Capítulo 11

Dominic está me encarando furioso, esperando a resposta para sua pergunta. Não sei o que dizer para ele, como me explicar.

Minhas mãos começam a suar, minha garganta seca, e eu só consigo ficar o encarando sem dizer uma única palavra.
Ele caminha cada vez mas para perto de mim, seu olhar está frio. Os punhos fechados ao lado do corpo. Me olha como se quisesse me exterminar.

- O que você está fazendo nesse quarto? - Pergunta com a voz ameaçadoramente baixa.

- Eu... é... Camy me... me disse que eu poderia ficar aqui. - Digo gaguejando.

- Ela o que? - Grita comigo.

Me encolho cada vez mas de medo. Não o conheço, não sei o que ele poderia fazer comigo. Ele está furioso.

- O que está acontecendo aqui? Pergunta Camy entrando no quarto.

- Quem é essa garota? O que ela faz no quarto de minha irmã? - Pergunta para Camy.

Ela suspira alto, e tenta tocar em Dominic, mas ele se esquiva de seu toque com brutalidade.

- Filho, essa é a Celeste. Precisava de um lugar para ficar, conversei com seu pai e decidimos ajuda-lá, até ela conseguir outro lugar para ficar. - Se explica Camy para Dominic.

- Os bons samaritanos. - Diz com sarcasmo.

Camy o encara irritada com sua atitude grosseira.

- Dominic você me respeite, e a seu pai também. Não foi essa a educação que lhe demos.

Ele revira os olhos e bufa alto. Fico sem saída, não sei o que fazer, ou falar. Me sinto frustrada comigo mesmo.

- Eu não quero ela no quarto de minha irmã. - Diz irritado.

- Você não tem que querer nada. Esta é a minha casa, e eu coloco quem eu bem entender aqui dentro. Me entendeu bem? - Pergunta muito brava. - Eu não criei um homem mal educado, e sem coração.

- Mas... - Diz frustrado.

- Nada de mas... Melanie não está mas conosco, é já passou da hora de você aceitar isso.

Fico me perguntando o que aconteceu com Melanie. Dominic me encara com fúria contida.

- Nunca irei aceitar o que aconteceu com ela. Você já deveria estar acostumada com isso dona Camily. - Diz Dominic a sua mãe.

- Domi...

Ele lhe dá as costas, sem deixá-la terminar de falar com ele, e sai do quarto batendo a porta com força.

Solto a respiração que estava presa até então, não havia percebido que estava segurando. Minhas pernas estão bambas. Me sento na cama para não cair no chão.

Camy senta ao meu lado. Me dá um sorriso triste. Percebo como ela ficou magoada com a atitude de Dominic.

Me lembro de como já tratei tão mal a minha mãe. Mesmo ela não demostrando seu amor por mim. Provavelmente as minhas grosseiras com ela, deixou alguma sequela.

- Acho melhor eu ir embora. - Digo a Camy.

- De jeito nenhum. Dominic vai ter que te aceitar.

- Não quero ser a causa de brigas entre sua família. Então para evitar, é melhor eu ir embora. - Sorrio fraco.

Camy pega as minhas mãos. Ela está um pouco trêmula. Me sinto culpada.
Ela percebe e logo fala:

- Não se sinta culpada Celeste. - Diz apertando minhas mãos de leve. - Meu filho era um homem feliz. Cantava no coral da igreja, era de uma bondade incrível. - Sorri com as lembranças. - Mas tudo mudou depois da morte de Melanie.

- Não precisa me contar.

- Mas eu quero. - Diz.

Aceno com a cabeça em concordância.

- Melanie foi diagnosticada com câncer aos sete anos de idade. Quando descobrimos, começaram os tratamentos intensivos. Minha filha perfeita, com todo saúde, estava agora fraca, e sem seus cabelos longos. Foi um tempo de luta para todos nós. Mas infelizmente, mesmo com o tratamento não foi possível salva-lá.

Lágrimas correm pelo rosto de Camy. Não consigo segurar as minhas, e choro com ela.

- Meu filho não aceitou a morte de sua irmã. Se voltou contra Deus, e se tornou um homem frio e sem coração. - Diz triste. - Peço a Deus todos os dias, para que ele volte a ser como antes. Mas eu sei que Deus tem um propósito para cada um de nós, tenho fé que meu menino ainda vai me dar muito orgulho. - Sorri confiante.

- Não desiste dele não. Ele está passando por essa fase ruim, mas se ele tiver a família ao lado dele. Tudo se torna mais fácil.

- Nunca irei desistir dele. Tenho a sensação que Deus já começou a trabalhar na vida dele. E pode ser através de você, que essa mudança acontecerá.

Me assusto.

- Eu? - Digo espantada - Acho que ele me odiou

- Tenha fé minha querida. Deus é o Deus do impossível. - Sorri confiante.

Retribuo com um sorriso fraco. Não sei o que o futuro me reserva, a única coisa que tenho certeza, é que continuarei nos braços do Pai. E de lá, não sairei jamais.

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