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ஓீ፝͜͜͡͡Ava acordou num sobressalto.
Sua cabeça estava um pouco dolorida e sentiu pesar. Sarah levou um pequeno susto, com o salto repentino que a amiga dera. Ela não teria aula naquele tempo, portanto estava ali esperando que ela acordasse e finalmente acontecera. Ela estava feliz que sua amiga tivesse recobrado a consciência e que estava bem. Depois do que acontecera temia que algo de ruim pudesse estar se encaminhando.
Ava sentou-se olhando para cada detalhe do lugar onde estava. A pequena sala, onde havia um pequeno escritório montado, com uma mesa, cadeira giratória e um computador pequeno, tendo algumas prateleiras com livros, não lhe parecia familiar. Ela nem ao menos tinha certeza se ainda estava na escola. Sarah pousou a mão sobre a sua lhe passando um pouco de confiança. Ava fitou Sarah, ainda confusa, mas suavizou sua expressão para a amiga.
― Onde eu estou? ― pergunta ela pondo a mão na cabeça ainda sentindo um pouco de tontura por ter caído com tudo no chão e batido a cabeça.
― Na enfermaria! ― responde Sarah como se aquilo fosse óbvio. ― Você teve uma convulsão no meio do refeitório. Sarah me contou que não foi a primeira vez que isso aconteceu.
― Darla, aquela boca grande. Eu pedi à ela para não contar nada.
― Por que você não me contou?
Ava encarou a amiga.
― Bem, eu não queria preocupar você, além de que eu te conheço e sei o quanto você pode ser superprotetora.
Sarah contraiu os lábios, parecia pensar por um instante no que a amiga falara.
― Tudo bem. Pelo menos o Blaine estava lá para te trazer até aqui.
― Eu ficaria longe dele se fosse você! ― disse Ava enquanto sua expressão se tornava mais sombria. Quase como se enxergasse escuridão ali.
― O quê? ― indagou Sarah fazendo uma careta. ― Por quê?
Ava respirou fundo. Parecia um tanto relutante em falar. Sua cabeça era um completo turbilhão naquele momento. Era nítido em sua expressão a confusão.
― Eu tive algum tipo de visão quando toquei o Blaine.
― Uma visão? ― indagou Sarah perplexa.
Ava concordou com a cabeça.
― Foi tudo muito confuso. Primeiramente vi uma escuridão muito profunda que o cercava. Também ouvi muitos gritos desesperados de dor e agonia. Por um instante senti uma dor incomensurável em meu peito e não me lembro de mais nada depois daí, apenas de ter acordado aqui.
Sarah ficou em silêncio por algum tempo fitando a amiga com preocupação. Tudo o que ela falara naquele momento era completamente insano. Sarah não queria falar nada errado naquele momento delicado. Não queria magoar sua amiga. Encontrou no silêncio até aquele momento, a resposta, mas não duraria muito. Logo teria de dizer algo e a resposta poderia não ser a que Ava queria ouvir.
― Também tive uma convulsão na noite em que voltei de viagem à cidade. Eu ouvi gritos e imagens sem foco e no outro dia soube que Billy Philiphs tinha morrido. Como você pode explicar isso?
Sarah permaneceu muda.
― Bem meninas ― disse a enfermeira entrando de repente atraindo a atenção das meninas para si. ―, acabei ouvindo o que vocês duas falavam sobre convulsão quando vinha pelo corredor e como enfermeira, posso dizer que numa crise de convulsão, é possível a presença de delírios ou alucinações, inerente ao nível de alteração da consciência.
― Está querendo dizer que eu alucinei enfermeira?
― Bem, é o que parece!
― Mas era tudo tão real ― externou Ava um tanto decepcionada. ― Podia ver e sentir cada coisa. Eu não estou ficando louca!
― Você não está ficando louca querida ― repreendeu a enfermeira num tom amigável, sorrindo. ― , isso foi apenas uma condição da sua convulsão e nada mais. Precisa ir ao médico para ver se está tudo certo. Tem que se cuidar.
Ava confirmou com um gesto de cabeça, quando uma outra personalidade surgiu na porta da enfermaria com as suas roupas escuras e cabelos jogados na frente dos olhos cor de mel. Era Blaine que estava parado bem ali com as mãos nos bolsos do casaco. A expressão de Ava mudou mais uma vez ao ver que a presença de Blaine se fazia presente naquele local. Agora ela mostrava medo no seu olhar, mas tentou disfarçar aquilo o máximo que pôde para não ser descoberta por ele.
― Olha, o seu salvador chegou! ― disse Amélia abrindo um sorriso empolgado ao vê-lo ali.
Ava entendia porque a enfermeira tinha dito aquilo. Fora Blaine que a carregara no braço até ali, depois da sua suposta convulsão, portanto ela tinha possivelmente guardado o seu rosto ou as suas roupas na memória e o reconhecera assim que o vira. Mas também, não se passara tanto tempo assim, o que deixava ainda mais fácil de lembrar-se dele. Aquela enfermaria também não era tão movimentada, tendo poucas pessoas passando ali em meses. Não era um local onde se queria ir à não ser que fosse necessário. A escola era a única exceção daquela regra, pensou Ava.
― Blaine! ― falou Sarah surpresa. ― O que está fazendo aqui?
― Bem, vim ver como ela estava depois do que aconteceu no refeitório ― disse ele transparecendo preocupação.
― Como pode ver, já estou bem ― repontou Ava se levantando da cama e ficando de pé, mostrando com aquela atitude que já estava totalmente recuperada.
― Ah, que bom ― disse dando um leve sorriso aliviado.
Logo Nora se aproximou da porta, fazendo com que Sarah e Blaine olhassem diretamente na direção. Sarah sorriu para ela e ela entrou correndo até Ava e lhe dando um beijo leve nos lábios. Sarah despediu-se da amiga, deixando as na sala na supervisão da enfermeira.
― Bem, parece que você é um salvador Blaine ― disse Sarah quebrando o silêncio enquanto caminhavam pelo corredor. ― Dois salvamentos em um curto período de tempo, isso é um recorde!
― Não sou um salvador ― corrigiu ele com uma expressão séria. ― Não estou nem perto disso.
― Deixa de ser tão modesto e aceita um elogio.
― Não estou sendo modesto Sarah é apenas a verdade.
― Na verdade eu só vim mesmo saber se ela estava bem depois do que aconteceu.
― Apesar dela ter alucinado ela está bem ― disse Sarah num tom de brincadeira.
― Alucinação? ― Blaine perguntou um tanto curioso.
― É. A enfermeira acabou de nos explicar um pouco antes de você chegar que é normal se ter algum tipo de delírio ou alucinação, enquanto se tem uma convulsão.
― Ela te contou o que viu nas alucinações?
― Bem, ela disse que ouviu gritos e uma escuridão profunda cercando você ou algo do tipo ― revelou Sarah rindo quase como se aquilo fosse uma grande piada. ― Acho que ela só viu isso porque não gosta muito de você desde o dia em que você chegou aqui.
Blaine riu meio sem graça.
― Talvez depois de você ter ajudado ela, isso posso mudar não é mesmo?
Blaine menou a cabeça.
― Bem, acho melhor eu ir embora ― disse ele se afastando rapidamente não dando ao menos a chance de uma despedida.
Sarah ficou parada ali, perplexa, tal como na noite em que ele a salvou. A conversa terminara bem no meio dela. Blaine era um sujeito enigmático tinha que confessar para si mesma. Ela não sabia o que esperar dele. Era tão instável quanto o mar em uma noite de tempestade.
☪☪☪
Sarah estava preparando o jantar naquela noite. Kevin tinha ido visitar Ben, o garoto de sua banda que havia quebrado a mão. Por fim comeu no silêncio de sua própria companhia, pensando sobre o dia que tivera. Pensara em sua amiga Ava, esperando que tivesse bem depois da convulsão que tivera na escola. Olhava seu celular ao lado do prato cogitando ligar para ela assim que terminasse de comer. Queria saber se estava de fato tudo bem e tranquilizar seu coração de uma vez por todas.
Ainda podia sentir o terror que fora ver sua amiga se debatendo no chão sem poder fazer nada. Seus olhos se revirando completamente e saliva escorregava para fora de sua boca. Podia sentir os olhares das pessoas, algumas apenas curiosas para saber o que estava acontecendo, outras assustadas e algumas mais até mesmo preocupadas.
Sarah sabia o que era uma convulsão antes de sua amiga ter uma, mas nunca havia visto nenhuma tão de perto e era uma experiência completamente estarrecedora. Ela ainda recordava a sensação do seu coração se contraindo dentro do peito, quase como se uma mão o estivesse espremendo sem dó.
Seu celular começou a tocar sobre a mesa, o que a fez ter um leve sobressalto, sendo arrancada imediatamente de seus pensamentos. Ela o pegou em mãos e viu que se tratava de uma ligação de sua amiga Darla. Sentiu uma pontada gélida no coração, temendo que fossem más notícias sobre Ava. Ela repreendeu-se automaticamente e atendeu a chamada, quando se deparou com uma voz desesperada do outro lado da linha e tudo que havia reprimido segundos atrás retornara ainda mais forte.
― O que foi? ― Sarah perguntou preocupada. ― O que aconteceu?
Do outro lado da linha, Darla parecia desesperada. Ela contou que Ava havia fugido de casa. Não sabia para onde teria ido e nas condições em que estava temia que pudesse acontecer qualquer coisa. Sarah levantou-se imediatamente da cadeira, deixando sua comida para trás, pois tinha uma nova prioridade agora que era socorrer a amiga. Ela encerrou a ligação e correu para o seu carro o mais rápido que pôde. Ela entrou no veículo, ligando-o e deu partida rumo a casa dos Mitchell.
Estacionou o carro na frente da residência assim que chegou, descendo do veículo logo em seguida. Ela caminhou até a porta e tocou a campainha, esperando com o coração batendo aceleradamente dentro do seu peito, almejando que ao abrir aquela porta, recebesse boas notícias sobre o paradeiro de Ava.
A porta se abriu e Darla surgiu ali com uma expressão preocupada. Ela correu na direção de Sarah, abraçando-a e buscando refúgio nela, enquanto era correspondida naquele abraço, encontrando forças uma na outra para diminuir o desespero que sentiam naquele momento.
― O que aconteceu? ― perguntou Sarah por fim quando a amiga já estava mais calma. ― Por que ela fugiu?
Darla a convidou à entrar primeiramente antes de falar qualquer coisa.
― Bem, tudo começou depois que uma velha a importunou hoje aqui em frente a casa. Ela abordou Ava. Não foi a primeira vez que ela fez isso, mas da primeira vez Ava a ignorou completamente, mas desta vez ela acabou dizendo que Ava era adotada e nossos pais resolveram contar toda a verdade para ela, então depois ela saiu correndo e chorando, pegou o carro dos nossos pais e sumiu. Já faz quase uma hora que estamos sem notícias dela.
― Nossa Darla, eu nem imagino o que vocês duas devem estar sentindo nesse momento. Creio que deve ter sido muita coisa para absorver.
― Bem, sim, mas isso não muda nada. Ava ainda é a minha irmã.
Sarah concordou com um leve sorriso pela bela atitude de Darla. De fato elas foram criadas como irmãs de sangue desde pequenase e se enxergavam dessa forma. Nada precisaria mudar se Ava assim escolhesse, mas até mesmo ela durante todo esse tempo estava acostumada coma ideia de que as duas eram irmãs e fora tão pega de surpresa quanto Ava pela notícia, portanto conseguia compreender que poderia ter sido difícil para a amiga receber essa notícia tão abruptamente por seus pais que a esconderam isso durante toda a vida. Podia imaginar a confusão dentro dela.
― Bem, mas acredito que ela está bem ― disse Sarah por fim sendo o mais otimista que poderia ser naquele momento.
― Assim eu espero.
Darla conduziu Sarah até a sala, onde seus pais estavam ali dando passos de um lado para o outro completamente preocupados. Eles cumprimentaram Sarah assim que a notaram ali. Ela abraçou a senhora Mitchell que desabou em seus braços preocupada com o bem estar da filha.
― Eu posso ligar para o meu pai se quiserem ― disse Sarah por fim. ― Talvez ele possa ajudar...
O celular de Darla tocou e imediatamente a garota atendeu desesperada por alguma notícia de sua irmã. O choro dela cessou ao ouvir o que quer que dissessem do outro lado da linha. Ela concordou com a cabeça e por fim encerrou a ligação, fazendo todos os presentes despejarem a atenção toda nela.
― Quem era filha? ― perguntou o pai dela.
― Era a Nora ― respondeu ela ainda surpresa, tentando assimilar a informação que recebera pelo telefone. ― Ela disse que Ava está com ela.
― Bem, então vamos até lá buscá-la ― disse Sarah.
― Vamos ― disse a senhora Mitchell, já se movendo do seu lugar. ― Vou me arrumar.
― Não mãe ― Darla a interceptou. ― Depois de tudo acho melhor irmos só Sarah e eu para falar com ela antes. Ela deve estar muito confusa agora e precisa se acalmar antes de voltar para casa.
― Ela tem razão Sandra ― concordou O senhor Mitchell. ― Acho melhor ela conversar com as amigas primeiro. Ela precisa de um tempo para assimilar tudo.
A senhora Mitchell assentiu compreensivelmente.
― Tudo bem meninas, tomem cuidado e digam à ela que não importa se ela veio do meu ventre ou não, mas ainda sim eu a amo.
Darla fez um gesto afirmativo com a cabeça e abraçou a mãe que sorria, enquanto lágrimas lavavam seu rosto emocionado. Parecia ganhar força nos braços da filha. Assim que se afastou, ela acompanhou Sarah até o carro e juntas partiram rumo à casa de Nora.
Darla conduziu Sarah durante todo o caminho, já que já havia estado ali antes com a irmã. Assim que chegaram em frente ao local, Sarah estacionou o seu carro. O carro prata dos pais de Darla estava estacionado logo mais à frente, o que era uma prova mais que suficiente de que Ava realmente estava ali. Sarah suspirou aliviada e viu que aconteceu a mesma coisa com Darla.
As duas desceram do carro e foram até a varanda da casa, tocando a campainha. Uma mulher com um rosto maduro surgiu ali. Ela possuía cabelos lisos acima dos ombros e ostentava um rosto arredondado com maçãs saltadas. Seus olhos eram estreitos e sua pele alva. Era inegável a semelhança com Nora.
― Olá senhora Hale! ― cumprimentou Sarah. ― Onde está Nora?
― Olá meninas, podem entrar ela está lá em cima com uma outra amiga.
Elas entraram e subiram à escada rumo ao quarto de Nora como a mãe havia as orientado. As duas seguiram o som das vozes abafadas até o fim do corredor e bateram na porta. Nora abriu e logo elas entraram. Ava estava ali com o rosto completamente encharcado e os olhos inchados. Resultado de muito tempo de choro.
― Ai que bom que você está bem Ava ― disse Sarah aliviada, enquanto Darla concordava.
― Me desculpa por ter fugido de casa ― disse ela limpando as últimas lágrimas presentes ali, recompondo-se pouco a pouco. ― É que eu precisava de um tempo para pensar e desabafar com alguém que não fosse da minha família e a primeira pessoa em quem pensei foi na Nora.
― Eu entendo irmã ― disse Darla se aproximando e sentando-se na cama frente a frente à Ava. ― Também foi um choque para mim descobrir que não compartilhamos o mesmo sangue, nem posso imaginar como foi para você, mas antes de qualquer coisa quero que saiba que independente de termos o mesmo sangue ou não, você sempre será a minha irmã. Eu não preciso ter o mesmo sangue que você para te amar.
Darla abraçou Ava no mesmo instante chorando. Sarah e Nora assistiam àquela cena com os olhos marejados pela emoção que se instalara naquele ambiente. Darla se afastou e tocou a lateral do rosto da irmã com um sorriso de felicidade que logo contagiou à todas ali.
― Bem, acho melhor irmos para casa ― disse Darla por fim. ― Papai e mamãe estão muito preocupados com você.
Ava concordou com um gesto de cabeça. Ela realmente precisava esclarecer algumas coisas com seus pais adotivos. Sarah comemorou com aplausos que tudo tinha acabado bem naquela noite. Elas seguiram todas para a frente da casa onde os carros estavam estacionados. Ava se despediu de Nora com um beijo longo e demorado, enquanto Sarah e Darla assistiam de longe com um sorriso aberto em seus respectivos rostos.
Assim que as duas terminaram de se despedir, Nora abraçou Sarah e depois Darla e por fim todas se dirigiram aos respectivos carros. Sarah entrou em seu carro, enquanto Darla e Ava entraram no carro dos seus pais. Ambas deram partida nos veículos e partiram, acenando para Nora que ficava para trás em seu lar.
Enquanto seguia no carro, sentia um peso deixando seus ombros que nem percebera que estava ali devido à adrenalina que sentiu durante todo aquele período da noite, logo após ter recebido a ligação de Darla contando que Ava tinha desaparecido. Ela não pôde deixar de sorrir. Apesar do susto, ficou feliz em como tudo se resolveu perfeitamente bem.
Ava e Darla avançavam na frente com o carro dos pais, enquanto Sarah seguia atrás, servindo de escolta para as duas. Não descansaria até deixá-las com segurança em casa, portanto assim foi. Ava guardou o carro de seus pais na garagem, enquanto Sarah descia do carro para entrar na casa.
Assim que os pais viram Ava bem correram em sua direção e abraçaram como se não a vissem há anos. Um abraço desesperado e amoroso. Ava se deleitou no braço deles completamente arrependida por ter fugido daquele jeito. Ambos despejavam beijos na cabeça dela, enquanto afagavam seus cabelos ruivos.
Darla também acabou entrando no abraço e seus pais esticaram os braços para incluí-la naquele momento. Era uma cena bela e comovente de uma família que claramente se amava. Sarah limpou as lágrimas nos cantos dos olhos, sentindo um vazio. Lembrou que um dia já tivera algo daquele tipo em sua vida e sentiu uma saudade preencher o seu peito. Já não sabia mais se as lágrimas que agora rolavam em seu rosto eram pela emoção ou pela saudade. Talvez ambos os sentimentos se condensassem dentro do seu peito tornando seus olhos um rio fluente de lagrimas.
Depois de algum tempo eles finalmente se soltaram. O Sr. e a Sra. Mitchell voltaram o olhar para Sarah que até então apenas os observava. A sra. Mitchell se aproximou dela e a abraçou. Um abraço caloroso e apertado e por um segundo lembrou-se de sua mãe. Ela possuía o poder de fazer qualquer momento ruim desaparecer quase que por completo, como se ao abraçar, absorvesse todas as angústias e frustações de seus filhos para si. Como ela sentia falta disso!
Quando a Sra. Mitchell se afastou, ela sentia-se um pouco melhor. Ela direcionou um sorriso cortês à Sarah, parecia agradecer por se preocupar e trazer sua filha em segurança até em casa.
― Obrigada ― disse ela por fim. ― Fico feliz que minha filha tenha amigas como você por perto.
Sarah sorriu timidamente.
― Bem, fico feliz que está tudo bem, mas tenho que voltar para casa agora!
Todos concordaram com a cabeça e Sarah se foi, após se despedir das amigas. Ela voltou para o seu carro e ficou algum tempo ali sentada, respirando fundo. Fora uma noite cheia de emoções. Ela acabou entrando novamente em contato com sentimentos que há muito tempo reprimia. Por um mísero segundo teve inveja de Ava, que mesmo não sabendo quem eram os seus pais verdadeiros depois daquela noite, tinha pais adotivos que a amavam tanto quanto uma filha biológica.
Sarah tinha saudades de ter uma família. Sua mãe parecia ter sido o pilar de sua família todos esses anos, já que depois que se fora, tudo desabou. Ela queria poder reconstruir tudo de novo, mas sabia que não conseguiria sozinha. Por muito tempo tentara e de certa forma já estava cansada. Por fim, afastou aquele pensamento de sua mente e girou a chave do carro, ligando-o. Ela pressionou seu pé levemente contra o acelerador, ganhando velocidade rumo à sua casa.
Ela chegou em casa no mesmo horário que o seu irmão Kevin. Ele parecia um pouco desanimado. Ela podia supor que era algo com relação a sua banda. Há muito tempo ele estava empolgado por tocar com seus melhores amigos. Ainda lembrava-se claramente dele espalhando cartazes por toda a cidade quando a banda dele fez o seu primeiro show em uma festa.
― Está tudo bem irmãozinho? ― perguntou ela por fim, enquanto se sentava em um dos sofás da sala.
― Não muito ― respondeu ele sem muita empolgação. ― Fui visitar o Ben e a mão dele ainda vai demorar muito à melhorar e daqui para lá não sei se encontraremos outro baterista para substituí-lo até a próxima festa.
― Calma, vocês podem espalhar cartazes por toda a escola procurando um novo baterista, quem sabe em algum lugar escondido vocês não acham um belo substituto?
― É ― concordou ele um pouco mais animado. ― Você tem razão. Vou fazer isso mesmo.
Sarah sorriu e levantou-se. Ela passou pelo irmão e bagunçou seu cabelo grande que não cortara a mais de um ano desde que a mãe deles se fora. Ela sentiu um leve aperto no coração ao lembrar-se daquilo, mas logo reprimiu aquele sentimento, deixando o irmão ali satisfeito, enquanto seguia para o seu quarto.
Ela trocou de roupa. Os sapatos que outrora ocupavam seus pés, haviam sido deixados ao lado da cama, mas não abriu mão das meias. As calças jeans surrada que usava, fora substituídas por shorts de malha fina e seu moletom agora substituído por uma camisa grande e larga da sua banda favorita, fazia sentir um alívio incomensurável em seu corpo.
Ela foi até o banheiro para escovar os dentes e finalmente jogou-se na cama sentindo seu corpo relaxar depois de tantos momentos de tensão naquela noite. Seus pensamentos foram interrompidos por alguém batendo na porta de seu quarto. Ela pediu para quem quer que estivesse ali entrasse, então seu pai logo empurrou a porta, entrando ali. Ela sentou-se na cama um pouco surpresa com a sua presença ali. Ele usava o seu uniforme de trabalho, com a estrela reluzindo, completamente polida com o nome xerife escrito nela. A expressão dele era cansada como sempre, mas naquela noite parecia um pouco mais intensa. Talvez não tivesse dormido bem na noite anterior.
― Pai? ― indagou ela com espanto.
Ele caminhava lentamente para perto da cama, esfregando as mãos nas coxas da calça, até finalmente tomar assento na cama ao lado de Sarah. Parecia um pouco desconfortável com a situação, o que deixou Sarah também da mesma maneira.
― Olha minha filha, eu vim te pedir desculpas pela noite anterior ― disse ele fitando o chão. ― Acabei ficando preso no trabalho e não consegui vir para o jantar.
― Está tudo bem pai.
Ele finalmente a encarou.
― Eu entendo que o seu trabalho é proteger a cidade e isso incluiu Kevin e eu.
Ele contraiu os lábios numa tentativa falha de sorriso. Ela não acreditava naquilo que falava, mas não queria voltar a discutir com o seu pai naquela noite sobre o mesmo assunto. Sua mente estava cansada para insistir nele ou tentar encontrar argumentos fortes o suficiente para despertá-lo para ela e seu irmão, mostrando que eram seus filhos e precisavam de um pai para estar ali por eles.
Ele começou a mover-se para sair da cama, quando parou novamente e encarou Sarah.
― Bem filha ― disse ele por fim. ―, eu sei que Janssen e você são namorados e soube que ele deu uma festa no sábado.
Sarah não o havia atualizado sobre Janssen.
― Bem papai, nós não somos mais namorados.
― Desde quando?
― Terminamos antes da festa.
― Ah, eu sinto muito minha filha.
― Está tudo bem pai.
― Bem, então imagino que você não foi à tal festa.
Sarah lembrou-se do que Nora tinha lhe falado naquela manhã sobre seu pai ter acabado com a festa naquela noite. Ela havia estado ali, mas por algum motivo sentiu que deveria mentir para ele. Resolveu confiar naquele instinto.
― Não papai. Não fui à essa tal festa.
Ele assentiu aliviado.
― Que bom minha filha.
― Mas por quê você me perguntou isso?
― Porque a casa do lago é próxima à floresta Green, onde o Billy Philiphs foi morto por aquele animal feroz. Não é seguro ali.
Sarah concordou com a cabeça.
― Bem, acho melhor você ir dormir agora, já que tem aula amanha cedo.
Seu pai aproximou-se dela e despejou um beijo em sua testa. Ela sorriu, enquanto o acompanhava com os olhos sair do seu quarto. Assim que fechou a porta o quarto ficou completamente mergulhado no silêncio. Sarah respirou fundo e se posicionou em modo fetal na cama. Ela fechou os olhos buscando em algum lugar o sono que precisava para adormecer. Amanhã seria um novo dia e precisava descansar suficientemente para enfrentar o que quer que tivesse de vir ao seu encontro e antes que ao menos percebesse ela já estava imersa no completo vazio de sua consciência para uma noite revigorante de descanso.
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