› i can even fall in love, who knows

Harry estava nervoso e não fazia ideia do porquê. Acordou naquela manhã com uma sensação pesada no estômago e o coração frio, tipo, literalmente sentindo-o frio. Pensou em perguntar para sua mãe que tipo de anomalia estranha era aquela, mas desistiu quando as duas alfas da casa pareciam aéreas demais para qualquer coisa além de comer silenciosamente. De qualquer forma, não importava muito já que ele tinha um celular e seu celular tinha o Google. "Coração frio, estômago pesado e mãos suando compulsivamente" digitou os sintomas rapidamente sob a mesa enquanto sua mãe falava alguma coisa desinteressante da qual Harry não estaria prestando atenção de qualquer modo.

Arregalou os olhos com o resultado da pesquisa, um som estrangulado saiu de sua garganta enquanto os dedos apertavam o celular sem saber se acreditava naquilo ou não. Sério, ele não poderia estar tendo um ataque cardíaco, não é mesmo? Refluxo gastroesofágico? Gastrite? Bloqueio do ramo esquerdo do feixe de His? Mas que diabos que resultados eram aqueles?

- Está tudo bem, querido? - Anne perguntou ao notar o quanto Harry estava pálido com seus olhos verdes abertos demais.

- S-sim - falou baixo. - Quer dizer, eu estou me sentindo meio estranho e... o Google diz que eu posso estar, basicamente, morrendo.

Gemma soltou um grito agudo do outro lado da mesa antes de começar a rir descontroladamente, migalhas de waffles voando para fora de sua boca enquanto ela tossia e ria e tossia mais um pouco tentando desengasgar com grandes goles em seu suco de laranja.

- Ei - ele estava oficialmente ofendido com a irmã ainda rindo e completamente vermelha à sua frente.

- Não devia usar a internet para isso, Haz - sua mãe falou seriamente, mesmo que os cantos de seis lábios tremessem um pouco. - Deveria consultar um médico. Talvez a mim ou aos seus livros, meu amor.

É, ele podia. A questão toda era que Harry não era exatamente um gênio. Quer dizer, suas notas estavam na média graças às noites de estudo sem fim. Basicamente ele tinha que ler o mesmo capítulo um par de vezes para então compreender o que significava porque ele não era naturalmente bom em tudo o que fazia como Niall. Então ele realmente não queria ter que perder sua manhã toda procurando por algo da biblioteca na faculdade quando poderia estar prestando atenção no que realmente era importante, a aula.

- Você é tão burro - Gem falou quando finalmente conseguiu desengasgar. - Eu consigo sentir sua ansiedade à quilômetros, idiota. Você não está morrendo.

- Ansiedade?

- É, dah - a alfa esticou o braço e deu um tapinha leve na testa do irmão mais novo. - Está ansioso por algum motivo, vai acontecer algo hoje?

Ele não estava ansioso. Não estava, certo? Quer dizer, ele adorava as aulas e sempre ficava nervoso em dias de provas e avaliações, mas aquele não era um. Não aconteceria nada de excepcional, então porque diabos ele estaria ansioso? "Você me vê amanhã", as palavras do alfa lúpus ecoou em sua mente absolutamente do nada. Eram simples, quer dizer, não é como se fosse uma grande coisa já que eles literalmente se viam todos os dias. Mas, só que... porra.

- Eu estou doente, mãe - virou-se para Anne com o rosto contorcido em desespero. - Definitivamente não posso ir a aula hoje.

- Você está ótimo, querido - a alfa deu de ombros antes de terminar se café preto e se levantar. - Seja lá o que for que está te deixando ansioso, tenho certeza que não é o fim do mundo.

Claro que não era. Mas, porra, ao mesmo tempo era demais. O que supostamente Harry deveria fazer? Agir como se ele e Tomlinson fossem amigos? O que, definitivamente, não eram? Ou deveria apenas seguir o seu dia e ignorar o alfa pelo resto de sua vida? Bem, ele não sabia. E não saber era uma das coisas que o ômega mais odiava. Não saber significava improviso e improviso significava desastre. Era uma conta simples o suficiente para fazê-lo querer implorar para sua mãe deixá-lo em casa. Só que, inferno, ele não podia. Ele tinha faltas demais e já corria para acompanhar os outros por causa de suas ausências mensais. Harry simplesmente não podia deixar de assistir nenhuma aula sequer por simples capricho.

Aghr, ele detestava ser responsável.

- Você é tão bobinho - Gemma falou ao abraçá-lo por trás de sua cadeira, bagunçando os seus cachos deliberadamente. - Nem parece que tem vinte anos nessa sua bunda.

- Sai fora - o ômega se desvencilhou da irmã com sua melhor expressão de "eu não sou uma criança, sua idiota" bem colada no rosto.

- Que bebezão.

- Baixinha - sim, Harry era um ômega completamente fora dos padrões já que era maior do que grande parte dos alfas que conhecia, inclusive sua mãe e irmã.

Gem revirou os olhos e lhe lançou o dedo do meio quando Anne não estava vendo. Harry apenas deu de ombros e respirou o mais fundo possível enquanto secava as mãos no jeans escuro tentando garantir a si mesmo que não aconteceria absolutamente nada fora do normal.

___________________

Ele estava errado.

E estava tendo um mal dia.

Para começar, havia chegado atrasado na aula de fisiologia e o professor (um beta ranzinza com uma verruga preta na ponta do nariz) não o deixou entrar. Por isso havia passado grande parte da manhã sentado no refeitório estudando como um louco porque precisava e porque o distraía de coisas menos importantes, lê-se Louis Tomlinson. No entanto descobriu tarde demais que havia feito uma péssima escolha quando um alfa passou ao seu lado equilibrando uma bandeja cheia de comidas gordurosas em uma mão e o celular na outra enquanto praticamente rugia para quem quer que estivesse do outro lado da linha. O alfa era estúpido demais ou completamente cego porque acertou a cabeça do ômega com o cotovelo e, quando se virou para ver o que tinha atingido, deixou a bandeja escorregar de suas mãos e cair sobre a mesa em que Harry estava. Resultado? Livros arruinados, anotações perdidas, corpo coberto de refrigerante e um olho roxo porque era óbvio que ele não deixaria para lá.

E, agora, lá estava ele sentado diante do reitor enquanto fedia a bacon e coca cola diet com um saco de gelo no olho e totalmente puto da vida porque o filho da puta do alfa nem ao menos tinha sido notificado com alguma advertência verbal. Harry realmente odiava aquele velho.

- Você de novo aqui, senhor Styles - o velho falou ao estalar s língua.

- Eu de novo - murmurou num rosnado.

- Deixe-me ver - o alfa velho pegou uma pasta com as informações acadêmicas dele. - Notas regulares, nenhum projeto extracurricular ou apresentações excepcionais. Apresenta comportamento violento, faltas regulares. Quebrou o nariz de um professor. Como foi mesmo que o senhor foi admito, senhor Styles?

Harry deu de ombros porque não adiantava discutir com o reitor quando ele era supostamente um beta, ou seja, um nada. Simon Cowell era o tipo de alfa que acreditava em três coisas: 1) alfas estava sempre certos. 2) ômegas não serviam para absolutamente nada além de receber um nó. 3) betas não deveriam existir. Como aquele homem dirigia uma das melhores e mais conceituadas universidades do país, Harry mal sabia. Bem, ele sabia. Simon Cowell era um alfa, por isso.

- Eu poderia expulsá-lo por isso - garantiu. - Agredir um colega enquanto deveria estar assistindo a uma aula não é o comportamento que espero de meus alunos.

"Filho da puta", pensou enquanto fazia um grande esforço para não mandar o velho para a casa do caralho.

- Não vai se justificar?

- Vai adiantar alguma coisa?

O reitor sorriu com seus dentes amarelos porque era óbvio que nada do que ele falasse mudaria o fato de que o merdinha do alfa tinha dito que Harry o havia feito derrubar seu café da manhã e ainda agido como um louco ao o atacar.

- Segunda advertência, senhor Styles - Cowell disse com um meio sorriso preso no rosto velho. - Esperarei ansioso pela terceira e última.

"Claro que vai" pensou amargamente enquanto colocava a mochila nas costas e saía da sala com os ombros caídos e a certeza de que teria muito o que fazer nos próximos dias para recuperar todas as anotações que havia perdido. Harry sabia que deveria estar com raiva, sim, mas sentia-se simplesmente cansado demais para qualquer coisa além de se arrastar até o banheiro mais próximo e tirar o açúcar do rosto antes da próxima aula.

Não muito tempo depois, Harry se sentou entre Niall e Kacey, e bateu a cabeça propositalmente contra a carteira enquanto respirava fundo todo o oxigênio que conseguia tentando ignorar a mistura de cheiros que vinha como consequência.

- Você tá cheirando ao café da manhã de alguém que deveria controlar o colesterol - o loiro falou baixo ao seu lado.

- Sério, cara? - o ômega balançou a cabeça de um lado para o outro com sua testa ainda na madeira.

- Manhã ruim? - Kacey perguntou sentada do seu outro lado.

- Péssima.

Aquele realmente não era seu dia porque, nem mesmo um par de minutos depois, Maya chegou saltitante em seus saltos muito altos praticamente pendurada em um Liam muito sorridente. Logo atrás deles, Zayn e Louis falavam baixo sobre alguma coisa que parecia importante pelas suas feições sérias.

O casal se acomodou ao lado da Kacey e os outros dois alfas sentaram atrás do Harry e do Niall.

- O que aconteceu? - Liam perguntou depois de conseguir se livrar dos beijos incansáveis da namorada(?).

- Não me pergunte - Niall respondeu com as duas mãos abertas ao lado do rosto.

- Manhã ruim - disse Kacey.

E Harry, bom, ele apenas continuou com a testa encostada na mesa porque sentia-se miserável enquanto suas costas queimavam sob o olhar curioso de Tomlinson que, definitivamente, não deveria estar ali olhando para como as roupas do ômega estavam sujas e seus cabelos meio úmidos e com cheiro do sabonete do banheiro masculino. E assim continuou durante toda a aula já que se sentia incrivelmente humilhado e seu humor não estava bom o suficiente para aguentar nada além de estar ali fisicamente. Seus amigos conversavam animadamente sobre qualquer porcaria enquanto Harry queria desaparecer dali o mais rápido possível. E era isso que pretendia fazer quando o sinal tocou estridente anunciando mais um fim de aula.

Com suas coisas bem firme nas mãos, Harry andou em passos largos para o mais longe daquelas pessoas animadas demais. Normalmente ele não o faria, mas estava miserável demais para socializar. Precisava de um banho quente e muita sorte de sabe-se lá qual santo para tentar organizar-se novamente.

- Ei, Styles - ouviu quando estava com um pé dentro do banheiro, não precisou olhar para saber quem era.

Ele teve que se controlar para não sair correndo o mais rápido dali possível enquanto ainda houvesse tempo. Só que, porra, não havia porque Louis Tomlinson estava parado ao seu lado com um riso divertido no rosto como se eles fossem amigos agora. Eles não eram. Quer dizer, Harry ainda não gostava muito dele, certo?

- Ouvi dizer que se meteu em uma briga antes das dez - o alfa falou. - Espero que ele tenha saído pior do que você.

Não tinha. Harry tinha força o suficiente para isso, mas o cara parecia saber mais sobre brigas do que ele. No final das contas havia um olho roxo na sua cara e um corte na boca do alfa. Por isso apenas deu de ombros antes de entrar no banheiro vazio porque precisava mesmo mijar. E se livrar de Louis Tomlinson.

Só quando estava devidamente posicionado em frente ao mictório, o pau na mão e o corpo relaxando o suficiente para esvaziar a bexiga foi que percebeu que Tomlinson estava ao seu lado fazendo exatamente a mesma coisa. Manteve os olhos fixos no azulejo da parede à sua frente porque era isso que deveria fazer já que o alfa não havia pulado um mictório como mandava a porra da ética silenciosa do banheiro masculino. Tipo, eles estavam sozinhos lá, por que Tomlinson tinha que ser um pé no saco incoveniente e mijar bem ao seu lado? E, merda, porque ele estava assobiando igual a um idiota? Harry queria mandá-lo calar a porra da boca, mas não o fez porque estava ocupado demais tentando expulsar a urina de seu corpo tenso que não parecia querer colaborar.

"A vida só pode estar de sacanagem comigo" pensou enquanto tentava não imaginar como as coisas poderiam piorar.

Mas podia, claro que podia. Se tinha uma coisa que podia, essa coisa era piorar. Porque, veja bem, Harry estava extremamente tenso ao ponto de não conseguir mijar mesmo que sua bexiga estivesse no limite, seus pensamentos estavam centrados em toda a desgraça que havia lhe acontecido naquela manhã e em como a vida havia acordado e dito algo como "olha só como o dia está lindo hoje, perfeito para foder Harry Styles, uh, é acho que vou fazer isso mesmo". Então, bem, ele realmente se assustou quando sentiu algo em seu ombro. Se assustou o suficiente para se virar depressa. E, com a porra do susto tomando lugar da tensão, seu mijo havia resolvido sair assim absolutamente do nada.

Então, o cenário era o seguinte, Harry estava mijando em alguém e esse alguém era Louis Tomlinson que havia encostado seu ombro no do ômega quando não obteve resposta para alguma coisa inútil que estava falando.

- Oops, merda - falou baixo, as bochechas em chamas enquanto terminava de mijar aonde deveria ter começado, no mictório. - Acho que acertei você.

- Oi, sim - Louis parecia incrédulo olhando para sua calça cheia de respingos da urina do outro. - Puta merda, cara, você mijou em mim!

- Você me assustou - justificou depois de fechar as calças.

- Foda-se, você mijou em mim.

- Não é como se fosse minha culpa - Styles cruzou os braços diante do peito porque ele estava falando sério, ninguém mandou o alfa ser um intrometido sem senso e parar no mictório ao seu lado quando havia sete deles livre.

- É exatamente como se fosse a sua culpa - falou. - Você mijou em mim.

Harry deu de ombros porque ele tinha mesmo, tipo, havia sido um acidente e tal mas não ia gastar tempo com isso quando tinha um milhão de matéria para repassar. Então, simplesmente foi em silêncio até a pia e começou a lavar as mãos como se não tivesse mijado em Louis Tomlinson.

- Não vai nem se desculpar? - o alfa parou na pia ao seu lado.

- Você me assustou, Tomlinson - disse enquanto enxugava as mãos com papel reciclado. - Já disse, não foi minha culpa.

- Você é inacreditável.

- Está bem - jogou os papéis no lixo e se voltou para o alfa apenas porque talvez se sentisse um pouco culpado. - Me desculpe. Satisfeito?

- Não.

- O que espera que eu faça então?

- Sei lá, cara - o alfa fingiu pensar por algum tempo, o dedo indicador batendo no queixo enquanto a boca formava um biquinho que Harry jamais em toda a sua vida admitiria achar adorável. - Você pode me pagar um chá. Yorkshire com leite, por favor. Nenhum outro sequer passa pela minha garganta.

Harry encarou o alfa por um par de segundos antes de começar a rir como um idiota sem motivo algum. Quer dizer, tinha motivo porque toda a situação era hilária. Não demorou muito para o alfa o acompanhar. Harry sorriu ainda mais com isso porque a risada de Louis Tomlinson parecia ter saído de algum cartoon, sério, era literalmente uma sequência de perfeito hahas.

- Você é ridículo - falou enquanto colocava ambas as mãos nas bochechas apenas para se certificar de que não estavam tão quentes quanto ele sentia estar. Elas estavam.

- E você tem um pedaço de bacon no cabelo.

- O quê? - Harry virou-se rapidamente para o espelho tentando encontrar. - Onde?

- Aqui, me deixe tirar.

Harry assentiu em concordância e voltou-se mais uma vez para Louis que se aproximou com um sorriso no rosto enquanto passava os dedos pelos cachos do ômega com suavidade enquanto Harry mordia o interior das bochechas com força para não deixar o ronronar de seus ômega escapar por entre seus lábios. Louis cheirava excepcionalmente bem àquela pouca distância. "Garoto insuportável", pensou quando seus olhos ameaçaram de fechar e seus músculos relaxaram ao toque.

- Seus olhos são bonitos - ouviu-se dizer baixinho, absolutamente do nada. - Muito azuis.

- É - a voz do alfa saiu rouca o suficiente para fazer Harry sentir-se quente onde não deveria sentir. - Você também é muito bonito.

- Eu sou?

- O que...? - o alfa pareceu confuso por um momento, a expressão séria enquanto ainda passeava os dedos pelos cachos.

- Bonito.

- Seus olhos - corrigiu rapidamente. - Eu estava falando dos seus olhos.

- Ah.

Porque ele se sentiu ligeiramente desapontado, Harry não saberia dizer. Mas não importava porque Louis já tinha afastado a mão de seu cabelo e segurado a sua, fazendo-o abrir os dedos para depositar um pedaço de bacon do tamanho de uma unha em sua palma.

- Aqui - disse, mas não afastou a mão.

- Obrigado - sussurrou.

- Dia ruim, não é?

- É.

O silêncio que se seguiu foi uma mistura de desconforto com ansiedade e um pouquinho de calor, porque era exatamente assim que Harry se sentia no momento. Seu estômago estava aquecido o suficiente para lhe dar vontade de vomitar na cara do alfa, em contrapartida seu coração parecia um cubo de gelo conforme errava algumas batidas e Harry se sentia extremamente desconfortável com a mão do alfa sustentando a sua enquanto seus olhos azuis demais estavam grudados em seu rosto. Muito perto.

- Eu tenho que ir - falou baixo enquanto seu corpo continuou imóvel.

- Eu também.

Tomlinson também não se moveu.

- Preciso repassar minhas anotações, todas elas - o ômega justificou, ainda sem se mover. - É muita coisa.

- Eu posso te ajudar - Louis sugeriu.

- Por que?

- Eu gosto de ajudar as pessoas - deu de ombros, os dedos ainda na pele de Styles como se não quisessem ser tirados de lá. - E também gosto de estudar.

- Eu tenho chá em casa - comentou. - Mas não é yorkshire.

- Não me importo.

- Você disse que é o único que toma.

- Posso experimentar outro - sorriu largo. - Posso até mesmo me apaixonar, quem sabe.

- Tudo bem.

O que diabos estava acontecendo ali? Harry não sabia e, pela primeira vez, não se importou muito porque realmente ajuda para repassar suas anotações seria bem vinda. E só por isso. Então, ainda sorriu, se obrigou a se afastar do alfa e jogar a mochila nas costas conforme passava os dedos pelos cabelos na vã esperança de deixá-los mais apresentável antes de sair do banheiro com Tomlinson ao seu lado.

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