Onde pertencemos
Cameron ouviu baterem na porta do quarto. Sofus entrou caminhando devagar, para encontrar o neto sentado na cama, segurando um caderno de desenho aberto em seu colo. O garoto ficou imediatamente preocupado. Ele não havia sofrido nada grave durante a batalha no ferro velho, mas parecia enfraquecido desde o infarto sofrido pouco tempo atrás.
— Vovô, precisa de alguma coisa? — Indagou, colocando o caderno de lado. — O senhor está bem?
Sofus se sentou na cama.
— Estou ótimo. — Respondeu. — Não se preocupe comigo. Eu é que estou preocupado com você.
Depois que a doutora Chaptel afirmou que Sofus estava bem, Cameron se certificou de que o avô descansasse e foi para o próprio quarto, onde chorou até cair no sono. Se sentia tolo e ingênuo por pensar que poderia dar fim ao conflito, ter sua família e Courtney de volta. Por acreditar que Jordan o amava a ponto de segui-lo até uma armadilha e quase ter sido morto por ele. Por saber que Courtney tinha o alertado e ele ignorou os sinais.
— Vou ficar bem. — Mentiu ele e sentiu as emoções o traírem quando seus olhos ficaram marejados outra vez.
— Já lhe contei toda a verdade, nada disso foi sua culpa. — O idoso passou o braço pelos ombros do garoto e o puxou para perto. — Quando meu filho reapareceu, fiquei feliz. Acreditei que ele quisesse o melhor para você, mas estava errado. Lily e seu pai o enganaram repetidas vezes e não fiz nada para intervir.
— Teriam o matado. — Cameron se deu conta. — Assim como fizeram com todos os outros e eu ficaria sozinho com eles. Está tudo bem, vovô.
— Não está. O afastamos do que te fazia feliz para servir aos propósitos desta família, sem nos importarmos se era que o queria. E você não reclamou, pois sempre guarda tudo para si mesmo. — Sofus disse, com uma expressão triste. — É o que está fazendo agora.
Se isolar era algo que Cameron costumava fazer quando ficava assustado. Foi que fez quando descobriu seus poderes. Foi o que fez quando pensou em deixar Blue Valley e cuidar do avô, sem mais ninguém. Se sentia infeliz em ambas, mas na primeira, permitiu que alguém estivesse com ele.
Cameron tocou a página do caderno, aberta em seus desenhos de Courtney.
— Nunca contei para sua avó, mas sempre gostei dela. — Comentou Sofus, olhando as ilustrações. O garoto esboçou um sorriso.
— Eu também. — Respondeu.
Ele olhou para o avô. Sofus fez uma expressão positiva, deixando claro que apoiava o que estava pensando em fazer. Cameron o abraçou e depois correu pela mansão escura, atravessou o jardim e chegou do outro lado da rua.
Como mágica, ela já estava lá. E ele se deu conta do que precisava.
O garoto fechou os olhos e se permitiu ser inundado por lembranças de todas às vezes em ela havia lhe dado esperança: Seu primeiro beijo; promessas trocadas na varanda; sussurros em frente à lareira; seus dedos entrelaçados.
Neve começou a cair, cálida e gentil. E quando seus corpos se encontraram em um abraço, Cameron não queria ir a nenhum outro lugar.
Ele estava exatamente onde pertencia.
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