2. O LAGO
O sol nem havia nascido e eu já estava acordada. Eu não havia dormido não que eu tenha visto, meus olhos carregavam olheiras depois da minha noite mal dormida. Passei a noite pensando nele e como ele era perfeito. Levantei–me, fui ate a cozinha, minha mãe já estava de pé e estava colocando a mesa para o café. Mauro me olhou com certa preocupação.
– Dormiu bem Eduarda? – indagou–me ele.
– Não foi uma noite muito agradável. – respondi tentando disfarçar meus pensamentos contrários.
– Iremos viajar esta tarde Eduarda. – falou minha mãe com a maior naturalidade do mundo.
– Boa viajem. – os desejei.
Eu não me importava para onde eles iam ou quando voltariam, na verdade essas viagens sempre duravam praticamente um mês, um mês de liberdade, e sempre que eles o faziam eu fazia uma boquinha na casa da dona Amber, minha avó de criação.
Eles saíram. Fiz tudo o que haveria de fazer e o que não haveria. Eu esperava ansiosamente o colégio, mas um detalhe me impedia de ser mais feliz do que eu já estava, Felipe.
Não demorou muito e o Corolla dele estava estacionado em frente a minha casa, ele não precisava tocar a campainha eu já o esperava já que ele nunca se atrasara. Ele veio em minha direção com um sorriso doce, ele se aproximou do meu rosto e tentou me beijar, esquivei. Eu tinha que fazê–lo se desejava ser feliz, eu não poderia deixar essa chance, uma das poucas e raras que eu tinha de ser feliz. Abaixei a cabeça e disse a ele com a voz tremula:
– Vai ser bem melhor se tudo entre nos terminar aqui. – levantei o meu rosto e pude ver a choque que ele tivera em sua face.
– Mas... Por quê? – ele me indagou, seus olhos procuravam nos meus um raio de esperança do que eu havia falado não tivesse passado de uma brincadeira, uma mentira.
– Eu não quero mais ficar com você, eu não quero que você sofra por minha causa. Eu quero ser feliz. – sua face ficou inerte, perdida, desolada, ele não acreditava no que eu estava fazendo.
Vinha em direção a minha casa um CB600 – prata – de velocidade mediana. Pude ver que era Aphonso, seus olhos me fitavam. Ele parou atrás do Corolla e retirou o capacete. Seu sorriso era estonteante. Felipe o encarou. Virou–se para mim e com a voz áspera me olhou nos olhos e desabafou:
– Não precisa dizer mais nada, eu já entendi tudo agora. – ele entrou no carro e saio em alta velocidade.
Por um momento puder perceber que eles se conheciam e que não tinham nenhuma empatia um pelo outro, os olhos de Aphonso o haviam fitado com raiva, ódio, mas havia sido rápido de mais.
Com o sorriso de sempre no rosto ele me olhou e não precisou me dizer palavra alguma – peguei os meus livros – subir na moto e fui com ele. Aphonso me acompanhou ate a sala, mas não entrou então voltei seus olhos já sabiam da minha pergunta e dando de ombros ele respondeu:
– Não vou assistir à aula de Biologia hoje. – ele me deu outro sorriso e saiu.
Sentei–me no lugar de sempre, Key não havia notado minha presença já que eu não falara nada, a aula estava monótona já que a Sra. Parker não facilitara aquela aula entediante. E foi então que comecei a vasculhar a sala com meus olhos eu estava tão preocupada com Aphonso que eu não a havia notado. Sentando–se na sua mesa a Sra. Parker começou a fazer a chamada, respondi e esperei ate que ela a falasse o nome dela e foi então que eu ouvi:
– Rose Gallaran. – chamou a Sra. Parker.
Com graciosidade ela levantou a mão, sua pele era alva como a de Aphonso, Liam e Lauren. Seu rosto perfeito e medido milimetricamente, usava roupas que pareciam ter vindo de uma revista de moda em tom cinza e preto, seu cabelo ruivo – curto e desfiado – mas ate agora sua voz era um mistério para mim, mas por outro lado ela se identificava com os outros.
Agora minha mente procurava por mais perguntas e não era difícil encontrá-las – a olhei – ela parecia ser simpática, pelo menos não deveria ser como Lauren.
Eu já estava decidida e me levantei indo em sua direção, na verdade eu estava estranhamente tremula. Ao seu lado havia uma cadeira vazia, me sentei, ela não me olhou então abri a boca e ela falou com uma voz serena:
– Não pensei que fosse vir ate aqui e tão rápido.
– Mas como? – eu indaguei confusa.
– Como? – ela me olhou confusa enquanto retirava os fones do ouvido e vi nascer do seu rosto angelical um leve sorriso. – Oi.
– Oi. – devolvi então uma pergunta me veio à mente e eu tive que fazê–la. – Você por acaso conhece o Aphonso ou o Liam? – ela procurava algo em meus olhos – abaixei a cabeça e coloquei o cabelo que cobria uma parte do meu rosto atrás da minha orelha.
– De que exatamente você quer falar? – Ela me perguntou.
– A... Aphonso... – gaguejei corada.
– E porque não fala com ele? – ela me indagou ainda com o sorriso angelical.
– Eu não... – em minha mente veio a sua figura, me fitando, quando dei por mim a senhora Parker já estava saindo da sala enquanto Rose ainda me olhava. Sem perceber ele estava do meu lado e a cumprimentou com um leve movimento de sua cabeça.
– Liam esta te esperando. – a voz áspera e doce pronunciou cada palavra me entorpecendo devagar. Com leveza e delicadeza Rose se levantou da cadeira e foi em direção ao corredor.
– Tem um lugar eu quero que você conheça. – ele me fitou.
– Onde? – o indaguei enquanto eu procurava seus olhos.
– É uma surpresa, posso te pegar a que horas?
– Quando? – perguntei estonteada com a beleza dele.
– Amanhã. – ele riu.
–Temos aula amanhã. – o olhei tentando demonstrar falsa preocupação, mas ele riu a me olhar.
– Amanhã é sábado. Você não anda muito atenta.
– É inevitável. – tentei explicar – Você me deixa perdida.
– Como perdida? – ele me fitou confuso.
– Quando estou com você, não consigo achar mais ninguém somente você. – fiquei corada e ao mesmo tempo surpresa por ter dito aquilo olhando para ele.
Ele deu um sorriso, pude ver suas mãos abertas em minha direção – eu não sabia o que ele queria ou se eu poderia – tudo era ainda tão confuso. Com o dedo indicador ele tocou levemente o meu queixo – eu o levantei – tudo foi tão rápido eu só pude sentir algo gélido, mas o ar condicionado estava ligado e eu mesma estava gélido como mármore. Ele sorriu e me indagou novamente:
– E então a que horas eu posso te pegar?
– Porque não me diz a que horas você pode ir me buscar, assim ficaria bem melhor não acha? – eu sorri.
– Pode ser no primeiro raio de sol de amanhã?
– Não é muito cedo? – indaguei, mas fiz só por fazer, eu não iria dormir direito naquela noite mesmo pensando nele e o que me agradaria na manhã seguinte.
– Se quiser posso passar às nove da manhã? – ele deu de ombros.
– Não. – falei imediatamente – Amanhã estarei cedinho te esperando – eu estava eufórica com a idéia de velo novamente no dia seguinte – e eu não poderia deixar de velo por um instante sequer.
Ele riu. Eu o encarei por alguns segundos e então o senhor Smith entrou na sala. Não nos levantamos, passamos a aula um perto do outro. Eu podia ouvir sua respiração suave que parecia inalar um aroma doce, cítrico que fazia mudar suas feições com freqüência enquanto me olhava a cada quinze minutos de aula e eu estava o retribuindo – eu estava louca por ele – mas ainda havia uma duvida, aquilo poderia só ser um desejo momentâneo, uma paixonite adolescente ou ate mesmo amor.
As aulas foram extremamente rápidas ou foi porque eu estava tão interessada em observá–lo, cada movimento, cada feição de seu rosto que nem vi o tempo passar. O sinal soou e lá estava eu parada no mesmo lugar enquanto ele se levantava e me olhava, seu sorriso era sinal de uma possível pergunta que eu responderia sem ao menos piscar.
– Quer carona para casa?
– Adoraria. – respondi.
Eu me levantava quando Liam chegou à sala com Rose suas mãos estavam dadas, cada dedo da mão dele parecia abraçar com força os de Rose. Peguei meus livros na mesa onde eu estava, quando voltei somente Rose me esperava e com um sorriso angelical ela me disse:
– Os meninos foram buscar o carro – ela deu um breve sorriso a me ver surpresa – Não precisa se preocupar.
– Imagina... Eu me preocupar.
Quando ela disse aquelas palavras meu coração expulsou a sensação de desespero que eu criara ao não velo ali, o que mais me intrigava era o fato de Rose saber exatamente como eu me sentia isso parecia ser muito conveniente para ela, mas a idéia foi arquivada.
O que ela teria de estranho? Dei um sorriso e caminhei pelo corredor ao seu lado, eu não pronunciei nenhuma palavra e ela respeitava o meu silencio o que me deixava feliz por não ter que procurar algo para comentar. Descemos a escada velha de pintura mal acabada e destruída por alguns vândalos juvenis. O Crossfox prata nos esperava, Liam se aproximou e com um sorriso torto me perguntou:
– Será que posso tomá-la emprestada por um momento?
Assenti com um sorriso. Voltei–me para Aphonso que abrira a porta do carro. Entrei. Ele fechou a porta e quando dei por mim ele estava no volante do carro. Coloquei o cinto de segurança – ele não era nem de longe um motorista sensato – e ele arrancou – desta vez ele não estava a duzentos quilômetros por hora e sim a cento e vinte, já era um avanço devo admitir.
Por um momento me decepcionei, mas acabei me lembrando de algo bem obvio, ele queria passar mais tempo comigo – felizmente minha euforia interna foi controlada ao perceber isso – e para a minha surpresa ele iniciou o dialogo.
– Eu li. – ele me disse enquanto dava de ombros.
– O que? – eu não fazia a menor idéia do que ele estava falando, eu pouco prestava atenção quando estava ao seu lado, devo confessar que isso é um defeito nada admirável de minha parte.
– Gênesis. – disse ele.
– E onde você esta? – eu desejava saber se ele tinha lido pouco sobre um dos meus livros preferidos.
– Eu o li completamente... – eu o olhei surpresa.
A minha surpresa não foi nada de anormal para ele que acabou rindo, mas agora eu queria saber como ele havia lido um livro em menos de 24 horas.
– Como você o leu tão rápido?
– Passei a noite em claro, não consegui dormir então peguei esse livro para ler. – ele explicou.
– Isso não responde totalmente a minha pergunta. – bati o pé – E onde conseguiu o livro? – ele não achou que eu iria prolongar tal assunto, se eu fosse outra não teria insistido no assunto.
Ele fitou a rua – parecia procurar uma saída – ele dobrou a direita na esquina da casa dos Wanderson's. Ele agora me fitava e pude ouvir sua resposta com bastante clareza.
– Rose. – ele voltou a olhar para frente.
– Mentiroso. – falei automaticamente, meus impulsos eram maias fortes do que meu pensamento racional.
Ele parou o Crossfox e me olhou nos olhos, ele parecia não acreditar no que estava ouvindo, olhei para frente ate ouvir a voz áspera e suave tentando me entender.
– Porque você não se satisfaz com o que eu digo? – seu semblante era serio, os olhos semi serrados mostravam dor.
– Porque não me diz a verdade?
– Não vê que é melhor assim? – ele fitou a rua.
– Não vejo e não quero ver. Às vezes tenho a sensação que você esta mentindo para mim quando eu faço simples perguntas. Eu não quero que minta para mim, que me esconda o que quer que seja.
O silencio tomou conta do carro. Ele engatou a primeira e acelerou, em poucos minutos estávamos em frente a minha casa. Abri a porta do carro e sai. Não olhei para traz, isso me machucava, mas eu não queria ouvir mais mentiras dele – não dele – abri o portão, atravessei a varanda e parei em frente à porta de madeira. Pude ouvir o Crossfox indo embora, mas não entrei em casa me encostei-me à parede e deslizei ate o chão e comecei á chorar, eu não entendia o porquê – eu simplesmente não conseguia controlar as lagrimas que teimavam em descer dos meus olhos – Não demorou muito e a chuva me fez companhia naquela noite. Cansada, fechei os meus olhos e adormeci.
Acordei em minha cama e com o sol em meu rosto, o relógio digital no meu pulso marcava dez da manhã. Permaneci na cama durante quase toda a manhã, por aquele curto espaço de tempo eu não pensei nele, mas vários lampejos de seu rosto vieram a minha mente. O celular começou a tocar, me levantei, fui ate onde estavam os meus livros e o tirei de dentro da minha pasta. Minha voz estava serena, mas a voz que ouvi era de soprano.
– Oi.
– Eduarda o Aphonso esta ai com você? – a voz de Rose se tornou familiar aos meus ouvidos.
– Não. – respondi chateada.
– Vocês não iriam para o lago hoje?– ela indagou surpresa.
– Íamos. – minha voz se tornou rude.
– Desculpa por te incomodar, então... Ate a escola. – havia tristeza em sua resposta, meu peito apertou então perguntei:
– Onde fica o lago?
– Você vai ate lá? – ouvi traços de alegria em sua voz.
– Preciso... – minha voz se tornou serena e suave, havia um sentimento de culpa em meu peito.
– Então eu te espero aqui fora. – ela finalizou com satisfação.
– Aqui fora? – indaguei sem entender nada.
– É... Eu estou em frente a sua casa e posso te levar ate lá, se você quiser é claro. – ela tinha certeza em sua voz e não recuaria de sua decisão.
– Já estou indo. – desliguei o celular.
O tempo todo foi um plano para me fazer ir ate o Aphonso, definitivamente Rose era bem sutil no que fazia.
Abri o meu guarda–roupa, e peguei o que vi pela frente – claro sem perder a noção do casual e do ridículo – um vestido branco que eu só usara uma vez.
Tomei um rápido banho, me vesti e sai sem me preocupar em trancar a porta. Rose me esperava no Logan preto de Aphonso, a porta já estava aberta. Entrei e coloquei o cinto de imediato – eu não sabia se o vicio em alta velocidade era herdado mesmo que indiretamente entre eles – Rose engatou a primeira marcha e acelerou – pelo visto era herança de família tentar se matar daquela forma – atravessou toda a cidade em quinze minutos, tempo recorde devo completar.
Afastamo–nos da cidade e seguimos por uma estrada de terra batida cercada por arvores, ate que ela parou. A pergunta que nascera em minha mente e estava entalada em minha garganta saio:
– Como você sabia? – tentei achar respostas.
– Por favor, não o pressione, ele quer que você fique bem, segura de tudo. Por isso ele não quer dizer o que você tanto deseja. Ele só quer estar ao seu lado. – ela me explicou não respondendo a minha pergunta.
– Então você também tem as respostas? – a indaguei, mas logo afastei essa duvida e dei um sorriso. – Eu também só quero estar junto dele.
– E o que esta esperando? – ela deu um breve sorriso.
Abri a porta, Rose me apontou a direção certa que eu deveria seguir.
– Vá por esta trilha. E boa sorte. – ela sorriu novamente.
– Obrigada. – fechei a porta do Crossfox e segui pela trilha, andei por uns quinze minutos ate chegar ao lago.
Ele estava sentado debaixo de uma grande arvore, seu olhar era vazio, triste e solitário. A água do lago era cristalina, arvores rodeiam toda a sua extensão, ao norte ha uma elevação rochosa que fica a dois metros acima da água do lago. Aproximei–me aos poucos, mas ao dar o primeiro passo ele se olhou para mim, seus olhos ainda vazios me encararam com alegria pressa dentro de seus olhos azuis. Ele ficou inerte enquanto me seguia com os olhos. Aproximei–me dele e me sentei ao seu lado. Ele fitou a grama verde e macia, enquanto ficamos em silencio por alguns instantes. Meu coração acelerou e com um breve sorriso em meu rosto quebro o silencioso.
– Não precisa me dizer nada. Eu não vou mais fazer perguntas, a única coisa que quero de você é...
– O que?
– Que nunca me deixe. – eu o encarei perdidas em seus lindos olhos azuis.
– Não precisa me dizer isso. Eu não vou sair só seu lado nem que eu deseje isso. – ele me deu um sorriso torto.
Pela primeira vez ele me segurou com suas mãos, seu corpo é morno, como se não houvesse calor suficiente para todo ele. Ele aspirou o ar. Deitei–me em seu colo instintivamente e olhei para o céu. Ele me olhou como se desejasse me explicar, mas minha boca se abriu docemente.
– Não preciso, eu vou ficar do seu lado não me importa como vai ser. – fechei os meus olhos enquanto ele afagava o meu cabelo.
Fiquei aninhada em seu corpo por alguns minutos, quando me levantei e coloquei minha cabeça em seu ombro. O sol começava a se por e só de estar o lado dele me tornara garota mais feliz do mundo. Houve um ruído, Aphonso olhou imediatamente para a mata fechada – por um momento pensei ter ouvido um rosnado – ate que de lá saiu Lauren, seu olhar era vazio e cheio de ódio.
Senti um ar gélido percorrer toda a extensão do meu corpo. Ele se levantou e foi em sua direção, falou para ela algo que eu não pude entender, mas o que Lauren disse foi claro aos meus ouvidos.
– Ela não é como nós. Ela nunca vai poder ficar com você como eu posso. – ela me encarou com mais ódio ainda ao ouvir o que Aphonso sibilava.
Ele voltou para o meu lado em silencio enquanto Lauren voltava pela floresta densa. Eu a olhei por alguns instantes, mas a sensação que dominara o meu corpo mandava que eu não me atrevesse a entrar em seu caminho então voltei a admirar o por do sol que se iniciava.
– Eu nunca vou deixar você. – ele sussurrou em meu ouvido.
Ficamos ali por algumas horas admirando a chegada da lua e das estrelas. Ate que sua mão afagou o meu cabelo e ele beijou o meu rosto e sussurrou ao meu ouvido.
– Esta na hora de voltarmos.
– Temos que ir realmente? – relutei.
– Precisamos. Você não pode ficar aqui. Está muito frio. – ele deu um leve sorriso – Eu não quero que você fique doente. – vi em seu rosto um sorriso praticamente esculpido por um anjo.
– Esta bem. – concordei, já que a minha imunidade não é lá essas coisas.
Seus dedos abraçaram os meus com força como Liam abraçava os de Rose. Senti–me segura por todo o percurso e no final da trilha estava estacionada uma CB 600, prata, o motor já estava ligado e surpresa por vê aquela moto ali perguntei:
– Como essa moto chegou aqui?
– Deve ter sido o Liam. – ele deu de ombros.
Fiquei em silencio por alguns segundos. Havia perguntas na minha mente que eu desejava fazer, mas eu preferia telo ao meu lado a perdê–lo. Tudo aquilo era perfeito. Era um sonho e que eu nunca iria acordar. Ele me encarou e ouvi de sua boca a seguinte pergunta:
– Tem certeza de que você quer viver esse sonho? De que você quer ficar comigo?
– Que tudo seja um sonho e que eu nunca acorde. – falei ao olhá–lo, meu rosto se aproximou do dele e vi meus lábios tocaram os dele.
O segurei contra o meu corpo que estava em êxtase, mas ele se afastou ofegante, sua pupila havia dilatado, o ódio e a culpa se misturavam em seus olhos, ele se virou e falou algo que não pude entender.
– Fiz algo de errado? – perguntei confusa.
– Não. Claro que não... – ele tentava estabilizar a voz – Foi minha culpa...
Ele tentava disfarçar com um sorriso no rosto, ele se aproximou de mim e disse:
– Vamos com calma esta bem? Eu não quero fazer nada de errado.
Assenti com um sorriso. Seus lábios se encontraram com os meus por alguns instantes. Subimos na moto e em aproximadamente dez minutos cheguei a minha casa. Desci da moto e fui para a porta abri-la e com um sorriso no rosto ele me seguiu com seus olhos azuis.
– Você quer entrar?
– Posso?
– Você não quer entrar? – porque eu tinha que dificultar as coisas?
– Não. Claro que quero. – ele sorriu.
– Então eu vou entrando e te espero lá dentro. – Entrei.
Acendi as luzes da casa e ao me virar ela já estava na porta da sala a me olhar, a aquela altura eu já havia me acostumado com sua beleza estonteante – mas ele sempre tem um truque novo que me faz ficar desengonçada em sua frente – e por suas entradas silenciosas. Eu sorri e como sempre ele retribui. Liguei a TV e aparelho de DVD, coloquei um de meus filmes preferidos Um Amor para Recordar. Peguei em sua mão e o levei ate o sofá de três lugares. Ele se sentou e me olhou novamente e indagou:
– O que houve?
– Eu estava pensando se você não quer ver o filme abraçado comigo... – fiquei corada, mas eu tinha que falar, ele estava ali e eu não poderia perder um segundo sequer enquanto estivesse com ele. Ele sorriu e ficou com os braços abertos enquanto eu me deitava sobre o seu peito musculoso.
– E seus pais? – perguntou ele em tom de respeito.
– Eles estão viajando... Só voltam no final do mês. – falei com um sorriso.
O filme se iniciou, passei todo o filme em seus braços, ouvindo sua respiração serena e os batimentos lentos do seu coração. Não sei em que momento, mas adormeci em seus braços.
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