𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 50
" A dor é tão necessária como a morte."
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Nova York • Estados Unidos
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VINCENT GENOVESE
A sala escura e luxuosa era iluminada apenas com a luz crepuscular. Vincent se encontrava acomodado numa poltrona, num terno bem alinhado, o copo transparente sua bebida de mais apreço; de frente para si, uma enorme tv, onde assistia várias vezes sem parar a mesma coisa. Assistia Millenna repetidamente, alimentando seu ego sadomasoquista, sentindo-se ao menos um pouco saciado, ainda que não fosse o suficiente.
Com sutileza, Genovese apreciou o gosto do whisky Macallan M Single Malt Scothy , a garrafa de cristal feito a mão jazia no pequeno aparador de vidro em formato oval ao lado da poltrona de couro, de lumes fechados, o homem absorveu em seu paladar apurado o gosto delicioso do líquido de cor Rosewood. O gosto no início lhe fez imaginar perfeitamente as especiarias de madeira impostas, revelando aos poucos sua viscosidade, no fim pode-se usufruir dos sabores pesados de passas e sultana, serpenteando para um fim longo e completo. — a porta pesada, foi aberta, passos se aproximavam e Vincent tampouco se importou em se virar, odiava ser interrompido, detestava que adentrassem sua sala sem um aviso breve.
— Signore. Perdonami se ti disturbo, ma hai un visitatore. (Senhor. Perdoe-me por incomodá-lo, mas tens visita ) — Matteo desculpou-se.
Vincent não se moveu, levantou o indicador para que o acastanhado ficasse em silêncio. A tv fora desligada, num gesto sereno, o próprio pegou a caixa de charutos cubanos cohiba, fazendo todo o procedimento em silêncio, cortando a ponta com o objeto próprio para tal, acendendo em seguida e tragando uma quantidade considerável, soltando o restante, observando a fumaça dançar quase como numa valsa em câmera lenta, até sumir por completo. — a raiva lhe tomava quase por completo, o ódio culmina seu ser, pois ter ciência de que Dante Grecco tinha em mãos sua garota, fazia-o querer invadir os portões de sua mansão e matar todos que adentrassem seu caminho, incluindo o tatuado que assumira recentemente o posto de chefe da máfia Calabria.
— Inviare. ( Mande entrar ) — ordenou rude.
— Si signore. ( Sim senhor ) — Matteo saiu rapidamente, fechando a porta devagar e se afastando para por fim, permitir que a visita viesse até seu chefe.
Não tardou para que a suposta visita adentrasse a sala, o par de saltos eram os únicos ruídos que afastava o silêncio excruciante, a mulher sorriu ladino, o vestido preto marcava bem o corpo, os cabelos soltos, a maquiagem leve que deixaram-na ainda mais bela e seduzente. — sem esperar um convite, se acomodou entre as coxas do homem, que parecia entretido com o charuto que logo foi tirado de seus dedos pela mulher que ainda sorrindo, fumando sem desviar os lumes de Vincent.
— O que quer? — o timbre rouco e arrastado de Vincent soou frígida, afiada e totalmente sádica.
— Te ver. — sorriu antes de tragar a fumaça, aproximou-se dos lábios alheios já entreabertos e soprou a fumaça, passando-a para Vincent.
— Fez o que lhe ordenei?
— Sim. Do jeito que me pediu. — a mulher constou num sorriso largo, quase enfadonho.
Vincent sorriu satisfeito.
— Muito bem.
O charuto foi apagado por fim, Genovese serviu-se de mais bebida, a mulher depositava selares curtos no pescoço alheio, sentindo a fragrância amadeirada do homem que diz amar.
Ambos ficaram ali, a mensagem ja havia sido mandada para Dante Grecco.
Adorava abalar o homem que se diz inabalável.
Visto que ninguém és firme o tempo inteiro.
E não tardará para que se inicie a segunda fase do plano.
Suas ambições jamais foram sinônimo de se aventurar na penumbra, Vincent era um homem sem temor, que mantinha tudo às claras, como um manipulador nato, seus pensamentos nunca eram regidos a condutas puras e genuínas. Todavia, o homem de uma beleza sem precedentes, nada mais era que um demônio criado nas profundezas do inferno, que caminha pela Terra, justamente para trazer a dor, o caos e principalmente dilúvios infindáveis de puro sangue escarlate. — Lucca seu falecido irmão era tão metódico, era fraco, despreparado, sempre agindo conforme as emoções e nunca pela razão, por isso, quando chegou em seus ouvidos a morte do irmão, Vincent não lamentou, pelo contrário, sorriu, gargalhou como uma criança ganhando seu brinquedo favorito. Tal felicidade, fez da noite prazerosa em níveis desproporcionais.
Sua família era uma tremenda desgraça, Genovese deixou tudo para trás para criar seu próprio império, seu castelo, onde poderia mandar e desmandar sem que houvesse murmúrios ou até descontentamento. — ao se estabelecer em Nova York, não tardou para que sua boa lábia conquistasse os piores dos piores, afinal, dinheiro aos montes sempre serial seu melhor aval para obter tudo e todos na palma das mãos. Para moldá-los a seu bel prazer, deixando-os quase semelhantes a si. Ou até melhor. Mas não tanto.
Pois neste castelo, apenas habitará um rei.
Numa noite, enquanto caminhava despreocupadamente pela rua, o destino de Millenna foi selado, pois num azar fatídico, a morena de feições doces foi alvo de roubo, o que foi a deixa para que um homem belo viesse salvá-la. Desde então, a dor se manteve em sua vida, assim como o ar que respira.
A obsessão e possessão de Genovese não era de desconhecido de Millenna, não era culpa sua por ter caído nas graças de um estranho que aos poucos foi conquistando seu coração, sendo tudo o que ela sempre sonhou em ter. — como sempre é dito :De boas intenções, o inferno está cheio.
E isso era um fato que sempre é consumado, não importando as circunstâncias. Vincent tomou a morena para si, desejando-a como jamais desejou alguém; amar a mulher, isso nunca aconteceu e jamais aconteceria. Pois, foi criado com ferro em brava para aprender que o amor, nada mais é que uma fraqueza que o levaria às piores ruínas.
Como um bom sádico, descobriu que a dor, as lamúrias e as palavras em momentos de desespero, sempre lhe causavam intensos orgasmos quando vinha de Millenna Albuquerque; percebeu isto quando num surto de raiva por absolutamente nada, veio a feri-la. E foi isso que o fez ver o medo nos olhos alheios, ver o tremor no corpo menor e esguio, observou com veemência o quanto a garota supriria seus anseios demoníacos.
A partir disso, a paz era quase nula, e quando era estabelecido por muito tempo, é porque havia algo extremamente errado. Millenna sentia, e sentia demais, passou a carregar um peso que tanto ela, quanto nenhuma outra mulher merecia.
Deveras que, todo ser humano é um psicopata em potencial. Todos são capazes de cometer crimes e atos hediondos. — O que impede grande parte, não é medo de matar, mas sim o medo de ser punido, não importando como.
Já outros, nascem com a falta de empatia cravado na alma, tornando-os tão malditos quanto.
Vincent se encaixava bem nesse quesito, entretanto, não se importava. Seu ego era sua melhor companhia, junto ao narcisismo constante.
Quando permitiu Millenna viver sem sua presença constante, não foi de caso pensado, aliás, sempre teve olhos e ouvidos em quaisquer lugares; então conhecia rotinas, buscava fechar todas as saídas que a morena buscasse obter. Se tudo permanece dando errado, é porque o diabo ainda está à espreita. Genovese só não previu o surgimento de seu mais novo inimigo, e odiava impiedosamente quando algo fugia de seu controle.
Digamos que Vincent é lunático o suficiente para criar seu ideal, um mundo no qual ele é deus, onipotente, onipresente e onisciente. Ele determina tudo.
E quando se refere a tudo, significa que também controla quem vive e quem morre.
Simples assim.
Millenna é sua, e será até o dia em que a morte vier ceifá-la.
Não medira esforços para tê-la de volta sob seus domínios, nem que pra isso mate Dante, e transforme aquela mansão em nada além de escombros. — Vincent pode ser tudo, mas burro nunca foi, conquanto pudessem tentar impedi-lo, as chances de conseguirem és tão baixa quanto.
Horas depois, sua visita já havia ido embora, nisto, o homem voltou a assistir sua musa, seu anjo, com um sorriso nostálgico marcado no rosto lindo e bem esculpido.
Havia muito que ser revelado.
Verdades que foram mantidas ocultas por anos a fio. E que logo seria posto a prova.
A dor vira de todos os lados.
Enquanto Dante é um general da justiça.
Vincent é general da morte infindável, da dor e da escuridão que mesmo silenciosa, matava e se banhava com o sangue de inocentes. — pois estes sim, era perfeito para lavar o corpo do diabo e aquecer sua pele alva, marcava de pecado.
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Até o próximo cap ...
Está é só uma palinha, deixei muita coisa no ar.
Há algo que irei fazer.
Algo que pensei muito e até conversei com uma amiga para que ela pudesse aprovar. Então.
Logo logo iram saber.
Fuiiii....
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