Minha amiga Mariana me convenceu a passear pela a escola na hora do intervalo, por livre e espontânea pressão eu fui.

Estávamos andando pelo corredor quando vi Davi caminhando em nossa direção, minha vontade foi correr dali.

Eu estava com tanta vergonha dele por causa da minha atitude desastrosa de conquistá-lo, que passei dias evitando falar, olhar, ou fazer qualquer aproximação.

Ele pareceu entender pois se manteve afastado, porém quando ele me olhava seus olhos transmitiam compaixão e empatia.

Depois de conversar com meus pais e com Deus, eu consegui ver com clareza a besteira que havia feito. Questionei até mesmo a Mari por ela não ter aberto meus olhos, ela disse:

– Primeiro eu não sabia da carta, segundo nunca imaginei que você chegaria a esse ponto. Me desculpe amiga, mas você foi inconsequente.

Onde eu estava com a cabeça? Ai se eu pudesse voltar atrás...

Tentei dar meia volta e sair correndo, mas Mariana segurou firme meu braço.

– Você não vai a lugar nenhum, vamos resolver isso agora.

– O que? Você está ficando louca?

– Agora eu sou a louca?

– Não, não faça isso, se fizer isso nunca mais vou falar com você.

– Quero só ver... EI, DAVI!

– Oi, me chamou? – Ele se aproximou desconfiado.

– Sim, vocês precisam conversar – dito isso Mariana saiu satisfeita como se tivesse feito uma boa ação.

Ficamos de frente para o outro e nos olhamos com timidez.

– Eu – falamos ao mesmo tempo – Fala você...

Nós rimos.

– Estou morrendo de vergonha do que fiz – disse cobrindo o rosto – Sou uma idiota...

– Você não é idiota, não precisa ficar com vergonha. Foi até engraçado!

– Não foi nada engraçado – bati no ombro dele tentando me manter séria em vão.

– Eu contei para minha mãe, ela passou o dia me zoando. Eu sim sofri nas mãos dela – ele sorriu balançando a cabeça – Ela quer te conhecer.

– O que? Socorro! Não acredito – disse cobrindo a boca surpresa.

– Relaxa, ela e meu pai são muito legais, inclusive me ensinaram muito sobre esperar o tempo certo.

Trocamos sorrisos.

– Eu também estou aprendendo a esperar, e não agir por impulso. De alguma forma essa minha loucura teve um lado bom...

– Qual?

– Entreguei minha vida a Jesus de verdade, agora dependo inteiramente dEle. Nunca me senti tão feliz em toda minha vida. Eu pedi coragem a Ele para me ajudar... a... esquecer meus sentimentos por você, e Ele está me ajudando, é isso! – falei rápido sentindo meu rosto queimar.

Davi abaixou a cabeça com as bochechas coradas também.

– Ainda espero a resposta da carta - disse ele levantando os olhos e sorrindo – podemos ser amigos?

– Sim, apenas amigos! – Sorri lembrando de sua carta.

Tão natural quanto o sol nos tornamos amigos.

Com o passar do tempo conheci um Davi diferente do príncipe encantado que inventei, na verdade ele se mostrou um garoto comum, me irritava a maioria do tempo, me fazia doer a barriga de tanto rir, também me ajudava quando precisava.

Acima de tudo compartilhamos o amor por Deus, o qual dedicamos nossas vidas.

Acreditava que um namoro pudesse preencher o espaço vazio em minha alma, mas foi em Jesus que encontrei a única e mais profunda satisfação, a fonte de vida, que um ser humano não poderia suprir.

Depois de anos de espera e paciência, o tempo de amar finalmente chegou para mim.

– Mãe, estou gostando de um garoto – disse a pequena Ana Júlia, tampando os olhos envergonhada – Ele também gosta de mim.

– Filha, nós já conversamos sobre isso. Posso imaginar o que está sentindo... – disse e sorri recordando da minha paixão adolescente – Não é errado se apaixonar. Mas encher seus pensamentos com isso, mudar seu comportamento permitindo que se distraiam da sua busca por Deus é errado. Seu pai costuma dizer...

– Não apresse o amor, espere, para tudo há um tempo. – citou Davi aproximando com um olhar esperto – Inclusive para sorrir – disse nos fazendo cócegas.

Nos fazer rir, era sua doce missão de vida.

Davi e eu conservamos firme nossa amizade, mesmo sem admitir para ninguém eu sempre cultivei meus sentimentos por ele.

Aprendemos que quando confiamos a Deus nosso caminho, Ele prepara nosso futuro.

Foi em uma noite estrelada que algo surpreendente e maravilhoso aconteceu, nossa família organizou um jantar em comemoração por Davi ter concluído a faculdade de Química, e eu por finalizar o curso de Pedagogia.

Ele se levantou para fazer seu discurso, durante sua fala, ele disse:

– Por anos venho esperando o tempo certo, depois de conversar com Deus e com meus pais, eu soube. Na verdade eu sempre soube que era você Bia, nunca houve nem haverá outra, a não ser você. Sempre te amei desde quando você se declarou para mim naquela segunda feira, mas tive que guardar meu coração para o tempo certo. Agora, com a benção de nossos pais – Ele tirou uma caixinha de veludo do bolso e se ajoelhou, me fazendo perder o fôlego com tamanha surpresa e emoção – Aceita se casar comigo e ser mais que amiga?

– Sim, eu aceito! – Respondi, e nos abraçamos.

As memórias brilhavam em minha mente me trazendo as sensações maravilhosas daquela noite. Davi olhou para mim depois para Ana Júlia e disse sorridente:

– Julia, o que eu te ensinei a dizer quando um rapaz se declarar para você? – Ele me lançou um olhar provocativo e humorado.

– Vamos ser apenas amigos – respondeu satisfeita como quem acertava uma questão valendo nota.

– Isso mesmo, apenas amigos.

Fim.

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Acabou!!
Obrigada por ter acompanhado até o final, espero que tenham gostado!

Fiquem com a tradução da música Just a friend - Jamie Grace.