› you're a bad person

A sala de jantar estava silenciosa naquela noite enquanto os Styles comiam com suas cabeças baixas. Os únicos sons que se ouvia eram os talheres batendo contra a porcelana e a melodia suave de alguma música desconhecida que vinha da cozinha. Não era um silêncio do tipo bom, no entanto. Harry sentia-se observado pelas duas alfas, quase como um ratinho de laboratório. Podia até mesmo imaginar as engrenagens de seus cérebros funcionando, formulando perguntas constrangedoras. Mas o ômega não queria isso, não, ele queria apenas terminar seu ensopado e se encontrar com Niall como haviam devidamente combinado mais cedo. O loiro estava supostamente preocupado com a saúde nada boa do amigo, mas ambos sabiam que ele apenas queria uma companhia para algumas cervejas em algum bar do subúrbio onde morava e, talvez, lhe arrancar alguma verdade porque o beta não era idiota e Harry sabia disso. Quer dizer, vinha enrolando-o com respostas vagas desde que se conheceram a alguns semestres. O que lhe preocupava de fato era até quando conseguiria isso. Mas, bem, de qualquer forma uma cerveja gelada não lhe faria mal algum depois dos dias cansativos que teve.

- Então... - Gemma começou assim que mastigou a última garfada. - Esse alfa, Louis Tomlinson, me parece um cara legal.

- Sim, bem inteligente - Anne completou.

Harry bufou alto enquanto dava de ombros e revirava o restante da comida sem vontade nenhuma de colocá-la para dentro.

- Vamos vê-lo de novo? - sua mãe perguntou, também largando os talheres. - Eu gostaria que isso acontecesse.

- Sério, mãe? - a ironia escorria em suas palavras. - Acho que não percebi, obrigado por me avisar.

- Haz...

- Não, Gemma, não - o ômega praticamente jogou os talheres sobre o prato, com força e indignação. - Por que estão agindo como se ele fosse alguma coisa além da porcaria de um prostituto? Uh?

- As pessoas não são resumidas naquilo que elas fazem para sobreviver, Harry - ali estava a voz de alfa lúpus, o ômega se encolheu dentro de si. - Não jogue no lixo a educação que nós te demos.

- Ele é um alfa - murmurou entre dentes se sentindo pequeno diante das duas Styles.

- Eu e mamãe também - Gemma nunca usava sua voz alfa porque sabia que o irmão a odiaria se o fizesse, mas naquele momento estava realmente tentada a fazê-lo. - Você fala tanto sobre não querer ser rotulado por sua classe e faz exatamente isso com todos os outros. Já pensou que antes de alfa, qualquer um de nós somos apenas uma pessoa?

Era fácil para Gemma falar, assim como era fácil para qualquer porra de alfa. Mas não para Harry. Não quando tudo o que ele sabia desde que havia se descoberto ômega era sentir aquelas malditas mãos alfa na porcaria do seu corpo. Era fácil para Gemma dizer que ele rotulava alfas apenas com base em sua classe e, sim, talvez ele o fizesse mesmo. Mas quer saber? Ele tinha o direito. Tinha o direito de odiá-los, tinha o direito de se sentir enojado com a ideia de ser tocado por um novamente. E não seria sua irmã alfa que o faria se sentir culpado por isso. Não depois de tudo, não quando ela estava lá. Não quando ela sabia.

- Não fale das merdas que você não entende, Gem - disse ao se levantar, as mãos em punhos enquanto obrigava seu ômega a deixar de ser um covarde de merda. - Estou saindo, boa noite.

A noite estava fria e o sangue em duas veias tão quente quanto uma supernova quando se encontrou com Niall algum tempo depois. O barzinho era aconchegante, do tipo com mesas de madeira na calçada, luz baixa, petiscos baratos e musica ao vivo. Não era o lugar que Harry costumava frequentar com frequência, mas era bom. O loiro acenou exageradamente quando Harry chegou, já tinha as bochechas coradas e olhos brilhantes de quem estava bebendo a tempo suficiente para adquirir-las. Essa era mais uma das coisas que o ômega admirava em Niall, sua autenticidade em não precisar de absolutamente ninguém além de si mesmo para fazer qualquer coisa como, por exemplo, tomar algumas cervejas num bar ao som de música country.  

Ambos se cumprimentaram com um bater de palmas rápido antes de Harry se acomodar na cadeira em frente ao amigo. Não demorou nem dois minutos para uma budweiser estar entre seus dedos. Com uma varrida de olhos rápida ficou claro que não haviam muitos ômegas ali, apenas um cara no bar e uma garota marcada sentada no colo de um alfa entre outros tantos numa mesa do lado de dentro.

- E aí, cara - Niall falou com a voz meio arrastava e um sorriso grande no rosto. - Achei que tinha finalmente partido dessa para melhor.

- Não dessa vez.

- Aqui, isso está ótimo - o beta lhe empurrou um pratinho de provolone empanado. - E vamos conversar, faz tempo já. Senti sua falta, Styles.

Era um sentimento recíproco e por isso Harry riu enquanto mastigava os petiscos devagar, a cerveja gelada na medida certa fazia maravilhas ao seu paladar. Niall sorria cheio de luz do outro lado da mesa enquanto apostava consigo mesmo quanto queijo conseguia pôr na boca de uma só vez. Era ridículo, então Harry riu ainda mais. Estar com o loiro era fácil, não havia julgamentos nem complicações. Harry sentia que podia ser uma pessoa normal quando estava com Niall. Eles estudavam, riam e riam ainda mais sem precisar se preocupar com nada mais do que o presente momento. Com Niall era como se não existisse toda a coisa de classe, era como se o mundo tivesse voltado aos seus primórdios e as pessoas fossem apenas pessoas tentando sobreviver ao caos de sua própria existência sem ter que lidar com animais enjaulados dentro do peito. Era bom, a normalidade.

- Uma semana fora, uh? - o beta comentou com a cerveja entre os lábios e um sorriso meio torto. - Dessa vez foi mais tempo.

- Muita febre - deu de ombros.

- Uhum, claro que sim.

Harry sabia que chegaria o momento em que teria que fazer algo grande, fosse elaborar uma mentira convincente ou apenas contar a verdade. Mas o momento não era aquele, então deu de ombros mais uma vez como se tivesse encerrado o assunto. E encerrou porque Niall não era do tipo que insiste, ele era do tipo que espera pacientemente que venham até ele porque sabe que, na maioria das vezes, todos os motivos são válidos. Ele era um boa pessoa, no final das contas. Muito coerente.

- O que há de novo? - o loiro perguntou depois de um tempo, parecia genuinamente interessado.

- Nada, basicamente fiquei no meu quarto estudando quando dava - não era uma mentira completa. - Nenhum drama nem nada. Você?

- Kacey e Cara estão juntas agora, meio que oficialmente. Ela é legal, as duas se fazem bem - deu mais um gole em sua cerveja. - Zayn meio que agora está conosco já que o Tomlinson não apareceu para aula por dias e Liam não queria ficar longe da Maya.

- Uh, você sabe o que aconteceu?

- Aconteceu...?

- Tomlinson.

- Ah, isso - deu de ombros e pescou mais alguns petiscos. - Não, mas acho que ele estava com algum ômega, por que o interesse agora?

- Por nada.

- Certo.

Por cerca de dois segundos o beta encarou Harry com as sobrancelhas franzidas como se pretendesse tirar algo dali, aparentemente não encontrou nada porque suspirou meio cansado e terminou sua cerveja antes de pedir por outra como se fosse água. Harry desconfiava que havia mais álcool naquelas veias do que glóbulos brancos.

- Estou pensando em começar alguma pesquisa - continuou depois de um tempo. - Não faço ideia de qual mas o coordenador de curso me incentivou totalmente a isso, minhas notas são boas o suficiente para tentar alguma bolsa. Basicamente eu apenas precisaria apresentar um projeto modelo para a banca.

- Isso é ótimo, Niall!

- Sim e me interessou o bastante - suspirou derrotado ao encostar a testa na mesa com os ombros caídos. - Mas não faço ideia do por onde começar ou do que fazer.

- Tenho certeza que vai encontrar algo, cara.

Sim, era verdade. Niall era inteligente o suficiente para mudar o mundo da medicina. Para revolucionar as questões de saúde e ainda ter tempo para tomar algumas cervejas no final da tarde. Então era claro que ele conseguiria pensar em algo. E Harry estava genuinamente feliz pelo amigo, concorrer a bolsa para pesquisa logo no terceiro semestre não era para qualquer pessoa. Era quase como uma garantia de sucesso na carreira, era um pé de entrada para prêmios e reconhecimento mundial. Desenvolvimento e tecnologia medicial movia mais fundos do que qualquer outra aérea de pesquisa, principalmente em um mundo no qual grande parte da população vivia sob a base de medicamentos.

- Espera - Harry disse em um lapso momentâneo, será?

- O que?

- Acho que tenho uma ideia.

Niall levantou a cabeça em segundos, os olhos muito azuis grandes o suficiente para dar a Harry a sensação de estarem prontos para saltar das órbitas e uma expressão que implorava por ajuda. O ômega quis apertar suas bochechas rosadas pelo álcool e nunca mais soltar.

- Harry Edward Styles, é agora que você me salva - falou teatralmente, um sorriso brilhante no rosto. - Seja a luz da minha vida. Por Deus, seja a luz da minha existência toda e eu te juro devoção eterna.

- Bem menos, idiota.

- Tá - deu de ombros e se ajeitou devidamente na cadeira. - Diga.

- Você sabe que há uma vasta quantidade de inibidores no mercado, com variações de preços e eficácia ainda maiores, certo?

- É, claro duh - balançou a mão com veemência para que Harry continuasse.

- Esses inibidores geralmente são para controle do cio ômega, em grande maioria.

- Alguns ajudam no controle à sujeição de alfas ao feromônio ômega também - completou. - Não são muito comuns no mercado, mas estão lá e fazem um trabalho razoável.

- É, mas e se...?

- Acho que isso cabe às grandes empresas farmacêuticas, cara.

- Talvez - dessa vez foi Harry quem se aprumou na cadeira. - Mas e quanto às outras pessoas? Temos inibidores para ômegas e alfas, temos até mesmo perfumes de feromônios para betas. E quando ao resto?

- Acho que não estou entendendo aonde você quer chegar.

- Imagine um alfa que gostaria de... sabe, de não ser um alfa.

- Por quê alguém não iria querer ser um alfa, Harry?

- Algumas pessoas não querem - "algumas pessoas simplesmente não são, mesmo que seus corpos digam outra coisa" completou em pensamento.

- Duvido muito.

- Não é porquê você não conhece que não existam, Niall.

- E você conhece então?

"Sim", gritou dentro de sua cabeça.

- Não - Harry podia ver a empolgação do amigo se esvair e ele praticamente murchar como um balão de ar. - Mas, elas estão por aí. E, pense só, seria revolucionário. Seria um avanço médico gigantesco, seria a porra de um avanço social também. Cara, você faria história.

Era quase audível o som as engrenagens na cabeça do loiro funcionando naquele momento, ele encarava Harry com olhos semicerrados e sobrancelhas juntas. Estudava-o do outro lado da mesa como se estivesse dissecando um cadáver na aula de anatomia. Mas não estava, era apenas sua forma de tentar entender as entrelinhas porque, usualmente, nada lhe escapava. Nada além do fato de seu melhor amigo ser um ômega. Mas, bem, como ele saberia uma vez que não sentia feromônios? Niall merecia um bom desconto em relação a isso.

- Existe algum motivo pessoal para sugerir isso? - perguntou mais sério do que Harry jamais o tinha visto antes. - Eu preciso saber.

Niall merecia a verdade ou, pelo menos, uma pequena parcela dela.

- Eu odeio a divisão de classes - começou logo depois de conseguir outra cerveja. - Eu odeio o fato das pessoas serem subjulgadas por sua natureza animal. Não era assim nos primórdios da vida, não era assim quando as pessoas eram apenas pessoas e não um bando de animais sujeitos uns aos outros.

- A evolução é inevitável, faz parte da existência - deu de ombros. - E, mais do que isso, faz parte da sobrevivência.

- Estamos bem agora.

- Graças ao fato da vida ser mutável o suficiente para garantir isso.

Não era mentira, mas ainda assim Harry não conseguia compreender como transformar homens em meio animais ajudou.

- Certo, certo - o ômega levantou ambas as mãos ao lado da cabeça em sinal de rendição. - Só me responda uma coisa, Niall, você gosta de ser um beta?

- Eu tenho que gostar? - esfregou os olhos como se estivesse se sentindo derrotado. - É seleção genética, Harry, é como estar diante de uma roleta russa.

- Não foi essa a minha pergunta.

- É, eu sei - Niall terminou com os petiscos e pediu a conta com um aceno de mão. - Mas essa é a minha resposta.

- Então é um não? - Harry perguntou depois de dividirem a conta, enquanto Niall fumava um cigarro na calçada.

- Eu nunca digo não às coisas quando parecem interessante - assoprou a fumaça do cigarro para longe.

- Então é um sim?

- Não, significa que eu vou pensar em como deixar isso menos absurdo e então voltaremos a conversar.

Soava bom o bastante para Harry, quer dizer, já era um passo e ele sabia que Niall conseguiria se quisesse o suficiente. Sentiu-se aquecido com a ideia de ajudar pessoas como Zayn a serem quem elas realmente são. Se a biologia era uma megera, então eles tinham todo o direito de resistir.

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Era aula de bioquímica e Harry sentia seus olhos pesados de sono, havia ficado na casa do Niall durante grande parte da noite, apenas rindo enquanto bebiam coisas mais fortes e comiam pipoca em frente à tv vendo um filme trash qualquer. Seus ombros estavam doloridos e a cabeça parecia prestes a explodir em milhões de pedacinhos e espalhar massa cefálica por todo canto, definitivamente não era um bom dia. E, para piorar, havia Louis e seu cheiro irritante à sete carteiras de distância fazendo um barulho insuportável ao riscar a caneta em seu caderno pautado. Não havia motivos aparente, mas Harry sentia-se estranhamente consciente da presença do alfa. Consciente o suficiente para ficar ainda mais irritado consigo mesmo. Afinal, que merda estava acontecendo?

Ele não sabia e não estava ansioso para descobrir, ainda assim devia um pedido de desculpas ao outro e, quando o sinal estridente anunciou o fim da aula, Harry foi rápido em arrastar seu corpo até os três alfas sob os olhares surpresos e curiosos de seus amigos.

- Harry! - Zayn falou alto com um sorriso largo com o qual o ômega ainda não estava acostumado. - Como está se sentindo? Soube que ficou doente mais uma vez, talvez devesse consultar um médico para checar se está mesmo tudo bem.

- Estou ótimo, cara - murmurou amargo, o nariz completamente torcido enquanto tentava não olhar para o dono do cheiro desagradável. - Se puder não gritar, eu ficaria ainda melhor.

- Ressaca em uma quarta, uh? - Liam lhe deu um soquinho amigável no ombro enquanto sorria divertido. - É assim que se aproveita a vida, você está completamente certo Harry.

- É - deu de ombros antes de se virar para quem realmente importava no momento. - Podemos conversar?

Zayn não estava surpreso mas fingiu que sim porque Liam o olhou com a porra de uma interrogação gigantesca na cara, então o híbrido apenas deu de ombros e o arrastou para longe. Não sem antes oferecer um sorriso gentil à Harry e piscar para Louis.

E lá estavam eles, sozinhos na sala de aula silenciosa. Tomlinson ainda acomodado em sua cadeira, a caneta batendo contra o papel enquanto encarava o ômega com cara de poucos amigos. E Harry sentia-se incrivelmente desconfortável com tudo à sua volta, mas especialmente o cheiro forte que estava grudado na pele do outro. Cheiros são incrivelmente eficazes em despertar memórias e isso não era uma boa coisa considerando que o ômega não queria se lembrar dos últimos dias, principalmente do primeiro. Principalmente quando tudo o que fazia era sentir-se quente entre as pernas apenas com a memória muscular da porra do dildo enfiado no seu cu. Por ele. Por Tomlinson.

- Vai ficar apenas me olhando com essa cara de quem comeu e não gostou ou vai abrir a porcaria da boca? - Tomlinson falou sem esconder sua irritação. - Não tenho o dia todo, Styles.

- Até ontem você tinha.

Não era uma questão de querer realmente ofender, era mais como um mecanismo de defesa muito defeituoso que o fazia rebater cada comentário agressivo com outro na mesma proporção. Então teve que morder o interior da bochecha e se lembrar do real motivo que o levou a estar ali. Se desculpar.

- Até ontem eu estava sendo pago, idiota - Louis também não era fácil, porra, nenhum dos dois era.

- Claro - o ômega riu com escárnio antes de pegar a carteira e jogar algumas notas sobre a mesa. - Agora também está.

Nunca antes em sua vida Harry havia presenciado a fúria de um alfa. Sua mãe não era do tipo que se exaltava e sua irmã não o fazia tampouco. Além disso, Harry evitava constantemente conviver com alfas para ter alguma noção da extensão da fúria de um. Porém, naquele momento, ele soube. Ele saberia se fosse até mesmo a merda de um pombo sem racionalidade porque Louis Tomlinson havia praticamente saltado de sua cadeira e agora o prenssava contra a parede, uma mão segurando forte seu pescoço e a outra do apoiada do lado da sua cabeça enquanto seus feromônios enchiam o lugar. O ômega dentro de Harry se encolheu até não passar de uma bolinha de pêlos trêmulas ganindo assustado.

Harry teve que fazer um grande esforço para não deixar seu corpo encolher diante do toque, ele não iria abaixar a cabeça para nenhum alfa de merda e isso definitivamente incluía Louis.

- Eu poderia enfiar essa merda de dinheiro no seu cu, seu bostinha - rosnou enquanto seus dedos mantinham Harry no lugar. - Eu poderia socar essa porra escrota que você chama de cara até não restar nada aí.

- Me solta, Tomlinson - o ômega rosnou baixo, mesmo que tenha saído mais como um grunhido.

- Você realmente acha que pode fazer a merda que quiser sem nenhuma consequência? - riu alto, algo entre um rosnado e outro. - Advinha só, Styles, não pode. Não comigo.

- E você vai fazer o que?

Harry sentiu-se quase sufocar quando os dedos ao redor da sua garganta fizeram mais pressão antes de se afastarem de vez. Exatamente como Tomlinson que respirava rápido enquanto guardava suas coisas de qualquer jeito na mochila. A expressão tão fechada quando possível. E Harry só conseguia pensar como havia conseguido transformar um pedido de desculpas naquele desastre.

- E-eu vim me desculpar - falou baixo, o corpo ainda encostado na parede e uma das mãos no pescoço. - Sobre ontem.

- Sério? - o alfa riu em desdém. - Você é uma bosta nisso.

- Eu sei, mas ainda quero que me desculpe. Por agora também.

Louis parou por um momento apenas para olhar Harry antes de esfregar o rosto impaciente com a mão como se quisesse desfazer a expressão irada em seu rosto.

- Eu sinto muito por ser um idiota, Louis, eu deveria te agradecer - o ômega continuou, as palavras saindo baixas de seus lábios. - Eu só... você disse que há coisas sobre você que eu não sei. Faço dessa minhas palavras agora. Há tanta coisa que não sabe.

- Então fale.

- Não - Harry balançou a cabeça com veemência. - Eu não posso. Eu não vou, nunca. É só um pedido de desculpa não a porra de um confessionário.

- É, que se dane.

Louis agarrou as notas em cima da mesa apenas para literalmente jogá-las em Styles, bem no rosto. Harry se sentiu miserável porque não havia raiva em Tomlinson, não mais. Mesmo que projetar ira fosse sua intenção, não funcionou porque não havia nada ali além de desgosto.

- Engole a merda do seu dinheiro antes que eu faça isso por você - rosnou baixo.

- Louis...

- Não - seus olhos eram como navalhas sobre a pele do ômega. - Não, Harry. Você não pode tratar as pessoas como merda e depois esperar que elas sorriam com meras palavras de uma desculpa fajuta. A vida real não é assim, sugiro que estore a porra da sua bolha antes que acabe se mahucando, nem todo mundo é paciente quanto eu.

- Louis...

- Você é uma pessoa ruim, Styles. Você não conhece limites. Eu... - o desgosto em suas palavras feriu Harry porque ele sabia que era sua culpa assim como sabia que a causa era ele. - É melhor você colocar gelo no pescoço antes que fique marcas, procure por Adeline no refeitório, ela sempre ajuda quem precisa. Pode dizer que eu te mandei, se quiser.

- Louis...

- Eu sinto muito por isso, a propósito - o alfa colocou a mochila nas costas e passou as mãos nervosas nos fios castanhos sobre a cabeça. - Eu nunca quis te machucar, eu não faço essas coisas. É só que... merda, Styles, você é tão difícil. Ainda assim eu não deveria, me desculpe, nunca mais vai voltar a acontecer.

- Tudo bem - Harry murmurou se sentindo um bosta enquanto encarava as notas amassadas no chão aos seus pés.

Tomlinson saiu sem se despedir e só então Harry se deu conta das lágrimas quentes em seu rosto. Desde quando estava chorando ele jamais saberia dizer. Se o alfa viu? Ele não sabia. O motivo das lágrimas? Essa era fácil porque apenas uma pessoa tinha aparentemente tinha a capacidade de fazê-lo se sentir um pedaço de merda boiando numa privada suja e essa pessoa era Louis Tomlinson.

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