𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 23
Então, eu tento segurar
Em um tempo quando nada importava
E eu não posso explicar o que aconteceu
E eu não posso apagar as coisas que eu fiz
Não, não posso
…
Como pôde acontecer isso comigo?
Eu cometi meus erros
Não tenho para onde fugir
A noite continua
Simple Plan - Untitled
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Seus dedos estavam em carne viva, o sangue escorria por entre os dedos feridos, a tatuagem parecia tomar uma cor vívida, quase hipnótica devido o líquido escarlate; Dante ofegava, os lumes repletos de ódio e uma sede que sentia uma certa falta, a adrenalina percorria como ondas eletromagnéticas por suas veias, tornando tudo ao redor ainda mais interessante e um tanto macabro. Carlo recusava-se a dizer quaisquer coisa que pudesse ser útil ao moreno diante de si, o rosto antes impecável, agora possuía cortes, os olhos quase não se abriram devido aos socos que sofrera, parecia ser fiel a quem quer que estivesse protegendo, tão fiel que aceitaria a tortura de bom grado, o que claramente trouxe frustração e ódio descomunal ao tatuado.
—Chi avrebbe mai pensato che saremmo stati così non è Carlo? Così devoto al suo maestro da non essere riluttante di fronte al dolore. Vediamo quanto puoi sopportare. (Quem diria que estaríamos dessa maneira não é Carlo?Tão devoto ao seu senhor que não se mantém relutante diante a dor. Vamos ver até quanto consegue aguentar. ) —seu timbre era ameaçador, o tom tão rouco que chegava a ser distorcido, quase computadorizado, como se estivesse possuído ou como se fosse o próprio Satã.
A sala não possuía nada além de duas cadeiras de ferro, onde uma estava ocupada por Carlo, contra sua própria vontade, a pequena mesa de ferro, havia alguns objetos ainda inutilizados, Dante pensava e pensava, as ordens dadas foram claras, "fazer Carlo sofrer", Pietro se mantinha próximo a porta, os mirantes fixos em um ponto cego, o corpo todo ereto, não movia um músculo sequer.
—Ci tieni così tanto Dante? Nella nostra ultima conversazione ho messo in chiaro i miei affari, che cazzo vuole tuo padre da me? ( Se importa tanto assim Dante? Em nossa última conversa deixei claro sobre meus negócios, que porra seu pai quer comigo ? ). —a raiva transgredia pelo homem, o corpo já dolorido, quase adormecido. Desejava que toda aquela merda tivesse fim, porém, conhecia muito bem o quanto Dante é impiedoso, sanguinário e completamente maníaco, o acastanhado temia a morte, e isso o fez entender que a morte não seria nada comparado ao que seu chefe poderia fazer consigo caso dissesse algo que não deve .
—Sai benissimo cosa vuole Joseph. Stiamo già seguendo come da tuo desiderio. ( Sabe muito bem o que Joseph quer. Já estamos seguindo conforme seu desejo. ) —o sorriso na feição do maior transbordava satisfação, ansiedade, sem contar o fato de que sua mente parecia lhe incitar a ser criativo com torturas. Levando-o a sentir-se eufórico enquanto caminhava até a mesa.
As ferramentas dispostas sob a mesa não lhe trouxe animosidade, precisava de algo diferente, facas, correntes, martelo e até um pequeno cutelo não eram atrativos, eram clichês demais então precisou de tempo para pensar em algo interessante.
— Pietro. Order them to bring me boiling oil. (. Pietro. Ordene para que me tragam óleo fervendo. ) —ordenou sem cerimônia, fez questão em ditar em outro idioma que claramente Carlo não entenderia.
Com um assentir mudo, o loiro saiu da sala, Dante puxou a cadeira e se sentou de frente para seu brinquedinho, apoiou a perna em cima da outra em uma posição que lhe fosse confortável, as vestes escuras o deixavam ameaçador, o maxilar tão bem marcado, os músculos fortes perfeitamente a mostra, o moreno adorava quanto suas vítimas o olhavam com temor, pois tudo nele era mortal, perigoso e totalmente atrativo. O cigarro foi tirado da carteira junto ao isqueiro Zippo Armor - ST Benedict , acendeu lentamente tragando a fumaça numa calmaria ensurdecedora, o isqueiro permanecia em sua destra, o objeto pequeno de bronze onde jazia ali A cruz medalha de São Bento, vestindo um traje monástico —chamado cógula, trazendo na mão direita uma cruz e na esquerda um livro aberto que representa a Regra, no verso há uma imagem da cruz ambas as faces com inscrições em latim, Dante observou a pequena frase, perdido em pensamentos enquanto o cigarro queimava.
— Eius in obitu nostro praesentia muniamur. (Sejamos protegidos pela sua presença na hora de nossa morte.) —murmurou em blasfêmia, pois não acreditava em divindades ou nada semelhante ao mundo espiritual.
Carlo não compreendia tais palavras, e tampouco se importou, seu rosto doía para um inferno, o cheiro de tabaco o deixava prestes a vomitar. —toda aquela demora era ainda mais torturante, enquanto criava respostas em um sinal de conforto ilusório, o acastanhado também rezava, mesmo que não fosse digno de um milagre ou livramento de seu destino. Ninguém tem o poder de se safar das devidas ações, cada decisão haveria consequências, podem demorar, mas a vida cobra, cabe a nós lidar e aceitar sem pestanejar . Dante observou o cigarro quase em seu fim, a ponta ainda queimava, a cor acalorada ali lhe trouxe vontades, que facilmente foi posto em prática, o tatuado ficou de pé em um movimento brusco, aproximou-se de Carlo que se assustara com a ação repentina, e sem aviso, Dante apagou o cigarro na testa do homem que gritou ao sentir a área atingida queimar, a ardência fez seu corpo dar espasmos e gemidos dolorosos vir em seguida .
— Figlio di puttana. ( Filho da puta ). —rosna o acastanhado, tentando se libertar sem sucesso.
Dante nada disse, a porta foi aberta, Pietro adentrou o local com a ajuda de um de seus homens que mantinham guarda, o cheiro do líquido impregnou a pequena sala, Carlo sentiu o corpo travar ao ter ciência do que havia sido trago, seus lumes escuros fitavam Greco, em uma clemência muda, que claramente foi ignorado. Olhando parecia uma grande panela, de puro aço, funda e pesada, foi arrastado até próximo de Carlo, Greco sorria feito o diabo, tirando a tampa para que o homem visse o que o aguardava.
—Iniziamo. ( Vamos começar ) —ditou simplista.
—Ci deve essere un altro modo per affrontare questa disgrazia Dante ... Non fare come tuo padre. Dare clemenza. Prendi una seconda possibilità. (Precisa haver outro modo de lidarmos com esse infortúnio Dante ...Não seja como seu pai. Dê clemência. Dê uma segunda chance ). —apressou-se a dizer um pouco acelerado .
As palavras foram jogadas para Greco, o tremor, o suor que vinha de Carlo denunciou a muito tempo seu medo, sua inquietação, Dante sabia claramente as sensações malditas que causavam no próprio, e se deliciava com devoção, não se importava com nada quando podia fazer o que bem quisesse, sem trazer objeções ou olhares de julgamento. —da mesma forma que sentia prazer na dor alheia, sua mente projetou momentos com Millenna, foi meros segundos que pode sentir uma leve excitação, não era nenhuma sensação sexual, seu controle era perfeito, absoluto. —era algo voltado a culpa, arrependimento, e por pouco cogitou a hipótese de deixá-lo viver.
—Chi perdona è Deus Carlo. Io non . ( Quem perdoa é Deus Carlo. Eu não. ) . —indaga Greco, o sorriso estampado em sua feição, os mirantes azuis queimavam como as chamas incandescentes do inferno .
Os momentos a seguir foi de completa dor e desespero ao acastanhado, o óleo foi despejado por suas mãos, derretendo sua pele lentamente, os gritos agudos denunciavam a dor excruciante que o homem sentia, Dante não ousou parar, continuou a despejar o líquido em diversas partes do corpo, prometendo que deixaria a cabeça por último, foi esse seria mergulhado por completo, Pietro observava sem esboçar reações, Greco por sua vez se deliciava com a dor que inflige no outro. —a carne das mãos de Carlo estavam vermelhas, derretidas quase no osso, as lágrimas escorriam pela face retorcida em dor e agonia, o suor escorria como se fossem pingos de chuva, o coração martelando no peito, o mesmo desejava que morresse de uma vez pois não aguentaria mais tudo aquilo.
—Eppure rimani fedele. Impressionante ... spero che i miei uomini siano fedeli quanto . ( Mesmo assim você se mantém fiel. Impressionante....espero que meus homens sejam tão fiéis quanto ). —elogiou sarcástico.
— Uccidimi subito Greco. Divertiti come volevi ... Non dirò niente quindi uccidimi. Ma prima ti dirò una cosa. ( Me mate de uma vez Greco. Já se divertiu como quis...Não vou dizer nada então me mata. Mas antes lhe direi algo. ). —Carlo dizia fraco, em intervalos, pois a dor o deixava quase sem fôlego, sentia o corpo já quase inerte, entorpecido, entendeu dolorosamente que era seu fim .
— Dillo ( Diga )
Carlo se esforçou para manter o rosto erguido, seus mirantes se focaram em Dante, a visão não era lá tão nítida mas ainda sim o fez. Greco cruzou os braços esperando que o acastanhado se pronunciasse de uma vez. Estava exausto de toda essa merda, se continuasse um pouco mais, vomitaria, pois o cheiro de óleo fervendo e pele queimada o deixava enjoado.
— È tranquillo. E quando ciò accade, le cose buone non cambiano. Abbi cura di Dante. ( Ele está quieto. E quando isso ocorre, coisa boa não vira. Tome cuidado Dante. ). —o aviso havia sido breve, as palavras foram escolhidas com cautela, ao menos isso Carlo pode dizer.
Dante revirou os olhos com o que ouviu, esperou algo mais interessante e não dramático.
—Pietro. Uccidilo e usciamo da questo posto sporco. (. Pietro . Mate-o e vamos sair desse lugar imundo. ) —anunciou se afastando de Carlo.
Pietro assentiu, pegou a arma no cós da calma e atirou sem pestanejar, por mais rápido que tenha sido, pode ver alívio nos olhos escuros do homem, e um possível "finalmente, obrigado." Antes da bala atingir o crânio .
Greco adentrou o carro, Pietro tomou o volante para finalmente saírem do local, as palavras ditas por Carlo se repetiu gradativamente em sua mente, o fazendo pensar ainda mais a fim de chegar em uma conclusão plausível, sua confiança em Joseph era completamente extinta, passava sim, uma imagem de filho submisso, porém não era bem assim. Tudo tinha um propósito.
—Pietro pare o carro. —pediu quase como um sussurro.
O carro parou, Greco se apressou a sair, não tardou para que vomitasse, era sempre assim, sempre que seu pai o mandava fazer algo desumano, o tatuado detestava isso, ou tentava se convencer, não era hipócrita, gostava de ser aquele que obtinha a vida de terceiro nas mãos, podendo fazer o que bem entende. Entretanto, seu corpo reagia, o fazendo despejar quaisquer alimento ou bebida que houvesse ingerido horas antes. O loiro afagava as costas largas de seu chefe, tentando transmitir um alívio extra.
—Beba isso. —ordena calmo, entregando um pequeno cantil a Dante.
O cheiro forte de conhaque veio conforte o cantil foi aberto, Greco não protestou ao beber goladas longas, o líquido desceu queimando por sua garganta, trazendo uma nova onda de vertigem, que foi facilmente contido.
—Podia ter recusado. Ou poupado a vida dele Dan. —constata Pietro ao lado do moreno.
A estrada de terra só era iluminada por conta dos faróis dos carros, o breu não permitia ver nada além.
—Se eu fizesse isso, seria pior para mim, Pietro. Entre Carlo e eu , já sabe o que escolhi. —proferiu o próprio limpando os lábios com os dedos feridos .
—Eu sei disso...Seu pai já entrou em contato, está esperando-o. —avisou sem receio.
—Vamos.
—Terá tempo para se recompor Dan. Não mostre fraqueza diante de seu pai.
[...]
Joseph estava acomodado em uma poltrona de encosto alto, um livro aberto em seu colo e os óculos de grau na ponta de seu nariz, Dante encontrou em seu campo de visão, o idoso observou bem seu filho, notou os ferimentos na mão direita do moreno, entendendo que socos fortes foram desferido em Carlo. O copo de whisky descansava intocado na mesa de madeira polida ao lado do assento, um suspiro longo veio do homem, como quem passara o dia repleto de afazeres e está totalmente exausto.
—nBuon lavoro figliolo ... A causa di questi atteggiamenti sono orgoglioso di dichiararti capo. (. Bom trabalho filho...Por tais atitudes sinto orgulho de declará-lo como chefe ) .—elogiou sorrindo de satisfação.
Dante apenas agradeceu, pedindo permissão para se retirar, Joseph acatou o pedido pois ansiava para voltar a sua leitura noturna, o sono demorava a vir e para não ficar entediado se entretém com histórias que não condizia consigo. Um homem frio, psicótico como Joseph, ninguém imagina que o idoso adorava histórias românticas clássicas.
Millenna levantou-se rapidamente ao ouvir a porta sendo aberta, Dante a fitou com cara de poucos amigos, não esperava ver a garota em seu quarto, muito menos em sua cama sentada o esperando.
—Millenna está tarde. Por favor, vá para seu quarto. —pediu com uma educação forçada.
—O que aconteceu? Sua mão, meu Deus.
A garota ignorou completamente o pedido, estava preocupada e era notório que havia o esperava por muitas horas, Greco queria expulsá-la dali, não o fez, por mais que quisesse ficar sozinho se culpando, se torturando pelo que havia feito, pela primeira vez, desejou ter alguém ali, desejava Pietro, infelizmente não podia tê-lo ali daquela maneira. Mas tem Millenna. Ou ao menos acha que a tem .
—Está tudo bem. Preciso tomar um banho só isso. —respondeu ríspido.
—Não irei julgá-lo tudo bem? Imagino o que fez mas não tem problema, aceitei tudo isso sabendo o que teria que lidar.
—Como pode dizer isso? Tem ideia do que fiz ? Eu torturei por horas e matei Millenna, como consegue olhar pra mim e dizer que aceita e entende ?
O remorso fazia-o agir desse modo, as palavras ditas eram apenas para convencer a si de que não merecia nada de bom na vida, mas também para manter a mulher longe, muito longe, porque também não era digno dela. Não sentia -se digno de porra nenhuma.
—Entendo porque dá pra notar que não fez por sua devida escolha Dante.Sei que jamais admira isso, mas você é bom.
—Não sou. Garanto a você que estou longe de ser um homem bom cara mia. —debochou afastando-se da morena.
Retirou a camisa jogando em qualquer lugar, o cheiro ainda estava grudado em suas roupas e em sua pele, trazendo ainda mais ódio e nojo de si mesmo. —a luz do anexo foi ligada, o banheiro era impecável, negro como sua alma, Dante se livrou das roupas e ligou o registro, a água fria o cobriu fácil, levando embora grande parte dos resquícios do que fizera, seus olhos se mantiveram fechados, a palma direita apoiada no azulejo escuro. O susto não veio quando sentir as mãos pequenas de Millenna em suas costas, virou-se encarando a mulher a sua frente, completamente despida. Sua intenção não era promíscua, ver Greco fragilizado e perturbado a fez tomar providências impensadas, poderia recuar mas não o fez. Dante queria dizer algo, talvez pedir que saísse dali, o cansaço o tomou, a vontade de se livrar da culpa era grande demais, então não pensou ao puxar a mulher para si e tomar seus lábios em um ósculo lascivo e bruto.
.......
Boa tarde ... Demorei mais trouxe cap para animar o sábado de vocês.
Obs : Posso demorar um pouco para atualizar, por favor não pensem que vou desistir da história tá ?. Eu sou professora então trabalho muito, e como meu serviço é longe, acordo antes do sol nascer e volto para casa quando ele se põe. Fico muito cansada. Mas tentarei não demorar.
Dêem uma olhadinha em Dominatrix , está disponível na plataforma também. Obrigada .❤️
Até a próxima att.
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