Capítulo 15
Eu saí daquele abraço apertado, olhei para Léo que sorria de lado.
- A gente se vê , Léo. -falei depois de selar rapidamente nossos lábios. Mas o que é que eu estava fazendo ?
- Tchau, Di. -disse ele com o olhar triste mas sem deixar de sorrir.
Foi nessa que eu peguei as malas e saí, deixando alí no meu quarto, talvez... Uma história pela metade.
- Nossa por que demorou tanto? -Arthur perguntou pegando as malas.
- Estava arrumando as coisas. -suspirei pensando que não tinha deixado tudo exatamente arrumado.
- Vida nova agora, meu bem.
Vamos lá. -ele disse sorrindo pegando no volante.
- É, let's go! -falei rindo.
Fui observando o turbulento trânsito carioca, as pessoas apressadas andando na rua, todo mundo se esbarrando sem ao menos se desculpar, era esquisito essas coisas, acho que a gente é tão acomodado, aceita as coisas fácil e não se importa tanto. É, tem horas que eu surto e fico tentando entender esse ser tão complicado que nós somos, provavelmente uma perda de tempo...
Arthur parou no semáforo,enquanto esperava sinal abrir, falou:
- Está tão quieta...
- Não é nada. -menti, na verdade estava confusa.
- Relaxa, você não vai se arrepender. -fez um afago na minha mão e voltou a pegar no volante.
"Assim espero " -pensei.
Não gostaria que fosse assim, é ruim viver do jeito que dá, as vezes não se tem escolha, você deve está pensando ''mas é claro que tem, fica com o Léo e tudo certo'', calma aí parça, não é bem assim. Foi por Arthur que eu me apaixonei, não posso negar que Léo mexe comigo, mas caramba! Eu não sei, essa vida é tão confusa.
As vezes a vida pode ser como como canta Zeca pagodinho, 'deixa a vida me levar, vida leva eu', porém eu não queria viver assim, sempre do jeito que der, aceitar tudo que vier, queria mesmo é levar a vida, mas enquanto eu acho que não posso fazer nada, vamos lá vida, leva-me, mas por favor, tenta escolher um caminho mais simples, menos doloroso, e ainda suplico, poupe do sofrimento aqueles que amo.
- Chegamos. -Arthur anunciou já tirando o cinto.
- Ah, ótimo. -suspirei com certo alívio .
Super cavalheiro, meu sapo em fase de transformação para príncipe, caminhou até outro lado, e abriu gentilmente a porta.
Arthur subiu a estreita escada com as minhas malas, e eu fui atrás, recebendo olhares curiosos da vizinhança fofoqueira de plantão.
Entrei num primeiro cômodo, estava tudo arrumadinho.
- Quer alguma coisa? -Arthur perguntou da cozinha.
- Não, obrigada .-respondi e caminhei até uma porta grande, era uma sacada, que dava pra vê grande parte do morro. Observando alí aquele fuzuê todo, garotas numa roda de homens, praticando a parte mais desajuizada da adolescência, usavam um shortinho mega curto, puxavam tanto para acima do umbigo, chegando quase abaixo dos seios, que eu até duvidava do estado perfeito de seus respectivos útero, elas gargalhavam escancarado e faziam charme pondo a mão nos cabelos.
Daqui um tempo elas perceberão o quão feio está aquela situação, e o constrangimento irá morar nelas.
Me perguntei mentalmente se era aquilo mesmo que eu queria, aquela vida alí, sair todos os dias e vê esse tipo de pessoa, não só por isso, o subúrbio era um cenário ainda estranho pra mim.
Uma pontinha de arrependimento me assolou, balancei a cabeça, na tentativa de expulsar aqueles pensamento e voltei para a sala.
Estava mexendo na bolsa, quando fui puxada pela cintura, Arthur me fez virar, e me invadiu com um beijo lento, sorri entre o beijo por ser pega assim tão de surpresa, ele segurou firme na minha nuca, e puxou levemente meus cabelos, deixando exposto meu pescoço.
- Que bom que você está aqui. -sussurrou enquanto beijava meu pescoço.
- Vai ser bom eu continuar aqui. -sorri maliciosa e voltei a beijá-lo.
Praticamente caímos um por cima do outro naquele sofá duro, Arthur já tinha aquela mão boba que ergueu a minha blusa, estava adorando aquilo, até que uma voz anasalada chamou por ele.
- Mais que droga! -Arthur murmurou e logo se levantou.
Me levantei rápido e consertei minha roupa, depois de verificar a blusa, ergui o olhar e a moça que já tinha invadido a casa, me olhava com deboche balançando a cabeça negativamente.
- Fala, Tetê. -Arthur bufou.
- Olha Arthuzinho, a tua moto tá atrapalhando lá no meu quintal, meu marido quer sair com o carro. -a moça um aparentemente vulgar, falou se mexendo toda.
- Foi mal, eu vou lá tirar. -falou, depois de levantar a bermuda, ele saiu.
Tetê, -nome ou apelido bizarro - me olhou e ergueu uma única sobrancelha -como eu odeio gente que faz isso, eu adoraria saber - , finalmente ela falou.
- É você a nova namoradinha dele? -não gostei do "namoradinha " mas se ela me deixasse responder, eu até diria que sim. -Arthur arruma cada uma. -acrescentou e saiu rebolando com aquele enorme traseiro.
- Olha onde eu fui me meter. -bufei e deitei no sofá.
Arthur voltou quase correndo.
- Onde paramos? -perguntou sorrindo malicioso.
-Quem é ela? -perguntei fria tirando seus braços que me envolviam a cintura.
- A vizinha de baixo.
-A ela que mora no casarão?
-É, uma tia dela morava aqui, depois que faleceu, eu aluguei o espaço.
- Ela não foi muito com a minha cara.
- Tetê não vai com a cara de ninguém.
- Mas que diabos de nome é esse?
- Tereza, a maior fofoqueira do bairro. -ele gargalhou.
-Affe, Arthur, não tinha outro lugar pra morar não? -perguntei rindo.
- Infelizmente não. -respondeu um pouco triste.
- Mas tudo bem, vizinho fofoqueiro é o que não falta nesse mundo, a gente ignora. -tentei animá-lo beijando-o no rosto sem entender aquela súbita cara triste.
- Tudo bem, amor eu ainda vou trabalhar hoje, desculpa, mas vai precisar ficar um pouco sozinha . -sorriu fraco.
- Que horas você volta? -perguntei receosa
- A noite. -disse ele
- Ok. -foi um ''Ok'' de ''caramba eu não quero ficar aqui sozinha, mas tudo bem,vá''.
Depois de me beijar, ele se foi, me deixando alí, com uma vizinha que adquiri ódio à primeira vista e uma casa pequena, sem nada pra fazer.
Ainda era sábado, teria mais um dia pra ficar sem fazer nada, e arrumar o máximo que posso em relação a minha vida, até porque eu iria procurar um novo emprego na segunda-feira.
Mandei uma mensagem para Léo, respondeu ele:
"Já sinto saudade... "
-Eu também, Léo, há algum tempo sinto sua falta... -murmurei sozinha .
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