𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 10
Lítio, não quero me trancar por dentro
Lítio, não quero esquecer como é ficar sem
Lítio, eu quero permanecer apaixonada pela minha tristeza
Lithium - Evanescence.
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𝑀𝑖𝑙𝑙𝑒𝑛𝑛𝑎 𝐴𝑙𝑏𝑢𝑞𝑢𝑒𝑟𝑞𝑢𝑒
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Às horas no jato foram as piores da minha vida, o silêncio era vindo com desconforto e vergonha, óbvio que isso tudo é da minha parte, tentaram puxar assunto e eu prontamente recusei, parece que toda a ficha tinha caído assim que embarcamos. O alívio só surgiu após o anúncio de que estávamos prestes a pousar, pela janela pude ver o lugar que pensei que jamais conheceria, a surpresa não podia ser mantida às escondidas, enquanto por dentro eu estava em surtos e gritos, por fora minha feição era de surpresa misturada a tédio. Dante levantou-se da poltrona, ajeitando o paletó, um gesto tão natural que me deixou petrificada por uns breves segundos.
Tudo bem que tô embarcando em algo desconhecido e totalmente imoral, mas isso não me impede de apreciar em silêncio, a beleza de Dante e Pietro. Ambos são lindos para um santo caralho, elegantes, sensuais, duas energias totalmente diferentes e distintas mas que funcionam em uma sincronia perfeita, sem erro algum.
Santo Deus. Como isso é possível?
O jato pousou em instantes, entrelacei as mãos, apertando com tanta força que senti meus dedos perto de se quebrarem.
Era tarde demais para desistir. Sinto um colapso chegando, seria errado se eu começasse a chorar pedindo pelo amor de Deus para que não me matem?
Cruzes.
Desafivelei o cinto e me pus de pé, Pietro veio até mim com um sorriso contido.
—Está pronta? —perguntou.
—Sim. Eu acho.
Pelo que entendi, havíamos chego no início da tarde, as malas já estavam nos carros, se não fossem o que haviam me dito, iria achar que essa quantidade toda de carro e homem era uma tremenda besteira, toda a paranóia vinham com porradas de inseguranças, me fazendo suar frio, o estômago prestes a virar o monte Everest. Me assustei ao sentir uma mão repousar em meu braço me guiando ao carro que estava mais próximo, Dante assumiu o lado esquerdo e Pietro o direito fazendo com que a bonita aqui, ficasse bem no meio. Tem como isso ser mais desconfortável?. Puta merda.
—Meu pai já sabe que está conosco Millenna. Um jantar será feito essa noite apenas para que ele a conheça e depois será de maneira geral. —resmungou Dante, sua voz deixava evidente o quanto isso o deixava nervoso, a destra fechada em punho e o olhar vazio e inexpressivo.
—E se ele não gostar de mim? Espera. Outra pergunta. Nós mal nos conhecemos. Como diabos vamos enganar seu pai? —perguntei intercalando o olhar entre Dante e Pietro, o loiro por sua vez não disse nada, apenas ficou da mesma forma que o tatuado segundos antes.
—Sei o suficiente sobre você Millenna.
—Isso eu tenho certeza. Só que, talvez ele pergunte coisas tipo.Como nos conhecemos. A quanto tempo estamos juntos, essas balelas todas. —tagarelei. Costumo fazer isso quando me sinto sob pressão. Oh porra.
Dante desviou o olhar e ficou os mirantes azuis como esmeraldas em mim, analisei sua feição, era calma, calma até demais para meu gosto. Um homem como ele me é muito previsível, posso estar errada, mas essa analogia fica para mim, ao menos por um tempo até que nos conheçamos melhor e eu me sentir confortável o suficiente para soltar todos os meus pensamentos para o mesmo.
—Não havia pensado nisso. Temos tempo até chegarmos à propriedade. —ditou depois de minutos em silêncio me encarando.
Durante o percurso conversamos e nos atemos a algumas coisas que se deixadas de lado poderia entregar toda essa farsa. Dante concordou em dizer que havíamos nos conhecido há pouco mais de um ano, quanto ao que eu trabalhava não era motivo para ser descartado e muito menos omitido. Por último, precisamos agir como um casal, e dentre tudo que concordamos esse me foi o mais difícil, e não foi só para mim não, Dante ficou nervoso e Pietro se remexia no banco, inquieto, porém não disse nada e nem contestou sobre as coisas que precisamos deixar às claras.
Fiquei maravilhada ao ver o quão extenso era a propriedade, a mansão imensa parecia até maior que a Casa Branca, o estilo antigo era charmosa, por dentro deve ser mais ainda, a grama bem verde era quase infinita, se perdia na imensidão de vários tons de verde. Tudo tão lindo. Dolorosamente lindo e esbanjava uma quantidade absurda de grana.
Esse lugar me chamou de pobre em todos os idiomas conhecidos pelo homem. Até os idiomas que eram usados na época de Cristo.
Os carros pararam na entrada, Pietro desceu primeiro e me ajudou em seguida, Dante não possuía mais um ar amigável e acolhedor, agora assumiu uma posição totalmente distinta, ameaçadora.
Um chefe e tanto.
—Irei mostrar seu quarto e em seguida irei procurar meu pai. Uma funcionária irá lhe avisar sobre o horário do jantar. —falou Dante e essa foi minha hora de me colocar ao seu lado e agir como se fossemos um casal.
Que Deus me ajude.
O interior era tão impecável que quase pedi perdão por estar ali. Os móveis tão luxuosos, a luz parecia quase irreal; submissos uma escada imensa que no tipo curvava para direções opostas, literalmente uma moradia dos sonhos, me lembrava mansões de deuses gregos, e essas coisas. Você sabe. Fiquei quieta só observando e me odiando por me sentir quase uma intrusa, o corredor decorado com quadros de diversos pintores, alguns pude reconhecer, outros nem tanto, o chão tão polido que quase pude ver meu próprio reflexo. Minha nossa.
Dante caminhou na frente, parou em uma das portas, abrindo-a no mesmo instante, adentrei o local e por Deus. Que lindo.
Literalmente entrei no Pinterest vitoriano.
—Esse é o seu. O meu fica mais a frente, suas malas logo estarão aqui..Por hora, descanse, vou pedir para que tragam algo para comer, visto que recusou a comer qualquer coisa no jato. —seu olhar não estava em mim, a voz ecoava pelo quarto, forte, um tom tão presente, que me deixou em alerta na hora.
—Claro. Obrigada.
—A deixarei sozinha. Mande mensagem qualquer coisa e por favor, não saia perambulando sozinha pela propriedade. —avisou e dessa vez me olhou, por curtos segundos que foi o suficiente para eu entender que falava sério.
O mesmo caminhou para sair do quarto, e mesmo incerta o chamei.
—Achei que estava me enganando. Que eu chegaria aqui e vocês seriam malvados e agressivos.
Se o ofendi ou não, o próprio não demonstrou, por outro lado, um sorriso leve surgiu em sua feição, seu corpo imenso e musculoso estava mais relaxado. O que foi um alívio, eu acho. Sinto um medo desenfreado, por mais que eu não deva sentir vergonha por uma reação totalmente plausível, eu sinto, e muito.
—Millenna. Não tenho intenção alguma em ferir você, deixei claro minhas intenções e tudo o que se remete ao nosso suposto acordo...E outra. Não tenho intenções em machucá-la, não ganharia nada com isso, caso isso te conforte.
—Me conforta sim. E muito.
—Só peço para que não diga nada sobre minha organização a ninguém, sei que é inteligente e não o fará. Posso não ter vontade em feri-la, mas terceiros sim, não precisa temer porque estarei aqui para protegê-la. Só, seja prudente e adulta para lidar com isso, para que ambos não tenham problemas. Tudo bem? —finalizou.
—Sim. Prometo.
—Que bom. Até depois.
Dito isso, o tatuado intimidador saiu fechando a porta, o clima estava tenso e sobrecarregado, o tempo estava ameno mas estava com calor infernal, com certeza é uma cortesia da ansiedade, tirei o blazer o colocando em cima da imensa cama que havia ali, os lençóis macios e bem arrumados, tirei o celular do bolso da calça social e o coloquei em cima do blazer, havia prometido avisar Anna quando chegar mas estava cansada demais para isso e com medo do suposto pai de Dante.
Minhas malas foram entregues por uma senhora que a julgar por suas vestes deve ser a governanta do lugar, agradeci a Deus e também aos meus esforços por ao menos saber um idioma no qual estava me favorecendo e muito. Tomei um banho sem deixar de me sentir maravilhada pelo luxo, coloquei roupas mais confortáveis, roupas nas quais não se encaixam nenhum pouco nesse padrão de vida, tentei ao máximo afastar o desconforto que parece ter grudado em mim como uma nova camada de pele. Desfiz minhas malas, guardando as coisas em seus devidos lugares e percebi que havia tudo o que eu precisava e muito mais do que isso, roupas de valores inestimáveis, vestidos tudo o que eu jamais teria condições, realmente, Dante não estava brincando quando disse que sabia o suficiente sobre mim. Aquele safado tatuado sabia até o tamanho das minhas roupas e o tamanho que calço?. Jesus Cristo. Agora tô com medo e isso não é meme não.
Se todo o closet tinha quase toda a loja de roupas chiques, eu literalmente,trouxe roupa para nada. Que caralho.
Tomei a liberdade de conhecer mais o quarto que era maior que meu antigo apartamento. Perto do fim da tarde uma mesa pequena de café foi arrumada no quarto junto com o aviso de que em breve o jantar seria posto, enquanto eu me deliciava no café que mais parecia esses banquetes de filmes, peguei meu celular humilde e mandei mensagem para Dante.
Mafioso Tatuado ☠️⛓️
O que visto para esse jantar? (06:45 p.m)
Vista algum dos vestidos que tem em seu armário. Joseph é velho mas nunca deixa de ser observador. (07:00 p.m )
Terminei o café, ajeitei as coisas que obviamente serão retiradas por alguma funcionária. Estava tão nervosa que tomei outro banho, dessa vez um pouco mais demorado, tirando qualquer vestígio físico de pobreza. Misericórdia, vai que o velho tenha uma impressão errada e mande cortar minha cabeça?
Um século depois consegui escolher um vestido apropriado, a cor vinho caiu perfeitamente em meu corpo, discreto e elegante, peguei saltos que combinasse com o vestido e me aprontei, terminando quase no horário exato. Leves batidas soaram na porta, coloquei o último par do brinco e abri a porta, Pietro trajava um terno preto, o comunicador visível através do colarinho, os cabelos loiros bem arrumados, lindo pra cacete. É isso.
—È molto elegante Millenna. ( Está muito elegante Millenna ) Elogiou me lançando uma piscadela.
—Obrigada. Estou mais nervosa do que elegante. —falei sem pensar. Não deixava de ser verdade mesmo então.
—Imagino. Que seja os dois então. Vamos? Já estão à sua espera.
Não conseguiria responder nem que quisesse, o máximo que fiz foi assentir, respirar fundo e o acompanhar. Pietro tentou me acalmar o máximo possível, não adiantou nada, após descermos as escadas e seguir para sala de jantar, meu coração estava prestes a explodir, felizmente ou infelizmente sei bem disfarçar o desespero, então sorri de modo gentil ao ver Dante já de pé vindo até mim.
Seja o que Deus quiser.
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