𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 9
Mostre-me o que eu não posso ver quando a faísca em seus olhos se for
Você me tem de joelhos, sou o seu culto de um homem só
Atravesse meu coração e espere que eu morra
Te prometo que nunca sairei do seu lado
…
Porque eu estou lhe dizendo que você é tudo que eu preciso
Eu prometo a você que você é tudo que eu vejo
…
Eu nunca irei partir
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𝐹𝑙𝑎𝑠ℎ𝑏𝑎𝑐𝑘
𝐶𝑒𝑟𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑎𝑛𝑜 𝑒 𝑚𝑒𝑖𝑜 𝑎𝑡𝑟𝑎𝑠
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Dante fora chamado para o gabinete de seu pai minutos antes de Pietro sair de seu quarto, o tatuado sentiu seu estômago pesar, temia que seu pai houvesse descoberto seu segredo. Terminou de se vestir e saiu do quarto indo até seu pai. Não era surpresa que Joseph sempre o chamava, suas conversas eram sempre tediosas e repletas de ameaças ocultas, e mesmo tendo consciência disso, a sensação de pavor nunca foi algo a se dispensar.
As portas imensas de madeira foi aberta pelo tatuado, Joseph ocupada a cadeira de encosto alto, a feição enrugada, roupas caríssimas, tudo naquele homem esbanjava perigo, até seu olhar, a maneira como arqueava a sobrancelha quando algo não era de seu agrado, literalmente tudo. Tudo naquele homem deixava Dante apavorado.
—Siediti figlio. ( Sente-se filho.) —Dante engoliu em seco mas o obedeceu, a voz do velho não estava alterada nem nada, na verdade, sua calma escondia a tempestade de seu interior, mas seu olhar o entregava perfeitamente. O moreno aprendeu a lidar com seu pai, descobriu suas façanhas afim de se preparar, ainda sim, sempre foi pego de surpresa.
Ao se acomodar na cadeira, seu olhar pousou nas fotografias que haviam na mesa imensa, papéis e um MacBook, Joseph pode ser o que for, porém, jamais escondeu o quanto amava sua falecida esposa. Era um amor lindo, às vezes deixava até Dante confuso, o homem se perguntava; como um homem tão sanguinário e genocida pode ter conhecimento de um sentimento tão puro e genuíno?. Se terá a resposta algum dia, o próprio não sabia.
—È accaduto qualcosa? ( Aconteceu algo? ) —pergunta Dante, sorrateiramente.
Joseph se ajeitou na cadeira, apoiou as mãos gordas e enrugadas na mesa, entrelaçando os dedos um nos outros e olhou fixamente para seu filho.
—Ho bisogno di farti una domanda. Spero che tu sia totalmente onesto con me. ( Preciso lhe fazer uma pergunta. Espero que seja totalmente sincero comigo. )
Dante manteve a expressão inabalável, mas por dentro sentia o frio congelar todos os seus órgãos o deixando totalmente petrificado.
—Chiaro. ( Claro. ) —assentiu o tatuado sem alterar o timbre.
O chefe o analisou de modo presunçoso, só para garantir que seu filho não teria coragem suficiente para enganá-lo.
—Stai per prendere il mio posto. Presto compirà trent'anni. Sa che quando subentrerà, dovrà sposarsi. Non voglio morire senza prima incontrare i tuoi figli. ( Está prestes a assumir o meu lugar. Logo fará trinta anos. Sabe que ao assumir, terá que se casar. Não quero morrer sem antes conhecer seus filhos. ) —infelizmente Dante não esperava por isso, dentre tantas conversas com seu pai, não imaginaria que o próprio incitaria um assunto como esse.
Casar? Algo que jamais passou por sua mente, Joseph já deveria saber que algo assim não era fácil para o tatuador. As chances de um casamento era claramente nulas, e não pelo romance que tem com Pietro, e sim, por conta de seu passado maldito.
—Papà. Sai che questo non è rilevante per me. Non voglio sposarmi ( Pai.Sabe que isso não é algo relevante para mim. Eu não quero me casar ) — cada palavra foi dita pausadamente, o medo jamais o abandonaria, não enquanto Joseph viver.
—Ma lo farà. E Dante lo farà. Per anni ho visto donne uscire di nascosto dalle loro stanze, molte delle quali indegne di una posizione di moglie. Francamente, sto iniziando a pensare che ... non sei gay o qualcosa legato a quel tipo di mostro, giusto? ( Mas terá. E o fará Dante. Por anos eu observei mulheres saindo de fininho de seus aposentos, muitas delas indignas de uma posição como esposa. Francamente estou começando a pensar que.Você não é gay ou algo relacionado a esse tipo de aberração certo? )
O coração de Dante Deu um salto tão grande, o fazendo congelar por completo, de fato, ele compartilhou a cama com muitas mulheres, jamais sozinho, sempre Pietro o acompanhava discretamente, tomavam o máximo de cuidado para não serem vistos. Ao ouvir seu pai frisar com nojo o quanto é homofóbico o deixou despedaçado por dentro. Não esperava cortesia ou nenhum tipo de afeto paterno da parte dele, nunca o tivera, todas as suas lembranças paternas eram manchadas pelo massacre que ocorreu em sua casa. Na sua verdadeira casa.
Levou um tempo até que Dante pudesse assimilar com exatidão as palavras de Joseph, por fim, suspirou exausto.
—No, papà. ( Não, pai. ). —falou baixando a cabeça sem olhar nos olhos de Joseph.
—Ti consiglio di trovare una sposa per presentarla a me ea tutti i membri dell'organizzazione. Abbastanza da comportarsi come un adolescente spericolato. Assumerai il mio posto, quindi dovrai agire di conseguenza. ( Aconselho que arrume uma noiva para apresentá-la diante de mim e todos da organização. Já chega de agir como um adolescente inconsequente. Assumirá meu posto então terá que agir de acordo. )
Dante não disse nada, só assentiu em concordância visto que a conversa havia sido encerrada. Com a permissão de seu pai, o tatuado se retirou do gabinete, seus pensamentos se amontoando um sobre o outro como um maldito nó, seu peito inflava, o coração sequer diminuirá os batimentos, o moreno estava nervoso, tão nervoso que começou a pensar que seu pai sabia sobre seu envolvimento com Pietro. Uma porra de paranóia que poderia destroça-lo de dentro para fora.
Dante saira para tomar um ar, de repente aquela mansão imensa parecia quase claustrofóbica, ignorou os seguranças que apenas estavam sendo gentis, não era de modo intencional. Só não é um bom dia.
O cigarro foi aceso assim que pisou deu pequenos passos para fora da mansão, um trago forte, a fumaça sendo tragada acalmando seu interior, Dante observava o quão extenso é o território ao redor, a grama verde, bem cortada se estendia ao longe, a pequena estrada no centro com imensas árvores marcando um caminho único até os portões, o ar estava fresco o dia ensolarado, o céu azul, e nada disso o manteve calmo, talvez nada poderia mantê-lo calmo. Nem o maldito cigarro entre seus dedos tatuados. Sua mente antes tortuosa, tornou-se lívida, como um oceano azul e profundo, o motivo disso era Pietro ter surgido em seu campo de visão, Dante não sorrira o que levou o loiro a perceber que algo estava errado.
Pietro se aproximou calmamente, agindo como um guarda-costas, algo nada além que um mero funcionário, se pôs ao lado de Dante e fitou a vista á sua frente. Ambos se conhecem a tempo suficiente para entender que quando um está em silêncio, e justo que outro apenas permaneça ali, fazendo companhia até que o conforto se instale para se indicado una conversa.
—Fui convocado pelo grande chefe. —falou Dante em tom sarcástico, era assim que falava quando tinha conversas tensas com seu pai.
—Ele ordenou que eu encontre uma noiva. —continuou o moreno.
O cigarro de volta aos lábios, dando uma leve pausa, olhando de soslaio, percebeu com exatidão Pietro com o maxilar trincado a postura mais ereta, parecia nem estar respirando, exatamente como Dante estava a minutos atrás.
—E o que fará? —perguntou o loiro, o tom de voz ríspido e seco.
O sentimento de ambos eram iguais, mesmo que isso fosse um fato que cedo ou tarde aconteceria, não impossibilitou o desespero emanar como um maldito suor invisível. Jogando a guimba ao longe depois de apaga-lo na mureta, Dante soltou o ar e olhou para Pietro.
—Conversamos em outro lugar sobre isso. Aqui não é bom para isso.Nos vemos no mesmo lugar de sempre?
—Sim senhor. —respondeu o loiro com pesar e se afastou para voltar à seu devido posto.
O dia passou rápido, para o alívio de Dante. O mesmo tomou um banho rápido e se vestiu, sempre de forma impecável, as vestes escuras, os cabelos úmidos, a expressão dura e um olhar vazio, diante do espelho, o tatuado observava seu reflexo enquanto terminava de abotoar a camisa social, ali era evidente o seu futuro, sua posição que irá caber como uma luva. Um ótimo chefe. Um rei, como ele aprendeu a desejar durante seus anos infernais de turtura e dores extremas.
Descendo os lances intermináveis de escadas, Dante não viu Joseph, morava só os dois naquele local imenso, o silêncio era esmagador para caralho, apenas seguranças eram vistos. Antes eles, do que seu pai, pensou o tatuado.
Seu carro já estava a espera, um lindo Jaguar F Type preto fosco, combinava perfeitamente com o dono. Dante assumiu o volante sem rodeios e partiu em alta velocidade para a cidade, visto que morava quase três horas de distância.
O percurso por mais longo que seja, abriu espaço para que Dante pensasse em um plano, um plano no qual havia chances absurdas de dar muito errado. Todavia, o homem não tinha escolhas, depois da suposta intimidação de seu pai, precisava se apressar antes que o posto seja assumido onde a pressão se tornaria desgraçada e sufocante.
A velocidade foi reduzida ao chegar na cidade, o moreno fez o caminho que lhe é familiar, um sorriso se formou em seus lábios finos e avermelhados, sentia calma e sentia em paz sempre que podia vir a casa de Pietro.
O bairro era agradável, pelo horário havia algumas pessoas caminhando nas ruas, indo a restaurantes e lojas conveniência, o cheiro de canela e açúcar era distinto, o tatuado parou diante a entrada do prédio, olhando ao redor, sentindo os aromas deliciosos, a forma como as pessoas andam descontraídas, o próprio imaginava que talvez aquela vida, seja algo que jamais poderá ter, as chances que tinha se tornaram cinzas muitos anos atrás; o carro já estava travado então adentrou o prédio seguindo para o elevador, olhou mais uma vez sua aparência pelo espelho antes de chegar ao andar. Leves batidas soaram na porta, não tardou para que fosse aberta, Pietro usava um moletom cinza e desprovido de camisa, um sorriso acolhedor se formou em sua feição ao notar Dante.
—Sabe que não precisa tocar a campainha. —avisou pela milésima vez, e em todas as vezes o tatuado ignorava.
O apartamento possuía móveis simples porém confortáveis, a cozinha era dívida da sala por um balcão de mármore, a porta foi fechada e Dante se virou encarando seu parceiro, a tensão se dissipou rapidamente, demorou alguns segundos para que o homem se sentisse menos nervoso. O loiro tirou pano de prato que estava sob o ombro direito e se aproximou de Dante, um beijo foi depositado nos lábios do tatuado, as mãos na cintura de Pietro o puxaram para mais perto intensificando o beijo, só assim, Dante se sentiu normal, sentiu normalidade e cumplicidade.
—Estou fazendo o jantar. Vou pegar vinho para nós enquanto estou cozinhando. —falou depois de se afastar dos lábios do moreno e ir até a cozinha.
—E então. Já tem um plano? —pergunta o loiro entregando uma taça de vinho tinto a Dante.
—Sim...Pensei em usar nossa viagem de negócios ao EUA para isso.
—Não vai fazer o que acho que irá fazer não é? —retrucou Pietro um pouco apreensivo.
—Sim. Vou enganar Joseph. Olha, um casamento arranjado não deve ser difícil. Com muita grana envolvida não deve ser problema uma mulher aceitar. —explicou se sentando no sofá e tomando um gole do vinho.
Pietro se sentou na poltrona que ficava uns centímetros de distância do sofá e o olhou diretamente.
—Não é fácil enganar seu pai Dante. Não se engana o diabo.
—Isso precisa dar certo. Eu não quero me casar. Nunca quis. —argumentou o tatuado.
—Sei disso Dan.Dará certo. E se for preciso se casar, não se preocupe, é um casamento que só há negócios envolvidos. —mesmo dizendo isso era nítido a agonia e medo.
Ambos tinham sentimentos reais um pelo outro, tão real quanto a merda que precisavam conviver no dia a dia. Dante colocou a taça na mesinha de centro na sala e fez o mesmo com a que estava nas mãos de seu parceiro, segurou a destra do homem e o puxou gentilmente para que se aconchegasse em seu colo.
—Ninguém vai separar você de mim Pietro. Ninguém. —enfatizou com firmeza cada palavra, afim de aliviar a ansiedade que Dante sabe que Pietro tem.
As mãos tatuadas estavam na cintura do loiro, o olhar fixos um no outro, era uma promessa que precisava ser dita sempre em situações críticas . As vezes as emoções precisavam ser ouvidas além de ser só sentida.
—Confio em você. Só estou preocupado. E se você se apaixonar pela mulher que escolher? Sabe que isso pode acontecer não sabe? —voltou a perguntar, os dedos longos e pálidos acariciavam a feição de Dante com carinho.
—Não vai acontecer bebê. Como você disse são só negócios. Você é importante para mim. Só você. —voltou a citar.
Pietro sentiu seu interior apaziguar, sabia e confiava sempre nas palavras e sentimentos de Dante. Porém, por anos queria ouvir as palavras, era difícil para si não dizer "Eu te amo" para seu parceiro, e pelo moreno jamais dizer, decidiu por fim que também não diria. Ao menos, ainda não. O beijo foi leve dessa vez, calmo, a língua em sincronia perfeita com a do loiro, as mãos em seu pescoço o mantendo assim, infelizmente precisou se afastar já que o jantar estava para ser finalizado.
—Vou terminar o jantar, e depois continuamos de onde paramos tudo bem?
—Sim.
Pietro saira do colo do tatuado e antes de seguir para a cozinha disse.
—Espero que isso realmente dê certo. Estou com você para o que der e vier.
—Sei disso. E você irá me ajudar a encontrar alguém não vai? —voltou a perguntar um pouco ansioso.
—Claro que sim. Já que eu terei que protege-la das mãos do diabo e seus súditos fiéis.
Os dois sorriram e Dante voltou a apreciar o vinho e torcendo mentalmente para que nada dê errado.
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