Experimente O Gosto Amargo Do Meu Ódio

×Visão de Aaron

– Bom dia, meu amor. – escuto Finn falar, quando começo a piscar devagar, acordando. – Feliz aniversário. – sorrio de forma desajeitada. Meu cabelo estava bagunçado e minha mente também.

– Obrigado amor... –respondo e ele me beija, acariciando meu cabelo em seguida.

Olhei ao redor e percebi que no canto da cama tinha meu café da manhã e uma caixinha com dois balões flutuando, formando o número 19, que era a idade que eu estava completando nesse dia.

– Aqui está. – Finn fala, puxando a comida pra mim.

– Obrigado. – digo, me sentando e sorrindo em seguida.

Eu estava nu. Tínhamos transado na noite anterior e ele conseguiu acabar comigo, como sempre. Na bandeja tinha suco, bolinhos, alguns morangos e mais algumas coisas. Também tinha algumas rosas vermelhas no canto, enfeitando tudo. Enquanto eu comia, Finn me observava com uma cara fofa, esperando que terminasse.

Me chamou atenção que no canto do quarto a mala dele parecia estar pronta para alguma viagem e a minha parecia estar no closet, esperando para ser arrumada. Após tomar café, Finn me entregou a caixinha e ficou esperando que eu a abrisse com um olhar ansioso.

Ele colocou a bandeja de lado e se apoiou na cama, esperando para ver minha reação, como uma criança curiosa que esperava para ver o que alguma ação ia provocar. Na caixinha, tinha outra caixinha com dois bonecos funko, um meu e um do Finn. Eu já tinha falado pra ele que era fã desses bonecos, logo ter bonecos nossos personalizados acabaram fazendo com que eu ficasse emocionado.

É claro que Finn e eu tínhamos condições de ter tudo o que queríamos naquele momento, por isso, ter algo com tanta carga emocional em minhas mãos valeu mais do que ter algo extremamente caro, mesmo que esses bonecos não sejam exatamente o exemplo de "bonecos baratos".

O meu estava com o uniforme do meu time de futebol americano e o boneco dele estava com o macacão dele da Mercedes. Ambos estavam de mãos dadas, dentro de uma caixinha de vidro bem decorada, marcada como item de colecionador, deixando o item ainda mais raro.

Coloquei o item de lado e com os olhos cheios de lágrimas abracei Finn, que acabou por deitar na cama, deixando que eu o agarrasse com força. Enchi ele de beijos como forma de agradecimento e ele começou a rir, por causa das cócegas que eu estava provocando em seu pescoço com aquele ato. A risada de Finn é bem gostosa de ouvir, principalmente pela voz grossa que ele tem.

– Por que sua mala tá feita? – pergunto, depois de alguns minutos. Eu estava deitado sobre Finn. Tinha me acostumado a deitar sobre ele às vezes e ficar ouvindo seus batimentos. Sempre que ficava assim, ele envolvia em seus braço, fazendo carinho em mim o tempo inteiro.

– Tava pensando de irmos à Disney. – Finn fala e eu o encaro por alguns segundos, me soltando de seus braços e apoiando minhas mãos em seu peito. – O que foi?

– Você tá falando sério? – pergunto. Finn sempre fugia quando eu tocava nesse assunto e agora nem podia acreditar que ele realmente estava me chamando pra ir à Disney.

– Não quer mais? – beijo ele.

– É claro que eu quero. – ele sorri.

Naquele dia, depois de tomar um banho com Finn e realizar minha higiene pessoal, arrumei minha mala. Era uma sexta feira, mas de qualquer forma eu não iria à escola, por causa do meu aniversário. Peguei tudo que ia colocar na mala e coloquei no chão para arrumar depois dentro dela. Peguei todas as bolsas pequenas para cada coisa e coloquei no chão também. Finn já estava sentado nele, esperando que eu sentasse para arrumar tudo.

Com tudo o que eu ia levar no chão, me sentei no meio das pernas de Finn, deixando cada uma das próteses de um lado do meu corpo, enquanto eu organizava tudo. Todas as vezes que eu me inclinava para arrumar algo e voltava para perto do Finn, ele me dava um beijo nas costas que me arrepiava. Enquanto arrumava tudo na mala, ele acariciava minhas pernas.

– Você é muito safado, amor. – Finn fala, beijando meu pescoço por trás. Eu tinha colocado uma cueca e uma bermuda depois do banho, mas estava sem blusa, por isso sentia com facilidade cada toque dele.

– Eu? Você que está me beijando o tempo todo. – ele se distancia.

– Não gosta? Posso parar. – Finn fala, tirando a mão da minha perna e colocando no chão.

– Olha como gosto. – falo, colocando a mão dele no meu membro, que já começava a ficar rígido e Finn solta uma risadinha.

Continuei arrumando minha mala, tentando não perder a concentração com todas as provocações dele. Ele me mostrou os horários dos voos e as passagens já compradas. Coloquei cada coisa separada em seu devido lugar, com cuidado especial para meu notebook e minhas coisas eletrônicas. Me certifiquei de que Finn não esqueceu os carregadores de suas próteses eletrônicas e também pegamos as próteses normais dele, para caso ele fosse em algum brinquedo com risco de molhar, além das de corrida.

As próteses eletrônicas não podiam molhar, com isso, aproveitamos para pegar as de corrida também, só para garantir que ele pudesse correr quando quisesse. Tenho que dizer que isso era uma das poucas coisas que incomodava nesse assunto de Finn ter perdido suas pernas: ele agora tinha 6. Duas para usar normalmente, duas para correr e duas para nadar, ou seja: Que podiam molhar. Isso dava trabalho, mas nada que não pudéssemos lidar.

– Vocês voltam quando? – Lisa pergunta, enquanto eu levo as malas para fora.

– Semana que vem. – falo. – Tenho jogo.

– Tudo bem, vou deixar tudo arrumado sempre. Feliz aniversário, querido. – Lisa fala, me abraçando. – E tomem cuidado.

– Vamos tomar, Lisa. – Finn responde e sorri.

– Cuidem-se. 

– Até mais. – falo, acenando.

– Até. – Lisa responde e saímos.

Finn chamou um táxi para nos levar até o aeroporto e chegando lá a surpresa: meu pai nos esperava. Quase chorei de emoção em vê-lo, afinal o meu sonho sempre foi fazer uma viagem com meu pai que não tivesse como destino uma reunião ou algo do tipo.

Minha alegria, por sua vez durou pouco. Bastou eu ver Hans, junto com Elaine vindo atrás dele. Como meu pai veio de braços abertos eu não neguei seu abraço, eu apenas me entreguei aos seus braços e fechei meus olhos no momento, só queria sentir que ele estava ali comigo, fazendo uma viagem que eu sempre quis. Se era parte do presente de Finn, ele tinha acabado de conseguir realizar um dos meus maiores e mais profundos sonhos.

8 anos atrás meu pai se tornou governador do Colorado, com isso nunca mais fomos uma família comum. Minha mãe começou a viajar demais e não vinha, sequer, passar o meu aniversário comigo. Desde essa época meu maior sonho era poder fazer uma viagem com o meu pai. Eu o amo tanto, mas sentia que ele estava tão distante e mesmo com a atenção que eu recebia de Finn ainda sentia falta disso.

Quando soltei meu pai, recebi o abraço de Elaine, um abraço carinhoso e caloroso naquele momento. Quando Elaine me soltou, olhei para Hans que sorriu, um sorriso irônico por estar ali.

– Você prometeu que ele não viria. – escuto Finn falar para Elaine.

– Finn... – meu pai tenta falar.

– Esse cara não é uma boa pessoa. – Finn reforça, apontando para Hans, que finge uma cara de ofendido.

– Tá tudo bem, amor. – digo, acalmando Finn, que me olha ainda nervoso.

Realmente estava tudo bem. Depois do que aconteceu com Finn e Dylan, entendi que não importava o que acontecesse, ele jamais me trairia e isso fez com que o meu ciúmes e medo de perdê-lo dessem espaço para a segurança e a confiança. Eu estava começando a trabalhar psicologicamente a confiança em Finn, confiança em suas ações e palavras, confiança no homem que amo e que escolhi para ter ao meu lado.

É claro que não confio em Hans e não fecharia meus olhos para ele, muito pelo contrário. Eu iria ficar de olho nesse cara e não pouparia esforços para arrebentá-lo, caso ele me deixasse irritado demais. Agora estava completamente recuperado e não iria aguentar provocações de alguém como ele.

Nós resolvemos tudo para a viagem e no avião fui dormindo, afinal estava cansado ainda e o voo demoraria demais. Após boas horas, finalmente chegamos na Flórida e o calor do estado me causou estranheza, afinal eu estava acostumado com o clima ameno de Denver, que raramente ficava quente daquela forma.

Estava de calça, blusa de frio e tênis. Finn estava com uma blusa de manga cumprida fina, bermuda e tênis. Nós estávamos com algumas malas, sendo a mais pesada delas a mala com as próteses de Finn. Fomos para um hotel fora do parque da Disney, porque meu pai queria passear pelo estado, nele, cada um de nós ficamos em um quarto. Quer dizer, Finn e eu ficamos em um, meu pai e Elaine em outro e Hans em outro, sozinho.

Ele ainda, por mais incrível que pareça, tentou ficar no mesmo quarto que Finn e eu, mas para a minha surpresa Finn não deixou que isso acontecesse, mostrando irritabilidade com o pedido sem noção de Hans. Quando chegamos no nosso quarto, desfizemos nossas malas e trocamos de roupa, colocando roupas leves. Decidi gravar um pouco da viagem, mas fiz isso apenas com o meu celular mesmo, já que levar aquela câmera pesada e grande ia tomar muito espaço na mala.

De qualquer forma, foi divertido quando fomos para o parque. Almoçamos todos juntos e em seguida fomos brincar por lá. Tivemos que tirar algumas fotos com outros turistas de todas as partes do mundo, como Alemanha, Argentina e Brasil, que nos conheciam por conta da repercussão mundial da nossa vida. Com certeza os brasileiros foram os mais engraçados e os que maia arrancaram risadas do meu pai.

Andar pela Disney com a minha família era incrível, principalmente, porque meu pai se divertiu como eu sempre soube que se divertiria. Conhecemos vários lugares do parque, mas não ele inteiro, afinal seria humanamente impossível em apenas um dia pelo tamanho do lugar. Eu estava de bermuda, blusa regata e tênis. Finn estava de bermuda, blusa manga normal, óculos escuros e tênis.

Ele usou muito a prótese normal, sem ser a eletrônica na viagem, isso, porque tinham partes do parque que tinham risco de molhar, por isso ele só usou a eletrônica fora do parque, quando passeamos pela Flórida. Finn foi carinhoso e atencioso comigo o tempo inteiro e embora eu percebesse os olhares de Hans sobre ele, não me permiti incomodar como me incomodava antes, afinal o Finn era meu.

Na Disney, compramos as orelhas do Mickey que são coloridas com as cores da Pride e tiramos muitas fotos juntos. Fui em diversos brinquedos do parque com o pai e com Elaine, que mostrava ter uma alma muito jovem, porque tentou nos acompanhar em tudo. No jantar do nosso primeiro dia, o restaurante do parque cantou parabéns pra mim e me trouxe um bolinho especial de aniversário.

Depois de comermos, voltamos para nosso hotel e ali todos pudemos descansar tranquilamente, dormindo um sono pesado. De manhã, fomos acordados com meu pai batendo na porta do quarto. Abri ela ainda sonolento e com o cabelo bagunçado.

– Vamos, vamos! O dia já começou! – meu pai fala e aperta algumas buzinas pelo quarto, jogando espuma de um spray em mim e em Finn em seguida. Eu começava a me perguntar por qual espírito ele foi possuído, enquanto estava na Disney, porque não estava normal.

– Pai! – protesto, mas ele continua apertando o spray e jogando espuma na minha cara.

Meu pai estava de bermuda, tênis e com as orelhas do Mickey. Eu nunca tinha o visto animado daquela forma e depois de me deixar irritado e acordar Finn, ele saiu.

– Espero vocês em menos de 20 minutos aqui fora. – ele fala. Meu pai tava muito engraçado, isso eu tenho que confessar.

– Tá bom. – falo e ele ainda me joga mais um pouco de espuma na cara.

Quando me viro, Finn me olha e começa a rir, tirando toda aquela espuma do rosto e colocando suas próteses em seguida. Acredito que nem ele estava acreditando na animação que meu pai tinha arrumado, afinal foi só ele ver o parque pela primeira vez que já se transformou em uma criança.

– Não foi armação minha. – diz, quando vê que estou me aproximando.

– Sei que foi. 

– Foi não. – Finn fala e eu me sento em seu colo. Estava de bermuda e sem blusa, Finn estava da mesma forma.

– Eu sei que foi. – insisto. – Vai ganhar castigo por causa disso. – Sussurro e ele Finn me encara, sorrindo em seguida.

– É beijo? Eu quero. – pede e eu começo a beijá-lo. Ele, então, põe a mão na minha bunda e começamos um beijo intenso ali mesmo.

Continuamos nos beijando por mais alguns minutos, até escutarmos meu pai batendo na porta.

– Pra ontem! – ele grita e Finn sorri, terminando nosso beijo ali. 

Passo minha mão pelo rosto dele e lhe dou um selinho, enquanto ele mantém uma carinha positiva, de olhos fechados. Finn tinha uma aparência tão singela quando estava relaxado, uma aparência tão bela, que me fez querer observá-lo por mais alguns segundos, até vê-lo abrir os olhos.

– Você é tão lindo. – digo e ele sorri.

– Você que é incrivelmente belo, meu amor. – responde, cruzando nossos dedos e deixando que nossas mãos repousem na cama.

– Gente, pra ontem? Temos mais parques pra ver hoje. – escutamos meu pai reclamar novamente fora do quarto e Finn acaba rindo.

Saio do colo de Finn e começamos nossa higiene pessoal. Ele e eu nos vestimos e depois de poucos minutos saímos do quarto. Meu pai já estava sentado com uma cara feia, esperando nós dois e quando saímos a única coisa que eu consegui fazer foi rir.

– Terminamos. – falo e ele logo muda a feição de raivosa para risonha, se levantando do banco do corredor. Saímos em seguida.

Sempre tive certeza que meu pai iria adorar a Disney pelo seu espírito jovem que sempre soube que estava guardado dentro de si e eu estava certo. Ele participou de todos os brinquedos conosco aquele dia e em vários outros que ficamos ali. Com o passar dos dias, conseguíamos conhecer o parque inteiro e isso era bom, Elaine, na maior parte do tempo estava conosco, mas às vezes ela ia com Hans em algum lugar comprar alguma coisa.

Até que no penúltimo dia de viagem saímos de manhã para o parque, no caso meu pai, Finn e eu. Elaine e Hans ficaram sumidos durante a manhã, aparecendo somente no horário do almoço aquele dia.

– Onde estavam? – meu pai pergunta, beijando Elaine.

– Dormindo, estávamos cansados. – ela fala e eu observo Hans, que como sempre estava com os olhos sobre Finn.

– Aaron, você trouxe o seu carregador? O meu estragou... – Elaine pergunta e eu mudo minha atenção para ela.

– Pode usar o meu, amor. – meu pai fala, mas o foco de Elaine não sai de mim.

– É que o quarto do Aaron é mais próximo do elevador. Não queria andar tanto... – Elaine fala e eu começo a avaliar toda aquela situação. O olhar dela sobre mim estava diferente, algo tinha acontecido ou eu estava percebendo algo que não tinha percebido antes.

– Compro um carregador pra você. – falo. Estávamos próximos da loja da Disney, onde vendia muitas coisas relacionadas a tecnologia. Eu não iria deixar Elaine ter acesso ao meu quarto de forma alguma.

– Ah... – Elaine fala e sorri um sorriso fraco. Com aquele sorriso, já percebo que talvez Elaine realmente não seja uma ótima pessoa como tenta transparecer.

– Vocês vão ver a apresentação de algum musical hoje? – meu pai pergunta.

– Rei leão. – falo.

– Por quê?

– Você já viu esse musical? É perfeito. 

– Bom, então tudo bem. – ele se rende ao meu pedido.

– Amanhã tem o irmão urso. – Finn fala. Amanhã seria nosso último dia na Flórida.

– Esse filme é lindo. 

– É o mais bonito da Disney. – Finn concorda.

– E o Frozen? Alguém vai? – Hans pergunta.

– Não. – falo e Hans me encara.

– Vou sozinho então. – ele cruza os braços, como se não ligasse pra minha desfeita. Olho para Elaine e ela ainda me encarava.

– Tanto faz. – digo, me levantando.

– Aonde vai? – meu pai pergunta.

– Banheiro. – respondo e saio andando.

– Não demora pra irmos almoçar. – ele fala e eu continuo andando.

Chegando no banheiro, lavei minhas mãos e quando olhei no meu celular, mensagens de Alec e Amber no nosso grupo tinham chegado e esperavam respostas há dias. Eu não tinha visto, porque desde que tinha chegado saia de manhã e voltava cansado pro hotel à noite. Acabei por aproveitar para começar a ler e responder o que conseguisse naquele momento.

=Oi galera. – Aaron McDevitt.

=Oi! – Alec G.

=Como está sendo a viagem? – Amber S.

=Conheceu tudo? – Alec G.

=E o Finn, tá te tratando bem? – Amber S.

=Que presentão de aniversário... – Alec G.

=Calma, eu vou responder tudo. – Aaron McDevitt.

=Pode começar. – Amber S.

– Oi, Aaron. – escuto uma voz me chamar e quando levanto a cabeça Hans esta entrando no banheiro. O banheiro estava movimentado, mas os caras que entravam apenas faziam o que tinham que fazer e saiam, sem se importar com nada.

– O que você quer, Hans? 

– Conversar. – fala e solta aquele sorriso de canto de rosto, como se sentisse prazer em ver meu sangue ferver de ódio.

– Vai se foder. – falo, tentando passar por Hans, que segura meu braço.

– Presta atenção em como fala comigo, irmãozinho. – Hans ameaça em tom suave.

– Ou o que? – pergunto, soltando meu braço com força.

– Eu sou bem vingativo. Principalmente quando me sinto sendo passado pra trás. 

– Você nunca esteve na frente.

– Sabe qual é o truque do mágico para fazer a mágica funcionar? – Hans pergunta se aproximando de mim e me olhando nos olhos. Não recuo e deixo que ele continue.

– Qual? 

– Ele sabe bem como reter a atenção em algo que quer, até realizar o que precisa. – Hans fala e eu o observo com os olhos semicerrados.

– Eu já mandei você se foder? 

– Ah, eu vou foder... pode esperar que você vai ser o primeiro a ver. – passo por ele, dando uma esbarrada com força.

Saio andando pelo parque e encontro minha família novamente. Fomos almoçar depois de alguns minutos e após o almoço combinamos de ir até algumas montanhas russas, por isso eu logo tirei o casaco que tinha colocado de manhã, pois estava muito calor e amarrei na minha cintura.

Passamos o resto do dia nos divertindo, Elaine acabou por entrar na brincadeira e aquele dia Hans não apareceu mais. Até fiquei feliz por isso, até que no horário de sairmos para comer algo de estranho aconteceu: o meu cartão para abrir a porta do meu quarto não estava comigo. Queria ir no meu quarto deixar meu casaco e algumas coisas que tinha comprado, mas o cartão realmente parecia ter sumido.

– Amor... – Finn me chama, percebendo meu nervosismo.

– Calma, eu tô procurando em todos os bolsos, não tá comigo, Finn. – ele me olha, como se não entendesse. – Que coisa estranha, eu deixei nesse bolso do casaco. –digo, enquanto estamos todos no elevador.

– Então quando foi amarrar ele na cintura você deixou cair. 

– Não, não deixei... – falo. – Eu teria percebido se tivesse caído.

– Meninos... – meu pai me chama, enquanto andamos pelo corredor do nosso andar.

– Oi... 

– A porta de vocês não está aberta? – ele pergunta e eu levanto a minha cabeça, olhando para o nosso quarto com estranheza. Ele deveria estar fechado.

– O que? – começo a andar em direção ao quarto.

– Amor, espera... – Finn fala vindo atrás de mim, mas não consegue me alcançar por conta das próteses.

Quando chego no quarto a surpresa: tudo estava destruído. Meu notebook e o de Finn estavam despedaçados no chão, as próteses eletrônicas e de corrida dele estavam quebradas e com algumas partes queimadas, os carregadores dos celulares e das próteses também estavam arrebentados e nossas roupas estavam rasgadas.

No espelho principal do quarto a mensagem "É muito fácil ser um mestre do ilusionismo com você" me falou com toda certeza quem tinha feito aquilo. A frase estava escrita com batom, de quem eu não sei. Ao ver aquilo apenas dei meia volta e sai correndo em direção ao quarto de Hans.

– O que aconteceu? – meu pai grita, enquanto corro até o fim do corredor. Ele ainda entra no quarto e vê tudo o que aconteceu, com Elaine. Finn vinha atrás de mim, mas não pôde evitar o que eu estava prestes a fazer.

– Abre essa merda! – grito dando socos na porta.

Ao perceber que Hans não abriria, peguei distância e arrebentei a porta do hotel com um chute, de tanto ódio. Hans estava saindo tranquilamente do banho, quando eu dei um soco em seu rosto com força, fazendo-o cair de costas no chão. Continuei batendo nele, que sorria mais a cada soco.

– Você vai deixar que ele te veja assim? – Hans pergunta e eu olho para trás. Vendo Finn parado na porta, observando a situação, mostrando que tinha acabado de chegar com pressa no local. Eu sabia que se eu voltasse a bater em Hans ele viria me separar dele, mas meu ódio era tanto, que não consegui me controlar.

Hans soltava uma risada baixa, enquanto eu encarava Finn, mas quando me virei pra ele novamente o riso sumiu, dando espaço a cara apreensiva para saber o que aconteceria. Fechei meu punho novamente e com toda a força que tinha dentro de mim bati em Hans, sentindo seu rosto despedaçar na minha mão.

Senti os braços de Finn me segurando e me tirando de cima de Hans com dificuldade. Eu estava cego de puro e absoluto ódio, mas mesmo assim consegui ver Elaine se aproximar perplexa de ver Hans, que permanecia, agora, desmaiado no chão.

– Leva ele daqui. – escuto meu pai falar para Finn, que continuou me levando para longe do lugar.

Ele só me soltou depois que estávamos longe dali, eu estava parado e olhava minha mão, tentando entender o surto de ódio que tinha acabado de ter. Não podia acreditar no estrago que eu tinha feito, mas sabia que se fiz, foi porque já estava com muita raiva acumulada de Hans.

– Amor, tá tudo bem. – Finn fala suavemente e me abraça devagar, me passando a segurança de estar ali comigo.

– Ele destruiu nossas coisas. – falo com a voz trêmula, depois de alguns minutos, recebendo seu abraço.

– São coisas materiais, compramos novas. – responde, fazendo carinho em mim.

– Quero matar ele. – falo e Finn me solta um pouco, me olhando nos olhos.

– Eu sei o que está sentindo... 

– Não, não sabe. – rebato.

– Eu também já quis matar muita gente, mas talvez não seja a solução. – me abraça novamente. Eu estava possesso de ódio, mas de uma forma estranha conseguia sentir o amor de Finn me trazendo de volta pra realidade aos poucos. Como ele estava conseguindo fazer isso eu não sei. 

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