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ஓீ፝͜͜͡͡A cabeça de Sarah estava pesada.

Parecia que o pesadelo que ela tivera no meio da noite consumira boa parte de sua energia, pois mesmo que tivesse voltado a dormir, ainda sim sentia que não fora suficiente. Ela ainda pensava sobre o sonho que tivera e o quanto aquilo ainda a assustava. Não sabia como um sonho podia causar aquela sensação tão duradoura dentro do seu ser. Pensava consigo mesma que poderia ser pelo cansaço e era como se seu corpo ainda estivesse dentro daquele sonho, vivendo tudo repetidas vezes.

Ela se espreguiçou e por fim pegou o seu celular olhando a hora na tela. Tinha levantado cinco minutos mais cedo do seu despertador tocar. Uma parte dela queria voltar e deitar esses cincos minutos para tentar descansar mais um pouco, mas a outra parte dela sabia que não ia conseguir, pois assim que acordava seu cérebro já dispunha de uma grande quantidade de energia que a fazia com que não conseguisse dormir tão cedo, mesmo que ainda se sentisse cansada.

Por algum tempo tudo o que ela fez foi continuar ali na cama deitada fitando o teto, enquanto as imagens perturbadoras do seu sonho voltavam frequentemente à sua memória, ainda lhe dando aquela sensação de insegurança. Ainda podia ver claramente aquela bocarra espumante com dentes caninos afiados saltando para fora dela, além dos olhos vermelhos como sangue totalmente arregalados carregados de fúria. Aquilo era um rosto digno de um filme de terror.

A garota olhou para o celular que estava em sua mão e resolver fazer as suas pesquisas. Abriu na internet e por fim começou a pesquisar sobre o que significava sonhar com lobos. Entre um site e outro, percebia que as informações não condiziam com a aflição que ela sentira. Para muitos dos sites sonhar com aquele cães selvagens, significava prosperidade ou estabilidade mental, já em outros aquilo queria dizer que algo muito perigoso aguardava no futuro.

Por fim Sarah fechou aqueles sites. Nada ali parecia fazer sentido em sua cabeça, apesar de certa forma as últimas informações terem feito seu peito congelar de medo, pensando que de fato algo muito perigoso poderia estar se aproximando de sua vida e ela se perguntava se Blaine estaria envolvido naquilo, pois não conseguia vê-lo fazendo nenhum mal. Não sabia se era pelo fato de estar apaixonada por ele, mas temia que fosse igual como aconteceu com Janssen. Num dia ele era um príncipe encantado, já no outro se transformara em um monstro.

A hora de agilizar havia chegado ou ela poderia se atrasar para o primeiro tempo, portanto ela se levantou arrumando sua cama como sempre fazia, então foi no quarto do seu irmão para acordá-lo. Depois que ele já estava de pé, ela voltou para o seu quarto para se arrumar, então assim que ficou pronta, foi preparar o café da manhã. Torradas e ovos, além de cereais mergulhados no leite. Naquele dia tudo o que ela mais precisava era de um pouco de cafeína para se manter acordada, portanto não hesitou em fazer uma quantia para beber.

Minutos depois seu irmão chegou completamente arrumado e se juntou à ela em um café da manhã tranquilo. Eles conversaram um pouco sobre a noite anterior e como o pai deles estava tentando ser melhor depois de tudo o que havia acontecido. Kevin também contou que antes dela chegar em casa para o jantar, o pai e ele tiveram uma conversa bastante franca, onde ele pediu perdão pela ausência todo esse tempo e também pelo vexame no boliche, onde conseguiu promover a pior noite de pais e filhos da história.

Sarah sorriu ao ouvir o relato do irmão, afinal de contas podia sentir que aos poucos eles voltariam a ser uma família novamente. Depois de mais de um ano sem muita comunicação entre eles, tudo poderia aos poucos voltar a ser melhor, mesmo que jamais voltasse a ser como antes, já que sua mãe jamais estaria de voltar para somar a alegria daquela casa, todavia era muito melhor que o destino que imaginava que teria, caso o pai não mudasse nunca com aquela atitude.

Depois que terminou de comer, fizeram os preparativos finais para a partida, então entraram no carro e seguiram viagem. O caminho foi silencioso, mas não dentro da cabeça de Sarah, pois ainda pensava no seu sonho e em tudo o que viu nos blogs sobre o que aquele sonho poderia significar. A informação de que poderia ser um presságio para algo ruim não abandonava seus pensamentos e ela queria se convencer de que aquele sonho não necessitava de um significado, pois fora apenas uma projeção do seu subconsciente e não um aviso prévio do destino.

Assim que chegou na escola, estacionou em uma vaga livre. Kevin que estava ao lado dela o tempo todo perguntou se ela estava bem ao notar sua expressão vaga, mas tudo que ela fez foi assentir com a cabeça e lhe direcionar um sorriso um tanto forçado que pareceu convencer o seu irmão mais novo, pois segundos depois ele retirou o cinto de segurança e saiu fechando a porta, enquanto ela ficava ali massageando as têmporas para afastar aquela sensação pesada que parecia se intensificar cada vez mais.

Sarah finalmente saiu do carro e por fim fechou a porta, caminhando pelo estacionamento em direção ao prédio da escola. Assim que atingiu o interior, caminhando pelo corredor que ainda abrigava uns poucos alunos, viu suas amigas que acenaram para ela com sorrisos simples em suas expressões. Ela se aproximou cada vez mais até alcançá-las e por fim desfrutando de um abraço caloroso para começar bem aquele dia.

― Como você está? ― perguntou Ava vendo a expressão cansada de Sarah depois de uma noite mal dormida.

― Estou bem, só um pouco cansada! ― confessou Sarah entre um bocejo. ― Tive uma noite difícil apenas!

Ava apenas concordou com um gesto de cabeça.

― Mas e você? ― indagou Sarah. ― Conseguiu dormir tranquilamente sem ter mais pesadelos com fogo ou algo do tipo?

― Tive um pouco de receio no começo ― relatou Ava meneando a cabeça. ―, mas depois o sono se mostrou mais forte que eu e me rendi, só acordando com o barulho agudo do despertador!

― Que bom! ― disse Sarah com um sorriso singelo surgindo entre seus lábios.

Nora chegou pouco tempo depois com um sorriso largo em seu rosto assim que seus olhos se focaram em suas amigas. Ela as cumprimentou e por último a sua namorada com um leve beijo nos lábios. Elas conversaram por algum tempo até que Blaine surgiu ali, o que fez o coração de Sarah disparar, mas ela sentia um misto de felicidade e receio ao mesmo tempo conflitando dentro do seu ser. Ele cumprimentou as garotas e por último Sarah que sentiu seu rosto ruborizar no mesmo segundo que ele decidiu beijá-la no rosto.

O sinal tocou minutos depois, que fez cada um ir para uma sala diferente, exceto Sarah e Blaine, que teriam o primeiro tempo juntos. Eles seguiram para a sala sentando nas cadeiras lado a lado para assistir aquela aula. O professor de história estava tão azedo quanto nos outros dias, com o mesmo tom ríspido e entonação impiedosa. O olhar feroz, caçando minimamente um sinal de quebra de protocolo, parecendo sedento por uma oportunidade para provar a sua autoridade diante de todos.

Durante a aula, Sarah e Blaine trocavam olhares e sorrisos. Era inevitável não retribuir os gestos dele para ela. Ele tinha um jeito tão meigo e carismático, que puxava de si mesma a melhor energia que dispunha. Ela se convencia cada vez mais de que seria impossível que ele pudesse de alguma forma trazer algum perigo para a vida dela, mas mesmo assim o seu medo persistia no mais profundo de seu coração por mais que ela tentasse ao máximo reprimir aquilo para o recanto mais escuro do seu ser, onde pudesse ficar esquecido.

A garota tentava ao máximo se concentrar naquela aula, mas estava enfadonha demais. Aquela aula era tal como um velório. Ninguém falava por exceção do professor. Dava para notar-se que alguns tinham cautela até mesmo para respirar, pois qualquer sinal poderia ser interpretado de uma forma negativa pelo professor que não mediria esforços para usar sua autoridade.

O tempo pareceu se arrastar quase que por completo até que finalmente fossem liberados. Os únicos momentos que salvavam para que não fosse uma tortura completa, eram os momentos que Blaine sorria para ela, como o sol depois de um clima tempestuoso, surgindo em meio as nuvens, dissipando todo e qualquer resquício de escuridão.

Agora que finalmente estava liberada, caminhou apressada pelos corredores para a próxima aula na qual Blaine não iria participar, pois iria para outra sala. Blaine correu atrás dela pegando sua mão enquanto chamava seu nome, fazendo com que a garota retrocedesse e olhasse para ele com olhos curiosos. O garoto respirou fundo antes de qualquer coisa, liberando um belo sorriso que iluminou quase que instantaneamente, como se o sol irradiasse seus raios sobre a sua pele, sentindo um breve calor.

― Bem ― disse ele por fim. ―, eu queria te chamar para sair depois da aula!

Sarah sorriu.

― Tudo bem! ― concordou ela.

― Então, depois da aula te encontro e a gente pode sair juntos, tudo bem?

Ela concordou com a cabeça, então por fim se despediu dele com um sorriso de ponta a ponta em seu rosto, assim como ele. Ele começou a sair caminhando de marcha ré, dando acenos, enquanto ela permanecia parada apenas o fitando totalmente divertida, até que ele virou-se e seguiu para o lado oposto do que ela ia, até que sumisse da vista dela, fazendo então com que caminhasse para a sua aula com um sorriso insistente que parecia que nunca mais se extinguiria de seu rosto.

☪☪☪

Depois do fim de todas as aulas Blaine encontrou Sarah, assim como o prometido. O sorriso preencheu os lábios da garota assim que seus olhos o encontraram. Ele estava de pé bem próximo a porta da sala onde ela estava anteriormente, recontado em um dos armários com os braços cruzados, apoiando o peso do seu corpo em uma das pernas, enquanto a outra estava em descanso.

À medida que a garota foi se aproximando dele, ele foi desfazendo sua pose e endireitando o corpo, enquanto um sorriso largo tomava toda a sua expressão, comunicando-se com os seus olhos que brilhavam como estrelas numa noite de luar com o vislumbre da garota em sua frente tão vibrante quanto ele.

― E então? ― perguntou ele empolgado. ― Está pronta para ir?

― Eu só vou guardar meu material no armário antes e depois a gente pode ir! ― respondeu a garota mostrando os livros em sua mão.

Blaine apenas assentiu, então ela começou a se locomover, enquanto o rapaz a seguia rumo ao armário dela que estavam há apenas alguns passos de distância do local onde estavam anteriormente, então assim que parou de frente ao armário, abriu a porta, guardando os livros escolares e fechando em seguida, voltando seu olhar para ele que jogou sua cabeça para o lado, apontando na direção da porta. Ela entendeu o recado, portanto logo partiram dali sem olhar para trás.

Kevin como em outros dias iria para casa com os seus amigos, por isso Sarah não tinha com o que se preocupar, seguindo tranquilamente até o estacionamento, onde encontrou seu carro no mesmo lugar em que havia deixado ao chegar ali. Blaine fora até o outro lado para pegar a sua moto para seguirem, então por fim Sarah entrou no carro, pondo a chave na ignição e girando-a, fazendo com que o veículo ligasse, então logo passou a primeira marcha e deu ré saindo da vaga e seguindo para fora do estacionamento.

Blaine à esperava na porta de saída do estacionamento com sua moto ligada, então assim que a viu deu partida, saindo devagar dali e ganhando em poucos minutos à estrada, enquanto Sarah o acompanhava para onde quer que a estivesse levando. Ela não sabia exatamente para onde era e ele também não havia dito. Tudo o que ela sabia era que podia esperar boas surpresas dele até aquele momento, já que da última vez ele preparara um belo jantar à luz de vela em sua casa com a comida que ele mesmo cozinhou. Não se esqueceria nunca daquele momento tão atencioso como nenhum outro a proporcionara até então, só ressaltando uma ótima qualidade em Blaine Blackwoods da qual ela não se arrependia de conhecer.

Continuaram seguindo pela estrada pavimentada até que ele tomou uma curva que levava pela estrada de areia em meio às árvores altas. Alguns buracos faziam o carro balançar de um lado para o outro. Sarah conhecia bem aquela estrada por onde estavam passando, mas ainda não tinha ideia de onde Blaine queria levá-la. Tentava imaginar o que ele poderia estar planejando, mas simplesmente não conseguia, então continuava apenas seguindo adiante com a curiosidade quase consumindo seu peito.

Não demorou muito para que estivessem bem próximo ao lago de Heavenwood, então ele parou a sua moto, o que fez com ela também estacionasse. Ele desceu da moto, tirando o capacete. Ela tirou a chave da ignição e também saiu do carro, olhando o lago mais à frente. Sarah saiu do veículo e caminhou em direção à Blaine que portava um sorriso ansioso em meio aos seus lábios.

― Sabe por que te trouxe aqui? ― indagou Blaine juntando as sobrancelhas para cima e franzindo a testa.

― Não! ― respondeu a garota balançando a cabeça com um sorrisinho nervoso.

― Esse foi o lugar em que a gente se conheceu! ― revelou ele num tom sereno.

De certa forma, ele tinha razão, pois mesmo que já tivessem se visto na escola antes, mas ali foi de fato a primeira vez em que tiveram uma interação direta. Ainda podia ver claramente a cena de Janssen se mostrando mais do que um covarde ao agarrá-la à força, então um vulto jogou ele na direção contrária, apartando-o dela, então ali estava Blaine obstinado com aquele olhar que lhe passava segurança e com os músculos que intimidaram diretamente Janssen, mesmo que fosse um atleta.

Ele não só a ajudara a sair de uma situação bastante complicada, como também agira de uma forma atenciosa, lhe emprestando seu casaco, já que a noite estava bastante fria naquelas proximidades com o vento constante que circulava livremente. Foi ali que ela descobriu a gentileza intrincada nas ações dele, revelando um lado que ela não pôde enxergar apenas o encarando no refeitório.

― Eu queria ser romântico ― externou ele encolhendo os ombros e dava para ver o rubor, mesmo em sua pele em tom marrom. ―, então te trouxe aqui porque queria que fosse especial!

Sarah estava encantada em como Blaine era completamente romântico desde que o conheceu. Ela se sentia exultante. O seu coração batia fortemente dentro da sua caixa torácica e o sorriso não queria abandonar seus lábios. Blaine se aproximou pegando nas duas mãos livres dela, trazendo para perto do seu peito, olhando-a profundamente nos olhos, enquanto o vento ao redor dançava por entre eles sem nenhuma pretensão.

― Sarah, eu sei que estamos tendo algo muito bom entre a gente ― começou ele. ― E eu gosto bastante de você, então queria oficializar isso de uma vez por todas.

Ele respirou fundo, parecendo ganhar forças dentro de si.

― Você quer namorar comigo? ― demandou ele com os olhos cheios de expectativa.

Por um momento Sarah ficou sem reação, apenas o encarando com certa surpresa em seus olhos. A garota abriu a boca, mas tudo o que saiu dela fora apenas ar. O garoto parecia um pouco ansioso pela resposta e seu olhar começava a ficar cada vez mais nervoso à medida que os segundos iam se passando e o silêncio ia se estabelecendo entre eles, mesmo que no fundo tudo o que Sarah queria fazer era lhe dar a sua resposta.

― Olha ― tomou a fala novamente um tanto vacilante. ―, se eu estiver sendo apressado demais...

― Não! ― conseguiu falar por fim com um sorriso surgindo entre seus lábios. ― É só que eu fiquei um pouco surpresa com o pedido!

― Eu poderia esperar as coisas irem ficando sérias e te chamar para outros encontros ― emitiu ele meneando a cabeça. ― Ou poderia apenas te pedir em namoro de uma vez por todas e oficializar isso.

O garoto respirou fundo.

― Sarah eu gosto mesmo de você e não queria mais esperar para isso que temos ir se tornando algo mais sólido! ― confessou ele ainda segurando as mãos dela encostadas no seu peito, fazendo com que ela sentisse as batidas frenéticas do coração dele como uma prova de tudo o que ele estava falando. ― Eu quero realmente assumir que estou com você e que quero estar com você!

Sarah sorriu.

― Eu também me sinto assim Blaine! ― pronunciou ela. ― Eu gosto mesmo de você, portanto aceito o seu pedido de namoro!

Blaine fez uma breve comemoração, mas logo se interrompeu, fitando a garota com certa vergonha. Talvez ele não quisesse que ela visse isso, mas de certa forma gostou de ver a empolgação dele com a sua resposta positiva à pergunta dele. Ele parou por um momento e coçou a cabeça com um risinho nervoso, enquanto voltava para perto dela, pegando suas mãos novamente, porém desta vez entrelaçando os dedos.

Blaine aproximou o seu rosto do rosto de Sarah, enquanto o ar quente da respiração dos dois se condensavam e os lábios logo em seguida se encontraram numa explosão de sensações dentro do peito da garota. Pelo toque da mão dela levemente em seu peito, podia sentir a mesma vibração por parte dele.

Por um momento o mundo ao redor se tornou um ruído distante e o único som que realmente preenchia o seu ouvido era o do beijo deles que intercalavam-se na medida que executados. Os lábios dos dois se entendiam bem, quase como se o beijo deles fossem um encaixe perfeito e aquilo era bastante raro de acontecer. Blaine tinha uma certa magia nos lábios que a viciavam neles, desejando nunca mais se afastar.

Os braços dela quase que como um instinto se envolveram pelo pescoço do rapaz que correspondeu o gesto passando seus braços pela cintura dela, trazendo-a um pouco mais para perto de seu corpo. O beijo se tornava cada vez mais intenso à medida que os minutos iam se passando, roubando o ar dela quase que totalmente, fazendo com que precisasse interromper o beijo por um momento para recuperar o seu fôlego.

Os olhos escuros faziam a dimensão de seu olhar ficar ainda maior. Ela conseguia se ver refletida nas íris dele de um modo um pouco arredondado e por um momento foi naquilo que focou. A luz do dia refletia sobre eles os deixando ainda mais iluminados. Tudo o que ela sabia era que não queria ficar mais longe dos lábios dele, então voltou a aproximar sua boca novamente até encontrar a dele, voltando a sentir o seu gosto tal como o mel silvestre.

― Namorada! ― frisou Sarah quase como se ainda se acostumasse com o novo título que recebera. ― Gosto de como isso soa!

Blaine riu, então a beijou novamente, mas desta vez o beijo durou um pouco menos que o anterior. Ele voltou a fitar o rosto dela, então passou a mão suavemente pelo seu rosto, enquanto ela se deleitava no seu toque macio e caloroso, fazendo com que por um momento ela viajasse em êxtase total.

Os lábios dele logo encontraram os dela, então mais um tempo passaram assim, aproveitando o sabor um do outro. Sarah se via tentada à cada novo segundo a não se afastar dele. Queria mais e mais do seu beijo e do seu toque. Tudo era tão bom que a fazia esquecer tudo o que a afligia. Só conseguia se concentrar nos lábios viciantes dele.

― Eu queria ter o tempo do mundo inteiro para ficar nesse momento com você! ― sussurrou ele após afastar seus lábios dos da garota.

Sarah riu, pois de certa forma sentia o mesmo que ele. Era tão bom ouvir aquilo que as palavras pareciam se encaminhar em pura sedo para dentro de seus tímpanos, como o melhor som que já ouvira em sua vida. A voz aveludada dele também ajudava bastante naquele processo. Poderia ouvi-lo falar por toda a vida e ainda não se cansaria.

― Eu digo o mesmo senhor Blackwoods! ― sussurrou ela de volta com um sorriso se expandindo cada vez mais em sua expressão.

― Senhorita Foster! ― ele devolveu entrando naquela brincadeira.

Eles voltaram a se beijar e ficaram assim por mais algum tempo até que Blaine interrompeu o beijo e foi até a mochila que estava sobre a sua moto, abrindo-a e tirando de dentro dela uma toalha xadrez dobrada. Ele abriu todo o tecido, mostrando o cumprimento completo, enquanto Sarah assistia tudo sem saber ao certo o que aquilo significava. Ele dobrou o tecido no meio, então caminhou de volta na direção de sua namorada, colocando o tecido aberto no chão próximo às margens do lago, sentando sobre o tecido. Ele a chamou para sentar-se ao lado dele.

― Para que isso tudo afinal? ― indagou ela por fim.

― Queria ver o pôr do sol ao seu lado! ― enunciou ele.

Sarah sorriu, afinal de contas aquilo era bem romântico, então por fim tomou assento ao lado dele. Ele passou um de seus braços ao redor do corpo dela, enquanto ela levava a cabeça até o ombro dele, deitando-se, ao mesmo tempo que fitava o horizonte à sua frente vendo o sol ao longe que já estava cada vez mais distante, pronto para seguir para o outro lado do mundo e levar sua luz e seu calor.

― Isso é lindo demais! ― comentou Sarah.

― Não tanto quanto você ― manifestou ele. ―, mas aceito que é mesmo um belo vislumbre!

Sarah apenas riu.

― Desde o primeiro dia que te vi ― prosseguiu Blaine. ―, senti meu coração arder de uma maneira que ninguém nunca tinha feito antes.

Sarah continuou acomodada junto ao ombro dele, escutando suas palavras doces, enquanto um sorriso singelo preenchia seus lábios.

― Eu estou completamente apaixonado por você Sarah Foster! ― declarou ele por fim. ― Como nunca estive antes por alguém. Não consigo passar nem um minuto sequer sem pensar em você. É quase como se você já fizesse parte de mim.

Sarah endireitou seu corpo e olhou profundamente nos olhos dele. Ele olhava com certa expectativa para a garota, talvez esperando que ela dissesse o mesmo que ele. O sorriso aos poucos veio ganhando forma entre os lábios dela, então a mão dela foi de encontro à dele, sentindo seu toque quente.

― Eu também estou apaixonada por você Blaine Blackwoods ― externou ela, sentindo uma certa libertação em seu peito. ― Você faz eu me sentir tão bem que tudo o que eu quero é estar perto de você.

Ele sorriu, então levou suas mãos até o rosto dela, puxando pouco a pouco em direção ao seu. ela cedia à seus movimentos até que por fim estivesse novamente com os seus lábios nos dele, sentindo um beijo tranquilo, mas que fazia seu peito se agitar mais que tudo. Ela pensava como era incrível como outra pessoa conseguia despertar aquilo no interior dela com poucos movimentos.

Depois de algum tempo eles afastaram seus lábios um do outro, voltando à posição que estavam antes. Sarah podia sentir a vibração do coração dele, já que sua cabeça estava encostada no seu ombro e podia jurar que ele também poderia sentir o mesmo do coração dela, já que seu braço passava pelas suas costas e toda a sua caixa torácica trepidava fortemente, estendendo aquilo para boa parte de seu corpo.

Por algum tempo o silêncio reinou entre eles, mas não era um silêncio constrangedor.  Eles apenas estavam aproveitando cada minuto da companhia um do outro. O toque, o calor de seus corpos e até mesmo o som da respiração um do outro. Depois de tudo o que disseram um para o outro o coração deles estava suficientemente aquecido. Mesmo naquele silêncio, Sarah ainda podia ouvir as palavras dele ecoando em seu cérebro a marcando diretamente. Ela aproveitava o conforto nos braços dele, enquanto ainda fitavam o horizonte vendo o sol se despedindo daquele lado do planeta num breve adeus.

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