"Capítulo 23"
*Kate narrando:*
Chegamos na minha casa e convido Miguel para entrar, minha mãe está na sala tentando fazer a Maria Antônia dormir. Miguel sorri e vai até elas, pegando minha irmãzinha no colo. Um detalhe sobre ele é que ele ama crianças.
Mal ele a coloca nos braços, a garotinha adormece. E o lampejo de um pensamento passa rapidamente pela minha mente: bebezinha sortuda. Aí meu Deus, eu vou enlouquecer. Faz menos de um dia que me reencontrei com o Miguel e meu coração está surtando. O que deu em mim? Eu não deveria estar reagindo assim, só porque o garoto está tão bonito quanto um deus grego não significa que eu tenha que ficar louca de vontade de beijar aqueles lábios bem definidos, ou de tocar aqueles músculos escondidos sob a camisa, ou de apoiar a mão naquela bundinha firme enquanto ele faz coisas indecentes comigo.
-O que é isso, Kate?- Pergunto a mim mesma em pensamento.- Quem é você, garota? Tenha controle! Você é melhor amiga dele praticamente desde quando nasceu, por que está reparando nele assim agora? - Na verdade eu sempre reparei que o Miguel era bonito, só nunca me importei com isso.- Você precisa parar de pensar nele dessa forma, pelo amor de Cristo, mulher! Você viu esse garoto superar a fase de fazer xixi na cama. Realizar a vontade que você está sentindo só estragaria a amizade de vocês.
- Kate? Hello?- Miguel passa a mão na frente do meu rosto e só então percebo que provavelmente ele estava falando comigo. Pisco os olhos para afastar os pensamentos promíscuos da minha mente.
- Falou comigo?
- Tipo, só umas dez vezes, mas você estava para lá de Saturno.
- Desculpa, me distraí pensando em umas coisas.
- Que coisas?- Ele me pergunta, arqueando a sobrancelha com desconfiança.
- O conteúdo de uma aula. De biologia. Mas enfim, o que você estava dizendo?
- Que vou subir para dar um oi para a Elena, você vai comigo?
- Vou sim.
Subo as escadas ao lado de Miguel pensando no quanto eu estou sendo estúpida por estar tendo esses pensamentos sobre o meu amigo. E o pior de tudo, sem nem disfarçar. Ele vai acabar percebendo e se afastando caso eu não seja mais cuidadosa e tudo que eu não posso no momento é perdê-lo.
Chegamos à porta do quarto de Elena, que estranhamente está trancada. Ela só tranca essa porta quando coloca algum garoto para dentro de casa às escondidas ou então quando ela mesma sai de casa sem a permissão da mamãe. E ela não me falou que ia se encontrar com ninguém hoje.
-Elly, abre a porta.- Digo enquanto continuo a bater.
- Já vai.- Ela diz com a voz embargada, que estranho.
- É melhor deixar para lá, fala para ela que mandei um oi.- Miguel diz e se afasta da porta, mas antes que ele saia dali, minha irmã aparece.
Os olhos dela estão vermelhos e inchados como se tivesse chorado.
- El, o que aconteceu com você? Você está bem?- Digo me aproximando dela.
- Tô sim, só tô com um pouco de alergia, meu quarto está meio empoeirado.
Estreito os olhos na direção dela, duvido muito que ela esteja com alergia. Mas ela nunca me conta o porquê de estar chorando, então deixo para lá.
- E aí Miguel, aproveitou o dia com minha irmãzinha? -Ela diz, se esforçando para dar um sorriso malicioso.
- Pode-se dizer que sim.- Ele diz e eu reviro os olhos.- Só passei para te dar um oi, então é isso. É melhor eu ir para casa, já está ficando tarde.
- Espera Miguel, eu esqueci de entregar um arquivo para a Júlia e precisamos finalizar o trabalho ainda hoje, vou aproveitar sua companhia para ir até lá.
Ela desce as escadas rapidamente e abre a porta para sair, então minha mãe pergunta:
- Para onde você vai? Já está tarde.
- Preciso entregar um último documento para que eu a Júlia possamos finalizar o trabalho.- Ela diz mostrando o pendrive entre os dedos.
- Mas não faz nem uma hora que você chegou da casa dela, Elena.- Minha mãe contesta.
- Eu sei mãe, mas eu esqueci de levar esse arquivo e precisamos mesmo concluir hoje, então vou aproveitar que o Miguel é vizinho dela e irei com ele.
Minha mãe estreita os olhos na direção dela e diz:
- Eu espero realmente que a senhorita não esteja tentando escapar para alguma festinha ou para se encontrar com algum garoto, porque se for e eu descobrir, você vai ficar de castigo até depois da faculdade.
- Qual é mãe, eu nem sou de fazer isso.
- Só umas 50 vezes nos últimos meses, não é Elena?!- Minha mãe diz com uma pontada de irritação.- Você tem até 23:30 para voltar para casa, se não eu vou até a casa da Júlia te buscar.
Olho para o relógio na parede e confiro a hora: 21:45. Se por acaso a Elena for mesmo a alguma festa, nem a pau que ela chega em casa às 23:30.
- Tá bom. -Ela diz revirando os olhos.- Vamos Miguel?
- Só um instante.
Ele se despede da minha mãe abraçando-a e vem até mim, me dando um beijo na testa.
- Nos vemos amanhã?- Ele pergunta.
- Sim, para a sua sorte minha agenda está livre amanhã.- Digo com um sorrisinho.
Ele me dá um último abraço e acompanha minha irmã para fora de casa. Vou até a cozinha e sirvo meu jantar, pensando se alguma vez eu já tinha pensado no Miguel da maneira com pensei hoje. Não. Isso nunca tinha acontecido antes.
Subo para o meu quarto, tomo um banho e resolvo esperar Elena chegar, para que caso ela chegue mais tarde eu possa ajudá-la a receber um castigo mais brando da nossa mãe.
Já passa da meia-noite quando escuto os passo dela subindo as escadas. Ela passa correndo pelo meu quarto abraçada a algo e antes que eu tenha tempo de levantar da cama ela se tranca no quarto. Vou até a porta e fico esperando para ver se está tudo bem, uns 5 minutos depois ela começa a chorar baixinho.
Minha mãe me encontra encostada na porta prestar a bater.
- Sua irmã já chegou?
- Sim, faz algum tempo.- Minto para aliviar a barra da minha irmã.- A senhora sabe o que está acontecendo com ela?- Pergunto quando percebo que minha mãe também está ouvindo o choro.
- Não é nada filha, deve ser só TPM mesmo, é melhor você deixar ela quietinha. Vai para a cama que já está tarde.- Ela se aproxima e me dá um abraço. - Te amo.
- Também te amo, mãe.- Digo antes de me virar na direção do meu quarto.
Lanço um último olhar para a minha mãe parada em frente ao quarto de Elena, essas duas estão muito estranhas hoje. Primeiro a Elena começa a chorar sem motivo, depois minha mãe simplesmente releva o fato de que ela chegou em casa depois do horário combinado.
Deito na cama e algum tempo depois escuto minha mãe entrar no quarto da minha irmã, vai entender essas duas.
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