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ஓீ፝͜͜͡͡A cabeça de Sarah latejava.

Ela acordou sentindo como se um caminhão houvesse passado por cima dela e deixara seu corpo completamente comprimido. O modo como fora dormir tão irritada depois que chegou do boliche, fizera com que dormisse em uma posição torta, o que lhe dava aquelas dores por todo o corpo. Sua cabeça também, já que acabara dormindo depois de tanto chorar.

A imagem da noite passada voltava à sua mente fazendo seu coração se contorcer só de lembrar de como o seu pai fora capaz de ser tão egoísta ao ponto de aproximar-se dela exclusivamente por interesse. Não era certo fazer aquilo. Ele nem ao menos deu um tempo para que eles voltassem a se aproximar antes que pudesse apresentar qualquer parceira que escolhesse para sua vida.

Kevin deveria estar tão arrasado quanto ela. Tudo o que lembrava era que ele batera a porta com força e também pôde ouvir seus gritos abafados contra os travesseiros enquanto ainda estava no corredor. Depois seguiu para o quarto e foi quando chorou até adormecer.

Ela tentou afastar aqueles pensamentos de sua cabeça, afinal de contas não queria mais alimentar aquele tipo de sentimento entro do seu ser. Era um novo dia e tudo o que mais queria era seguir em frente e esquecer tudo o que acontecera outrora.

Ela passou a mão na testa tirando os fios rebeldes que insistiam em ficar ali, levando-os de volta para a superfície de sua cabeça. Ela respirou fundo sentada na cama, olhando de um lado para o outro ainda decidindo o que faria a seguir, até que seu celular sobre a mesa-de-cabeceira vibrou, fazendo com que ela o pegasse automaticamente. Assim que o ligou, viu uma mensagem de Blaine a dando bom dia. Ela não pôde deixar de sorrir.

No meio de toda aquela escuridão que a cercava, Blaine estava se mostrando como a luz que se acendia dentro dela, iluminando seu coração anuviado pela tristeza. Talvez fosse por isso que fosse quase inevitável estar se apaixonando tão rapidamente por ele. Ele nem precisava se esforçar muito para fazê-la sorrir e aquele era um dom que apenas pessoas muito especiais tinham.

Ela clicou na tela já apta para responder a mensagem de Blaine quando uma ligação preencheu toda a tela de seu celular, fazendo-a ficar bastante surpresa. Nora Hale a ligava, o que fazia Sarah tentar imaginar o qual seria o motivo de sua ligação. Mesmo que tentasse imaginar, sua cabeça parecia não encontrar nenhuma resposta, o que só a deixava ainda mais curiosa. Nora nunca a havia ligado assim antes, exceto por chamadas de vídeos com todas as outras amigas juntas, portanto com um clique atendeu a ligação, levando o celular até o seu ouvido.

Do outro lado da linha, a voz delicada de Nora parecia um tanto afobada, o que fez Sarah ficar automaticamente preocupada. Um arrepio percorreu o seu corpo pensando no pior que poderia ter acontecido. Temia que mais alguma tragédia arrancasse a felicidade de seu peito como um legume é arrancado do pomar.

Nora relatou  que havia acontecido à Sarah, o que fez a garota pular automaticamente da cama quase que de imediato. Seu corpo recebeu uma dose excruciante de adrenalina, fazendo com que não conseguisse mais ficar parada, portanto enquanto Nora contava tudo, Sarah andava de um lado para  outro com a mão sobre a cabeça, completamente atônita.

Não podia acreditar no que escutava. Um incêndio extremamente inexplicável acontecera na casa dos pais de Ava e Darla. Segundo as informações de Nora todos estavam bem, mas houve um prejuízo extremo de bens materiais, pois não conseguiram salvar muita coisa até que os bombeiros chegassem ao local.

Sarah estava completamente estarrecida com o que captou pela sua audição nos relatos de Nora. Ela soltou o ar pela boca depois de algum tempo com ar preso em seus pulmões sem que ao menos percebesse com toda a tensão abatida sobre seus ombros intensificando-se como pedra.

Por sorte a família das suas amigas não tinham se ferido gravemente. Por um segundo era como se pudesse estar em um mundo onde suas amigas não existissem mais. A experiência de quase tê-las perdido fez o peito dela ainda mais intenso. A onda fria que percorria seu corpo era como uma injeção de vida. Ela se sentia grata e aliviada no fim das contas.

Nora queria ir até a casa da avó de Ava para vê-la. Elas foram até o hospital de madrugada, pois foi mais ou menos a hora que o incêndio se manifestou para garantirem que não tiveram nenhuma lesão séria nas vias respiratórias, por sorte elas não haviam inalado fumaça o suficiente para que aquilo acontecesse, então logo foram liberadas pelos profissionais da saúde, assim como os pais delas.

Sarah concordou em ir com Nora, portanto assim que a ligação se encerrou, correu para se arrumar. Ela fez sua higiene matinal e depois trocou de roupa o mais depressa que conseguiu, pegando as chaves do seu carro e em seguida seguindo para o veículo, entrando nele e o ligando para finalmente tomar rumo pela estrada até a casa de Nora.

Assim que chegou, pôde ver Nora na varanda de sua casa andando de um lado para o outro completamente nervosa. Sarah apertou a buzina, chamando a atenção da garota que correu em direção ao veículo, entrando nele, fazendo com que Sarah desse a partida no carro finalmente e fosse para o endereço que Ava havia mandado para Nora pelo seu celular.

Sarah tentava dirigir o mais rápido que podia sem ir contra as leis do trânsito, mas era quase impossível, já que as pistas não permitiam tanta velocidade assim, portanto só chegaria no tempo que desse para chegar. Nem mais e nem menos.

Depois de algum tempo finalmente chegou ao endereço correto. Sarah estacionou o carro e Nora praticamente saltou dele assim que uma vez parado, desesperada para ver que sua namorada estava realmente bem. Sarah não a julgava, pois sentia-se na mesma intensidade, completamente preocupada com as suas amigas.

Assim que desceu do carro, fechando as portas, seguiu pela calçada até que chegou à varanda da casa, então Nora tocou a campainha respirando fundo. Sarah pôs a mão sobre o ombro dela tentando lhe passar certo conforto, o que gerou um sorriso singelo entre os lábios de Nora num gesto claro de agradecimento.

A porta se abriu e uma mulher de maior idade abriu a porta com seus cabelos grisalhos e óculos de grau em formato retangular surgiu ali com certa surpresa em seu olhar por ver as duas garotas ali com expressões ansiosas em seus respectivos rostos. A senhora que Sarah julgava ser a avó de Ava e Darla, ajeitou os óculos para ver melhor. Ela tinha uma pele cor de marfim e linhas de expressões espalhadas por todas as partes de seu rosto, denunciando todos os seus anos de experiência.

Os grandes olhos expressivos da senhora esperavam por algum anúncio prévio de quem eram as duas e o que exatamente estavam fazendo ali, então Sarah finalmente saiu de seu transe já idealizando o que faria a seguir.

― Desculpe incomodar senhora! ― desculpou-se Sarah em primeira instância. ― Eu sou Sarah e essa ao meu lado é Nora e somos amigas das suas netas, Ava e Darla.

― Soubemos o que aconteceu com elas nessa madrugada e ficamos muito preocupadas ― revelou Nora com sua voz aveludada que encantava qualquer ouvinte. ―, portanto viemos correndo saber como elas estavam.

― Ah sim! ― disse a senhora com um sorriso se abrindo entre os lábios. ― Elas acabaram de chegar do hospital, estão um pouco agitadas depois da madrugada assustadora que tiveram, mas vão adorar ter a visita das amigas, venham entrem.

Sarah e Nora seguiram a senhora que era bastante receptiva e pediu à elas que a chamassem de Irene. Elas concordaram, então ela as levou até as amigas que estavam instaladas num quarto da casa no primeiro andar. Assim que Ava viu Sarah e Nora entrando, correu para abraçá-las. Darla veio logo em seguida e as quatro ficaram assim por algum tempo, até que finalmente se soltaram.

A avó Irene resolveu deixá-las mais à vontade para que conversassem com privacidade, saindo logo em seguida. Ava pediu para que elas se sentassem, então Nora sentou-se ao lado de Ava segurando a mão da namorada e Sarah sentou-se ao lado de Darla na cama de frente com apenas um pequeno espaço entre elas naquele pequeno quart que certamente deveria ter pertencido à mãe e a irmã de Ava e Darla.

― Eu fico feliz que estejam bem! ― disse Nora acariciando o rosto de Ava. ― Eu fiquei tão preocupada!

― Relaxa meu amor, foi apenas um susto! ― emitiu Ava encontrando os lábios dela num breve beijo acalentador.

Sarah observava as amigas com o coração aquecido. Assim que os lábios delas se afastaram, Nora deitou sua cabeça no ombro de Ava que passou as mãos  ao redor do corpo dela, aconchegando-a ainda mais ao seu ser.

Por mais que Sarah estivesse feliz pelo fato de que as amigas estivessem bem e seguras agora, mas ela queria saber mais sobre o que originara o incêndio, como tudo havia acontecido. Queria entender melhor toda aquela história, portanto enquanto assistia aquele momento bastante significativo de Ava e Nora, pensava em tocar naquele assunto assim que fosse pertinente.

― Mas afinal de contas o que fez com que a casa de vocês pegassem fogo? ― questionou Sarah com certa curiosidade.

Ava parou por um momento parecendo se perder em sua própria mente por um minuto, rebuscando a informação sobre a origem daquilo tudo o que havia acontecido. Sarah sabia o quanto deveria ser difícil para ela relembrar tão claramente de informações que eram criadas tão de súbito pelo estado da situação, portanto esperaria o tempo da sua amiga.

― Ninguém soube explicar exatamente a origem do problema ― expôs Ava. ―, mas disseram que poderia ser algum fio desencapado na fiação que deu origem ao incêndio, mas não sei não.

― Às vezes essas coisas acontecem mesmo! ― disse Nora ainda aconchegada à namorada.

― Como você percebeu o incêndio? ― questionou Sarah tentando imaginar toda a cena em sua cabeça.

― Bem, eu acordei com os gritos da minha família quando o fogo percorria por todo o andar de cima, então eu acordei e vi que meu quarto também estava em chamas. Lembro de ouvir Darla chorando completamente apavorada e isso de certa forma me fez ficar em pânico também. Fiquei na cama completamente travada olhando as chamas ao redor consumindo tudo, até que meu pai derrubou a porta e conseguiu me resgatar, então peguei meu celular sobre a mesa de cabeceira e corri com meu pai para longe dali.

Ava fez uma pequena pausa respirando fundo. Dava para ver que seus olhos estavam marejados e ela pigarreou por um momento, depois limpou os cantos de seus olhos antes que as lagrimas rolassem pelo seu rosto. Sarah entendia o quanto aquilo poderia ter sido assustador para todos naquela família. Certamente uma experiência que ninguém desejaria ter, mas certamente mostrava que eram bastante fortes e determinados.

― Tivemos que assistir nossa casa pegando fogo por um bom tempo ― revelou ela. ― Foi muito assustador.

― Vocês estão vivas e é isso o que importa! ― retorquiu Sarah tentando ser o mais otimista que conseguia. ― Eu fiquei tão triste só de imaginar que vocês duas poderiam estar feridas ou até pior. Vocês saíram disso tudo invictas e isso é um presente.

― Você tem toda razão! ― concordou Darla com um gesto de cabeça.

Sarah pousou a mão no ombro da amiga com um leve sorriso se formando entre os seus lábios rosados. Por algum tempo o silêncio pairou entre elas. Pareciam todas bastante reflexivas sobre tudo o que havia acontecido. Sarah nem podia imaginar o que seria passar por uma situação daquelas, mas se sentiria grata de que o pior não tivesse acontecido.

Por mais algum tempo elas ficaram ali conversando, mas agora todas resolveram se deitar. Ava e Nora na cama da esquerda e Darla e Sarah na cama da direita, conversando sobre várias coisas para passar o tempo até que o peso pela noite conturbada chegou para Ava, que acabou adormecendo nos braços da namorada, então aquela foi a deixa necessária para que Nora e Sarah voltassem para as suas respectivas casas.

A avó Irene as despediu de maneira tão gentil e amável que fazia com que Sarah se sentisse bem-vinda para uma próxima visita e a faria assim que tivesse a oportunidade. Tudo no fim estava bem, portanto aquilo aliviou bem mais o coração de Sarah que nem lembrava mais de estar tão aflita como antes. Ela e Nora entraram no carro e partiram dali com a certeza de que o pior já havia passado.

☪☪☪

Depois do jantar Sarah ficou assistindo filmes na televisão na sala. Não havia mais recebido nenhuma mensagem de Blaine desde à tarde. Não esperava mais nenhuma mensagem dele, pois a conversa realmente parecia estar encerrada, mas ainda sim não seria ruim caso ele quisesse conversar, mas ela não queria incomodá-lo, pois sabia que os pais dele estariam de volta e talvez quisessem passar um tempo com o único filho deles.

Por um momento ela voltou a se lembrar da desagradável noite passada, onde seu pai executava um plano estúpido para que eles conhecessem a nova namorada dele. Só de repuxar aquelas memórias sentia seu coração se contrair e seu rosto esquentar de raiva, portanto no minuto seguinte resolveu não pensar mais naquilo, por mais que fosse difícil afastar aquela sensação que era tão forte dentro de si.

Um vazio acabou invadindo-a. Por mais que estivesse zangada com o que seu pai fizera, ela ainda sim queria restituir a relação que eles tinham anteriormente. Ela voltou a pensar nos pais de Blaine e sentia uma certa inveja se abatendo, pois mesmo que eles não fossem os pais biológicos de Blaine, eles ainda sim pareciam muito amorosos pelas fotos que ela pôde contemplar quando fora até a casa do garoto que ainda não sabia muito bem o que era. Só tiveram um encontro, não era como se já fossem namorados, mas gostava de pensar na possibilidade, o que a fez rir por um momento, dissipando toda a nuvem negra que a assolava até então.

Um toque na campainha a fez sair do seu transe, se perguntando quem poderia ser uma horas daquelas. O relógio em seu celular marcavam exatamente oito horas da noite. Não era tarde, mas não esperava nenhuma visita até aquele momento. Ela levantou-se largando o saco de queijos nachos que estava consigo aquele tempo todo enquanto assistia ao filme. Ela bateu as palmas uma na outra que estavam impregnadas com pequenas farelos dos queijos nachos. Ela estava completamente desesperada sem saber ao certo quem encontraria atrás da porta. 

Ela não estava totalmente desleixada. Usava uma blusa regata verde escura e shorts jeans com repicados nas barras. Ela não sabia se o cabelo estava tão bagunçado, mas não passaria a mão nele que ainda estavam um pouco sujas com os farelos do queijo nacho, portanto a garota tentou amenizar a situação com os antebraços, passando-os em sentido aos fios, então logo caminhou em direção à porta.

A campainha soou mais uma vez, o que fez com que acelerasse os passos um pouco mais e gritando para anunciar que já estava perto. Ela parou por um momento, então levou sua mão até a maçaneta, girando-a e por fim puxando a porta para abri-la. A visão que preencheu os seus olhos a seguir a deixaram espaventada.

O sorriso dele de canto a canto em seu belo rosto, fazendo com que seus olhos se estreitassem ainda mais. Os cabelos lisos como seda, caindo para cada lado da cabeça eram uma visão realmente esplendorosa. Ele usava a mesa jaqueta preta que sempre costumava usar lhe dando um ar um pouco mais motoqueiro aberta deixando a mostra a camiseta cinza por dentro com uma gola arredondada e bem colada ao seu peitoral bem trabalhado. A calça jeans claro com rasgos nos joelhos e uma bota marrom escuro de cano médio, o faziam parecer uma verdadeira tentação.

O coração dela estava completamente disparado e ela por um momento sentiu que não era mais capaz de falar por tamanha surpresa que s a abatera de tal forma com a visita dele. Ela sorriu de maneira nervosa por fim saindo do transe que levara alguns segundos apenas.

― Blaine? ― a garota soltou por fim ainda pasmada. ― O que está fazendo aqui?

― É que eu precisava te ver! ― respondeu ele encolhendo os ombros. ― Eu fiquei sabendo o que aconteceu com a Ava e a irmã dela, então vim aqui saber de você se está tudo bem com elas e se você também estava bem.

Por um momento ela quis sorrir com o gesto extremamente cortês dele, mesmo que ainda não fossem namorados oficialmente. Ele mostrava que se importava bastante com ela mesmo que ainda não a conhecesse tão bem assim. Era aquele tipo de atitude que ela sabia que estava ganhando-a desde o dia da festa em que ele a defendeu de Janssen e ainda ofereceu o casaco para que ela não ficasse no frio. Eram gestos simples, mas que eram indispensáveis para ela, principalmente por não conseguir encontrar isso dentro da sua própria casa.

― Que atencioso! ― ela disse deixando que o sorriso enfim tomasse conta de seus lábios sem mais receio. ― A Ava e a Darla estão bem. O incêndio apenas queimou a casa delas e boa parte dos bens materiais, mas elas saíram ilesas, sem nenhum tipo de ferimento interno ou externo, então logo se elas estão bem, eu também estou bem!

― Fico muito mais tranquilo! ― confessou ele soltando o ar pela boca. ― Eu ia perguntar por mensagem se estava tudo bem, mas resolvi vir aqui pessoalmente porque queria comprovar com meus próprios olhos!

Sarah sorriu. Não conseguia afastar a sensação de seu peito de uma explosão química que a fazia sentir tão intensa e ávida. Era estranho como ele tinha um poder tão grande sobre o interior dela ao menos por existir.

― Bem, você quer entrar um pouco? ― perguntou ela por fim se dando conta do quão mal receptiva ela estava sendo.

Blaine estava com as mãos enfiadas nos bolsos da calça jeans e parecia um pouco relutante em aceitar o convite, talvez porque precisasse voltar para casa o quanto antes, caso os pais dele fossem extremamente cuidadosos, mas por fim ele aceitou, então deu uma última olhada em direção à sua moto que continuava no mesmo lugar que fora estacionada, então por fim deu passadas para dentro da casa, enquanto ela fechava a porta.

Eles caminharam em direção à sala onde o filme ainda passava descompromissadamente na TV. Sarah o conduziu até o sofá onde ele se sentou. Ela pegou o saco com os queijos nachos oferecendo um pouco à ele, porém ele recusou educadamente. Ela disse que levaria o que restara para guardar na cozinha, então aproveitou para pegar algumas balas de menta que seu pai costumava guardar na geladeira, então voltou com um sorriso no rosto, sentando-se ao lado dele.

Por algum tempo ele falou sobre o filme que passava na TV, tentando entender toda a história, enquanto Sarah lhe dava breves resumos sobre o que estava acontecendo nas cenas seguintes. Ele assentia e parecia bastante interessado no que ela lhe falava, não desviando seus olhos dela nem por um segundo se quer, assimilando tudo, como um bom aluno ouve o seu professor.

Depois de se inteirar no filme, ele finalmente assistiu em silêncio. Havia um espaço entre eles dois, o que e certa forma deixava Sarah sem saber ao certo como agir. Ela colocou sua mão sobre o espaço entre eles no sofá, dando-lhe uma deixa para que pegasse a sua mão. Ele pareceu entender o recado, pois minutos depois ela sentiu a palma quente dele sobre a sua, o que fez com que ela olhasse na direção dele. Os olhos dele não pareciam mais tão interessados no filme, pois ele agora a assistia sob a pouca claridade da sala, apenas com a luz da TV que tremia á medida que as cenas passavam e trocavam as tonalidades de cor do mais claro para escuro.

 ― Seria muito estranho se eu te beijasse agora? ― perguntou ele um tanto incerto.

Sarah assentiu com um gesto de cabeça, o que fez ele sorrir como se tivesse acabado de ganhar um ótimo prêmio, então ele se aproximou ao poucos. Sarah assistia o rosto dele se aproximando cada vez mais e já podia sentir seu peito explodir naquele misto de emoções apenas de lembrar da última vez que aquilo acontecera. Ela queria demasiadamente provar dos lábios dele mais uma vez e se sentir tão extasiada.

Ela umedeceu os lábios, enquanto ele s aproximava mais até que ele sentiu seu hálito quente contra sua boca, se condessando ao seu, então logo seus narizes roçaram e ela teve a certeza de que estava mais perto do céu. Assim que sentiu os lábios dele nos seus, seu corpo se acendeu como uma chama ardente quando encontrava combustível, alimentando e crescendo cada vez mais até que estivesse incontrolável.

O beijo começou lento e ia ficando cada vez mais sedento até que eles tivessem com os corpos próximos o suficiente para trocarem calor. Ela se perdia na boca dele de maneira que não sabia como explicar. Queria cada vez mais e mais até que finalmente estivesse sem ar e precisasse se afastar dele com um sorriso intercalando naquele momento.

― Você nem imagina o quanto eu precisava disso! ― disse ele um tanto ofegante, mas ainda sim sorrindo.

Sarah sorriu e voltou a beijá-lo cada vez mais intensamente abraçando-o e trazendo para ainda mais perto de si. Queria poder estar nele de uma forma incomensurável. Ela nunca havia sentido aquilo com tamanha intensidade na vida. Pelo primeira vez ela sabia que estava fazendo o certo com alguém.

Um pigarro se fez ouvir.

Sarah teve um sobressalto quando viu o seu pai de pé ali, entre beijos com Blaine. Ele estava com uma expressão séria como de costume e braços cruzados, tentando mostrar firmeza. Blaine pareceu um tanto embaraçado com aquela situação de uma maneira que nem conseguia mais focar seus olhos em em Sarah. Era nítido no rosto do rapaz que tudo o que ele queria era sumir dali. Sarah passou as mãos sobre seus cabelos e subiu a alça de sua blusa que havia caído para o lado em um momento de intensidade.

― Pai! ― Sarah exclamou sem saber ao certo o que fazer. ― Por que está tão cedo em casa?

― Queria conversar com você sobre ontem ― disse o pai dela num tom constrangido. ―, mas já vi que estava bastante ocupada.

― Me chamo Blaine Blackwoods senhor! ― revelou ele se levantando de súbito do sofá e estendendo a mão para cumprimentá-lo, mas o xerife não devolveu o aperto de mão.

― Desculpe não retribuir o gesto, mas não sei ao certo onde suas mãos estavam ― expôs o xerife Foster da maneira mais educada que conseguiu dizer aquilo. ―, mas foi um prazer te conhecer Blade!

Sarah sabia que o seu pai tinha errado o nome de Blaine de propósito por talvez tê-lo pego naquela situação que nenhum pai iria gostar de ver a sua filha. Blaine não pareceu se importar de ter tido o seu nome trocado ou talvez estivesse tão atônito que nem sequer percebera aquilo.

― Bem, acho melhor eu ir embora! ― disparou ele por fim. ― Está ficando tarde e meus pais estão me esperando, foi um prazer te conhecer senhor Foster!

― Digo o mesmo Blazer! ― articulou ele dissimulando um sorriso, que se desfez logo em seguida.

Sarah se ofereceu para deixá-lo na porta, então saiu o mais rápido que podia dali, deixando seu pai para trás numa pose carrancuda. Ela quase sentia que podia flutuar depois do que ocorrera ali, mas de certa forma valeu à pena, pois sentira aquela mesma sensação vívida em seu peito se expandindo.

Ela abriu a porta e juntos saíram até a varanda da casa. Uma brisa gélida soprou ali, fazendo com que Sarah sentisse um arrepio imediato se espalhando por todo o seu corpo e ocasionando um encolhimento de seus ombros.

― Quer minha jaqueta para se aquecer? ― demandou Blaine. ― Eu geralmente não dou ela assim pra qualquer um, porque tenho um carinho muito especial por ela, mas você não é qualquer uma.

Sarah sorriu.

― Não precisa, mas obrigada!

― Quer que eu te abrace para esquentar?

― Essa eu não posso recusar!

Ele a abraçou e ela não só sentiu-se aquecida, como também segura. Ela queria poder ficar assim por muito mais tempo, mas sabia que ele precisava ir embora, enquanto ela necessitava voltar e encarar seu pai, que aparentemente queria conversar com ela, por mais que ela não quisesse tanto assim ouvir mais desculpas esfarrapadas da parte dele ou explicações que não mudariam nada.

― Acho que seu pai não gostou muito de mim! ― disse ele finalmente.

― Acho que ele só está zangado porque não queria ter visto aquilo! ― argumentou ela. ― Ele nunca foi um pai muito ciumento, pelo menos não com o Janssen!

― Espero mesmo que esteja certa, porque pretendo ainda vir muito aqui! ― confessou ele o que fez ela sorrir sentindo seu interior aquecer. ― Mas agora preciso mesmo ir!

― Tudo bem! ― concordou ela o abraçando ainda mais forte.

Ele a beijou nos lábios mais uma vez se despedindo dela e por fim se afastou, caminhando em direção à sua moto. Ele pôs o capacete que ficara sobre o guidom e por fim subiu nela, dando partida. Ele acenou, o que fez ela devolver o gesto e em seguida acelerou, se afastando cada vez mais dali, enquanto o coração dela não se limitava a parar de sorrir.

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