Tudo Em Câmera Lenta
×Visão de Aaron part. I
– Aaron? – meu professor de biologia fala, me chamando de volta ao que ele estava falando. – Eu sei que as férias de inverno são tentadoras, mas é melhor você prestar atenção pra tentar arrumar o F que conseguiu na minha matéria esse mês.
– Eu vou melhorar, senhor Kefin. – ele sorri.
– Eu sei que vai. Só estou chamando a sua atenção, porque eu não posso ver um aluno A cair pra F e não dizer nada. Boas férias, Aaron. – ele fala, me entregando meu boletim.
A minha média ainda era alta, mas os "As" ficaram raros e isso causava preocupação por parte dos meus professores. Quando saí da sala, fui até meu armário e coloquei meus livros nele. Quando fechei o armário, Alec e Amber estavam com sorrisos nos rostos, me encarando. Eu estava com raciocínio lento aquele dia, por isso os encarei de volta, esperando que eles falassem o que queriam.
– E aí, você vai fazer o que nessas férias? – Amber pergunta, quando começamos a andar pelo corredor.
– Viajar pra acompanhar os treinos do Finn.
– Ele não vai ter férias? – Alec pergunta.
– Só no fim do mês.
– Que coisa chata. Todo mundo merece férias. – Amber fala.
– Nisso aí eu vou concordar com a chata. – Alec tenta provocá-la.
– Chata? Você é um mané... – Amber rebate, caindo na onda dele.
– Amanhã é o nosso cinema, né? – Evan fala surgindo ao lado de Alec.
– Oi, senhor Evan, como vai? – Evan sorri, sinalizando um "não" com a cabeça.
– Por favor, não desmarca comigo, preciso do seu beijo. – ele pede.
– Chama o Tom também, o beijo foi bom por causa dele. – Evan sorri ainda mais, não acreditando na gracinha de Alec.
– Ei... – ele puxa Alec e o junta próximo de seu corpo, passando a mão em seu rosto. – Te busco amanhã? – Alec se solta de seus braços.
– Te mando meu endereço. – Alec responde, vindo conosco e deixando Evan com cara de carente no corredor.
– Você tá viciando o garoto. – Amber fala, quando ele chega próximo de nós novamente.
– Ele tá se viciando sozinho, eu falei pra ele que sou do tipo liberal. Ele veio com um papo de namorar essa semana...
– Você tem sorte, o Evan é um cara legal e gosta de você. – Amber comenta.
– O problema não é o Evan, o problema é que eu não quero namorar agora.
– Namora mesmo não, dá muito trabalho. Principalmente quando ele tá longe de você, correndo em uma pista perigosa o dia inteiro. – ambos me olham.
– O Finn tem talento, ele sabe se cuidar. – Alec fala.
– Aaron, você pode me levar em casa? Minha mãe tá trabalhando. – Amber pede.
– Se for levar a Amber, vai ter que me levar também.
– Por quê? – pergunto e Alec dá de ombros.
– Porque eu gosto da bagunça que a gente faz no seu carro. – ele responde e eu o encaro.
– Vocês dois só me usam... – falo com voz de ofendido, indo até meu carro e deixando Alec pra trás.
– E também, porque o Marc tem um lanche de negócios com a chefe dele e com a Emma. – ele fala e eu o olho, chamando com a mão e ele vem animado em seguida.
– O que vocês acham da gente ir pra minha casa, assistir filme e comer alguma coisa? – pergunto, enquanto entramos no meu carro.
– Seu pai não tá lá?
– Não, ele só vai vir pro Natal porque foi intimado pela Emma.
– Emma conhece seu pai? – Alec pergunta.
– Pois é, conhece.
– Que belo casal que formaria. – Amber fala e eu encaro ela com os olhos arregalados.
– Nem brinca com isso, o Finn morre do coração.
Levei meus amigos pra minha casa. Eu odiava ficar sozinho em casa, por isso desde que Finn foi para longe, comecei a chamar Amber e Alec para vir ficar comigo. Naquele dia, jogamos vídeo game, fizemos bagunça e brincamos de futebol americano no quintal, aproveitando que ainda não estava tão frio durante a tarde.
Alec e Amber me convenceram a ligar a banheira SPA aquecida à noite, para ficarmos ali conversando. Como ficou bem frio, era bem relaxante estar ali com meus amigos, conversando. Lisa sempre nos levava algo, enquanto continuávamos ali, sustentando conversas inacabáveis e bem divertidas.
– Ainda acho que você deveria deixar tudo correr naturalmente com Evan. – Amber fala.
– É estranho. Não tô acostumado com alguém como ele. – eu o encaro.
– E isso não é bom? Ter alguém como ele? – pergunto.
– É, pode ser. Pelo menos todas às vezes que ele ou eu queremos transar, sempre estamos disponíveis. – Amber cai na gargalhada.
– Você não presta! – ela fala, jogando água em Alec, que começa a rir.
– São as suas... – começo e aponto para próximo dos mamilos de Alec, onde tinham cicatrizes medias.
– Cicatrizes? São.
– É bobagem eu perguntar se seus seios eram grandes? – pergunto e Alec sorri.
– Não. Eles eram medianos, mas precisou dessa cirurgia, a outra não daria certo. – explica. Seu corpo já estava bem definido e pela beleza que ele carregava consigo, dava pra ver o motivo pelo qual ele sempre chamava atenção de todos.
– Quando você se entendeu e falou pra sua mãe ela reagiu como?
– Ela me deu apoio, mas esse foi um dos principais motivos pelo qual meus pais se separaram. – Alec explica. Eu estava curioso, nunca tinha conversado com ele sobre esse assunto e pela cara de Amber, ela ficou curiosa também.
– Sério?
– Meu pai é conservador ao extremo. Ele primeiro teve que "aguentar" os livros de romance gay da minha mãe e depois, quando eu falei que era transgênero, ele surtou. Tiveram outras coisas bem sérias também, mas essas duas foram os pilares.
– Doeu, a cirurgia? – Amber pergunta e Alec sorri.
– Não, eu estava anestesiado. – caímos na gargalhada.
– Idiota! Você entendeu... – ela joga água em Alec.
– A recuperação dói sim, mas nada que vá me afetar.
– E o uso da testosterona? Dói aplicar? – pergunto.
– A dor de não ter esse corpo era maior que uma agulha a cada 15 dias. – compreendo o que ele quer dizer.
– Entendo. Viver em uma caixa apertada de vidro, sentindo nosso corpo apertando nossos músculos dói muito mais do que as pequenas guerras que vivemos depois de sair da caixa.
– Aaron... – Alec me chama e eu o olho.
– Sim?
– Eu já te agradeci por... sabe? Tudo isso. – fico sem entender.
– Tudo isso o que?
– A amizade. Você foi uma das poucas pessoas que eu conheci na minha vida que sequer ligou quando eu falei que era trans.
– Por qual motivo eu ligaria? Dava pra ver nessa sua cara de bom moço que você é o tipo de babaca que dá pra tirar uma boa amizade.
– Vai se foder. – ele joga água em mim.
Era bom ter meus amigos comigo. Era divertido ver que eles estavam me fazendo companhia naquela casa enorme e com aspecto morto. Meu pai tinha me dito que ia comprar um apartamento e vender aquela casa. Eu tenho que dizer que eu estava torcendo por isso desde quando tínhamos ido morar lá, já que não aguentava a solidão que aquele lugar me proporcionava.
Alec foi embora poucas horas depois do nosso banho, mas Amber ficou comigo. Fomos assistir filme de terror e na hora de dormir ela não conseguiu dormir sozinha no quarto de hóspedes, por isso dormiu no meu.
Os dias das férias passavam e eu não tinha nada pra fazer, o frio tomava conta da cidade e a minha única escolha era ficar em casa, curtindo o aquecimento ou ir ver Finn de vez em quando, enquanto ele treinava.
Lá fora, as coisas ficavam cada vez mais brancas – e eu detestava, porque neve só é bonito pra quem acabou de conhecer –, mas finalmente o Natal chegou e me trouxe mais cor, afinal eu ganhei alianças de Finn, o que me fez pensar que talvez nós não terminássemos, como eu estava imaginando que aconteceria.
Dois dias depois da virada de ano, Mitchell foi liberado da clínica onde estava internado e começou a nova parte do tratamento, lutando para terminar a desintoxicação e quem sabe terminar o ensino médio comigo.
Ele não lembrava nem de perto o surtado das últimas semanas. Vinha cuidando da saúde e já tinha começado a recuperar sua massa muscular. Mitchell começou a fazer academia comigo e a comer e forma balanceada Ele e a mãe dele moravam, agora, em uma casa, sozinhos e sem muito contato com o pai. Mitchell, por sua vez, sempre estava lá em casa, como fazia antes dessa bagunça em nossas vidas começar.
– Sabe... às vezes eu penso que tudo aconteceu porque tinha que acontecer. – Mitchell fala, enquanto jogamos vídeo game.
– Do que você tá falando?
– Se eu não fosse um viciado, você não teria conhecido o Finn, ele talvez tivesse morrido qualquer dia desses em um racha e nós veríamos a noticia e passaríamos a diante, por não achar que ele seria alguém que merecia atenção. Nós continuaríamos naquela vida de beber pra caralho, pegar meninas pra porra e nunca sermos verdadeiramente felizes. – Mitchell começa uma reflexão, e dessa vez ele estava completamente limpo.
– Se orgulha dessa época?
– Claro que não, mas eu também não me envergonho totalmente. Será que você iria se aceitar gay, se não tivesse o Finn ao seu lado? Ele aguentou coisas que muitas pessoas não aguentariam. Simplesmente não dá pra colocar na ponta da caneta o quão difícil foi... desde o começo.
– Uma coisa me chama atenção... – começo e ele me olha rapidamente.
– O que?
– Você nunca me perguntou nada sobre ele. – ele sorri.
– Eu sempre soube que você era gay, Aaron. – dou pausa no jogo.
– Como?
– Eu sou seu melhor amigo, seu merda.
– Mas nem eu sabia...
– Você sabia sim. – Mitchell rebate.
– Não sabia não. – falo, cruzando os braços.
– Quando a gente tinha 11 anos, você falou que o Dylan era bonito e me perguntou o motivo pelo qual não existiam príncipes que namoravam príncipes nas histórias. Fora todas as vezes que você ficou secando alguns caras em festas e tudo mais. Não só eu percebi, como o Tom também, por isso ele ficava implicando com a gente. – fico envergonhado. – Mas acho que os elogios sobre a aparência do Dylan me marcaram mais.
– Nem me lembra dele.
– Aquela coisa de ódio eterno entre vocês ainda não acabou? – Mitchell pergunta e meu sangue ferve. Eu odiava o Dylan com todas as minhas forças.
– Não.
– Vocês tinham 15 anos...
– Mas ele não vacilou comigo só uma vez, ele vacilou mais de 10.
– Você tá contando ainda? – Mitchell pergunta.
– O Dylan é cruel e você sabe disso.
– Ele só... – Mitchell começa, mas como eu conheço sua memória fraca eu completo.
– Matou meu cachorro.
– É verdade... – ele parece relembrar.
– Eu ainda lembro do sorriso que ele abriu, quando eu fui brigar com ele, chamando ele de assassino. Ele olhou pra minha mãe e disse "foi sem querer, tia" e minha mãe falou "tudo bem, querido, você pode ir embora, eu cuido dele". O Dylan, então, deu as costas e saiu. Quando a minha mãe se virou pra brigar comigo, ele me olhou e sorriu. Eu fiquei ali, escutando uma bronca da minha mãe, me falando que eu deveria ter prendido o Spike... – Mitchell põe a mão nas minhas costas.
– Tá tudo bem, eu sei que foi barra. – ele fala, mas eu precisava desabafar sobre essa época. Foi um período que ficou muito marcado na minha mente e quase não foi comentado.
– Ele mentiu esses meses, insinuou que teve uma noite romântica com o Finn e eu ainda acreditei.
– Olha... – Mitchell tenta falar, mas eu ainda precisava desabafar.
– Eu estava influenciado, porque a Amber me disse que as meninas que antes nós chamávamos de amigas estavam próximas de mim apenas pelo meu dinheiro. Nem percebi que quem tava falando aquilo era o cara que matou meu cachorro, furou o pneu do meu carro e arranhou toda a lataria, porque ficou com ciúmes da mãe.
– Okay, eu errei. Você não tem que ficar próximo do Dylan... – Mitchell fala, mas eu não estava falando aquilo pra explicar os motivos pelo qual eu me mantinha longe de Dylan. Estava falando, porque anos de silêncio me corroeram por dentro.
– Sem falar quando ele disse pra minha mãe que eu chamei ela de maldita. Eu tinha 12 anos. –olho para Mitchell. – 12 anos, quando apanhei com o fio do secador de cabelo dela.
– Eu sei que o Dylan é um monstro. Eu sei... mas foi por causa dele que a gente virou o que somos... – me lembra da única coisa que foi boa.
Mitchell e eu nos tornamos amigos inseparáveis quando éramos bem novos. Isso aconteceu, porque Dylan tinha ameaçado Mitchell e eu fui defendê-lo, apanhando em seu lugar.
– Dois demônios?
– Cala a boca... – Mitchell fala, me empurrando.
Eu olho para ele e em seguida volto minha atenção para a televisão, despausando e me concentrando no jogo. Mitchell e eu jogamos a tarde inteira e quando não estávamos jogando, estávamos na academia ou treinando para que ele pudesse voltar a jogar no time da escola.
Os dias foram passando e as férias acabaram. Quando voltamos para a escola, percebi os olhares das pessoas sobre nós. Naquela semana da volta de Mitchell, ele ainda teve que fazer mais exames para saber se estava limpo mesmo e se poderia voltar a jogar.
Preciso ser sincero e dizer que os dias nunca passaram tão devagar quanto aqueles. Pareciam durar eternidades, menos quando eu via Finn. Posso não ter comentado, mas ele sempre estava lá em casa, dormindo comigo e não deixando que me sentisse sozinho.
Fora as surpresas que ele me proporcionava... Finn, às vezes, me comprava flores e mandava entregar na minha casa, me mandava mensagem pedindo para que eu não fosse de carro pra escola, pois ele queria me buscar na saída e por aí vai. Ele era um ótimo namorado e eu não preciso comentar que o sexo dele me deixava excitado só de imaginar.
Ele comentou comigo sobre o seu teste para entrar no time de pilotos oficiais da Mercedes amanhã e eu prometi que iria acompanhar aquela corrida. Ela era importante para Finn, ela definiria se seu sonho se realizaria e eu queria estar ali, queria ser o primeiro a lhe abraçar e dar parabéns pela corrida, mas o que aconteceu aquele dia foi bem diferente do que eu esperava.
– Galera, agora eu tô indo viajar pra Califórnia... o Finn vai correr pra concorrer a uma vaga no time de pilotos oficiais e eu quero ver ele correr de perto. – falo para a câmera, enquanto ando pelo aeroporto. – Ele vai me buscar no aeroporto e eu já tô nervoso. Quero vê-lo ganhar o mundo.
Acabei gravando o dia da minha chegada. Quando cheguei, Finn me levou pra jantar com um amigo latino dele chamado Hugo, que estava com sua namorada. O jantar foi bem reservado e Hugo era engraçado. Eles pareciam se dar bem e Finn me explicou que Hugo e ele se conheceram nos treinos no Texas, para entrar para os pilotos de testes da Mercedes.
Após o jantar, quando chegamos no prédio em que Finn morava ele fez com que fôssemos abraçados no elevador. Eu sabia que ele estava fazendo sua média, louco por sexo. Assim que entramos no quarto e Finn fechou a porta, já veio me beijar. O apartamento dele era pequeno, porém arrumado. Eu já conhecia essa mania dele de manter tudo em ordem e eu fiquei feliz em ver que conseguia se manter bem sem Emma.
×°×
– Tá ansioso pra amanhã? – pergunto e ele me olha, sorrindo. Tínhamos transado e agora estávamos deitados, descansando.
– Não sei. Nem queria correr amanhã. – responde, pensativo.
– E por que vai?
– Porque eles acham que estou preparado pra começar e é meu sonho, não quero parecer um medroso. – Finn fala me arrancando um sorriso.
– Você não vai. – digo. – Apenas diga que não está bem...
– Mas está tudo bem, é bobagem. – comenta, me abraçando na cama.
– Falou com a Emma?
– Falei. Ela me desejou sorte.
– Posso fazer um daily vlog com você amanhã?
– A corrida vai acontecer à tarde, umas 16 horas.
– Vai fazer o que o dia inteiro? – pergunto.
– Agora que você está aqui comigo eu queria sair, os outros pilotos vão almoçar em uma churrascaria. Se você quiser, nós podemos ir...
– Você vai conseguir digerir tudo pra correr? – pergunto e ele me olha, beijando meu rosto.
– Claro que vou. Eu falei com a minha nutricionista, tá tudo certo. – ele fala, enquanto deixa vários beijos espalhados pelo meu rosto.
– Então tá. – Finn me da mais um beijo na cabeça, acabamos dormindo assim.
No outro dia de manhã, quando acordamos, ele foi tomar seu banho e fazer a mala com os macacões e equipamentos de segurança que iria usar para a corrida. Finn estava animado e tudo que eu mais filmei foram seus sorrisos.
Naquele dia, ele estava de boné preto virado para trás, bermuda e blusa solta. Todos os pilotos que iriam correr aquele dia não poderiam correr até o momento da prova e foi por isso que nós concordamos em sair com os colegas dele para relaxar.
Finn era gentil. Aquele dia ele estava ainda mais gentil, me fazendo carinho e cuidando de mim ainda mais. Ele sorria o tempo inteiro e acabamos, além de gravar o que estava acontecendo para o canal, gravando muitos stories para o Instagram.
Eu não sei porque, mas salvei todos os vídeos que fiz aquele dia. Cada vídeo curto de alguma gracinha de Finn, de algum sorriso dele, foto que tirei escondido, mas que mostrava o quanto aquele homem era lindo... eu salvei tudo.
Às 15h30min todos os pilotos começaram a se organizar para a corrida, colocando seus macacões e verificando seus carros. Tinham milhares de espectadores assistindo aquela prova seletiva, muitos deles torcendo pelo Finn e mostrando apoio na carreira dele de piloto. A namorada de Hugo estava gravando com a câmera o vídeo que eu ia mandar pra minha equipe postar no canal e eu estava fazendo live para o Instagram naquele momento.
Antes de colocar seu capacete e entrar em seu carro, Finn veio até mim e me deu um beijo, me olhando nos olhos em seguida.
– Eu te amo, eu te amo muito. – ele fala e eu sorrio.
– Eu também te amo. – ele sorri, me dando um beijo na testa e saindo em seguida.
Eu volto andando até a namorada de Hugo e começo a me roer por dentro, temendo o resultado daquele dia. Os pilotos que fizessem três voltas em menos tempo seriam contemplados em entrar para a equipe preparatória de F1 da Mercedes 2018.
A primeira volta aconteceu e Finn se mantinha na frente, deixando todos os outros comendo poeira. Eu vibrava e ficava tenso a todo o momento, mas foi quando ele bateu de frente com o muro de proteção da pista que eu senti meu coração parar e tudo ficar slow motion. O carro de Finn capotou 3 vezes antes de parar e eles pararam a corrida para socorrê-lo.
– Finn Longford acaba de sofrer um acidente, é isso mesmo? – escuto um comentarista falar.
– É isso sim, e olha que a pancada foi feia. É de lembrar até o acidente que ocorreu com Ayrton Senna, do Brasil em 94. – o outro responde.
– Equipes de resgate já chegaram no local e torcemos para que tudo fique bem. – o outro responde, naquele momento minha vida parecia ter acabado.
Eu olho para a namorada de Hugo, que para de filmar imediatamente e abre os braços, deixando que eu a abrace. Eles levaram Finn em um helicóptero e eu fui atrás de carro depois de alguns minutos. A todo o momento, acompanhava as notícias sobre ele até chegar no hospital e obter notícias sobre suas condições.
– Cadê ele? – pergunto, passando pela enfermaria e indo até seu treinador.
– Calma, Aaron... – ele pede.
– Cadê ele!? – grito. Eu precisava saber se ele estava bem.
– Aaron, a gente precisa de você calmo... – o treinador dele fala e eu o encaro.
– Eu só quero saber se ele está vivo!
– Aaron, ele tá vivo... – o técnico que acompanhava Finn nos treinos fala, fazendo com que eu respire aliviado. – Mas perdeu ambas as pernas. – eu o encaro, sem acreditar no que tinha acabado de escutar.
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