Capítulo 21

Continuação direta do capítulo anterior...

Stella

Minha cabeça doía quando Scott parou o carro de frente a casa dos pais do Chris. Meu irmão não disse nada pelos próximos minutos que se seguiram, que pareceram intermináveis. O pressentimento cada vez mais forte, o que me fez me encolher no banco do carro.

— Você já veio até aqui... não é obrigada a ...

— Tenho que... — a palavra fugiu da minha mente. Esses malditos comprimidos que estou tomando me deixam muito aérea, caindo de sono — Scott, temos um relacionamento de quase  quatro anos, ele não pode simplesmente para de me ver sem me dar uma justificativa.

— Para mim, está claro.

Olhei para meu irmão, que me olhou como se eu estivesse presta morrer. O que me deixou irritada.

— O que então? Que não sirvo mais e ele se viu no direito de me jogar fora? — engoli a vontade de chorar. A raiva crescendo cada vez mais. — Eu mereço mais. Um dia ele me fez acreditar nisso, me fez me sentir especial de um jeito que pensei que nunca me sentiria, que nunca ninguém me olharia assim. Então, Scott, ele me deve uma explicação.

Não esperei resposta do meu irmão. Fechei as mãos em punho, sentindo minhas unhas gravarem na palma. Toquei a campainha, logo em seguida fui atendida. Senhor Harris. A cara que ele fez ao me ver, me fez recuar dentro de mim. Minha coragem foi pelo o ralo.

— O que está fazendo aqui? — levei um tempo para conseguir falar.

— Eu vim falar com o Christian. Nós precisamos conversar. Ele estar?

Senhor Harris riu, fazendo um barulho sair pelo nariz. Já vi que a gentileza dele comigo, acabou e não sei o motivo.

— Quando soubemos que estava grávida, achei que você acabaria com meu filho. — ele suspirou alto. Olhei para meu irmão que está me esperando encostado no carro. Dá para notar que está pronto para vir ao meu socorro, basta eu pedir. — E você fez exatamente como previ.

— Sinto muito se o decepcionei, expectativas altas fazem isso com as pessoas. — vi a surpresa no seu rosto — Meu assunto é com seu filho. Nosso relacionamento só nós desrespeito.

— Está enganada garota. Quando um relacionamento envolve à família inteira, desrespeito aos envolvidos. Meu filho não está aqui e eu lhe aconselho a ficar longe dele. — ele tentou fechar a porta, mas coloquei a mão e a tive quase esmagada. — Vá embora garota.

— Eu amo seu filho. — minha voz vacilou — Não sei o que o fez me deixar, mas eu preciso que ele me diga. Preciso...

— Precisa ficar longe dele. Não basta o quão ja o machucou? Quer vir dar uma de vítima e fazê-lo se sentir pior? — Jeremy tentou fechar a porta de novo, mas a segurei.

— Senhor por favor... — pedi segurando na manga da sua camisa.

— O que você fez não se faz, garota. — puxou o próprio braço com força o que me fez cambalear para trás. Meu irmão me segurou. Jeremy fechou a porta na nossa cara.

— Não! — gritei saindo dos braços do Scott — Christian! — comecei a bater na porta o chamando. Vez soluçando, vez sem voz. Ninguém mais abriu a porta e me sentir mole, sem forças para nada.

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Acordei meio zonza. Espremi os olhos os esfregando em seguida.

— Você acordou. — me assustei com a voz do meu irmão. O olhei e também envolta. Estamos no carro.

— O que aconteceu? — pigarreei depois tossi. Minha garganta está sega, arranhando.

— Você desmaiou. Estamos voltando para casa. Nossos pais já sabem da nossa aventura ao fim do arco-íris. — tentou fazer graça.

— Scott, faz a volta. Não desistir. Francesca, ela é minha última alternativa para chegar nele. — meu irmão resmungou.

— Não Stella. Não vou te levar para se rastejar por  aquele cara. Se ele te fez se sentir especial, isso já acabou. Ele não se importa. Foi embora. Te deixou.

— Não, não funcionamos assim... — nem sei mais o que estou falando. Só quero o meu Chris de volta. Não tenho mais meu bebê, mas o Chris ainda...

— Eu sei que dói. Mas você tem que aguentar. Se reerguer. — neguei.

— Não ver que não consigo?

— Consegue. Você é a pessoa mais insuportavelmente obstinada que conheço. Não é um pé na bunda que vai te impedir de conseguir o mundo. — e eu não soube o que dizer. — O luto, vai amenizar com o tempo. O término, vai passar a ser só uma lembrança. Não pode deixar alguém te afetar assim.

Já é tarde, ele já me afetou e da pior forma possível. Me tirou a chance de me explicar de qualquer coisa. Eu mereço mais.

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Ao chegarmos em casa, nossos pais estavam a nossa espera na sala. Minha mãe me olhou, braços cruzados, negou com a cabeça. Não disse nada.

— Mereço uma explicação. — falei para ninguém em particular.

— Merece, mas ele prefere se preservar, querida. — meu pai falou vindo até mim — Algumas pessoas reagem à perda desse modo. Se isolando.

Tenho a impressão que não é só sobre isso, por que ele estava todo momento ao meu lado no hospital, Christian não escolheria a si mesmo na nossa situação, ele nos escolheria.

— Mesmo assim.

— Pare de birra, Stella! — minha mãe disse.

— Mamãe, ela tem todo direito de querer explicações. Eles...

— O que você entende? Você como mais velho, deveria aconselha-la e não levá-la lá. Eu falei tantas vezes para você David, que isso... — gesticulou exasperada — essa coisa toda não iria terminar bem.

A discussão dos dois continuaram, enquanto Scott me tirou de lá. Nem mesmo conseguir chegar no meu quarto e cai no choro. Estou me sentindo sufocada, as lembranças, dúvidas, pressão e o medo. Estou apavorada de não conseguir superar isso, superar essa dor excruciante da perda de Samuel.

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Sentir um gosto amargo na boca. Abrir os olhos e estou no chão, ao lado da cama. Tateei na minha cabeça e corpo a procura de algo, que indique como vim parar no chão, mas nada. Esses lapsos de memórias a cada vez que acordo, está me deixando irritada. Talvez seja esses remédios que estou tomando, aparentemente eles só servem para me apagarem e me deixarem aérea, por que de resto não serve para nada. Mais uma semana se passou nessa nuvem de fumaça. E hoje faz um mês da perda de Samuel.

Me levantei com cuidado do chão, sentindo uma fisgada nas costas. A ignorei indo para o banheiro. Meu reflexo no espelho acima da pia, me assustou um pouco. Uma verdadeira noiva cadáver. Após tomar um banho bem demorado, me troquei. Antes de sair do quarto olhei as horas, são quase 01:00 da manhã. Não lembro a última vez que estive acordada 100% de mim.

Estou com fome, então fui comer alguma coisa, antes eu tivesse virado a madrugada assim, assim que cheguei na porta ouvir uma conversa. Meu pai e minha mãe estão falando de mim. Me encolhi na parede para não ser pegarem espionando.

— Não concordo Charlotte. Ela têm direito a vive o luto e a decepção amorosa. — ouvir minha mãe rir.

— Desde quando não foi uma decepção David? Acha mesmo que uma "relação" às escondidas durante anos, vai ser algo além de uma decepção? Eu deveria ter cortado assim que soube.

— Seria pior para ela.

— Você a protege demais, David.

— E você é muito dura com ela.

— Alguém tem que ser. E não foi o suficiente. Ela caiu no papo de um moleque logo de primeira. Eu queria mais para ela.

— E o que ela quer não conta? — meu pai soa calmo, enquanto minha mãe nem sequer respira para falar.

— Isso foi escolha dela. Tudo isso só tem um culpado. Ela sabe, por isso está daquele jeito. Por isso o moleque a largou.

Não acredito que estou ouvindo isso.

— Meu Deus, Charlotte! Você não tem um pingo de empatia com a sua filha? — ficaram em silêncio. Me atrevi a espiar. Meu pai está de frente para minha mãe, cada um de um lado da bancada, duas taças, uma garrafa de vinho seca outra pela metade e um prato que não dá para ver o que tem nele. Meu pai encara mamãe enquanto ela está de cabeça baixa, balançando sua taça de vinho se um lado para o outro.

— Não seja sentimental demais, David. — deu para notar a voz dela embarga, mesmo assim, seu rosto está sem expressão nenhuma além de tédio.

— Estamos perdendo ela, querida.

— Já a perdemos. Não viu e ouviu o choro dela no hospital? Ela se foi junto com o filho.

— Ainda dá tempo. Vamos procurar uma segunda opinião. Ela está vegetando. Toda vez que acorda pergunta pelo o filho e pelo...

— Aquele moleque é um frouxo irresponsável! Ele entrou na cabeça dela, ela idiota acreditou em cada palavra.

— Fato que ele não soube lidar, mas ir embora sem nem ao menos falar com ela? Foi baixo demais. Desumano. E ele não vai voltar. Nem tocar no nome dela ele toca.

Então Christian foi mesmo embora. Me largou na pior fazer da minha vida. Lhe dei tudo de mim. Minha alma de bandeja ele tinha.

Engolir a raiva e sai dali sem querer ouvir o restante da conversa. Corri para meu quarto me enfiando debaixo das cobertas. O choro veio, forte, ensurdecedor. É a última vez que deixo alguém entrar na minha vida, se aproximar demais. Nunca mais ninguém vai me usar e me jogar fora. Uma nova Stella serei.



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