Eu rio-me
Quando penso
Que um racista
No final de tudo
Verá, tudo preto
A vida, é foda
Ironicamente
Perfeita

Minhas linhas?
São parcas
E eu?
Perco tempo
Escrevendo-as

Enquanto
Uma dona de casa
Safada, fã do Bolsonaro
Brinca com os seus gatinhos
Vivendo uma feliz distópia

Quiçá
Eu nasci do lado errado
Ou de cabeça pra baixo
Pois prefiro um bolso vazio
Mas um coração cheio

Vem me abraça
Que se foda o covid
A indiferença
Também mata
E o mundo
Faz tempo
Que jaz
Morto

Chove lá fora
E eu digo
Que estou a morrer de calor
E de fome, com a geladeira cheia
Talvez nunca entendas
Essas linhas

Dizem que o pobre
Pode ser rico
Mas ensinam os pobres
A odiar os ricos
No fundo eles têm
Aquilo que todos deviam ter

Só que nada disso importa
Pois vivemos uma simulação
E teu Deus
É um et, de doze ou treze anos
Mimado, playboy
Sim, eu sei que dói
Mas eu posso estar certo

Eu amo as pessoas
E suas certezas
Só eu sei
Que nada sei
E tu sabes
Que tudo sabes
Pois o teu padre
Te disse a verdade
( Enquanto encobria mais um estupro)