Capítulo 09
Olá amores, eu não costumo publicar capítulos no início da semana... mas, como hoje é dia do Escritor, resolvi soltar um capítulo pra vocês.
Queria aproveitar a oportunidade e dizer para todos os meus colegas do Wattpad: Parabéns ao talentoso escritor que, com palavras habilidosas, encanta nossas mentes e corações, tornando a vida mais rica e inspiradora.
Feliz Dia do Escritor! 💜
O sol nascente coloria o céu com tons dourados, anunciando a iminente chegada do verão. O calor prometia envolver tudo ao seu redor, assim como a mistura de ansiedade e receio que tomava conta de mim enquanto me preparava para ir à casa de Caius.
Os incidentes da última aula ainda estavam frescos em minha mente, como se tivessem acontecido há poucos instantes.
Enquanto seguia o caminho familiar até a casa do meu avô, minha mente era uma tempestade de pensamentos, revivendo os últimos acontecimentos.
Eu havia experimentado sangue humano... A sensação foi devastadora e, ao mesmo tempo, uma onda energética me invadiu, fazendo-me sentir em êxtase, como se uma parte oculta e primitiva de mim tivesse sido despertada.
Lembrei-me de como foi difícil manter o controle naquele momento, mas o alívio tomou conta de mim ao constatar que Elisa estava bem, sem nenhuma consequência grave.
Enquanto caminhava, o aroma adocicado das flores silvestres misturava-se ao cheiro fresco da grama, inundando o ar com uma fragrância reconfortante. O calor do sol tocava suavemente minha pele, fazendo com que eu me sentisse mais viva do que nunca.
Minhas emoções oscilavam entre a excitação e o medo. Cada passo em direção à casa de Caius parecia ser mais significativo do que todos os passos anteriores que já havia dado.
O peso do meu segredo era como um martelo implacável batendo em minha mente, ecoando em cada pensamento e decisão. A cada passo que eu dava, sentia a responsabilidade de proteger aquilo que estava oculto em meu âmago, um segredo que poderia mudar tudo o que eu conhecia sobre mim mesma e o mundo ao meu redor.
Ao me aproximar da casa dele, notei algo incomum. Uma figura familiar estava na entrada: Elisa. Seus cabelos dourados esvoaçavam suavemente ao vento, e seus olhos brilhavam de entusiasmo enquanto conversava animadamente com Caius.
Curiosa, me aproximei, cumprimentando-os com um sorriso tênue. Caius, com uma expressão serena e acolhedora, fez um gesto convidativo para que entrássemos.
— Morrigan, querida, há algo que gostaríamos de lhe contar — disse ele, sua voz serena carregando um tom de mistério.
Embora tentasse disfarçadamente, meu olhar percorreu o pescoço de Elisa, verificando se restava algum vestígio do que acontecera entre nós naquele dia. Não que devesse ter, afinal, que não haveria marcas visíveis, a saliva dos vampiros se encarregava de fechar as feridas deixadas pelas nossas presas.
Analisei suas feições, ela não conseguia conter o brilho de felicidade em seus olhos, e eu me senti reconfortada ao vê-la tão animada.
— Acontece que conversei com os pais de Elisa, e eles concordaram em permitir que ela pratique magia conosco — explicou Caius, com uma serenidade que não lhe era característica.
Meu coração acelerou ao ouvir aquelas palavras, e a surpresa se estampou em meu rosto, mal conseguindo acreditar no que estava ouvindo. Voltei-me para ela, buscando confirmação na expressão de minha amiga, querendo ter certeza de que aquela notícia era real.
— É verdade, Mor! Meus pais foram cautelosos no começo, mas após ouvirem tudo o que Caius tinha a dizer, eles concordaram em me deixar participar — disse Elisa, radiante, seus olhos brilhando de entusiasmo.
A notícia foi como uma suave brisa acalmando meu coração atribulado. Ver Elisa tendo a oportunidade de explorar seus dons mágicos ao nosso lado trazia-me uma sensação de alívio e alegria.
— Elisa, isso é maravilhoso! — eu disse, enquanto um sorriso sincero se formava em meu rosto.
Ao meu lado, Caius assentiu em aprovação, transmitindo um olhar de satisfação pela decisão tomada pelos pais de Elisa.
— De fato, a magia é uma força poderosa — afirmou Caius com uma voz grave e profunda — Com responsabilidade e sabedoria, podemos canalizá-la para o bem, trazendo harmonia e equilíbrio ao mundo.
Os olhos de Elisa brilhavam com uma mistura contagiante de alegria e determinação. Era evidente que a chama de sua paixão mágica, adormecida desde o incidente traumático na infância, havia sido reavivada com vigor. Com um brilho intenso, ela absorvia cada palavra, como uma esponja sedenta por conhecimento.
Havia uma energia mágica palpável no ar enquanto Caius começava suas lições com Elisa. Em suas mãos, ele entregou um antigo grimório, cujas páginas amareladas continham feitiços ancestrais e sabedoria transmitida através dos séculos.
Enquanto ela folheava as páginas com cuidado, o aroma suave de pergaminho antigo e tinta revelava a história viva daquele grimório. Era como se a essência dos próprios feitiços estivesse impregnada no papel.
— Era de Abgail — explicou Caius, observando-a com um brilho enigmático no olhar.
Os olhos de Elisa se arregalaram em admiração, e seus dedos se enroscaram com um misto de excitação e nervosismo ao segurar o livro sagrado.
— Vamos começar com um feitiço simples — iniciou Caius, estendendo uma vela apagada à sua frente — Acender a vela, você se lembra do feitiço?
A alegria que antes transbordava em seu rosto deu lugar a uma expressão tensa. Elisa abaixou o olhar para a vela, e seus dedos apertaram o grimório com mais força, quase como se buscasse apoio naquele objeto mágico.
O sorriso de Elisa murchou, assim como sua postura. A simples menção daquele feitiço evocava memórias dolorosas que ainda ecoavam em sua mente. Era um dos primeiros feitiços que aprendíamos, mas também aquele que resultara em um incidente traumático.
A lembrança se insinuou em minha mente como uma sombra escura.
Estávamos praticando com velas no quarto de Elisa, eu não lembrava exatamente como aconteceu, mas em um momento a vela acendeu-se, e no seguinte, as chamas se espalhavam pelo quarto, consumindo tudo em seu caminho como feras famintas em busca de presas desavisadas.
Senti um arrepio percorrer toda minha espinha ao relembrar aquele momento, como se a fria mão do passado tivesse me tocado.
As imagens vívidas de chamas dançantes e calor abrasador voltaram à mente, e a sensação das labaredas lambendo a pele parecia real novamente. Naquele fatídico dia, fiquei presa em um estado de inércia, apavorada demais para me mover, enquanto o medo me paralisava.
Éramos jovens e inexperientes, incapazes de controlar um incêndio daquela magnitude. Por sorte, ou talvez guiados pelo destino, a mãe de Elisa chegou a tempo e, com sua perícia, conseguiu aplacar as chamas vorazes que ameaçavam nos engolir.
Caius conhecia cada detalhe daquela história e, parecia ter escolhido propositalmente o feitiço que a confrontaria com seu maior medo logo de início. Seus olhos perspicazes perceberam a mudança na expressão da jovem, e ele, movido por uma empatia genuína, tocou sua mão em um gesto reconfortante.
— Elisa, minha querida, compreendo sua preocupação, mas é importante enfrentar esse desafio para o seu crescimento como bruxa. Conte comigo para guiá-la, passo a passo, até que recupere a confiança necessária — falou Caius, com uma voz calma e tranquilizadora.
Observando minha amiga, percebi a hesitação em seu olhar, e imediatamente segurei sua outra mão com força, transmitindo-lhe um sorriso encorajador. Queria que ela soubesse que não estava sozinha, que eu estaria ao seu lado a cada passo do caminho.
Elisa inspirou profundamente, buscando a força interior necessária para enfrentar aquele desafio. Sua postura ficou um pouco mais ereta, e eu podia sentir a determinação crescendo dentro dela. Um sutil aceno de cabeça foi o suficiente para indicar que estava pronta para seguir em frente.
— Então, vamos começar devagar — sugeriu Caius, pegando a vela apagada novamente e me entregando uma também — Antes de realizar o feitiço, conectem-se com a energia da natureza ao nosso redor. Sintam a terra sob seus pés, deixem que a brisa suave acaricie suas peles. A magia flui do nosso vínculo com o mundo ao nosso redor.
Fechei os olhos como de costume e deixei a brisa suave acariciar minha pele, sentindo a terra sob meus pés, como se estivéssemos enraizadas ao próprio poder da Terra.
Ao redor, os sons da natureza pareciam ecoar com uma sinfonia mágica: o canto dos pássaros, o murmúrio das árvores e o sussurro do vento. Era como se a própria natureza estivesse nos apoiando, nos lembrando de que fazíamos parte de algo maior, de uma teia de energia que conectava todas as coisas.
— Agora, visualizem a chama da vela dançando suavemente — continuou Caius, guiando-nos através do processo. — Não tenham medo, vocês estão no controle. A chama é uma extensão do seu próprio poder. Apenas sintam a magia fluindo de vocês para a vela.
— Ignis Lucis Incantatio — murmurei suavemente, dando voz ao encantamento, como uma lembrança gentil para que Elisa se recordasse do feitiço.
Quando abri os olhos, minha vela ganhava vida com uma chama resplandecente.
Direcionei meu olhar para Elisa. Sua concentração era evidente em sua expressão, e a energia mágica começou a brilhar em suas mãos, envolvendo-as com uma aura dourada.
— Isso mesmo, Elisa! Você está indo muito bem — encorajou Caius, sorrindo com satisfação — Agora, com cuidado, canalize essa energia para acender a vela. Lembre-se, você é a mestra de sua própria magia.
Elisa inspirou profundamente, absorvendo as palavras de Caius. Seu tom de voz suave sussurrou o encantamento "Ignis Lucis Incantatio," e a resposta não tardou a chegar. Uma faísca de magia percorreu o espaço entre suas mãos, e a chama da vela brilhou intensamente, iluminando seu rosto com um fulgor encantador.
Um sorriso radiante iluminou o rosto de Elisa, e a alegria estampada em seus olhos era como o reflexo das estrelas em uma noite límpida.
— Eu consegui! — exclamou Elisa, sua voz vibrando com emoção.
— Sim, você conseguiu! — respondi emocionada, sentindo meu coração transbordar de alegria por ela.
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