se cansada mentalmente o tempo todo.
Kevin foi o primeiro a descer quando Sarah estacionou, desatando o cinto de segurança enquanto saía, batendo a porta, para que fosse totalmente fechada, o que por consequência, despertou Sarah dos seus devaneios ao ter um sobressalto com o susto. Ela passou a mão pelos cabelos chocolates, olhando-se uma última vez no espelho do para-sol, então acabou por fazer o mesmo que seu irmão e assim que estava fora do carro, ela girou a chave na tranca conferindo se a porta estava realmente trancada.
Ela caminhou pelo estacionamento em direção ao interior da escola, até que avistou suas amigas ao longe, que acenaram assim que a viram se aproximando. Ela correspondeu o gesto das amigas com um sorriso singelo surgindo em sua expressão.
Ava estava com um vestido laranja com alguns babados nas pontas e uma jaqueta jeans que deixava seu visual bastante estiloso. Suas madeixas avermelhadas caíam sobre os dois lados dos ombros, enquanto seu rosto sem muita maquiagem parecia iluminado. Parecia bem melhor do que quando a viu pela última vez na noite anterior. Aquilo reconfortava o coração de Sarah, pois odiava ver suas amigas tristes ou qualquer outra pessoas que amava.
Darla estava com uma calça jeans escura e uma blusa azul marinho de manga longa. Seus cabelos estavam presos em uma trança que caía em seu ombro direito. Suas mãos estavam enfiadas nos bolsos frontais, enquanto esperava.
Assim que estava próximo o suficiente, Sarah envolveu Ava em um abraço apertado, relembrando em sua mente sobre a noite que se passara. Talvez sua amiga precisasse de um abraço como aquele naquele momento. Podia sentir os braços da amiga envolvendo-a fortemente claramente correspondendo com afinco, fazendo-a perceber que tinha razão sobre o que pensara minutos antes.
Assim que afastou seus braços de Ava, Sarah também abraçou Darla, que a imprensou entre seus braços com um pouco mais de força que o habitual, já que sempre costumava ser tão delicada. Era a primeira vez que sentiu uma força à mais por parte dos braços magricelos da amiga, o que a deixou surpresa em um bom sentido, fazendo com que não conseguisse conter o riso em seus lábios.
― Vocês estão bem? ― perguntou Sarah num leve tom de preocupação.
― Sim! ― respondeu Darla com um sorriso se alargando em sua expressão.
― Melhor! ― confessou Ava com um sorriso contido no canto da boca.
― Que bom! ― Sarah respirou aliviada.
Elas entraram para o prédio da escola um pouco mais leves. Nora apareceu minutos depois com um belo sorriso no rosto, beijando Ava nos lábios em seguida. Ela estava com um vestido verde com um cinto marrom na cintura e meia calça branca, além de uma bota preta nos pés. Ela usava uma trança que caía sobre o ombro e uma maquiagem leve para ressaltar um pouco mais a sua beleza naquela manhã ensolarada.
― Oi meninas! ― disse ela por fim, o que fez com que Sarah e Darla devolvessem o cumprimento na mesma intensidade. ― Você está melhor Ava?
― Estou sim! ― respondeu ela com um sorriso bobo no rosto que Nora tinha a capacidade de lhe arrancar, já que Ava não era muito de rir à toa.
― E os seus pais? ― indagou Nora. ― Quer dizer...
― Meus pais estão bem ― Ava interrompeu imediatamente antes que Nora pudesse completar a frase. ― Estamos bem.
― Que bom! ― Nora assentiu com a cabeça dando um leve sorriso.
O sinal finalmente tocou e as quatro garotas foram obrigadas à irem até suas respectivas classes, portanto se despediram uma da outra na promessa de que se veriam novamente na hora do almoço.
Sarah foi para sua aula de história no primeiro tempo com o professor Torres, que era um homem bastante severo, mesmo sendo de baixa estatura. Todos os alunos tinham certo receio dele, pois ele era completamente imprevisível. Nunca ousavam desafiar sua autoridade, pois aquilo poderia ser o fim da vida acadêmica de qualquer estudante ali presente.
Assim que chegou na classe, ela procurou um assento no meio, pois não gostava de ficar nas primeiras fileiras, já que o professor a aterrorizava. Quanto menos fosse notada por ele melhor, é o que sempre dizia para si mesma. Colocou seu material sobre a mesa, enquanto mais alunos entravam para a aula e entre eles Blaine Blackwoods. Ela não pôde deixar de conter um sorriso ao vê-lo, lembrando de sua voz aveludada se dirigindo à ela.
O olhar dele a encontrou quase que de imediato, o que fez o coração dela quase explodir de ansiedade. Ela reparava o quanto ele era bonito, com aqueles longos cabelos pretos balançando ao vento enquanto caminhava, aquele olhar penetrante ao mesmo tempo que era carregado de mistérios dava à ele um ar ainda mais interessante, além daquela boca corada que despertava um desejo tal como uma fruta suculenta. Ele continuou se aproximando até parar na mesa vazia ao lado dela.
― Esse lugar está ocupado? ― perguntou num tom sereno com um sorriso leve adornando seus lábios.
― Não! ― respondeu Sarah timidamente. ― Não tem ninguém aí, que eu saiba!
Blaine sorriu, então começou a despejar seu material ali, enquanto o professor entrava e tomava assento em sua cadeira, parecendo mais mal-humorado que o normal. Sarah respirou fundo já tendo breve uma noção de que seria uma longa aula, já que ninguém poderia sequer olhar para o lado sem ser acusado de estar conversando paralelamente.
A voz do professor preencheu toda a sala com um bom dia frígido, que logo foi devolvido por todos os alunos sem nenhuma empolgação evidente em suas vozes. O professor logo começou a apresentar o conteúdo, ditando a página do livro que deveríamos abrir, então Sarah assim fez com o máximo de pressa possível para não perder nenhum minuto de fala dele.
No decorrer da aula, muitos dos alunos bocejavam e outros carregavam o peso do tédio em seus rostos cansados. Sarah também sentia-se entediada, mas precisava à todo custo se manter ativa, pois não poderia se dar ao luxo de tirar uma nota baixa, pois as provas daquele professor eram extremamente difíceis. Qualquer descuido poderia lhe gerar uma reprovação. Estudava como uma louca para ficar sempre na média. Nem mesmo os alunos mais estudiosos conseguiam obter a nota máxima, já que o professor Torres era incapaz de dar um dez. Ele mesmo dizia àquilo em todas as suas aulas.
O professor virou-se para copiar algo no quadro alguns momentos depois, então Blaine jogou um pedaço de papel dobrado sobre a mesa onde ela se encontrava, o que fez o coração da garota quase saltar pela boca, já que o professor Torres virou-se quase no mesmo minuto, não pegando aquela ação por um mísero segundo.
Sarah sentia seu coração batendo a mil por hora naquele instante. A adrenalina corria por suas veias, enviando-lhe ondas gélidas por todo o corpo, então pôs a mão em cima do papel, puxando-o para si. Ela podia ver, mesmo que de soslaio, o sorriso maroto que se fez presente na expressão dele, que copiava agora o que o professor havia escrito no quadro. Ela abriu o papel sobre a página do caderno e leu o que estava escrito em letras de forma: "ESSA AULA ESTÁ CHATA NÃO É MESMO? AFINAL DE CONTAS, VOCÊ QUER SAIR COMIGO NESSA SEXTA? PROMETO QUE VAI SER MAIS DIVERTIDO QUE ESSA AULA!".
Sarah queria conter o riso, mas de certa forma não conseguiu. Seu coração parecia explodir em fogos de artifício, comemorando aquele momento. Com o lápis que estava em sua mão ela escreveu a resposta: "QUALQUER COISA PARECE SER MELHOR DO QUE ESSA AULA KKKK E SIM, EU ACEITO SAIR COM VOCÊ SEXTA À NOITE!".
Ela olhou em direção ao professor, que ainda estava de frente para a classe explicando mais algumas coisas sobre à matéria, que àquela altura Sarah já nem se importava mais em ouvir. Tudo que ela queria era que ele virasse de costas novamente para poder entregar o papel com a resposta à pergunta de Blaine.
Ela poderia entregar por debaixo da cadeira, mas seria muito arriscado, pois o professor poderia ver à qualquer momento e os advertir por estar conversando paralelamente na aula. Sarah não queria ter o seu currículo estudantil manchado por um simples ato em meio à uma aula tão insípida quanto aquela.
O professor Torres parecia não se virar nunca para o quadro para escrever mais nada. Ela olhava pelo canto do olho em direção à Blaine, mas não podia fazer nada por enquanto. A perna dela vibrava querendo direcionar toda a sua tensão até ali para ser aliviada. Estava nervosa e quanto mais tempo se passava, mais sentia as correntes elétricas ultrapassando seu corpo com mais intensidade.
Depois de algum tempo estudando cada movimento do professor, ele finalmente se virou para escrever alguma coisa na lousa, então foi a hora que ela encontrou para agir, devolvendo o bilhete para ele. Ela olhou por um segundo para o lado e pôde vê-lo sorrindo com a resposta, então sem demora voltou o seu olhar na direção do professor, que logo se virava para encarar a classe. Viu que ele tinha escrito mais alguma coisa no quadro, então escreveu em seu caderno.
Mais minutos se passaram até que o professor voltou à escrever mais uma coisa no quadro e o papel dobrado voltou à mesa de Sarah, arrancando-lhe outro sorriso. Ela abriu imediatamente, então pôde ver que ele havia escrito mais alguma coisa abaixo da resposta dela. "CONCORDO COM VOCÊ KKK DESSA FORMA ESTÁ COMBINADO, PASSO NA SUA CASA ÀS SETE EM PONTO, É SÓ ME MANDAR O SEU ENDEREÇO". Ela escreveu "OK ENTÃO, ESTÁ CONFIRMADO", então dobrou o papel segurando bem em suas mãos até que o professor se virasse de costas mais uma vez para que ela passasse o papel para ele.
O resto da aula foi um pouco menos emocionante. Blaine não pôs mais nenhum papelzinho sobre a mesa dela, o que a tranquilizou um pouco mais sem ter mais que se comunicar através daquele papelzinho que poderia facilmente lhe encrencar.
O eu dela parecia flutuar nas nuvens junto aos anjos, quase podendo ouvir uma canção celestial que a fazia ainda mais leve. Não conseguiu mais sequer prestar a atenção na aula pelo resto do tempo que se seguiu, até que o sinal para o próximo horário a tirasse daquele transe no qual ela não queria ser tirada.
Ela juntou as suas coisas que estavam sobre a mesa, olhando na direção de Blaine que sorria com a mínima possibilidade de falar com ela sobre o que haviam combinado naquela aula. Ela o esperou para por fim saírem juntos da sala, ganhando o corredor.
― Eu queria continuar conversando com você, mas achei que estava ficando arriscado demais! ― justificou-se Blaine por fim.
― Está tudo bem! ― disse Sarah mexendo a cabeça. ― O professor Torres parecia atacado, se fôssemos pegos nem sei o que ele poderia fazer.
Blaine riu.
― Ele é sempre assim?
― Geralmente ele é pior! ― proferiu Sarah num tom de piada. ― Brincadeira, mas ele não é nada legal nos outros dias também. Desde o primeiro ano tenho pesadelos com ele.
― Isso é sério?
― Na verdade só tive pesadelo com ele uma vez nas vésperas das provas finais ― revelou Sarah. ― Sonhei que ele me reprovava.
― Credo! ― disse ele rindo divertido.
― Pois é!
Sarah colocou os livros no armário e pegou os outros para o próximo horário, que seria de inglês, que por sinal Blaine fazia junto com ela, portanto seguiram juntos pelo corredor em direção à classe.
― Bem, sobre nosso encontro, o que acha de um jantar à luz de velas? ― perguntou ele num tom vacilante. ― Acha muito clichê?
― Eu adoro um bom clichê! ― disse Sarah com um sorrisinho.
― Que bom então! ― ele sorriu satisfeito.
Eles continuaram seguindo juntos até que chegassem à classe. O próximo tempo seria bem mais tranquilo que o horário anterior. Em meio a aula Sarah pôde trocar olhares e sorrisos singelos com Blaine, enquanto o seu coração mal podia conter toda a alegria que sentia naquele momento.
Mesmo em tão pouco tempo, Blaine conseguiu arrebatá-la de uma forma que mais ninguém havia conseguido fazer até então. Era como se a luz dentro dela tivesse sido acesa e agora pudesse enfim enxergar tudo o que tinha de melhor. Ela tinha mais certeza do que nunca que nunca havia sentido paixão por Janssen durante todo o tempo em que estiveram juntos.
Blaine lhe fazia sentir borboletas em seu estômago, tal como sua mãe descrevera quando ainda estava em vida. O coração dela acelerava só de vê-lo e era quase impossível não sentir vontade de sorrir de modo como se aquele sorriso pudesse chegar até o seu coração. Era quase inevitável não notar que ela estava se apaixonando cada vez mais por Blaine Blackwoods.
☪☪☪
Quando o sinal tocou para a próxima aula, Sarah se despediu de Blaine e foi para a nova classe, animada para ver as suas amigas e contaria à elas a novidade de que havia sido convidada para um encontro por Blaine Blackwoods. Sabia que as meninas ficariam tão empolgadas quanto ela estava naquele momento, querendo gritar para o mundo inteiro o que estava sentindo.
Sarah veria suas amigas na aula que se seguiria, já que fazia junto com suas amigas, estava louca para contar à elas a mais nova notícia, então assim que chegou na sala de aula, com um sorriso largo no rosto, foi notada pelas suas amigas. Era quase impossível não ver aquele sorriso de onde quer que estivessem. Seus belos dentes perfeitamente brancos como porcelana, também contribuíam para aquele acontecimento.
― E esse sorrisinho todo aí? ― perguntou Darla. ― Aconteceu alguma coisa que a gente precise saber?
― Blaine Blackwoods me chamou para sair! ― revelou Sarah de uma vez por todas.
Darla vibrou como se aquilo tivesse acontecido com ela. Mesmo não gostando muito de Blaine, dava para ver que Ava estava se esforçando bastante para demonstrar felicidade pela amiga.
― Uau! ― disse Darla empolgada. ― Me conta os detalhes.
Antes que Sarah pudesse falar qualquer coisa a aula se iniciou e o assunto teve de ser interrompido para dar lugar a única voz que deveria ser ouvida por todos ali. A voz do professor.
Durante toda a aula, Sarah até tentou prestar atenção na aula, mas estar em sua cabeça naquele momento parecia bem mais convidativo. Toda a alegria que despertava em seu interior com a lembrança da aula de história com Blaine lhe passando aquele papelzinho. Era quase impossível não sentir aquela energia percorrendo todo o seu corpo. Ela mordeu o lábio inferior com um sorriso bobo, que nem sequer percebeu que soltou, até que Darla a cutucou, denunciando seu gesto, o que fez com que ela sentisse uma certa vergonha, voltando a olhar na direção do professor.
A aula de literatura nunca era uma aula que podia se chamar de interessante. Muitas pessoas até dormiam nela e a voz monótona do professor só ajudava naquele feito. Naquele dia em especial, ainda não havia ninguém dormindo à vista, mas o professor sequer se importava com aquilo. Só queria dar a sua aula para quem quisesse escutar.
Sarah voltou aos seus pensamentos no dia da festa, quando ele a defendeu de Janssen que estava bêbado e prestes a fazer algo bastante estúpido. Ela lembra do empurrão que ele a dera depois que se recusou a fazer o que ele queria que ela fizesse, então Blaine apareceu ali, quase como um anjo enviado para a sua proteção. Ele interviu e sem usar nenhuma palavra sequer ou qualquer método físico, ele fez Janssen recuar e deixar Sarah em paz.
Lembrava também do gesto singelo ao dar o seu casaco para ela quando se queixou de frio. O cheiro dele impregnado por toda a parte, fazendo com que ela viajasse nele. O jeito como ela se sentia segura quando estava perto dele. O jeito como a voz dele era doce e melodiosa aos seus ouvidos. O jeito como ajudou Ava quando ela teve aquela convulsão diante de todos no refeitório. Tudo nele parecia um convite direto para estar perto. Ela queria estar perto dele e assim faria cada vez mais.
O sinal tocou para a hora do almoço, Sarah levantou-se empolgada da cadeira, juntando o seu material o mais depressa possível, pois queria continuar sua conversa com suas amigas sobre o seu encontro com Blaine. Não seria o primeiro encontro ao qual iria, mas dessa vez, seria com alguém pelo qual ela realmente sentia-se atraída.
Sarah esperou suas amigas terminarem de arrumar seus materiais para logo ganharem o corredor completamente agitadas. Sarah caminhou até o seu armário para guardar todas as suas coisas para ir completamente livre. Ela também estava ansiosa para contar a novidade para Nora, que ainda não sabia de nada.
As três garotas se direcionaram até a fila e logo que pegaram a comida em uma bandeja, seguiram até uma mesa vaga ali perto. Elas se acomodaram e com o seu olhar, Sarah procurou por Blaine em cada canto, mas não o viu. Por uma fração de segundos seu coração se decepcionou, mas logo voltou a se lembrar do ocorrido que lhe fizera sorrir o dia inteiro e não deixou-se abalar por um mero detalhe.
― Conta mais sobre esse encontro com o Blaine Sexywoods! ― disse Darla com um sorrisinho malicioso.
Aquela piada não tinha mais tanta graça quanto da primeira vez, mas mesmo assim Sarah se viu rindo dela.
― Bem ― ela pigarreou antes de falar o que Darla queria ouvir. ―, ele me prpôs um jantar à luz de velas. Isso não é romântico?
― É sim! ― disse Darla empolgada.
Nora se aproximou e Sarah não pôde deixar de lhe contar também sobre a novidade. Nora vibrou de felicidade, olhando para Ava que forçou um sorriso. Sarah a avaliou bem. Ela não parecia tão contente assim por ela. Talvez fosse pelo fato de que desde algum tempo ela parecia não gostar muito de Blaine. Ela o julgou desde o princípio. Sarah tinha conversado com a amiga outro dia e se lembrava bem das palavras dela dizendo que daria uma chance para Blaine, mas pelo visto parecia que tinha voltado atrás em seu discurso. Agora tudo o que ela via era a Ava de dias atrás.
― Você está bem amor? ― perguntou Nora num tom preocupado.
― Estou! ― respondeu Ava forçando outro sorriso.
― Isso é por causa do meu encontro com o Blaine? ― indagou Sarah confusa. ― Você havia prometido que ia dar uma chance para o Blaine e...
― Não é isso Sarah! ― interrompeu-a imediatamente. ― Estou feliz por você e o Blaine. De verdade.
― Então o que é que está te deixando assim?
― Desde ontem a minha cabeça não para.
― Eu sei que deve ser difícil descobrir que você é adotada...
― Não é isso! ― interrompeu-a mais uma vez. ― Estou pensando naquela mulher maluca que me disse que eu era adotada.
― Ava ela é só uma mulher maluca! ― disse Darla por fim. ― Somos irmãs e isso não muda nada.
― Eu não acho que ela seja tão maluca assim ― defendeu-a Ava. ―, afinal de contas o que ela disse sobre eu ser adotada estava certo, não é mesmo?
― E o que quer dizer com isso? ― questionou Sarah intrigada.
― O que eu quero dizer é que como ela sabia disso? ― demandou Ava como se aquilo fizesse algum sentido em sua cabeça. ― Como sabia que eu era adotada?
― Ava ainda não estou entendendo onde você quer chegar! ― exprimiu Sarah ainda aparentemente confusa.
― Se ela sabia que eu era adotada, sabia da minha convulsão, talvez ela saiba da onde eu vim.
― Mas sua convulsão poderia facilmente ser descoberta ― pincelou Nora. ―, afinal você convulsionou na frente de toda a escola. Alguém pode ter feito um comentário ou alguma fofoca que pode ter chegado até ela em algum momento.
― O mesmo pode ter acontecido com o fato dela saber que você era adotada! ― disparou Darla afetada.
― Conhecendo o papai e a mamãe, é claro que eles nunca falavam sobre isso! ― rebateu Ava um tanto irritada. ― Preciso ao menos tentar. Se eu tenho uma pista, tenho que investigar!
― Mas e seus pais? ― interpelou Sarah inquieta tentando desviar o foco de assunto de Darla e Ava, pois sabia que aquilo poderia terminar em uma discussão feia. ― Os Mitchell?
― Eu amo os meus pais. Eles são a minha família, mas isso não muda o fato de que eu não sei de onde eu vim. Quem é a minha família biológica. Quem eu realmente sou?
― Você é Ava Mitchell! ― proferiu Darla. ― Você é minha irmã!
― Eu sei Darla, não é como se eu fosse abandonar vocês para ficar com meus pais biológicos. Eu só quero saber quem são e por que me abandonaram. Eu mereço essas respostas.
― Por acaso quer ir até a casa dessa senhora maluca atrás de respostas? ― interpelou Ava preocupada.
― É exatamente isso! ― declarou Ava. ― Sabemos onde ela mora. Já achamos a casa dela quando éramos mais novas quando brincávamos perto do lago.
― Eu sei! ― articulou Sarah soltando o ar pela boca. ― Só não esperava que você realmente estivesse disposta à ir até a casa dessa mulher. Acha que isso é seguro? Diziam que ela era uma bruxa.
― Isso foi na época que éramos crianças ― salientou Ava como se aquilo fosse um absurdo. ― Agora só acham que ela é uma mulher extremamente perturbada.
― Por isso volto a dizer que não acho isso seguro! ― reforçou Sarah com o cenho franzido.
― Eu preciso de respostas! ― discorreu Ava com um suspiro pesaroso. ― Eu sei que você me apoia nisso não é mesmo meu amor? ― o olhar dela encontrou o de Nora imediatamente buscando por um porto seguro.
Nora olhava para a namorada sem saber ao certo o que dizer. Por algum tempo a sua boca ficou aberta, mas tudo o que saiu dela foi ar, até que ela a fechou, liberando um sorriso simples e um gesto afirmativo com a cabeça, concordando com o que ela disse.
― Eu preciso de vocês nesse momento da minha vida meninas! ― expôs Ava num tom sereno, olhando nos olhos de cada uma. Ela pôs a mão dela sobre a mão de Darla soltando um sorriso, que logo foi retribuído. Parecia que estava as ganhando pouco a pouco com aquele discurso. ― Preciso de vocês ao meu lado!
― Conhecendo você, você iria mesmo se a gente dissesse que não! ― anunciou Sarah estreitando os olhos e abrindo um sorrisinho perverso. ― É melhor ir com você e garantir que você ficará segura!
Darla e Nora concordaram com o que Sarah havia dito e Ava comemorou triunfante.
― Então vou ligar para a mamãe e dizer que ficaremos estudando até mais tarde na sua casa Sarah ― combinou Ava. ― Pode ser?
Sarah assentiu e ao olhar para o lado por um instante, viu Blaine entrando no refeitório de modo distraído. Por alguns segundos ela o admirou. Ele jogava seus fios médios por cima da cabeça, enquanto caminhava. Ele tinha um porte físico bastante robusto, mas sem nenhum exagero. Uma ideia logo atravessou sua cabeça, clareando sua mente.
― E se eu chamasse Blaine para ir com a gente? ― solicitou Sarah fazendo uma careta temendo pela resposta.
― Está querendo dizer que somos frágeis e indefesas demais para irmos sozinhas até a casa dessa senhora? ― interrogou Ava aparentemente irritada. ― E que precisamos de um homem para nos proteger? Porque se for isso seria muito machista da sua parte!
― Não é isso o que estou dizendo! ― rebateu Sarah no mesmo instante. ― É só que quanto mais gente, melhor.
― Eu acho uma boa ideia Ava! ― manifestou-se Nora.
Ava ponderou por alguns instantes até que por fim deu a palavra final, concordando que Blaine fosse com a gente. Blaine caminhava em direção á uma mesa até que Sarah o chamou para comer com ela e suas amigas. Ele pareceu um pouco vacilante à princípio, mas se aproximou mesmo assim sentando-se com elas, enquanto liberava um sorriso tímido.
― Bem ― Sarah começou a dizer. ―, as meninas e eu estamos querendo ir depois da aula até à casa de uma mulher perto do lago atrás de algumas respostas sobre a família biológica de Ava. Você topa ir com a gente?
Blaine pareceu um pouco surpreso com o convite, por algum tempo não soube o que dizer, apenas balbuciando, até que por fim, aceitou, fazendo com que Sarah sorrisse e Darla comemorasse empolgada.
Ela não sabia o que esperar naquela tarde depois da escola. Não sabia ao certo se Ava conseguiria as respostas que procurava naquele momento, mas tinha a certeza de que não sairia do lado da amiga de maneira alguma.
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