Capitulo 1: Lembranças
CAPÍTULO 1
Com o rosto indo do celular até as janelas, que teimavam em tirar minha atenção, os relâmpagos clareavam minha sala de estar, eu esperava, e esperava ouvir o toque do meu aparelho com notícias dos meus bens mais preciosos. Mas nada acontecia...
Minutos se passaram até que uma batida na porta me obrigou a correr para poder atender meu amado e meu filhotinho, outra batida até que eu alcancei a porta.
- Boa noite, senhora Newron? - Um policial com os olhos hesitantes me fixa.
Alguns segundos se passam enquanto eu apenas o fixo de cima a baixo.
- Sim, sou eu... - Falo
Ele em um gesto lento retira seu chapéu, e o abaixa, cruzando as mãos sobre ele, um mal sinal eu interpreto.
- Receio ser o portador de más notícias, mas o seu marido e o seu filho..., eles...
Como se tudo de uma hora para outra passasse a ficar mudo, eu não ouço o restante das palavras, meus olhos apenas se concentram no movimento dos lábios daquele homem, apenas movimentos tudo mudo, um zumbido substitui os sons
-...senhora Newron, você está me ouvindo? senhora Newron? - ele volta repetir enquanto me olha com nervosismo.
Nada mais na minha cabeça continua a funcionar direito, apenas lágrimas se acumulam em meus olhos até que transbordam e caem.,
-Onde está o Adrian e meu pequeno Théo? ...onde eles estão, por favor me fala. ME FALAAA!!! ONDE ESTÁ O ADRIAN E O THÉO?!
O desespero toma e conta de minha mente ao ouvir ele falar.
- Se acalme senhora Newran.
- COMO EU VOU ME ACALMAR, DEPOIS DO QUE VOCÊ ACABOU DE DIZER DE FALAR, CARAMBA!!!
Meu marido, havia perdido o controle do carro e caído de uma ponte dentro de um rio, junto com meu filho de 5 anos. O corpo foi achado a cerca de 3 quilômetros da área do acidente, mas o corpo do meu pequeno Théo não foi encontrado. Eles disseram que devido a leveza de meu filho, a correnteza que já era forte junto com a pior tempestade dos últimos 10 anos, acabou arrastando o corpo do meu filho, para um rio cheio de piranhas a 15 quilômetros. O levando para nunca mais ser encontrado...
2 ANOS DEPOIS...
- Any? Any Newran, o que você está pesquisando aí?
Seguro o monitor com uma mão, e o girando aponto para uma matéria do Discovery Chanel, para que minha amiga Sandy veja.
- Sandy, aqui diz que piranhas não sentem o menor interesse em humanos - falo enquanto mantenho os olhos fixos ao rosto de minha amiga.
- A meu Deus Any, de novo com isso, já faz 2 anos, 2 a-n-o-s, Any - Ela suspira e continua - Você precisa deixar isso no passado, não tá fazendo bem pra você garota.
Percebo a preocupação na voz dela enquanto solta as palavras enquanto diminui o som da voz com cautela.
- Não posso deixar passar isso, tenho que falar com o delegado para que ele veja esse detalhe, eles podem nem ter per...
- Any, você não acha que eles já investigaram esse detalhe? Eles são profissionais garota, e já falaram milhares de vezes a você que não tem como ele ter sobrevivido!
Cada centímetro, cada metro cúbico do rio, cada metro de distância entre a área do acidente e o rio foram vasculhados e nada de acharem meu filho. Eles poderiam repetir a mesma história, mas meu coração me falava que ele ainda estava vivo, esperando e chamando por mim. Eu sei, não sei como, mas a mãe conhece.
- Eu sei que ele está em...
- Por favor Any, não vêm com isso de intuição de mãe de novo, por favor - ela me corta.
Eu apenas baixo a cabeça, e fecho o site do computador. Era compreensível a Sandy ficar irritada com isso, já que eu sempre que ficava pensando naquilo sempre acabava depressiva.
- Colar novo? – Mudo de assunto ao ver o colar novo em seu pescoço.
Ela em um gesto rápido e surpreso leva sua mão até o colar de ouro com um brilhante lindo, e sorri de canto.
- Ah, só uma coisinha que comprei na Tiffany – Ela da um sorriso grande e direciona seu olhar para mim.
- Você está brincando? Só uma coisinha? – a censuro surpresa – as coisas lá são muito caras, como consegue dinheiro para comprar essas coisas Sandy, ainda mais com o salário de professor que temos.
- Só um mimo pelos lucros, ah Anny, deveria investir, você não sabe como dá para ganhar com bolsa de valores.
Até hoje me pergunto por que a Sandy ainda trabalha de professora, se ela parece ser muito boa nesse negócio de bolsa, salário de professor não é algo tão grande assim, não que eu esteja reclamando pelo contrário eu amo meu trabalho, mas no lugar dela.
O sinal da escola põe fim a nosso diálogo, então me despeço de minha amiga que faz uma expressão de tédio ao ouvir o sinal tocar para voltarmos para as salas. Como eu disse não sei por que ela ainda é professora. Enquanto vou feliz para a classe, ela vai abatida. Mais um dia de trabalho, mais um dia sem meu pequeno Théo...
Horas mais tarde...
- ANNYYYY! – Sandy grita por mim ao me ver ligando o carro – Preciso de uma carona gata, meu carro ainda está na oficina esqueceu?
- Desculpa Sandy tinha esquecido – explico enquanto ela entra.
Ela logo muda a expressão quando me ver direcionar o olhar para as mães que saem com seus filhos. Mesmo já fazendo dois anos, não consigo parar de pensar no meu marido e no meu filho, mesmo que eu tente não posso apagar tal sentimento. Isso se torna bem pior, quando não encontraram o corpo de meu filho. Ficamos em um desespero entre, achar que a pessoa está morta e a esperança dela estar viva.
- Desculpa Anny por mais cedo – Ela põe a mão sobre a minha que descansa no volante – Sei que uma mãe nunca supera a perda de um filho, mesmo que se passe anos.
- Eu tento Sandy, te juro que todo dia eu tento, mas...sei que você vai dizer que é bobagem, mas me agarrar a essa esperança de que ele ainda esta vivo...- suspiro e deixo as lagrimas caírem, enquanto minha amiga me puxa para um abraço.
- Você pensou na minha proposta? – Ela pergunta nos separando do abraço – Eu sei que você vai dizer que não sabe. Mas Anny, vai te ajudar a esquecer um pouco tudo. Você não tira férias a muito tempo, e ao menos você vai continuar a dar aulas, mas pelo menos vai ser novos ares.
Mudar de cidade nem que seja por dois meses não seria uma má ideia confesso. Desde que... já faz anos que não viajo. E a Sandy teve a ótima ideia para que eu não exatamente tire férias, mas vá para o interior para esquecer tudo. Mesmo eu falando que não conseguiria ficar sem dar aulas ela deu um jeito para que eu seja substituta em uma pequena escola. Ela conseguiu unir o útil e o agradável.
- Vou pensar – respondo dando partida no carro.
Após deixar a Sandy em casa, decido falar com o Sr. Barber. Logo que chego vou ate a recepção para saber se ele se encontra. Uma mulher com olhar de tédio me atende, mal humorada, pois já sabe o que eu estou indo fazer ali.
- Ele já vai atendela – ela fala colocando o telefone no gancho – pode seguir o caminho de sempre.
Percebo em seu tom de voz a maneira debochada de me falar, mas não dou a mínima pra isso.
Um senhor de terno magro e completamente calvo me recepciona.
- Como posso lhes ajudar dessa vez senhora Newran – Ele aponta com a mão para a cadeira a frente de sua mesa para que eu me sente.
- Eu queria saber se você tem novidades – falo sem olhar em seus olhos
- Senhora Newran, ainda permanece o de sempre – Ele pega uma caneta e começa a brincar com ela entre os dedos – Como falei das outras vezes ele provavelmente foi arrastado para o lago, e você já conhece o restante da história.
- Se vocês não acharam o corpo dele então ainda ele pod...
- Ah por favor Anny! – Ele larga a caneta e põe os cotovelos sobre a mesa de maneira abrupta – Me pergunto se você acredita nas coisa que fala.
Baixo meu olhar para as minhas mãos que estão sobre os meus joelhos.
- Senhora Newman, estamos investigando ainda, mas essa é a causa mais provável – mudando o tom de voz, ele volta a ter compostura.
O silêncio toma de conta da sala, então ele se levanta sinalizando o fim daquele breve diálogo.
- Se não tem mais dúvidas, então acho melhor você ir - e ficando de pé ele vai em direção a porta - Qualquer novidade, pode ter certeza de que eu ligarei o mais rápido possível, está bem?
Pego então minha bolsa e caminho em direção a porta, parando na entrada ergo minha cabeça e o encaro.
- Eu queria só perguntar uma única coisa – adiciono de maneira calma – Em uma situação hipotética, seria possível ele ter flutuado até a margem... e... alguém o ter resgatado?
Fechando a porta ele leva a mão ao rosto demonstrando falta de paciência.
- Senhora Newran...
- Por favor – cortando-o eu suplico
- Como investigador, isso seria impossível – ele diz de maneira fria e adiciona – mas como um amigo, acho que de uma maneira bastante hipotética seria algo a considerar.
- Obrigado – agradeço me direcionando a saída, mas ele segura meu braço de maneira delicada.
- Anny, só não crie falsas esperanças – ele completa.
Agradeço novamente com o olhar e me dirijo a saída. Era tudo que eu queria ouvir. Mesmo que seja só uma simples fagulha de esperança, irei me agarrar a ela.
Minutos mais tarde...
Deixo a bolsa em cima do sofá e dou uma olhada em 180° visualizando o silencio da minha casa. Enquanto deixo a janta no micro-ondas, subo para o tomar um banho, ao seguir pelo corredor acabo parando em frente ao antigo quarto de meu pequeno Blue.
- Tá na hora de dormir safado, você não pode me enrolar de novo – falo o abraçando que corresponde com suas gargalhadas gostosas.
- Certo mamãe, certo – ele se encolhe na cama para eu parar de fazer cocegas – mas você pode dizer de novo de quando eu nasci?
- Você já ouviu mil vezes sobre isso, Blue – respondo só para fazer charme pra ele.
- Sério mamãe? – ele levanta os olhinhos azuis para me encarar – então está na hora de ser a número mil e um.
- Então vamos lá – respondo após gargalhar com o que ele fala – Eu estava sentada na minha cadeira favorita com o papai, pensando em como seria bom termos um pequeno e valente menino para nos defender dos ataques de alienígenas. Seu papai disse que o garotinho deveria ter os olhinhos igual o da mamãe, e a mamãe disse que ele deveria ter o cabelinho grande igual o do papai...
- Mamãe, continua, tá chegando a melhor parte – ele pede bocejando, de forma autoritária.
- Até que um canguru com botas verdes tira você da sua bolsa me entregando, era você, exatamente do jeito que eu e o papai queríamos, ai ele...
Olho novamente para ele que agora está com os olhinhos fechados, respirando silenciosamente. Saio devagar da cama para não o acordar, e dando um beijo de boa noite, paro meu olhar no pequeno sinal em forma de gota que abaixo de sua orelha esquerda.
Acordo de meus devaneios ao sentir o celular vibrar no bolso da minha calça, retiro e vejo que se trata de uma ligação da Sandy, então atendo sem demora.
- Oi Sandy
-Anny? Consegui falar com a diretora do colégio já. E tenho uma notícia que você não pode recusar – ela fala entusiasmada
- Sandy...- respondo já sabendo do que ela vai falar
- Anny deixa eu terminar – mesmo por telefone ela consegue ser mandona penso – eles concordaram em deixar você fazer um teste de sete dias, se não gostar o que acho beeeemmm difícil, você volta, se não fica os dois meses!
- Sandy não sei se seria uma boa ideia.
- Anny é só uma semana, por favor você só fica se remoendo com isso, quero te ver bem de novo, que mal vai fazer você ir. Por favor.
Volto a olhar para o quarto do Théo fixamente. Ficar aqui não tá me ajudando muito, sempre sozinha, não consigo lembrar o dia que tirei o dia pra mim. Tudo se resumia a ir para o trabalho, e chorar na minha cama. Que mal vai fazer?
- Anny? Você ainda tá aí? – Sandy me tira dos meus pensamentos.
- Sandy. Eu aceito sua proposta.
GENTE ESSE É O COMEÇO DE UMA JORNADA, POR FAVOR COMENTEM E ADICIONEM. ALÉM DE VOTAR. ISSO VAI ME AJUDAR A SABER SE DEVO CONTINUAR COM O LIVRO.
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