Capítulo 3🎃📆
- Do que está falando? Você não armou tudo isso, não é?
- Lógico que não! Eu sou esperta, mas não maluca! Nós já nos conhecemos!
- Desde quando? De onde nos conhecemos, Amber?! - Grito desesperada. Não estou entendendo nada. Por que não fui ficar na droga da minha casa?!
- Uma vez, quando eu era bem pequenininha, você ajudou uma amiga minha a recuperar o balão dela que ficou preso no teto da creche. Você deu sua última bala para um menino que perdeu um brinquedo enquanto eu estava do outro lado da rua. Você apresentou uma peça de teatro de fantoches enquanto lia livros para as crianças do orfanato quando minha mãe fez um projeto lá. Você ficou um mês cuidando do gato da Sophia Parker quando ela ficou doente. Você tem o coração maior que o mundo!
- V-você... Como sabe disso tudo? Como reparou tanto em mim? Como isso é possível? - Minha cabeça dói. Vejo tudo rodando.
- Por favor, não desmaia aqui! Eu não te aguento, sabia?! - Ouço a voz da Amber longe.
Amber segura a minha mão e me ajuda a sentar. Puxo o ar com força na tentativa de voltar ao meu estado normal. Nem sei o porquê de ter ficado assim. A única coisa que sei é que preciso tirar Amber desse inferno.
Enxugo as lágrimas que eu não percebi que tinham molhado meu rosto. Levanto e encontro o olhar preocupado da loira. Estendo a mão para ela se apoiar, ela levanta e eu beijo o topo de sua cabeça. Recebi um beijo na bochecha e mando ela entrar. A minha cachinhos dourados me encara confusa e logo depois entra.
Caminho em direção a minha casa. Tiro o celular do bolso e disco o número do meu advogado. Ele atende no terceiro toque.
- Carly! Desculpe a demora para atender, estava no banho. - Tenho certeza que está com uma toalha enrolada na cintura e outra secando o cabelo.
- Sem problema, Charles. - Viro a esquina contrária da minha casa. Em passos rápidos viro a próxima esquina.
- Ligando nesse horário, deduzo que precise de algo.
- Está certo, Charles. Preciso conseguir a guarda de uma menina. - Escondo meu receio de ele não aceitar me ajudar.
- Como assim? O que está acontecendo, morena? - Deixo um sorriso involuntário tomar conta de meus lábios. Estava com saudades do meu amigo.
- Senti falta desse apelido. - Confesso. O escuto suspirar. Sei que está sorrindo. - Bom, é uma longa história...
- Quer vir aqui explicar?
- Não vou sair de casa a essa hora...
- Sei que está na rua, consigo ouvir o barulho dos carros e das crianças. - Uma leve risada sai de meus lábios e invade seus ouvidos. Subo as escadas e viro o corredor.
- Charles... - Sou interrompida com ele abrindo a porta. Encerro a ligação e guardo o celular no bolso.
- Parece que ainda te conheço bem. Entra. - Ele dá passagem para eu entrar. Passo por ele e ouço ele fechar a porta atrás de si. - Já volto. - Ele avisa beijando o topo da minha cabeça.
Ele caminha em direção ao corredor onde leva aos quartos e ao escritório dele. Sento no sofá e me perco em meus pensamentos. Saio do meu transe ao sentir o outro lado do sofá afundando.
Seus fios pretos estão bagunçados e um pouco molhados. Sua camiseta verde de gola V me mostra o quanto ele se apressou em se vestir. Camisetas verdes são apenas para cafés da manhã fora com íntimos.
- Já pode me explicar o porquê de querer a guarda de uma criança? - Pergunta se virando mais para mim.
- O nome dela é Amber Watson. - Me deito e coloco os pés em cima dele. Ele tira meu tênis e coloca embaixo da mesa de centro.
- Watson? Meu Deus! - Ele abre o frigobar que fica ao lado do sofá e pega uma latinha de refrigerante. - Quer? - Nego com a cabeça e ele abre a lata e bebe um gole.
- Encontrei a garota chorando hoje. Parece que umas crianças roubaram os doces dela. Levei ela para comprar outros doces e depois para casa. Tive uma discussão com a mãe dela, depois com ela. Enfim, ela me implorou para tira-la daquela casa. - Explico tentando não falar muito rápido para ele entender.
- Mas você tem certeza disso? - Pego a bebida de sua mão e tomo um gole. Devolvo para ele e ele me lança um sorriso. - Vai ser bem difícil. E eu não estou dizendo por eles terem grana e sim, porque cuidar de uma criança é complicado.
- Eu sei disso. Mas também sei que não posso deixa-la naquela casa com os Watson cuidando dela. Eles não demonstraram nenhum amor por ela, apenas pelo dinheiro que ela proporciona para eles.
- Carly - Tiro os pés de cima dele e me ajeito para ficarmos de frente, já que ele fez o mesmo -, às vezes é só uma impressão. Olha onde você vai colocar o pé para não cair em nenhum poço.
- Eu não sei o que fazer, Charles. - Admito percebendo o quão precipitada eu fui. Desvio meu olhar para qualquer canto que não sejam os olhos dele. Não devia ter vindo aqui.
- Você vai dar um jeito. Você sempre dá. - Ele segura meu rosto me obrigando a encara-lo.
Me envolve em um abraço e ali fico. Por um momento, um breve momento, naquele momento eu parei de me preocupar com tudo. Eu confiei em mim mesma.
Acordo com a claridade em meus olhos. Quando foi que eu dormi? Tento levantar e percebo que dormi no sofá junto com Charles.
Levanto cuidadosamente na tentativa de não acordar meu amigo. Porém, tentativa falha. Ele abre os olhos devagar para se acostumar com a luz do sol.
- Bom dia. - Murmura com a voz sonolenta.
- Bom dia! - Estou realmente animada hoje. Talvez por ser primeiro de Novembro e já não ser mais Halloween. Ou, o mais provável, porque eu precisava ter a conversa que eu tive ontem.
- Tem escova de dente extra no armário do banheiro da minha suíte. - Avisa levantando e esfregando os olhos.
- Já até sei porque tem escovas de dente extras lá... - Brinco e ele revira os olhos.
- Sabe que eu parei com isso. - Assinto com a cabeça e ele me abraça. - Senti saudade...
- Eu também senti... - Seu perfume invade minhas narinas.
- Por que sumiu? - Pergunta desfazendo o abraço e segurando meu rosto com ambas as mãos. Não quero contar, mas sei que não posso mentir.
Capítulo dedicado à Betu_u, abiguinho que faz histórias em quadrinhos!💖
Beijos da escritora flopada que vocês não sabem nem o nome!💖
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