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You're my end and my beginning
Even when I lose I'm winning
'Cause I give you all of me
And you give me all of you
(Você é o meu fim e meu começo
Mesmo quando perco estou ganhando
Porque te dou tudo de mim
E você me dá tudo de você)
All of Me - John Legend
Às vezes tudo que precisamos é de um empurrão, de uma sacudi da, de alguém que nos fale a verdade, pelo menos uma vez. Por isso, estou aqui. Uma vez me disseram que nunca poderia ser feliz, ou uma pessoa normal, e quero provar que estavam errados.
Enquanto ando no meio das pessoas que não sabem se dançam, bebem, transam ou se drogam, fico pensando: como elas chegaram até aqui? Às vezes bebemos, fumamos, ou usamos drogas para afastar a dor, mas no fundo sabemos que será momentâneo, que infelizmente sempre haverá algo que não nos agrada ou que nos afeta, machuca, e não podemos simplesmente beber ou usar drogas para resolver, ou se cortar. Aprendi isso da pior forma!
Empurro um casal que está quase transando no meio da pista de dança, e é quando o vejo.
Gustavo está sentado em uma mesa no canto, com uma linda mulher no seu colo, um cara sem camisa está dizendo a ele alguma coisa, na qual ele não presta atenção, apenas balança a cabeça, pega seu copo de cerveja e a vira de uma vez, e é quando ele me vê. Poderia me esconder, ou qualquer merda do tipo, mas, não sei por que, simples mente congelo.
Estávamos próximos, até que aconteceu o evento em que Isabella fez sua apresentação. Foi quando Gustavo começou a se afastar. Acabou que, nas últimas duas semanas, ele não me atendeu ou sequer respondeu às minhas mensagens, e isso me emputeceu.
Precisava dele, precisava do meu amigo.
Pela primeira vez na minha vida, estou estudando em uma sala de aula, com alunos e professores, regras. Sempre estudei em casa com professores particulares, e quando decidi estudar pedagogia em Harvard precisei do meu amigo. Hoje é sexta-feira e já se passou uma se mana desde que entrei na faculdade. Como tinha uma festa, decidi vir para me enturmar, já que Scott não aceitou que ficasse no dormitório, e sim no seu antigo apartamento, que fica a duas quadras da faculdade. Não fiz amigos, ou sequer colegas, tudo que faço é dar um aceno com cabeça, e quando um aluno da minha sala disse que daria uma festa e estavam todos convidados. Não vi problema em vir checar, apenas não esperava ver Gustavo aqui. Ele tinha terminado a faculdade há duas semanas, pelo menos era o que estava previsto. Assusto-me quando sinto alguém puxar o meu braço, arrastar-me pelas escadas e colocar-me dentro de um quarto, foi tudo tão rápido que, pelo susto, não consegui nem gritar. Quando vou acertar o meu sequestrador na cara, vejo Gustavo olhando-me com... raiva? Quem tinha que ter raiva era eu, não ele.
— Que porra você está fazendo aqui, Katherine? – rosna baixo.
Gustavo nunca gostou de gritos, dizia ser desnecessário, pois uma voz baixa pode ser muito mais assustadora, e digamos que ele estava certo. Ele está me olhando com ira, sua respiração está irregular, e suas mãos fechadas em punho. Mesmo com raiva transbordando do seu corpo é impossível achá-lo feio.
Gustavo é lindo! Com seus cabelos loiros, bagunçados, olhos azuis intensos e escuros, boca rosada, vestindo uma calça jeans preta, blusa branca justa, dando para ver os seus músculos, jaqueta de couro preta e botas pretas. Um típico BadBoy.
Minha respiração está irregular, assim como a dele.
Mesmo sendo errado e que tivéssemos prometido que nunca mais aconteceria, eu me sinto atraída por ele, mais do que da última vez. Dois dias antes de ele se afastar, tínhamos ficado, e logo em seguida prometemos não fazer de novo. Porém, aqui e agora, sinto-me rendida por ele. Solto um pequeno suspiro, levo minha mão e passo no rosto
dele, sem me importar em responder. Sei que Gustavo não presta e é encrenca, mas não ligo para isso, pelo menos não agora.
Ele dá um passo para frente e solta um suspiro, está cheirando a cigarro e cerveja barata, e nem isso me faz recuar ou desistir de beijá-lo.
Parece que Gustavo é uma droga, como se tivesse provado uma vez e precisasse dela novamente.
— O que está fazendo aqui, Katherine? – pergunta levando a mão ao meu pescoço, e dando um leve aperto.
Sinto-me afetada como nunca.
Como uns beijos há semanas pode me deixar desejosa, carente e submissa a ele? Eu não o amo, sei disso, porque já amei e sei como é.
Eu apenas o desejo e de um jeito que nunca senti. É como se Gustavo fosse um ímã e estivesse me puxando para ele. Desde que viramos amigos eu sinto isso, sinto dependência de sua companhia. E agora, depois do nosso beijo e de dias sem vê-lo, eu me sinto a porra de uma viciada que está perto da sua droga favorita.
Gustavo esfrega a mão no meu pescoço, passa-a no meu rosto, contorna a minha boca e sorri quando eu solto um suspiro, quase um gemido.
Ele sabe que me afeta, soube desde o nosso beijo. Gustavo olha- -me, como se eu fosse sua presa e ele a porra do caçador.
— Responda! – manda mordendo o meu lábio inferior. — Fui convidada...
— Hum...
Gustavo beija o meu pescoço e dá um aperto na minha cintura.
— Estou estudando aqui, então achei legal... vir e tan... tentar faz... fazer ami... amigos – falo entre suspiros.
Gustavo não diz nada, apenas levanta a cabeça e contorna a minha boca. Tomando uma coragem que nem sabia existir, eu chupo a ponta do dedo. Ele dá um sorriso de lado. Levo a minha mão à nuca dele e o arranho de leve.
— Eu senti sua falta... – diz baixinho, sem deixar de me olhar, ou contornar a minha boca.
— Por que não me ligou, ou respondeu as minhas mensagens? – pergunto chateada.
— Sou um cara fudido, princesa, já deve ter percebido – diz dando um sorriso enigmático e encostando de leve sua boca na minha.
Sim, descobri isso quando conversei com Isabella. Ela me disse algo sobre ele ser bem problemático e, às vezes, sumir por dias. E por incrível que parecesse, isso só me fez ficar mais desejosa dele. Coloco minha mão dentro da camisa e arranho o abdômen dele. Gustavo dá um meio sorriso e passa a mão nos meus cabelos.
— Nunca tive medo de caras fudidos – falei e nem sei de onde saiu isso.
Minha mente diz para eu fugir, desde que comecei a desejá-lo, mas, como sempre, meu corpo ganha a batalha.
Desejo Gustavo e não ligo para as consequências que isso me causará.
Gustavo não é flor que se cheire e eu também não.
Todos que olham para mim pensam que eu sou apenas uma patricinha mimada, mas, na verdade, sou uma garota problemática e que conhece o perigo muito bem. Uma garota que, após ficar a vida inteira presa dentro de casa, sendo controlada, ela apenas quer viver sem medo das consequências. Minha vida nunca foi fácil, por isso sei lidar muito bem com o Gustavo. Ele não deve ser pior do que o meu pai, ou ele, o homem que destruiu a minha vida.
Encaro Katherine, minha doce Katherine.
Ela não faz ideia do que está me pedindo, com o seu olhar e o seu corpo. Se ela pensa que pode me mudar, ou qualquer merda do tipo, está enganada.
Não sou um mocinho e estou longe de me tornar um. Estou mais para o vilão, com uma armadura reluzente. Aparência engana muita gente e sou a prova viva disso. Todos que me olham imaginam um BadBoy que não liga para nada além de dinheiro, e nisso eles não estão errados, só tem que acrescentar um cara fudido, que destrói tudo que toca.
Quando beijei Kath há quase duas semanas, surtei. As lembranças de tudo que já vivi vieram com tudo, como se tivesse fazendo a coisa mais errada do mundo, e não era mentira.
Estava trazendo uma garota inocente e boa para a minha escuridão. Kath pode ter passado por muitas coisas, mas ela não sabe como posso ser fudido e um merda.
Mas agora, olhando para o seu rosto delicado e perfeito, sua respiração irregular, seus cabelos loiros volumosos, seu vestido azul-escuro colado ao corpo delicado, os saltos altos pretos, sinto-me em uma disputa sobre fazer o certo ou o errado. Tudo que deveria fazer era levar
Kath para longe dessa festa de merda, que não tem nada que presta, e ligar para Scott dar um jeito na irmã, mas o meu desejo é levá-la para o meu quarto e fodê-la até não aguentar mais, entretanto, sei que se fizer isso vou querer repetir, e vai acabar dando merda.
Encaro a boca de Kath e seguro-me para não a beijar com tudo de mim agora; a boca está com um batom vermelho nos lábios carnudos e entreabertos, ela é a porra de uma tentação. Levanto os olhos e a encaro. Seu olhar está brilhando de súplica e desejo. Coloco a mão no seu pescoço e passo o dedo pela sua garganta, fazendo-a engolir em seco.
— Você deveria ir embora, Katherine – meu lado racional fala. Katherine me lança um olhar magoado, que logo muda para raiva.
— Por quê? Pensa que não posso me cuidar?
Reprimo a vontade de sorrir. É incrível que quando estou com ela, sinto vontade de sorrir como há muito tempo não fazia. E isso me assusta, porque da última vez que senti isso não acabou bem...
Fecho os olhos, não permitindo que as lembranças me venham à tona. Respiro fundo. Quando sinto uma mão delicada passar pelo meu rosto, abro os olhos e, no olhar de Kath, vejo medo, dó, compaixão, e desejo. É como se ela também estivesse lutando contra si mesma. Mas, ela não sabe onde está se metendo. Ela não faz ideia de como sou egoísta, possessivo, obsessivo, e da última vez que desejei alguém como a desejo, ela morreu.
Tiro minha mão da cintura e do seu pescoço, fechando-as em punho logo em seguida.
— Vá embora, Katherine, é o melhor para nós dois – falo baixo, controlando-me para não agarrá-la e nunca mais deixá-la ir.
— Quero você, Gustavo. Eu te desejo como nunca desejei a ninguém antes – diz perto da minha boca.
— Não quero machucá-la – digo a verdade.
— Eu já estou machucada! – a resposta dela me surpreende. Katherine passa a língua pelo meu lábio inferior e dá uma mordida logo em seguida.
Sei que tenho que ficar longe dela, sei disso, minha família e ami gos sabem disso, mas a parte fudida da minha cabeça me diz para tentar, diz para ficar com ela, que daria um jeito de controlar o meu lado sádico e problemático. Seguro o maxilar dela e dou um pequeno aperto, pensando que ela fugirá, ou algo parecido, mas tudo que ela faz é sorrir. E isso me fode mais ainda. Ela não deveria gostar de mim assim. Estou fedendo a bebida e cigarro, e dou graças a Deus por não ter fumado ou cheirado nada, porque sei que ela já estaria deitada nessa cama e eu estaria fodendo-a.
— Vou te machucar da pior forma, Katherine, sei disso! – falo novamente.
Kath tira a minha mão do seu rosto e as coloca na cintura, logo em seguida passa seus braços pelo meu pescoço e fica na ponta dos pés.
— Eu não sou nenhuma garota indefesa, Gustavo, não preciso de proteção, sei me cuidar muito bem. Não estou lhe pedindo em casamento, só estou pedindo pra me foder. – As palavras dela me surpreendem.
A Katherine que conheci nunca diria nada assim, ela não é assim, mas quando vou dizer alguma coisa, ela me beija, fazendo-me esquecer tudo que iria dizer. Permito-me cometer o erro mais perfeito e perigo só da minha vida.
Sem palavras....
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