Capítulo 17
Já de saída do trabalho, esbarrei com Léo, nossas conversas já quase não existiam mais, não passava de "Oi,tudo bem? " ,mas foi diferente.
Depois desse intediante e famoso 'oi, tudo bem? ', nos sentamos no banquinho da praça para tentar conversar...
- Tá tudo tão diferente, não acha? -ele puxou o assunto.
- Sim, muito diferente, é assim mesmo, né?
- Não gostaria que fosse.
- Nem eu, mas algumas palavras e atitudes tem consequências.
- Se você tá falando sobre o que eu disse à respeito do seu namorado, eu já pedi pra esquecer.
- Tudo bem,Léo. Não falo mais nisso.
- Você tá feliz?
- Digamos que estou numa fase diferente de tudo que já vivi.
- Isso é bom?
- Talvez...
- Ficou tão misteriosa. -ele riu bonito. E caramba! Como eu senti falta daquele sorriso.
- Eu mudei, Léo.
- Preferia a outra Di.
- Eu também... Acho que só agora eu cresci, assumi de fato responsabilidade, sabe? -falei olhando o horizonte analisando em mente tudo que estava falando, era mesmo aquilo, eu havia crescido.
- Mas esse teu olhar de criança curiosa nunca vai mudar. -ele riu tentando enxergar o que eu olhava.
- Não é nada. -desviei o olhar e ri da cara boba dele.
- E nem essa risada escancarada de adolescente.
- Para de me observar, Léo! Eu fico sem jeito. -ri da situação.
- Saudades dos nossos papos.
- Eu também, até daquelas briguinhas bobas.
- Bons tempos...
- Falando assim parece uma eternidade.
- Pra mim é.
- A Léo... -eu fiz um afago em sua mão. -A gente pode voltar a ser amigos, tipo de verdade mesmo.
Ele apenas me encarou sorrindo, nossa comunicação por troca de olhares ainda estava ativada, eu entendi o recado e me levantei ao mesmo tempo que ele, para um saudoso e apertado abraço.
- Meu Deus que saudade, seu chato! -falei aliviada.
Tudo que senti foi Léo sendo arrancado dos meus braços brutalmente.
- SOLTA ELA! -o cara gritou.
- Arthur, para! O que você tá fazendo aqui? -falei assustada, não dava pra acreditar.
- Cala a boca! Meu assunto é com ELE. -ele tocou forte no peito de Léo que até então estava calado.
- Para Arthur, pelo amor de Deus, vamos embora daqui. -puxei pela camisa dele imaginando a briga que queria arrumar.
- Deixa Deus fora disso, e é melhor você também ficar! -suas ultimas palavras soaram como uma ameaça.
- Cara, tá louco?! -o calado Léo indagou.
- Deve está você! -ele gritou e logo agarrou pela camisa de Léo. -Eu vou acabar contigo.
Léo tentava se esquivar das garras dele mas sem deixar de encará-lo.
. Por fim chegou dois caras enormes e segurou somente Arthur o levando para um pouco distante.
- Desculpa Léo, eu tenho que ir. -falei com os olhos marejados.
- Di, por favor se cuida. -ele pediu.
Apenas assenti e saí correndo ao encontro do violento Arthur.
- VAMOS EMBORA LOGO! -ele gritou e todos ao nosso redor nos olhava.
Sentia vergonha e receio, eu já tinha visto esse Arthur tão furioso antes numa briga de bêbados, mas nunca falou assim comigo, as lagrimas rolaram devagar e quase não molhavam o meu rosto.
Subi na moto, segurei na cintura dele e o odiei por alguns minutos, Léo estava parado naquele lugar me observando distanciar.
- EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ ESTAVA DANDO TRELA PARA AQUELE OTÁRIO! -já em casa Arthur gritava andando de um lado pro outro.
- Você não devia estar trabalhando? -falei calma.
- E você, já não devia estar em casa?! -indagou.
- A gente só estava conversando! -protestei.
- Conversando, Ester? CONVERSANDO?! aquele abraço patético foi o quê?
- Deixa de ser idiota! Ele é meu amigo, quem me ajudou por um tempo, o que tem demais um abraço?!
Ele se aproximou de mim e segurou no meu braço com força.
- Presta atenção. -disse com os dentes cerrados.
- Você está me machucando. -falei com raiva e medo misturado.
- PRESTA ATENÇÃO! -gritou apertando mais ainda o meu braço. -Eu não aceito ser traído. NÃO ACEITO! -gritou feroz. -Portanto, não o faça.-acrescentou calminho com voz de suspense.
- Me solta Arthur! -gritei.
Ele me soltou com um empurrão, eu não perdi tempo, logo me recompus, rodopiei a mão no ar e acertei uma bofetada em seu rosto. Ele virou para o outro lado com a mão na face.
Saí de casa correndo, depois de quase cair da escada, correndo eu tive tempo pra chorar e sentir a ardência da marca de seus dedos em meu braço, porém doía mais no coração. Geralmente é assim, por mais porradas que você leve, nada supera a dor que fere os sentimentos. Sentia como se de repente, não mais que se repente, todo aquele carinho , aquele homem que me chamava de amor, virou um completo cafajeste.
Com as outras pessoas talvez não, mas por mim ele sempre demonstrou amor, eu acreditei.
Ainda correndo, porém um pouco mais lento, tentando organizar minha mente e enxergar além do embaçado das lágrimas, ouvi:
- Sobe aqui, por favor. - a voz dele bem mais calma.
- Some da minha frente. -falei sem o encarar e sem deixar de correr devagar.
- Vamos conversar. -pediu desacelerando a moto.
- Você já falou o suficiente. -cuspi as palavras.
- Me desculpa.
- Por favor, não fala mais nada. -minha voz embargou.
- Eu sei que não devia fazer o que fiz, me perdoa. Eu enlouqueci quando te vi com aquele cara. -falou encarando o chão, a gente já estava parado .
O meu choro se fez mais forte do que as palavras que eu queria dizer, ele desceu da moto e me abraçou, eu relutei tentando sair dos seus braços, porém ele era forte.
- Eu fui um idiota . -assumiu.
- Você é um. -falei limpando minhas lágrimas em sua camisa.
Suas palavras ditas anteriormente rondaram a minha mente, e subitamente me larguei dele e bati contra o seu peito, socando-o, deixando todo meu ódio depositado alí em marcas avermelhadas, ele não fez nada, apenas recebeu os socos e tapas de olhos fechados.
Respirando forte, eu parei.
- Volta. Vamos embora. -ele falou deixando rolar uma lágrima.
- ...
- Eu tenho medo de te perder, as vezes a gente ama tanto que acaba fazendo essas loucuras.
- ...
- Fala alguma coisa! Eu não aguento te ver assim, ainda mais por minha causa,o que eu tenho que fazer pra me perdoar?... Desculpa por te amar tanto. -depois desse monólogo, ele respirou fundo e já ia voltar a falar.
- Cala a boca e me leva pra casa. -respondi séria.
Ele apenas ligou a moto, e me levou.
Eu não tinha exatamente para onde ir, talvez para casa da dona Divina novamente, mas tinha medo de me arrepender. As vezes a gente ama tanto que acaba fazendo essas loucuras.
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