𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 34

Por você, eu
Seria capaz de fingir estar feliz, mesmo estando triste
Por você, eu
Seria capaz de fingir ser forte, mesmo estando machucado
Eu queria que o amor pudesse ser aperfeiçoado apenas com amor
Queria que todas minhas fraquezas pudessem ser escondidas
Eu plantei uma flor que não pode florescer
Em um sonho que não pode se tornar real

FAKE LOVE - BTS

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𝑀𝑖𝑙𝑙𝑒𝑛𝑛𝑎 𝐺𝑟𝑒𝑐𝑐𝑜 

Os dias passavam lentamente, Pietro se encarregou de me ensinar a me defender e ao menos atirar com uma arma de pequeno porte; deixo evidente o quanto ele é paciente, porque se fosse eu no lugar dele, teria desistido na primeira tentativa. Nesse exato momento, me encontro praticamente morta de cansaço, posso ser uma ótima dançarina, ter bom condicionamento físico e ser um tanto maleável, mas com luta eu sou uma negação. — Dante precisou sair antes do nascer do sol, para resolver algumas pendências e cobrar outras de pessoas que não fiz questão de saber, pois temia a resposta. 

— Levante bambina. — Pietro ordena escondendo o sorriso debochado . 

— Estou cansada. Meu corpo todo dói. — resmungo ainda de olhos fechados e jogada no tatame. 

Pietro gargalhou, não precisei abrir os olhos para saber que o homem havia deitado ao meu lado. Esse cretino nem suou, já eu, parecia uma cachoeira de tanto suor. 

— Estou pegando leve com você cara mia...Se fosse treiná-la como realmente fazemos, não iria durar um dia. — constou. 

— Imagino. Vocês trogloditas são sanguinários. — retruco . 

— Fomos criados assim. 

— Sei disso, e sinto muito por isso, Pietro. 

Fui sincera em cada palavra, doía só imaginar o quão horrível foi para eles; nunca fui curiosa para saber como tais organizações funcionam, após adentrar tal mundo, mesmo me mantendo intacta por fora, por dentro estava prestes a implorar para que me deixassem ir. Pietro e Dante eram homens diferentes do que imaginei, demorou para que eu acreditasse que falavam a verdade, que não me escravizariam ou algo pior do que isso; se é que há algo pior. 

— Ti va tutto bene? ( Está tudo bem com você ? ) — nunca vou me acostumar ao quão atraente Pietro consegue ser; esse sotaque italiano, a voz rouca e arrastada é uma perdição. Dio Santo. ( Santo Deus ).

— Sim. — minto. Na minha concepção nada está bem. Pareço afundar cada vez mais em meu maldito trauma, nos sonhos desfocados.

— Bugiardo. ( Mentirosa ) — Pietro me acusa.

— Não importa Pietro. Se estou bem ou não, isso não é muito relevante. — de fato. Visto que não imagino quando tudo isso passa, claramente vou fingir até crer que realmente estou bem . 

—Per me è rilevante.  Non voglio vederti in quel modo, parlami piccola.  Lascia che ti aiuti con ciò che ti affligge. ( Para mim é relevante. Não quero vê-la desse jeito, converse comigo bebê. Me deixe ajudá-la com o que te aflige ) — abri meus olhos e o fitei, sua voz pareceu me acalmar, sinto que posso confiar minha vida a ele, e a Dante também . 

— Não sei se quero falar abertamente sobre isso . — digo após respirar profundamente. 

— Sem problema piccola. No seu tempo, saiba que eu e Dante estamos aqui para você. 

— Obrigada. — agradeço e me levanto. 

— Não vou  consumir sua energia ainda mais, parece cansada, não pelo treino, então está dispensada disso. Quer tentar atirar de novo ? — incita. Era notório o quanto Pietro estava tentando afastar os pensamentos ruins, me instigando a ao menos descontar as frustrações em um alvo . 

— Quero . 

O segui até o stand-in de tiro, havia muitas armas de todos os tipos e tamanhos, quando os chamei de "Italianos Pistoleiros" Pietro sorriu, e era tão lindo o sorriso dele que quis ouvir mais e mais...Sua história ainda é um mistério para mim, a de Dante também, e quando busquei saber a alguns dias, ambos mudaram de assunto; assim como eu, eles também buscam fugir do passado. Totalmente compressível. 

A arma que usei antes já estava posta na mesa, simplesmente me apaixonei por ela, outro fato que jamais pensei em gostar. Peguei a Beretta 92fs, pistola semiautomática criada em 1972, pelo menos consigo lembrar de tudo que Pietro havia explicado com tanta paciência. A destravei e me direcionei até o alvo. Coloquei as proteções, olhei de soslaio e o moreno apenas assentiu para que eu fosse em frente. —fechei meus olhos, mentalizando o centro de toda minha dor, o motivo que quase me fez morrer, e do quanto eu o odeio profundamente. Vincent. O alvo estava bem distante, segurei a arma com firmeza e mirei, e ao puxar o gatilho o que me veio à mente, foi o tiro acertando a cabeça de Vincent; não ousei parar, puxei o gatilho até que não sobrasse nenhuma bala no pente. 

Não há nada no mundo que possa medir o nível do meu ódio, do meu rancor, e do quanto desejo que Vincent sofra. 

— Piccola ? Hey ? — a voz de Pietro me traz de volta. 

Minha mão tremia, larguei a arma e comecei a contar, respirando a cada número, até me acalmar. Eu o odiava. Eu o quero morto. Que Deus me perdoe, nunca fui uma pessoa violenta ou vingativa; entretanto, diante a tais circunstâncias horrendas, meu maior desejo era esse. Que Vincent queime no inferno. 

— Está tudo bem. — digo quase sem emitir som. 

— A levarei para o quarto. Não se cobre tanto assim Millenna. Prometo a você. Que ele morrera em breve. — ele sabe, Pietro me compreendia bem, pois havia sido ele que me defendeu de Vincent quando nos conhecemos. 

Pietro deixou-me no quarto e saiu sem dizer nada, corri para o banho, retirando as roupas e ligando o registro, grunhi ao sentir a água gelada, mas logo senti os músculos relaxarem fechei meus olhos e infelizmente me peguei em outra maldita lembrança. 

Flashback.

— Esconda bem essas marcas amor. Não quero que meus sócios a vejam nesse estado. É minha mulher então me impressione. — Vincent ordena. 

—Claro. — concordo. 

Após o banho doloroso, me sentei diante o espelho, meu rosto estava marcado por hematomas roxos, meu lábio inferior estava cortado e um pouco inchado, as lembranças dos tapas e socos que o maldito me dera, me fez perder a consciência rapidamente. Fazia dias em que não comia bem, Vincent havia me trancado no quarto, me impedindo de comer ou ao menos tomar um pouco d'água. 

Comecei a passar a base com cuidado, o mínimo toque nas regiões afetadas, uma lágrima escorria, não adiantava implorar. Vincent ainda iria me matar em um dos seus surtos infernais de temperamento. Cobri o máximo possível, até não haver um resquício da cor horrorosa em meu rosto. Fiz a maquiagem do jeito que ele gostava, Vincent sempre deixou claro que odiava muita maquiagem, odiava que eu pintasse as unhas em cores chamativas ou me vestisse de modo "indecente" como sempre diz; e para agradá-lo, acatava as ordens sem pestanejar. — optei por um vestido longo, que não deixasse meu corpo à mostra, pois havia marcas em minhas pernas, colo e imagino que tenha em minhas costas também. 

Meu pesadelo entrou no quarto, já vestido em um belo terno azul, sua beleza era avassaladora, e assustadora. — o mesmo caminhou até mim, ajoelhando-se diante de mim, para me ajudar com os saltos. 

—Uau. Está muito linda amor. — elogia com uma empatia forçada. 

—Obrigada. Você também está muito lindo meu bem. — devolvo com um sorriso amargo. 

—Somos um casal perfeito . Amo você minha deusa. 

— Eu sei, também te amo. — respondo temendo ter dito algo errado, ou que notasse a mentira em minha voz. 

— Sei disso. Logo iremos nos casar. Até que a morte nos separe. — frisou, lançando-me um olhar mortal, engoli em seco e sorri concordando com o próprio . 

— Vamos? Estamos quase atrasados. 

— Me perdoe se demorei demais. Me desculpe . — peço já sentindo o coração prestes a saltar do peito. 

Sua destra acariciou meu rosto, o toque que me fez tremer só de imaginar o que talvez faria em seguida. 

— Não se preocupe princesa. Estava se arrumando para mim, então compreendo a demora. — soltei o ar , aliviada, mas ainda desconfiada. 

—  Sabe dos regras não é? — Vincent me lembra. 

— Sim senhor. 

— E quais são as regras bebê ?

— Não devo olhar para ninguém, não beber sem sua permissão e ficar em silêncio. — repito automaticamente. 

— Boa garota. — diz animado.

Vincent me puxou para um beijo rude, possessivo e dolorido. 

— Quando chegarmos, cuidarei de você. Sei que fui um pouco agressivo, prometo lhe compensar. 

Pouco agressivo? Penso. Você simplesmente quase me matou enforcada, penso novamente, mas por fora apenas sorri selando novamente meus lábios com os dele, sentindo nojo cada segundo. 

— Obrigada meu senhor. — agradeço em uma submissão que sei que o agrada. 

— De nada amor. 

E assim seguimos para nosso destino. 

Cada dia é um medo diferente, e um trauma diferente. E o maior deles, é temer ser o último. 

Flashback Off

Passei o restante da tarde no quarto, mandando mensagens para Anna, onde novamente não obtive retorno, isso estava estranho e a sensação que tenho é de que algo aconteceu ou ainda vai acontecer. Uma das funcionárias adentrou o quarto, trazendo meu café, no qual agradeci com carinho; nunca troquei uma palavra que não fosse diferente das que são constantes. Imagino que também não procuram conversar comigo, visto que sou mulher do novo chefe da Máfia Calabria. — Dante mandara uma mensagem, avisando que chegaria antes do jantar, Pietro por sua vez só apareceu para se certificar de que estou bem . 

Apreciei o gosto do café fresco, junto a um a frutas e outros alimentos que eram demais, por ser uma só, isso aqui era um banquete para quase quatro pessoas. 

O fim de tarde se mostrou presente, as folhas verdes eram tocada pelos raios solares alaranjados, o céu numa cor linda e admirável; mais um dia se foi, mais um dia em que me sinto igual, amargurada e afogada em meus próprios problemas. Mesmo que eu diga tudo para Pietro e Dante, não creio que irá aliviar o peso em meus ombros, dissipar os pesadelos ou livrar-me de todos os traumas que Vincent me proporcionou. Do inferno que vivi como se fosse a última vez. 

Dante entrou no quarto, estava na varanda e não falei nada, quando me levantei e corri até o mesmo, abraçando-o e chorando desesperadamente. 

— Cos'è successo, amore? ( O que houve amor ? ) — Grecco questiona alarmado. 

Não consegui falar, apenas me agarrei a ele como uma âncora, como um bote salva-vidas, que pudesse me trazer esperança de viver. 

Meu Deus! Até quando viverei dessa forma. 

—Va bene Millenna.  Sono qui.  Non piangere. ( Está tudo bem Millenna. Estou aqui. Não chore. ) 

Não me sinto digna de absolutamente nada, tudo o que conheci não foi nada além de dor, mesmo livre de Vincent, ainda me sinto presa a ele, a tudo que me causou. Eu o odeio. E me odeio com todas as minhas forças. 

Permiti em silêncio, que Dante me pegasse no colo, o cheiro delicioso do próprio me acalmava,  meus cabelos eram acariciados pelo homem, mesmo o conhecendo tão pouco, sinto que o conheci em outra vida. Com Pietro não é diferente, possuo os mesmos sentimentos por ambos, era estranho e familiar ao mesmo tempo. Estar apaixonada é assim? O sentimento é mesmo esse? Tão bom, tão genuíno, e mesmo assim, sinto-me incapaz de ter esta dádiva. 

—Un giorno andrà tutto bene, piccola mia.  Fidati di me. ( Um dia tudo ficará bem, minha pequena . Confie em mim. ) — Dante murmura. 

— Espero que sim. Obrigada. — digo um pouco abafado . 

Meu celular vibrou, sai do colo de Dante e peguei o aparelho, desbloqueei o ecrã e havia uma mídia fechada. 

Ao abrir, senti todo o ar saindo de meus pulmões, meu corpo pesar, e a visão escurecer instantaneamente. Era Anna. 

Vincent estava com ela. 

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Até a próxima att <3
Ótimo início de semana para vocês ...❤️ Escrevi esse capítulo as 3:00 da manhã, antes de ir trabalhar, e até no ônibus estava completando o cap. Kkk.

Caso aja erros ortográficos, peço desculpas. Não houve revisão

Jamevu 😘❤️

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