E como estamos


— Não esqueçam de pensar em um projeto de arte para o trabalho final do semestre, ok? — Cameron disse, batendo as costas da mão no quadro onde havia escrito "Trabalho final: Próxima semana" envolto em flores desenhadas com giz colorido. Enquanto os alunos saiam, ele começou a juntar pincéis e os levou até a pia, algo que fazia após terminar cada expediente.

Depois do ensino médio, não precisou pensar no que queria fazer. Se formou em artes e escolheu lecionar na mesma sala de Deisinger. Era uma forma de seguir o sonho de ser um artista e honrar o professor que havia morrido pelas mãos de sua família por acreditar em seu potencial. Além disso, permanecer em Blue Valley significava manter-se próximo da Sociedade da Justiça da América. 

Cameron tinha entrado para a SJA dez anos antes, na noite em que decidiu ficar na cidade e Courtney o levou para jantar com sua família e amigos. Rick parecia ter lhe dado uma trégua; Courtney lhe contou que desconfiava sobre os Chaptel estarem por trás do bom humor do Homem Hora e ele se lembrava de ter feito aquela expressão confusa, de quando era o último a descobrir algo que todo mundo já sabia, quando se deu conta de que Rick estava tentando paquerar Beth. A corajosa Doutora Meia Noite acabou se tornando uma amiga próxima de Sofus e os dois costumavam se reunir para partidas de jogos de tabuleiro regularmente. Ele havia falecido há alguns anos, pacificamente.

Cameron não ficou sozinho na mansão por muito tempo. A casa tinha um ganhado um toque feminino e a responsável estava encostada no batente da porta, o observando organizar a sala de aula. Courtney achava particularmente atraente vê-lo com as mangas da camisa enroladas até os cotovelos, a franja caída na testa, enquanto se concentrava em limpar a tinta dos materiais.

— Vim te buscar, professor Mahkent. — Ela disse, chamando a atenção dele.

— Ah! — Respondeu, fechando a torneira. — Bem na hora! Como foi com o aluno que te enviei?

Courtney caminhou até ele.

— Está passando por problemas em casa, mas acho que posso ajudá-lo.

— Eu sei que vai. — Cameron respondeu. Auxiliar adolescentes era uma vocação que Courtney tinha descoberto ao recrutar novos integrantes para a SJA e decidiu estender seu desejo para a vida profissional, como orientadora educacional. — Ele é um dos meus alunos mais promissores e é importante que ele consiga se expressar.

A garota sorriu.

— É por isso que eles te adoram. Você é o professor mais legal daqui.

— Ah, é? — Cameron perguntou. — Isso é uma surpresa, já que eu nunca fui o cara mais popular da escola.

— Quem se importa com o mais popular, quando se é o mais gato? — Flertou ela. — Beth está de folga do hospital hoje e mandou uma mensagem para nos encontrarmos mais tarde.

— Algum problema? — Questionou o rapaz.

— Não. — Courtney respondeu. — Encontro duplo.

— Então é um problema.

— Por que seria? — Perguntou ela, confusa.

— Rick vai estar lá. — Respondeu Cameron, com um sorriso travesso.

— Oh! — Courtney deu uma tapa no ombro dele.  — Vocês dois são tão bobos...

Ela limpou a tinta do rosto do marido e ambos caminharam juntos até as portas da escola, uma tradição que faziam todos os dias. Era como se tivessem dezesseis anos outra vez. 

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