𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 20

Um cara como você devia usar um aviso
É perigoso, estou me deixando levar
Não tem escapatória, não consigo esperar
Eu preciso de uma sacudida, baby, faça isso por mim
Você é perigoso e eu estou amando isso

Melanie Martinez - Toxic

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𝑀𝑖𝑙𝑙𝑒𝑛𝑛𝑎 𝐴𝑙𝑏𝑢𝑞𝑢𝑒𝑟𝑞𝑢𝑒

Tédio infernal. Não aguento mais ficar sem fazer absolutamente nada, sinto falta de dançar, de sentir a música me envolver, tomar meus sentidos, me fazendo dançar em uma barra até que meu corpo perca a adrenalina. Joseph sumiu de vista, graças a Deus, ele era um dos motivos pelo qual eu me tranco no quarto e não saiu nem por um decreto, claro que precisava opinar sobre muita coisa a respeito do casamento, incluindo o vestido de noiva que ao meu ver, é simplesmente magnífico. Esse era pra ser um momento mágico né ? Convidar a família, amigos, estar com ansiedade para que venha logo o dia.

Mas não é bem assim, não pra mim, o que sinto é um medo descomunal, ansiedade e desespero de que algo ou alguém revele nossa tramóia, sendo mais franca, estou com medo de morrer. É isso.

Andei de um lado a outro do quarto imenso, troquei algumas mensagens com Dante, não era lá grande coisa, por mais que tenha me ajudado durante a maldita crise de pânico, senti certa vergonha, então o evito também.  Sai do quarto para dar uma volta pela propriedade, ou ler um livro perto da piscina, o silêncio até que era bem vindo, os funcionários caminhavam sorrateiramente pelo local, limpando o que já estava limpo ou trocando flores dos vasos, os seguranças pareciam umas esculturas, totalmente imóveis, fico pensando se estão respirando porque chega a ser medonho a maneira como estão parados com o olhar fixo em alguma coisa. Por curiosidade descobri alguns cômodos interessantes, achei um escritório, outra sala de livros, uma de música onde tinha um piano transparente belíssimo, talvez eu volte para tocar alguma coisa mesmo sem ter ideia se podia ou não. 

Fechei a porta da suposta sala de música e ouvi um barulho vindo da porta quase no final do corredor, essa mansão é medonha, Deus me livre de andar sozinha à noite por aqui. Andei como quem não queria nada, as portas dupla cinza chumbo estavam fechadas, toquei a maçaneta e abri devagar, academia era a única coisa que não tinha passado por minha mente, esse lugar é vasto para um santo caralho. Adentrei silenciosamente, passei por alguns equipamentos e foi aí que vi, os corpos suados, o tronco totalmente despido, Dante e Pietro estavam numa espécie de ringue, lutando como se não houvesse o amanhã, as tatuagens de Dante reluziam por conta do suor que escorria por suas costas musculosas, uma visão e tanto, misericórdia. Uma bela visão com certeza. 

Pietro lutava com a leveza de uma cobra, o olhar fixo em seu oponente, o suor também o cobria, os fios loiros agora escuros e úmidos, os lábios um pouco fartos entreabertos. 

Se eu morrer. Saibam que essa visão foi o motivo do meu colapso.

Eu Millenna, não seria totalmente eu se não fizesse barulho, esbarrei em alguns pesos e o barulho chamou ambas atenções , e foi nisso que pedi a Deus para que o chão se abrisse para eu me enfiar dentro.  

—A quanto tempo está aí cara mia? —pergunta Dante.

—Acabei de chegar. Desculpe pelo barulho.

—Estávamos terminando , não se preocupe.O que está aprontando? 

—Estou entediada então procurei conhecer melhor essa mansão que parece o palácio  Buckingham. 

Pietro deu um sorriso largo, retirando as faixas que cobriam seus dedos e um pouco dos pulsos. Dante por sua vez permaneceu parado, seus olhos azuis me fitavam como quem quisesse se certificar de que eu estava realmente bem. A julgar pela noite horrível, mas que causou a primeira noite que dormimos juntos, as coisas pareciam estar fugindo do controle . Ao menos é assim que vejo. 

—Sei.Não fique perambulando demais. Não é seguro.  —volta a dizer.

—Uhum. Então. O que eu posso fazer sem tomar um tiro na testa ? —brinquei e automaticamente me veio à mente. "brincadeira tem hora". Concordo. Deus me livre brincar com coisas assim.  Vishe.

—Sério Dante. Estou começando a achar que está me mantendo em cárcere. Preciso sair, dançar, preciso sair desse lugar um pouco. —insisti. 

—Tenho assuntos importantes daqui a pouco. Pietro pode levá-la, para sei lá onde. —argumenta.

Fiquei em silêncio observando esse monumento que é Dante Grecco, sem deixar de mencionar Pietro. Jesus. Fico pensando, não nos conhecemos bem né, sei lá não sei nada, que não seja relacionado a máfia. 

—Ou você poderia me deixar ficar na sala de música né. Só queria uma barra lá, mas nada no mundo é perfeito.Ia esquecendo. Queria convidar minha melhor amiga para vir ao casamento esquisito. Mas também não quero, porque, bom, você sabe . Só tem maluco aqui . —tagarelei envergonhada.

—Seria bom ter alguém para lhe fazer companhia. —concorda Dante. AINDA SEM CAMISA. Só pode estar querendo que eu morra.

—Dan. Melhor não.  —Pietro finalmente se pronunciou, entregando ao moreno uma garrafa d'água. 

—Millenna, você já está muito envolvida conosco. Melhor que não envolva mais alguém. 

—Envolvida com vocês ? Eu não.  —retruco rápido. 

Minha lerdeza me joga em cada situação. Ele disse de um jeito e eu só pude pensar no que houve na porcaria da boate . Oh porra. 

—Está sim.Não é do jeito que está pensando Millenna. Apesar que seria bem interessante. —diz Dante com um olhar malicioso.

—Nem vem com essa pra cima de mim. 

—Então pode ser de lado?

—Chega desse papo seu insuportável. Pietro vai deixar ele ficar com essa putaria pro meu lado?

—Eu bem que concordo com ele bambina. 

—Cruzes. —falei já pronta pra sair correndo. 

—É brincadeira Millenna. Relaxa.Ou talvez não, mas aí fica a seu critério amore mio. —diz Dante ainda sorrindo.   

—Meu amor uma porra Dante. Para com isso hein.  Seu assanhado.  

Dante gargalhou e não demorou para que Pietro sorrisse também, sinceramente esses dois acham que sou uma palhaça ? Eu hein. 

—Fica com essas gracinhas para você ver. —consto, o ameaçando. 

—Desculpe. O casamento é daqui alguns dias, então se quiser, nos oferecemos para ser sua despedida de solteira.  —disse Dante me lançando uma piscadela. 

—Eu não preciso disso. Está muito engraçado hoje né? —ironizei fechando o semblante. 

—Sim 

—Meu Deus. Eu vou voltar pro quarto.

—Millenna, calma, só estamos brincando. Se quiser mesmo sair então fique pronta no início do anoitecer. —diz Pietro vestindo a camisa . 

—Ta. 

Pietro fala parecendo aqueles vampiros de filmes antigos. Minha nossa. Os deixei sozinhos e voltei para o quarto, meu celular não estava comigo então usei o que Pietro havia me emprestado para mandar mensagem a Anna. 

 É horrível omitir coisas dela, infelizmente era isso ou jogá-la no meio de um fogo cruzado, só de imaginar sinto um arrepio. Credo. Espero que um dia eu possa contar tudo a ela e pedir perdão por tudo. 

Me animei um pouco para me arrumar, já que sair é algo extremamente raro pra mim; tomei um banho demorado, antes eu me preocupava com a conta de água mas agora nem ligo, não sou eu que pago mesmo. 

Escolhi roupas confortáveis, nada de vestidos, enquanto me arrumava deixei o celular em cima da cama, fiz uma maquiagem leve e deixei os cabelos bem liso, estavam enormes e eu gostava exatamente assim . Nem toda animação do mundo apagaria a noite passada, ter pesadelos tem se tornado algo constante, o mau pressentimento me perseguia e isso causava desconforto e paranoia, quando mando mensagem para Anna, fico pensando se é realmente ela, já quis pergunta se Vincent foi atrás dela, até porque, daquele homem miserável pode se esperar qualquer coisa. 

Esperei pacientemente pelo horário, um pouco aflita, ao menos tive tempo para pensar em algumas coisas .Negar que não sinto atração por dois homens seria uma completa hipocrisia, eu quero, sim, mas pareço estar bloqueada com princípios e medos que desenvolvi com o tempo. Não acho que Dante ou Pietro seja como Vincent, porém o trauma me faz pensar que sim. Que estou fadada a conhecer homens como meu ex. A maneira como Dante cuidou de mim, se preocupou comigo é algo que jamais tive de alguém, a maneira como Pietro parecia saber o que acontecia ou deixava de acontecer comigo, fora suas palavras que são sempre cheias de compreensão, é algo a se pensar. 

Ambos são lados opostos de uma moeda, e ainda sim, conseguem conviver em uma sincronia perfeita, bem que dizem que os opostos de atraem pois eles são a personificação perfeita disso . 

A porta foi aberta, Dante estava muito bem arrumado, nunca o vejo em tons diferentes do habitual, sempre tão escuro e intimidador. 

—Vamos?

—Não estaria ocupado ? —perguntei .

—Posso muito bem deixar alguns assuntos de lado e me dedicar cem por cento à minha futura esposa. 

—Quanta ironia.

—Porque está tão nervosa ? Aquele desgraçado está mandando mensagem? —questiona um pouco autoritário. 

—É só preocupação. Nada demais.Ele havia mandado sim mas Pietro levou meu celular para grampear ou algo assim. —comentei receosa.

—Se está com medo de que ele chegue perto de você. Entenda que não vai acontecer. Ninguém tocará em você, tanto por respeito a você quanto por mim.Você será minha mulher em breve e isso te deixará completamente intocada , quem tentar vai morrer. Simples assim . 

—Ta bem. Obrigada por isso.E pela outra noite também, desculpe por ter visto aquilo, fazia um bom tempo que as crises não apareciam . 

Sempre irei protegê-la. Tem minha palavra.

Sua voz antes aguda e elevada, tornou-se baixa e calma, o mesmo fez um leve carinho em minha bochecha antes de segurar minha mão e me conduzir para fora do quarto. 

Preciso me apegar a isso, ou pelo menos lhe dar um voto de confiança, já que desde que cheguei não havia cogitado a hipótese. 

Adentramos o carro em silêncio, Pietro como de  costume assumiu nos levou para sei lá onde . Vontade de encher a cara não me falta, e já que tenho dois homens fortes para me proteger, não vejo porque não . 

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