Capítulo Cinco
Na escola...
Na hora do intervalo, pego o meu lanche e vou de encontro aos meus amigos, Miguel, Lucas e Alison, que se encontram sentados confortavelmente nos assentos disponíveis perto das mesas, na cantina.
-Que demora Lyn! Estava fazendo a comida?- Miguel pergunta irônico.
-Cala a boquinha, Miguel, que você ganha mais quieto- retruco, também com um ar de irônico.
-A próxima aula é de química, e eu odeio aquele professorzinho de araque- Alison resmunga, com cara de tédio- Ele é insuportável. Acha que só porque tem um diploma, sabe mais do que todo mundo.
-Concordo com você. Acho que vou contratar alguém para matá-lo- digo rindo.
-Ele não é tudo isso. Vocês que são dramáticas- Miguel fala, e Alison e eu olhamos para ele com um olhar que diz: "retire o que disse agora!".
-Você, por algum acaso, quer ir para casa com a cara suja de mostarda?- pergunto, tentando soar ameaçadora.
-Não- diz sem hesitar, e admito que é uma resposta bem óbvia.
-Então fecha a matraca- ordeno.
Conversamos sobre bobagens, enquanto devoramos nossos lanches, até que o sinal bate e temos que voltar para a sala de aula, infelizmente.
Vou até o meu armário e pego o livro que será necessário para a aula.
Como se eu fosse realmente prestar atenção!- ironizo mentalmente.
Quando entrei na sala, sentei-me em uma posição confortável na cadeira e pus meus fones de ouvido.
Fiquei divagando sobre vários assuntos, até que percebo o rebuliço que se formou entre a Alison e o professor de química.
Tiro meus fones para ouvir melhor, porque como todo ser humano, não resisto a um barraco.
-Não interessa! Eu estou mandando você calar a boca! Enquanto eu estiver aqui dentro e for o tempo da minha aula, eu que
mando em todo mundo, e você está no pacote.
-Sendo professor e estando no seu tempo de aula, sua única responsabilidade é dar a merda da aula e só. E você que preza tanto pela educação, não tem direito nenhum de mandá-la calar a boca- digo me intrometendo.
-Quem te chamou na conversa, garota? Eu já tenho problemas o suficiente com a sua amiguinha, não quero ter que discutir com outra puta- diz nervoso, mas quem tem que ficar nervosa aqui é eu.
Ele me chamou de puta?
Esse professorzinho de merda está pedindo, indiretamente, para que eu taque o meu salto na fuça dele, só pode.
-Quem você acha que é para chamá-las de puta?- Miguel diz também se intrometendo, só que ele está mais nervoso do que eu e o professor, juntos.
-Isso deve ser falta de mulher, ou levou um fora. E julgando pela sua atitude, e o seu caráter, duvido que alguém te queira- Lucas zomba.
-Eu estou cansado de vocês! De todos vocês!- o professor diz muito irritado.
-Os incomodados que se retirem. E a porta está bem ali, professor- digo apontando para a porta, enquanto olho fixamente em seus olhos escuros.
-Já chega!- grita, assustando a todos- Lydia, Alison, Lucas e Miguel. Quero todos fora. Agora! Não quero nunca mais vê-los na minha aula!
-Com todo prazer- digo já me retirando, e meus amigos vem atrás.
-Ele acha que essa aula de merda faz diferença na minha vida?- Lucas pergunta para ninguém em especifico, e depois bufa,
revirando os olhos.
-Nós podemos ir ao parque- Alison sugere.
-E o resto das aulas?- Miguel pergunta preocupado, como o bom aluno que é.
-Anda logo Miguel- digo o puxando, e juntos caminhamos calmamente até o parque.
Quando chegamos lá, nos sentamos no extenso gramado verde e engatamos em uma conversa, falando sobre bobagens, trivialidades.
Estava com a cabeça apoiada no colo do Miguel, enquanto ele fazia uma trança no meu cabelo.
-Acho que vou virar cabeleireiro profissional, porque olhem bem para a minha obra de arte- diz assim que termina a trança.
-É claro que vai. Você super combina com salão de beleza. É a sua cara- digo rindo.
Passado um tempo, ficamos entediados e resolvemos voltar para nossas respectivas casas.
No caminho, Miguel me convenceu a ir conversar com a minha mãe.
Relutante, concordei, e assim que entrei na minha casa, a encontrando na sala, sentada confortavelmente, no sofá.
-Marcela?
-O que foi Lydia?
-Não me mande para o internato, por favor- peço com a minha melhor cara de piedade.
-Estou fazendo isso para o seu bem. Você tem que aprender a ser mais... Sensível, e tem que aprender a me respeitar, tem que aprender a me chamar de mãe.
-Mãe, eu amo você, mas a questão aqui é que você só reclama tanto de mim, porque não sou igual a você.
-Não quero que se pareça comigo. Quero que seja você mesma, só que o seu jeito de ser você mesma é tão... Diferente.
-Não é porque sou diferente, que irei deixar de ser sua filha.
-Eu sei disso, Lydia. Eu te amo muito, mas você me irrita na maioria do tempo.
-Se me ama tanto como diz, peço que me dê mais uma chance. Não me mande para o internato.
-Tudo bem. Te darei uma segunda chance, então não faça com que eu me arrependa- diz e me abraça rapidamente.
-Sério? Vou poder ficar?- pergunto alegre.
-Sim- responde, e como agradecimento, lhe dou um beijo na bochecha e saio dali, indo para o meu quarto o mais rápido
possível.
Ligo para o Miguel, contente pela noticia que irei dar, mas uma ideia repentina me vem à mente.
Sorrio diabó lica e quando ele atende, faço minha melhor voz de choro, dizendo que irei viajar hoje, no fim da tarde.
Depois de quase meia hora, a campainha toca e eu vou correndo atender.
-Não acredito que não conseguiu convencê-la- diz com cara de decepcionado, enquanto entra.
Penso em torturá-lo mais um pouco, mas não consigo esconder o enorme sorriso que aparece no meu rosto, e conto logo.
-É claro que eu consegui. Afinal estamos falando de mim, e eu consigo tudo o que eu quero- digo me gabando.
Miguel logo abandona a expressão decepcionada, e faz uma cara surpresa.
-Não acredito nisso! Você me enganou a troco de que, sua praga? Depois dessa eu vou embora- diz dramático.
-Se você for embora, eu vou morrer- digo, sendo mais dramática possível.
-Oh meu Deus! Só por que vai morrer!- diz rindo e me acompanha no curto trajeto até o meu quarto.
Assim que entramos, ele se joga na cama, todo relaxado.
-Nem um pouco folgado, não é?
-Você me ama do mesmo jeito!
-Idiota.
-Agora que você não vai mais embora, já pode desfazer as malas, para ser oficial.- diz se levantando e indo até a minha mala, que estava no canto do quarto.
Ele vai tirando as roupas de dentro e vai jogando em mim.
-Babaca- digo rindo.
-Agora sim é oficial- diz orgulhoso.
-Tem que ter comida, para ficar mais oficial ainda.
-Nossa Lyn, você não tem comida em casa não? Vive com fome- zomba e faço uma careta, lhe mostrando o meu dedo do meio.
-Você não fez isso- diz e parte para cima de mim, pronto para fazer cócegas.
Mas antes que ele concluísse seu trajeto, Miguel tropeça em um tênis meu que caiu no chão, e acaba capotando em cima de mim.
-Você não deveria deixar suas coisas jogadas no
chão- sussurra, com os olhos fixos nos meus.
-O quarto é meu, e a bagunça é minha. As coisas vão ficar jogadas aonde eu quiser- digo, e percebo que começa a rolar um clima, o que é muito, mas muito estranho mesmo.
Mexo-me desconfortavelmente, e ele sai de cima de mim.
Para amenizar o clima estranho que parou sobre nós, digo que vou pedir pizza, e depois de algumas horas conversando, com o momento do clima sendo totalmente esquecido, Miguel se despede e diz que é o horário do remédio da sua mãe.
Então o acompanho até a porta, e quando ele vai embora, volto para o meu quarto e me jogo na cama, logo adormecendo.
Revisado✔✔✔
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top