c a p í t u l o - 9

You don't know a thing at all

You don't know about the way I am when I am all alone

You don't even know

The way I care the way I've grown

You don't know about the way I love so deeply to my bones

You don't even know me

— You Don't Even Know Me | Faouzia

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Eu já estava ficando extremamente cansada de todo aquele trabalho. Obviamente, esperava que toda essa loucura fizesse parte da minha rotina, mas não consegui fazer muitas coisas durante as semanas de gravação. 

Queria que tudo ficasse perfeito, por isso não medi esforços para fazer repetições e cuidar com os pequenos detalhes. No dia seguinte, todos os atores estariam caracterizados como seus personagens, o que seria ainda mais legal. Os influenciadores estavam felizes e trabalhando muito bem.

Até o momento, não tivemos nenhum problema que fosse realmente preocupante, apenas erros do roteiro que não poderíamos deixar passar. Precisamos rever alguns vídeos e refazer outros, mas nada que atrapalhasse o processo. Tudo deveria sair conforme planejado. 

Aquele foi outro dia maluco. As pessoas já estava se despedindo da maioria dos profissionais e fechando os estúdios, um depois do outro. Já bocejavam e mostravam sinais de cansaços parecidos com o meu.

— Eu também já vou indo, Isa, preciso buscar minha filha na escola, como eu tinha avisado — Dwayne falou.

— Claro, claro, tudo de bom, boa noite — falei para ele, dispensando.

— Boa noite, Isabela, obrigada por essa oportunidade, esse primeiro dia de trabalho foi incrível, agradeço por ter escolhido meu nome — uma influenciadora, Jenny, dona do perfil PopCornent (uma piada com pipoca e conteúdo), veio me falando animada. Alta e magra, ela era branca como neve, o que brilhava com seu cabelo louro e os olhos claros. Linda e simpática.

— Imagina, Jenny! — falei. — Agradeço você por poder comparecer e fazer parte dessa ação. Fico mais que feliz que está sendo uma boa experiência para você. Seu conteúdo é incrível.

— Nossa, fico muito feliz de ouvir isso. Essa é uma das primeiras oportunidades que tive de fazer um grande trabalho, talvez seja o maior, e não poderia estar mais feliz! — ela continuou a falar com brilho nos olhos. — Eu já vou indo, até amanhã.

— Até amanhã! Tudo de bom! — respondi.

— Isa, eu já vou indo também, o Sebastian está arrumando as coisas e daqui a pouco também vem — Mary apareceu na minha frente com animação.

Cada vez que citavam o nome de Sebastian eu ficava nervosa. Não sei o que ele me causava ou como aquilo poderia acontecer, mas alguma coisa nele me deixava com uma mistura desconfortável de sensações.

— Claro, Mary, até amanhã — falei, com um pequeno sorriso.

Vi algumas pessoas se movimentando para guardar o equipamento de luz e filmagens e fiquei observando minha prancheta para confirmar se conseguimos todo o necessário para o dia. Não queria atrasar em nada esse projeto e se tudo que eu vi estiver de acordo, estamos até adiantados, o que vai nos ajudar a finalizar a produção antes e soltar a campanha. Algumas luzes de apagaram e sabia que parte do estúdio já estava fechando. Queria ficar ali até o final para ter certeza que estava tudo nos conformes.

— Oi, tudo bem? — ouvi a voz de Sebastian arrepiando meus pelos da nuca.

Levantei os olhos e ele estava em minha frente com uma jaqueta preta sobre o ombro direito, jogada, como todas as outras vezes, deixando seu corpo ser modelado pela camiseta branca, me fazendo querer arfar em alto e bom som. Me vi observando seus olhos novamente, encantada com a cor e o brilho que ele tinha, além do sorriso estonteante.

— Ah... — abri a boca mas nada saiu. Droga. Perdi meu cérebro só de olhar para ele?

— Vamos tomar um café, ou jantar? — questionou-me ele, me olhando com curiosidade. — Imagino que você ainda não tenha jantado.

O observei pensativa. Ele era simples e direto, uma coisa que eu adorava nas pessoas. E realmente, talvez eu estivesse um pouco paranoica, mas não sei se queria seguir com aquilo de algum jeito. Eu estava tão enferrujada que não sabia mais quando as pessoas estavam flertando e quando estavam só falando comigo.

— Eu não jantei ainda — respondi.

— Então isso é um sim? — ele sorriu, mostrando a fileira de dentes brancos perfeitos.

— Sim — confirmei rapidamente, antes do meu cérebro pensar em uma negativa, tentando deixar minhas inseguranças de lado.

— Eu poderia levá-la em um restaurante, mas confesso que não sou muito fã de lugares públicos. Vou pedir alguma coisa na minha casa, você gostaria de ir? — disse Sebastian. Eu, sozinha, com ele, na casa dela. Isso não parecia uma coisa com a qual eu saberia lidar. — Só um jantar entre amigos. Você parece ser uma pessoa muito legal para conversar.

— Tudo bem — falei. Não sei o que me deu para responder isso positivamente. Fiquei me julgando mentalmente enquanto o acompanhava até a porta de saída onde ele pedia um Uber.

— Eu até tenho um carro, mas prefiro mil vezes usar o Uber — Sebastian explicou.

— Eu imagino, para alguém tão famoso como você — respondi. Não era uma piada, mas soou.

— Está zoando com a minha cara? — perguntou ele com um largo sorriso.

— Não. De forma alguma — respondi com medo dele ficar chateado.

— Eu estou brincando — disse ele. — Achei que os brasileiros fossem mais divertidos.

— Como sabe que sou brasileira? Não contei isso para você — o questionei com os olhos semicerrados, mas um sorriso no rosto.

— Eu posso... ter perguntado por aí — respondeu ele, divertido.

— Foi a Mary, não foi? — o acusei. Ele deu os ombros sorrindo.

Quando o Uber chegou, ele colocou um boné e foi até o carro, onde abriu a porta para eu entrar e então sentou do outro lado, atrás. Desejamos boa noite ao motorista e seguimos por um caminho que não me era tão desconhecido. Paramos no centro de Los Angeles, em frente a um condomínio de luxo, muito bonito. Não era muito longe da minha casa, então eu não estava em completo desespero.

O motorista não puxou conversa nenhuma, o que era uma grande diferença com os brasileiros. No Brasil, eu entrava em um Uber e já sabia da história da vida toda do motorista, da família e até da prima do cachorro da pessoa. Mas aqui nos Estados Unidos eles não eram antipáticos, apenas calados. Em parte eu até gostava, mas tinha em mente que, às vezes, quando conversamos, uma viagem pode se tornar muito mais rápida e curta.

Sebastian saiu e eu o segui até o portão do condomínio, onde as altas cercas e fortes portões brilhavam com um tom de areia muito bonito. Passamos por uma porta de vidro e seguimos para o elevador. Respirei fundo. Uma caixa cúbica apertada com um homem bonito e cheiroso. Deus do céu, estava perdida.

— Então, o que levou você a sair do Brasil? — ele me questionou.

— Queria mudar de vida. Novos ares, novas oportunidades. Acabei recebendo um convite para trabalhar na CAA e aceitei.

— Você está gostando daqui?

— Bem, eu morava em um lugar muito calmo, então demorei para me acostumar com a bagunça que é essa cidade, mas estou adorando.

— Faz muito tempo que você veio?

— Não. Na verdade não faz nem seis meses ainda.

— Então o seu passeio no museu realmente foi o primeiro?

— Claro. Por que eu mentiria sobre isso?

Fiquei olhando curiosa para ele. Oshi! Será que ele me achava uma fã maluca stalker? Espero que não, porque isso me daria vontade de acertar um soco em seu rosto bonito. Só semicerrei os olhos, pensativa.

— Motivo algum. Eu só estou acostumado com algumas mentiras — disse ele.

— Você é ator, sua vida não é praticamente uma "mentira"?— perguntei totalmente irônica.

Hey! — riu ele. — Essa doeu.

Ele colocou a mão no peito e fingiu algo como um tiro. Sua expressão foi muito engraçada e não pude deixar de rir. Então a porta se abriu e senti meu sorriso desaparecendo. Eu estava rindo. Rindo de verdade. Depois de tanto tempo, eu estava genuinamente dando uma gargalhada. Me senti culpada por isso, mas logo em seguida deixei o sentimento de lado e aproveitei a sensação.

— É brincadeira — falei para ele assim que saímos do elevador.

— Eu sei — ele sorriu de novo, brincalhão.

Caminhamos até a porta do quatrocentos e dois, com um tapete simples de boas vindas. Ele abriu a porta e então entrou, acendendo as luzes de uma bela cozinha em conceito aberto, totalmente branca e bem cuidada, brilhando de limpa. O sofá ao longe tinha um tom cinzento que contrastava com o estilo minimalista e industrial da casa. Era um estilo parecido com o meu, então estava apaixonada pela decoração e pelos móveis.

— Bem-vinda ao meu lar — disse ele, estendendo os braços.

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