Capítulo 33
Ainda estava meio conturbada com tudo que estava acontecendo, algumas coisas me preocupavam, do tipo o que dizer para Arthur, mas como não há nada melhor do que um colo de mãe, eu resolvi visitar a minha.
Léo já tinha voltado ao trabalho, me senti culpada por ele está super atrasado, mas disse que estava tudo bem, selou rapidamente os nossos lábios e partiu.
Eu fui sorridente para casa de dona Maria, uma empregada me atendeu, eu fiquei surpresa,pois mamãe sempre fez questão de cuidar da casa, sempre fora uma esposa dedicada... Coitada, vivia para o marido.
Me aliviei ao vê-la vindo sorrindo em minha direção.
- Como vai, mãe? -a abracei.
- Bem, graças a Deus. -ela sorriu. -Que bom que veio.
- Eu disse que viria. -sorri indo com ela para a cozinha.
Sentamos na mesa e ela me serviu bolo e café quentinho.
- Ester, te darei o berço da menina. -ela disse.
- Ai jura, mãe?! -perguntei incrédula. Eu precisava de uma ajuda, minha grana não era muito.
- Não juro, mas é verdade. -ela riu, dizia que quem jurava mentia. -Eu já até comprei, dei o seu endereço para fazerem a entrega.
- Poxa, mãe, obrigada! -sorri agradecida.
Já era alguma coisa, tudo que eu tinha eram roupas.
- E como vai as coisas com seu marido? -perguntou ela.
- Eu não sou casada, mãe. -reamunguei. -E, eu já não sei mais...
- Como assim?
- Sei lá, mãe. Eu não o amo. -resolvi ser sincera.
- Meu Deus, Ester! Sem amor não tem casamento. -disse como se eu não soubesse disso.
- Eu sei, eu sei, mas deixa isso pra lá. -disse, se eu tentasse explicar ela não entenderia.
- A Ester, quando que você vai tomar juízo? -preocupada perguntou.
- Relaxa, dona Maria. -ri. -As coisas estão se ajeitando...
- Eu prefiro pensar assim. -ela disse.
- E você, como está sendo seus dias? -perguntei esperando uma boa resposta.
- Indo, minha querida... Eu sinto falta do seu pai, mas Deus está me confortando. -ela disse pensativa.
- Eu tenho a sensação de que ele está bem,mãe. Fica tranquila. -falei lembrando de seu Onofre o taxista.
- Sim, ele está. -falou com convicção, com certeza pensando em Deus.
Rute apareceu na cozinha de repente.
- Quem é vivo sempre aparece, né Ester? -falou rindo.
- E aí irmãzinha? -perguntei e ela fez uma careta por causa do diminutivo.
- Encontrei com Léo agora pouco. -ela disse.
- Falou com ele?
- Ele me chamou de cunhada. -ela disse e minha mãe arregalou os olhos.
- Quem é esse Léo? -ela perguntou.
- Aquele do restaurante, mãe. Eu te apresentei a ele. -Rute disse. Então Léo já conhecia até mesmo a minha mãe. -Aquele que também estava no hospital. -fez uma cara triste.
- Ah, sim. Rapaz educado... -comentou sorrindo.
- É, eu morei na casa dele durante um tempo, é uma pensão.
- Sei. Bom, minha filha, eu vou arrumar umas roupas lá no quarto, vou deixar vocês conversarem. -minha mãe mexeu nos cabelos brilhosos pelos fios brancos.
- Tá bom. -eu sorri e ela beijou o topo da minha cabeça.
Quando ela saiu, Rute sentou na mesa, pegou uma fatia de bolo e falou.
- Conta tudo! Que história é essa de cunhada? -tinha olhos curiosos.
- Ele não disse? Já que são amiguinhos. -brinquei.
- Ciúmes? É isso mesmo? -zombou.
- Não, Idiota. -ri.
- Então conta logo.
Comecei a falar toda a história, em especial o que acontecera nesse dia e sobre as minhas decisões.
- Que irado! -falou depois de saber de tudo.
- "Que irado "?-fiz aspas com os dedos e a olhei com tédio. -Eu te conto uma história dessa e você me responde com "que irado"? -perguntei zombeteira, mas realmente achei um absurdo.
- Ah o que você quer?! Tá bom, vou recomeçar. -fez uma cara falsa com sorrisinho. -Nossa Ester que fofo, que lindo, ai é romântico. felicidades pra vocês!
- Esses adolescentes de hoje em dia, só acham as coisas iradas. -reclameumei rindo.
- Cara, Você tá parecendo uma velha! -ela riu.
- Tem razão. -gargalhei. -Mas e você? As namoradinhas?
- Para, Ester.
- Pô, eu já falei que você pode me contar as coisas!
- Isso quando eu quiser contar alguma coisa, né?
- Ai tá bom, desculpa. E João, aonde está?
- Sei lá.
- Mas ele tá sossegado?
- Bem mais que antes.
- A que bom, mamãe não merece mais sofrer.
- Verdade. Olha Ester, eu vou caí fora, tá?
- Vai para onde?
- Socializar. Beijo. Fui.
- Tchau, né?
Rute estava crescendo, não era mais aquela menina acanhada de antes, estava mais solta, eu sabia que ela tinha juízo, então não me preocupava.
Fui para o quarto de mamãe, ela cantarolava uma música e de fato dobrava roupas.
- Mãe, só vim dizer que eu estou indo embora, tá? -a interrompi na canção.
- Mas já? -ela disse.
- Preciso ir. -falei.
- Tudo bem. -respondeu compreensiva. -Vai com Deus, minha filha. -se aproximou e me beijou no rosto. A abrecei e disse:
- Fica com Deus, mãe. Tchau.
Ela sorriu, e e eu fui. Já havia passado tanto tempo que era noite. Saí de lá um pouco apressada.
*****
-Ora, ora. -ouvi uma voz sorridente falando atras de mim. Era ele.
- Oi de novo. -falei rindo.
- O que faz aqui? -Léo perguntou rindo ajeitando a alça da bolsa que guardava o violão .
- Estou voltando da casa da minha mãe. E você saiu cedo hoje? -perguntei e notei que estávamos parados atrapalhando algumas pessoas passarem.
- O horário lá mudou.-explicou.
- Ah. Está levando sério essa coisa de violão em. -sorri.
- Pois é. -ele pegou na minha mão, eu não entendi de primeira, mas logo percebi, ele queria que eu caminhasse, o fiz.
Batendo papo sem muito objetivo, apenas jogando conversa fora, ele do trabalho e eu da minha família... Chegamos à areia da praia, longe de onde a água ainda alcançava.
- Senta aí. -ele disse se sentando no chão.
Com um pouco de dificuldade, sentei juntando as pernas. Olhei no relógio e eram sete e trinta e três da noite, não queria me preocupar diante daquela vista, expus minha barriga, à fim de deixar minha filha senti os ares da praia.
Vi Léo tirando o violão de sua capa.
- Que tal uma música? -perguntou dando um lindo sorriso.
- Adoraríamos ouvir. -toquei a minha barriga.
Ele começou com acordes suaves e iniciou uma canção na mesma intensidade
" Flor me diz, o que fazer
Se um beijo seu eu não posso ter
Se não fiz, por merecer
Quem sabe se eu te disser
Mas duro é o amor de partir
Se fica a olhar ele ir "
Balançavamos o corpo pra lá e pra cá, ele era lindo cantando.
" Mas puro é o amor que está aqui
É só você se deixar sentir
Não temer só sorrir
Dizer que só quer ser feliz
Poder ver o pôr-do-sol
Com o beija-flor
Não mais com o girassol."
- Que lindo,Léo. -disse olhando seus olhos quando ele terminou.
- Gostou? -disse envergonhado sem saber o que falar.
Apenas assenti com a cabeça, ele se aproximou um pouco mais de mim e passou seu braço pelo meu ombro.
- Está tão pensativa. -disse ele certo.
- Estou preocupada. -admiti.
- Com o quê? -perguntou.
- Com tudo, a minha filha, com a gente... -falei.
- Vai dá tudo certo. -ele beijou o meu rosto carinhoso.
- Ou não. Eu não sei...
- Me diz como eu posso te ajudar?
- Acho que não pode.
- Sempre tem um jeito.
- Sei lá, Léo. Mas pode deixar que eu me viro.
- Não. Eu quero te ajudar. Mas não vamos pensar nisso, Ok?
- Tudo bem...
Ficamos alí sentados, trocando carícias e beijos .
Estava ficando tarde e frio, eu resolvi que deveria ir embora, só de pensar, desanimava.
- É melhor eu ir embora. -falei baixo.
- Tudo bem, está ficando tarde. -ele disse se levantando e me ajudou a levantar também.
- Se eu pudesse ficava aqui pra sempre. -disse gargalhando.
- Eu iria gostar. -ele riu e nós fomos andando.
Temia por encontrar Arthur, isso geraria a maior confusão.
- Então, tchau, Léo. -falei quando chegamos.
- Nem um beijinho? -perguntou sorrindo fraco. Olhei ao meu redor e o beijei rapidamente.
- Agora eu tenho que ir. -disse rindo.
- Está certo, Di toma cuidado. -ele disse me olhando sério, quis perguntar do porque estava falando aquilo, mas não disse.
- Tudo bem..Até mais. -sorri e fui embora.
******'
Aquele morro era tão cansativo que eu tive que parar algumas vezes para ganhar ar.
Com custo, consegui chegar em casa.
- O que essa mulher está fazendo aqui? -perguntei assim que passei por Tetê parada na porta.
- O marido dela quer a moto emprestada. -Arthur me respondeu seco.
- Ele não tem carro? -observei ele procurando algo.
- Sim. Ele quer a moto. -disse como se eu fosse Idiota.
- E por que ele não veio aqui falar contigo?
- Caramba, sei lá! Vai perguntar pra ele. -a grosseria resolveu aflorar.
- Nossa! -exclamei irritada. -O que ela ainda está fazendo lá parada na porta igual um poste?
- Esperando a chave, Ester, a chave. -explicou impaciente. -Por sinal, sabe onde foi parar aquela porcaria?!
- Não.
Saí de perto daquele Idiota, antes que falasse mais alguma grosseria e eu perdesse a cabeça.
Tomei um banho quente e rápido, me vesti com agasalhos, estava esfriando, fui para o quarto.
Deitada na cama, eu repassava em mente os acontecimentos do dia, sorria espontaneamente ao lembrar de Léo, está com ele parecia um sonho, qual eu não queria maia acordar.
- Por que chegou tão tarde em casa hoje? -a voz insuportável de Arthur soou no ambiente.
- Eu fui ao médico. -respondi sem olhá-lo.
- Com quem?! -alterou a voz.
- Sozinha, ora. -menti. -Você não está nem aí pra nossa filha !
- Como não? Eu me mato de trabalhar pra dá um futuro pra essa criança e você diz que eu não estou nem aí?!....
E a discussão começou, eu odiava voltar pra casa, o meu dia tinha sido ótimo, era só eu voltar que Arthur estragava tudo dizendo suas tolices.
Do céu ao inferno, assim era o meu dia.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top