Início De Algumas Paranoias

×Visão de Aaron

– Já pode me falar o que aconteceu entre você e o Evan... – falo, me sentando com Alec. Ele estava me evitando a semana inteira, mas naquele dia, Amber e Mitchell tinham faltado e eu vi uma boa oportunidade pra conversar com ele.

– Bobagem. – Alec fala, me vendo sentar de frente pra ele, que estava de costas para toda a cantina.

– É, mas vocês nem se olham mais na cara. – ele olha ao redor, passa a mão na cabeça e se apoia na mesa, empurrando sua comida. Em seguida, encara e respira fundo, até começar a falar.

– Evan tinha pedido pra eu conhecer o pai dele. 

– Sei. – falo.

– Você sabe que os pais dele são separados, certo? 

– Sim... 

– Então, no dia de ir conhecer o pai dele, ele ficou todo estranho. Dei um desconto, porque ele deveria estar nervoso. – Alec fala e eu continuo observando.

– Sei.

– O problema é que ele começou a me fazer uma pressão enorme no começo, mas não aquela pressão de conhecer de fato e sim perguntando se eu queria mesmo, se eu tinha certeza... Sendo que no começo ele que queria muito e não parava de falar o quanto o pai dele ia gostar de mim. Acabei perguntando pra ele se ele não queria que eu conhecesse o pai dele. Eu sou muito sem estresse, não ligo pra isso. – explica.

– Eu sei. 

– Ele disse que tava tudo tranquilo, que ele queria fazer isso e tal, mas no dia que era pra eu conhecer o pai dele, ele fez um show. Eu já achei estranho e acabei colocando pressão de volta... o problema, é que quando você coloca muita pressão em uma panela ela explode e foi o que aconteceu. – Alec fala e eu fico curioso.

– E nessa explosão saiu o que?

– Que o Evan namora outro rapaz. Ele me disse que começou a namorar com ele antes e que era relacionamento aberto. Aí a gente começou a ficar e tudo mais e ficamos em relacionamento aberto também. Até aí tudo bem, não ligo pra isso. O problema é que ele continuou com esse garoto quando ele mesmo me pediu em namoro fechado. – explica e eu fico impressionado, acabo colocando a mão na boca, sem acreditar no que estava ouvindo. Evan tinha uma cara de santo que era quase impossível imaginar que ele era capaz de algo assim.

– Pra que ele te pediu em namoro fechado se ele tava em outro aberto?

– Gula, só pode... aí ele fechou relacionamento comigo e o garoto pediu pra fechar com ele alguns dias depois. Sabe o que ele fez? – Alec pergunta e eu me apoio na mesa, como uma senhora fofoqueira.

– O que? 

– Fechou. Ele tava namorando comigo e com outro garoto ao mesmo tempo. Ele apresentou o outro menino pro pai dele e eu era tipo o amante, por isso ele não queria que eu fosse conhecer o pai dele. O Evan é um cara legal, mas eu não ia me reservar a viver na sombra de outro alguém por ele, que por acaso ficou bem chateado e agressivo depois de descobrir isso. Ele fez a escolha dele e pronto, mas ele não entende que eu não sou trouxa a ponto de ser o outro na vida dele. Depois disso ele virou outra pessoa, tô com muito nojo do Evan.

– Ele fez alguma maldade com você, Alec? – pergunto e ele me olha nos olhos por alguns segundos, pensando, como se colocasse na balança se deveria ou não me contar algo.

– Só me puxou pelo braço com força. Acho que foi nesse momento que entendi que realmente não queria ele ao meu lado. 

– E agora você quer o Wes? – pergunto e Alec sorri.

– Sinceramente? – confirmo com a cabeça. – Sim. Se o Wes não namorasse, eu teria ficado com ele, porque é um cara engraçado e eu sou livre, afinal não vou ficar fazendo drama e sofrendo por alguém como o Evan... e se você me falar que eu preciso de um tempo pra me acostumar com um término, vou te bater, tô bem tranquilo com isso e não vou procurar poço pra me enfiar. – Alec fala. Ele sempre demonstrou ser um cara que não se prendia demais a ninguém então não me admirava ver que ele realmente tinha levado toda essa história numa boa.

– Porque você não me disse isso? – ele dá de ombros.

– Porque não quero criar neura com isso, cara. Não chorei pelo Evan, não tô sofrendo e só quero esquecer, porque passou. – entendo seu lado. – Agora que tô solteiro, vou voltar a viver a minha vida... – ele para de falar quando alguns caras que eram do nosso time param próximos de nós.

Eles eram aqueles caras que tinham sido acusados com Mitchell de usarem drogas e tudo mais. No grupinho que tinha parado próximo de nós estavam Clarck, Oliver, Edwin, Jayden e Noah. Clarck, então, se sentou sobre a nossa mesa e nos olhou.

– Oi, capitão. – ele fala.

– O que vocês estão fazendo aqui? – pergunto, estranhando a presença dos meninos ali.

– Terminamos a reabilitação. – Noah fala, animado. Ele parecia feliz por estar limpo novamente.

– Estamos lutando pra voltar pra formação inicial do time. – Jayden explica, se sentando ao lado de Alec.

– Vai ser difícil, tem muita gente boa no lugar de vocês. – respondo, vendo eles se entreolharem, mas acabam concordando no final das contas.

– É, mas não é uma opção não voltar. – Clarck fala e sorri em seguida.

– Desejo sorte a todos. – respondo, cumprimentando cada um dos rapazes. – Acredito no potencial de cada jogador aqui, é por isso que vocês eram do meu time. – eles sorriem, se levantando e saindo dali em seguida. – Voltando ao assunto... – digo, voltando minha atenção para Alec.

– Aaron... não. – fico sem entender. – Fui criado pela minha mãe, que é uma mulher liberal pra caralho, que namora hoje e termina amanhã sem ver essa problematizarão que as pessoas criam sobre isso... no caso agora que ela separou. Eu, sinceramente, tô bem, tô ótimo. Tava ficando de saco cheio dele mesmo.

– Ele fica te olhando. – ele dá de ombros.

– Deixa olhar, espero sinceramente que caia os olhos de tanto olhar.

– E o outro menino?

– Aaron... sem neura. Não quero saber. Espero que eles sejam felizes e muito bem resolvidos juntos. Senti que eu estava sobrando, afinal o Evan apresentou o garoto primeiro pro pai dele, não eu. – entendo seus motivos. Não demorou muito tempo para que ele começasse a comer seu almoço que já deveria estar frio.

– Mas o menino sabe da sua existência? – pergunto e Alec me olha.

– Sabe, eu fiz o Evan falar, mas o garoto é tão apaixonado por ele que fez foi me ameaçar, então... – ele dá de ombros.

– Tudo bem. 

– Pra você ter uma ideia, o garoto é da Aurora School, o Evan falou pra ele que não ia comemorar o aniversário dele, inventou uma puta história pro garoto não vir e eu não dar de cara comigo. – explica um pouco revoltado, dava pra ver que ele, por mais que não ligasse pro término, se sentia usado. O que era de se entender. – Acho que a atenção que eu achava ser demais e desnecessária fez com que ele ficasse cego pelo Evan. No meu caso, foi motivo pra começar a enjoar dele... era um grude insuportável. Tentei me adequar, fazer as coisas que ele queria, mas como não era verdadeiramente meu, encheu o saco.

– Tá. O assunto morre aqui... – olho para Evan, que se levantava da mesa e vinha do outro lado do refeitório em nossa direção com alguns caras do time. – Tá, vou ter que descumprir com o que eu acabei de dizer falando que não ia mais falar do assunto, ele tá vindo aqui. – Alec revira os olhos.

– O que? Que saco... 

Eu tinha pedido que o Finn me trouxe-se o meu almoço, porque o almoço daquele dia seria carne de porco e eu sou alérgico. Quando percebi a aproximação de Evan, acabei por mandar mensagem para Finn, que com certeza estava com Wes, para ter certeza que teria ajuda em caso de desentendimento.

=Amor, onde vocês estão? – Aaron McDevitt.

=Tô entrando na escola com a sua comida. – Amor <3.

=Corre, o Alec e o Evan provavelmente vão ter uma discussão feia. – Aaron McDevitt.

=Tô indo, tô com o Wes. – Amor <3.

=Ótimo. – Aaron McDevitt.

– Oi, a gente pode conversar? – Evan fala, parando ao lado de Alec, que larga seus talheres e o encara.

– Você quer conversar o que?

– Olha, eu já te pedi desculpas. – Evan rebate e Alec fica de pé.

– E eu já disse que eu não ligo e não quero você perto de mim. Veio com seus amigos, por quê? Não é homem o suficiente pra se resolver sozinho ou acha que vai me dar medo? – Alec pergunta, encarando cada um dos caras que abaixa a cabeça, com vergonha por se meter em problemas pessoais alheios.

– Você pode parar de ser infantil? – Evan pergunta, em um tom que eu nunca tinha visto ele falar antes.

– Infantil? Você tava namorando comigo e com outro cara, o infantil e babaca aqui é você. – ele aperta o peito de Evan com o dedo indicador.

– Ou, galera... estamos no meio do colégio. – falo, ainda sentado.

– Só quero falar com esse imbecil, mas ele não tem a dignidade de me ouvir. Tinha que ser mulher. – Evan resmunga e Alec o encara. Eu, então, fico de pé e os caras do time se preparam para algo, o clima fica tenso.

– O que foi que você disse? – Alec pergunta e por cima da discussão vejo Finn chegando na cantina com Wes.

– Galera... – tento falar, mas sou empurrado, caindo sobre a mesa, já que estava sem sustentação por causa do gesso.

Finn viu o que Evan fez e começou a correr. Como ele estava com suas próteses de corrida, chegou rapidamente até mim e me ajudou. Os rapazes do time, então, se entreolham, pensando provavelmente que foi uma péssima ideia seguir Evan.

– Desculpa, Aaron. – Evan fala. Ele sabia que esse tipo de comportamento ia render péssimos comentários sobre seu autocontrole para o treinador.

– Você é um babaca, um preconceituoso de merda! – Alec grita e Evan se prepara para bater nele, mas então Wes segura seu braço antes que aconteça, abaixando-o novamente. Pra um cara com um tamanho muito menor do que todos ali, Wes tinha mais coragem que todos eles juntos, pois nenhum dos caras do time fez nada.

– Quem é você? – Evan pergunta, encarando Wes.

– Você não vai gostar de saber. – é tudo que ele responde, soltando Evan, que permanece de mão baixa. Ele apenas entrelaça sua mão com a mão de Alec, que deixa apenas para chocar todos ali.

Evan, então, passa a mão no cabelo e olha para a mão dos dois, não acreditando no que estava vendo. Ele dá alguns passos para trás e olha ao redor, com toda a praça de alimentação encarando-o. Ele dá às costas pra nós e começa a andar, em questão de segundos os caras que tinham o acompanhado também fazem a mesma coisa.

– Toca no meu noivo de novo e eu te arrebento inteiro. – Finn fala e Evan o olha por alguns curtos segundos.

– Calma, amor. – digo pra ele. – E vocês que o acompanharam, podem se considerar reservas desde já. – os caras parecem não acreditar no que escutam. 

– Você tá bem? – Finn me pergunta.

– Tô bem sim, foi bobagem... só esse gesso que tá me incomodando. – falo. Não aguentava mais aquela bota, eu já me sentia bem.

– Acho que vamos no médico hoje, ver se já podemos tirar isso. O que acha? – ele pergunta, me ajudando a me sentar novamente. – Já se passaram mais de 4 semanas...

– Mas eram 8. 

– Ele disse que ia ver o progresso com 4. 

– Tudo bem. – digo. Finn estende a mão e me oferece a minha marmita com a minha comida, eu pego e a abro, sentindo o cheiro gostoso da comida.

– Você tá bem? – Wes pergunta a Alec que o abraça.

Wes era muito menor que Alec, mas isso não pareceu ser algo importante naquele momento, afinal Alec estava em choque pelo o que tinha acabado de acontecer.

– Obrigado.

– Ele é um babaca. – Wes responde, retribuindo o abraço. Tudo parecia ter se acalmado.

×°×

Na escola, tive minhas aulas normais o resto do dia. Eu via que as pessoas comentavam sobre Alec e o que tinha acontecido. Muitas delas não imaginavam sobre a transgeneridade dele, então ouvir Evan chamá-lo de mulher gerou dúvidas e especulações pelos corredores. Ele por sua vez não pareceu ligar, simplesmente continuou levando seu dia.

Eu, obviamente, não participei do meu treino, mas conversei com meu treinador sobre o que aconteceu e exigi a expulsão de Evan, além de atenção para os jogadores que estavam se esforçando para recuperar o tempo perdido. Deixei claro que nosso time não podia ser conivente com transfobia e agressão dentro da escola e o treinador entendeu meu lado, expulsando Evan e retirando do time titular os outros jogadores que estavam envolvidos na confusão. No entanto, pra esses, ele deu a chance de retornarem, caso conseguissem demonstrar melhora em seus comportamentos – além de que todos eles levaram chamada social, o que fez com que todos, incluindo Evan, fossem obrigados a contribuir socialmente para os arredores da escola.

Na saída da escola, Finn veio me buscar, como sempre e primeiro fomos até o Rivera, para tirarmos o meu pé de Homem de Ferro. Não sabíamos se eu iria mesmo tirar o gesso, mas estávamos tirando a estrutura apenas para garantir, caso fosse tirar. Preciso dizer que gostava dele e até sentiria falta daquela obra de arte no meu pé. Estávamos no começo de abril, eu esperava que o meu pé tivesse melhorado com as quase 5 semanas que passou engessado, por isso fui torcendo o trajeto inteiro até o hospital até entrar na sala do médico.

– Vamos ver esse pé. – o médico fala e começa a me examinar. – É, vamos fazer alguns exames. – depois de alguns minutos aquele final de dia longo começa.

Fiz diversos exames e quando tirei o gesso, o alívio da coceira foi a primeira coisa que eu senti, mas me veio uma dor extensa também. A partir daí teria que dar início a todo o tratamento de fisioterapia, que era dolorido e bem cuidadoso. Com sorte, não era a primeira vez que meu corpo passava por esse tipo de situação, então eu já sabia como seria dali por diante.

Sei que teria sido melhor que usasse a bota ortopédica para a imobilização, enquanto estava em recuperação, mas abri um espaço de preferência para o gesso por eu ser um cara muito descuidado e desleixado com cuidados pessoais e porque com certeza acabaria usando errado e provocando alguma sequela. Para todos os efeitos, agora estava livre e voltava a pisar.

É claro que não é porque tenho "costume" em me machucar, que melhorei mais rápido, dessa vez foi questão de sorte mesmo, mas agora estava fazendo a fisioterapia todos os dias, para voltar a pisar direito. Passei dias com dores que conseguiram me incomodar o tempo inteiro, às vezes Finn tinha que acordar de madrugada pra me fazer massagens por causa da dor, mas felizmente nada disso foi em vão.

Lisa voltou as atividades no apartamento com o passar dos dias e Wes voltou para a sua faculdade, mas com o sonho de abrir um restaurante aqui no colorado, o que era incrível. Meu aniversário se aproximava e o jogo final também, o que me deixava nervoso.

A fisioterapia começou a me ajudar e com algumas semanas os meus movimentos do cotidiano e a terapia faziam com que eu conseguisse voltar a treinar na academia, me preparando para voltar ao treino normal. Acabei por começar a fazer vídeos diários da minha recuperação também, vídeos esses que mostravam os treinos de corrida de Finn também, já que muitas pessoas tinham curiosidades sobre suas próteses de corrida. O sexo com Finn continuava ativo e o meu ódio por Hans também, o que não ajudava muito quando tinha algum evento pra ir em que ele estava.

"SEnsações esyranhas"

continuação de "in[icio de algumas paranoias"

×Visão de Aaron pt 2 

– Aaron, como vai a sua recuperação? – uma das entrevistadoras que estava na porta do evento em que estávamos pergunta.

– Ótima, eu pretendo voltar a jogar em breve. 

– Finn, sente dores nas pernas ainda após os tratamentos? – um repórter pergunta a ele. Estávamos na porta do evento, juntos, pousando para as fotos.

– Não, estou ótimo. – Finn fala e sorri.

– Aaron... – me chamam, mas já estava na hora de entrar.

– Finn... – chamam Finn, mas ele apenas me segue.

Era um evento de política relacionado ao meu pai. Cada político tinha sua mesa com familiares e com o meu pai não era diferente. Ele estava sentado com Elaine de um lado e Hans ao lado dela. Finn e eu acabamos por nos sentar de frente para eles e eu de cara já percebi os olhos de Hans sobre ele.

– Só pode ser brincadeira. – resmungo e meu pai me olha.

– Oi, filho. – fala e eu sorrio.

– Oi pai, oi Elaine... – digo e ela sorri.

– Eu também estou aqui, Aaron... – Hans fala e eu o encaro. 

Acreditava que ele brincava com o perigo, porque contava com o fato de que eu tentaria me conter para não estragar o evento de meu pai. Ele estava certo, porque tudo o que não queria era mais atenção negativa do que já vinha recebendo nos últimos dias. 

– Oi, quase assassino. – Hans sorri, olhando para Finn e me olhando novamente em seguida.

– Ainda não superou isso? – ele pergunta.

– Desculpa, tenho memória de elefante. Não esqueço nunca, principalmente quando você ainda mantém seus olhos sobre o meu noivo. – Hans sorri mais uma vez. Para me provocar, ele morde o lábio inferior e olha Finn por inteiro, Finn não vê, pois estava olhando a decoração do lugar.

– Boa noite... – Finn fala e sorri pro meu pai e pra Elaine, depois de observar tudo. Ele parecia totalmente fora da minha briga interna com Hans, o que era típico dele, afinal ele só se metia em uma briga, quando tinha algum tipo de agressão física ou achava necessidade clara nisso.

Eu estava de terno cinza com blusa branca e gravata preta. Minhas calças eram pretas e meu sapato era um mocassim preto também. Finn estava ao meu lado com um terno vinho com calças pretas e gravata preta. Ele tinha em seu pulso, o relógio que eu dei e na mesma mão a aliança dourada chamava atenção. A outra mão de Finn estava sobre a minha coxa, me acariciando o tempo inteiro e ele parecia totalmente confortável, afinal escolheu simplesmente ignorar o Hans.

Confesso que ele era realmente bom em ignorar as pessoas. Era como se uma pessoa deixasse de existir quando o deixava desconfortável. Pra ele, ignorar o fazia gastar menos energia – o que era verdade. Querendo ou não, se importar gastava sim muita energia.

O evento durou horas seguidas de palestras chatas sobre o desenvolvimento do governo. Tudo parecia não querer mudar, quando duas meninas se levantaram e começaram uma discussão. Eu até ficaria quieto na minha, se fosse algo que não me importasse, mas bastou eu ver quem estava no meio disso que me levantei e fui andando até elas.

– Briga de vadias. – Hans fala, batendo palmas curtas e eu o encaro com um olhar furioso.

– Amor... – Finn me chama, enquanto eu começo a andar em direção a elas.

– É a Ellen. – falo, enquanto andamos.

– Todos estão nos olhando. – Finn fala, enquanto nos aproximamos.

– Você é uma vagabunda! – Ellen fala para Rosie.

– Não podemos deixar as duas brigarem assim no meio de todo mundo. – digo. Eu não podia ser alheio em uma situação na qual conhecia os envolvidos. 

– Eu? Você que é uma puta suja... – Rosie responde no mesmo tom que Ellen.

– Elas vão sair no tapa, acelera o passo. – falo para Finn.

ele e eu nos aproximamos das meninas e as tiramos dali, levando-as para um lugar diferente daquele salão. Quando chegamos no hall de entrada, cada uma vai para um lado de braços cruzados e eu logo percebo que elas realmente estavam bem irritadas uma com a outra.

– O que aconteceu? – pergunto.

– Aconteceu que essa vadia... – Ellen começa, mas Rosie a interrompe.

– Olha o tom de voz comigo, Ellen. – Rosie adverte.

– O que? Você que tava me traindo, sua puta imunda. – Ellen fala apontando o dedo em direção a Rosie.

– Chega! Parem de se ofender... – ordeno. Finn observava tudo de longe, claramente não achava que tinha intimidade o suficiente para se meter.

– Ela não merece respeito. – Ellen retruca.

– Como se você merecesse. – Rosie fala.

– O que tá acontecendo, gente? – pergunto mais uma vez.

Me sentia vendado atravessando um tiroteio. Elas não paravam de se alfinetar, como se todo o amor e respeito que construíram e mantiveram por tempos tivesse desaparecido naquela noite.

– Essa idiota que fica pegando meu celular. – Rosie fala.

– A culpa não é minha se você tá devendo. – Ellen retruca.

– Tudo bem, venham, vamos levar vocês pra casa. – falo.

– Eu moro no Kansas. – Ellen me lembra desse detalhe.

– E você, Rosie? – pergunto.

– No inferno. – Ellen provoca ela realmente parecia estar com vontade de dificultar as coisas pra mim.

– Para, Ellen. – peço.

Depois de algumas boas horas de conversa com as duas, finalmente pude ir com Finn levá-las para o hotel. Acompanhei Rosie, enquanto ela foi para outro hotel, porque não queria ficar próxima de Ellen. Passado todo esse problema, Finn e eu voltamos para casa, não estávamos com paciência para aguentar mais algumas horas de evento e eu não queria ter que suportar a cara de desejo de Hans sobre ele o resto da noite inteira. Acabou que toda essa confusão acabou sendo um bom motivo pra me afastar e me livrar daquele desconforto todo.

Finn, quando chegou no quarto tirou toda a sua roupa e ligou o aquecedor, por causa daquele noite fria. Ele ficou apenas de cueca box e ainda com as próteses, se deitando na cama em seguida e ligando a televisão. Quando saí do closet, vi que ele estava deitado daquela forma na cama já senti a excitação subindo pelo meu corpo.

Acabei me apaixonando pelas próteses de Finn, elas davam um ar ainda mais único para beleza dele que me deixava hipnotizado, por isso encostei no portal do closet e comecei a me estimular observando ele deitado na cama.

– Como você é sem vergonha. – Finn fala, me observando depois de algum tempo ali. –Tá me usando como inspiração?

– Claro, adoro ver você assim... todo relaxado. – respondo e Finn se levanta, vindo em minha direção.

– Então deixa eu te mostrar o que acontece quando eu me sinto usado pelo homem que eu amo? – ele pergunta, me beijando em seguida.

– Deixo, me mostra... – falo, quase implorando por aquilo, enquanto ele beija meu pescoço.

Me viro e deixo que Finn comece a me beijar, enquanto me mantenho de costas pra ele e encostar seu corpo no meu. Ele mordia os meus ombros com cuidado e aquilo foi me deixando cada vez mais arrepiado. Eu, de tanto desejo, nem aguentaria mais qualquer preliminar vinda dele, por isso aproveitei o momento pra sair rapidamente dali e pegar o lubrificante para ele.

Depois de lhe entregar o facilitador, voltei para minha posição. Eu estava com a minha mão dentro da cueca, sentindo o meu membro pulsar de desejo e Finn passou o óleo pelo seu, me puxando mais para trás e começando uma penetração lenta em mim. Era tão gostoso sentir Finn fazendo aquilo, que comecei a suspirar fundo, sentindo o momento como sempre fazia.

Mudamos de posição algumas vezes e seja lá quais fossem, transar com Finn não deixava de ser prazeroso. Ver seu braço envolto pelo meu corpo, me puxando para si com vontade ou sentir suas mãos masturbando meu membro me traziam uma sensação de paz, prazer e quero mais. É, nem tínhamos gozado ainda, mas eu já pensava na próxima vez.

Eu não tinha uma vida sexual ativa e frequente antes dele. A minha relação com o sexo era fazer algumas vezes quando ia pra festas e apenas isso. Pra conseguir me excitar eu tinha que procurar inspiração em outras coisas, já que pela pessoa nunca rolava. Eu não conseguia literalmente imaginar alguém no lugar da garota, mas pensar em outra coisa e não que eu estava necessariamente na cama com uma, ajudava.

O engraçado é que desde a primeira transa que eu fiz com Finn, não conseguia mais me imaginar sem, mas quando ele estava em coma não passava pela minha cabeça que me faria falta não transar com ele caso ele passasse anos naquela condição. É como se o sexo fosse importante, mas só se ele estivesse bem e satisfeito para realizá-lo, porque se não... não valeria de nada.

Finn continuou me penetrando cada vez mais forte e eu conseguia sentir e ouvir bem o resultado do movimento a cada estocada. Quando ele me puxava com mais velocidade e gemia com sua voz rouca próxima ao meu ouvido, me sentia em um labirinto de pensamentos eróticos, que intensificavam e muito tudo o que eu estava sentindo.

Quando estava próximo de gozar e ele também, Finn colocou a mão na minha glande e esperou, para que não caísse no chão ou em qualquer outro lugar. Eu adorava sentir quando ele gozava dentro, isso conseguia me excitar ao máximo, então quando eu não gozava antes dele, acontecia logo em seguida, depois de sentir aquele líquido quente dentro de mim.

Finn me deitou na cama com cuidado, dando um beijo nas minhas costas e indo até o banheiro lavar a mão. Eu, então, depois de alguns minutos me recompus e também fui para o banheiro, me limpar do que tínhamos acabado de fazer.

– Você foi o centro dos olhares de alguém hoje. – falo e ele respira fundo.

– Cômico... – fico sem entender.

– O que? – pergunto e ele me olha.

– Só você consegue me excitar, mas mesmo assim ainda fica incomodado com quem me olha. – sorrio, mas um sorriso de incômodo. – Sabe que pra qualquer pessoa que não seja você, sou inalcançável, mas mesmo assim acha que abutres vão conseguir se aproximar. 

– Sinto coisas péssimas vindas do Hans. –Falo.

– Amor...

– Oi... – respondo.

– Ele não vai tocar em você, eu juro. – Finn fala enquanto me faz cafuné.

– Ele foi capaz de encostar uma faca na Lisa só pra nos acordar. – começo.

– Para de pensar nisso... – ele pede, mas não dou atenção.

– O que ele é capaz de fazer comigo pra conseguir você? – continuo falando.

– Amor... – Finn me chama, mas eu não presto atenção.

– Finn e se esse cara me envenena?

– Amor... – ele me chama mais uma vez, dessa vez de forma séria.

– Oi... – respondo.

– Me beija e para de pensar nisso, vai. – fala, se aproximando de mim e fazendo com que eu o beije para tentar me fazer parar de pensar sobre esse tipo de coisa.

Naquela noite, acabei dormindo sobre a barriga de Finn, recebendo seu carinho. Ele colocou suas próteses pra carregar e quando voltou, pedi pra dormir assim. Estava nu sobre ele, encostando minha cabeça em sua clavícula e meu peito sobre o seu. Finn ainda me abraçou, me dando ainda mais segurança naquela posição extremamente confortável e aconchegante.

Alguma coisa estava errada e eu sabia disso. Minha intuição gritava por atenção, como se quisesse me dizer que precisava guardar mais atenção para o que vinha acontecendo, mas preferi contar e acreditar no que Finn vinha me dizendo. Embora soubesse que a prioridade dele era me proteger, não era como se eu pudesse me dar ao luxo de não prestar atenção em detalhes – o que, no entanto, fiz a infelicidade de fazer.

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