Capítulo 32 - O fim?

No dia seguinte, fora do galpão...

– Entra no carro. – Ferdinand ordena para Munique, que está ao lado de Luke e cercada por capangas.

– Que educação hein! – ela responde ironicamente.

– Garota, eu não tô com paciência pra aturar você.

– Tá bom, tá bom...

Munique acaba obedecendo Ferdinand e dois capangas ficam do lado dela no banco de trás. Antes que Luke falasse alguma coisa, Ferdinand o pega e o joga violentamente no porta-malas, fazendo-o bater fortemente a cabeça. Após fecharem o porta-malas, ele e Salvador vão para o banco do motorista e do passageiro, respectivamente, e o resto dos capangas vão para outros carros com o objetivo de fazer uma escolta.

– Você ficou louco? O Luke pode morrer dentro desse porta-malas... – Munique reclama, mas de repente Ferdinand saca uma arma em direção à testa dela.

– Escuta aqui, sua vadia, se você defender mais uma vez esse filho da puta eu vou estourar a sua cabeça dentro desse carro, você tá me entendendo?

Amedrontada, Munique assente com a cabeça com medo de ser baleada. Ferdinand dá partida no carro e o silêncio se instala em grande parte da misteriosa viagem. A jovem sente Luke socar o porta-malas e segura o choro, pois não pode fazer nada pelo amigo.

Cerca de duas horas depois, a paisagem muda completamente: prédios e asfalto se transformam em um lugar árido com nenhuma casa por perto. Munique se desespera e torce para que Chester e Milla consigam encontra-los.

De repente, acontece uma batida de carro e todos olham para trás para saber o que aconteceu. O walkie-talkie de Salvador começa a chiar e o capanga Plínio começa a falar.

Jefe, tuvimos un problema. El coche de Javier fue atropellado por otro coche. (Chefe, tivemos um problema. O carro de Javier foi atingido por outro carro.)

– Merda...

Irritado, Ferdinand faz um drift com o carro e, antes de sair do carro junto com Salvador, ameaça Munique.

– Se você fizer alguma coisa, você morre. –ele olha para os capangas e diz. – Fiquem de olho nela.

Os capangas assentem e a tensão se instala no corpo de Munique. Assim que Ferdinand e Salvador veem Jiang e Quon, os irmãos começam a trocar tiros com os orientais até que Salvador atinge de raspão o ombro de Jiang, que cai no chão e é socorrido por Quon. Ferdinand acaba dando um sorriso e pergunta em voz alta e com um tom maléfico.

– Cadê você, Camilla? Estou morrendo de saudades de você!

Alguns minutos se passam, Milla sai do carro junto com Chester. Vários capangas de Ferdinand apontam armas em direção a eles, mas o bandido faz um sinal para que eles abaixem as armas. Isso seria um negócio entre eles.

– Sentiu minha falta? -ele pergunta com um tom sarcástico.

– Você não imagina o quanto. -ela responde no mesmo tom.

– Quer saber como que seu namoradinho tá?

Milla sente uma forte agonia com a pergunta do ex-namorado e Ferdinand abre o porta-malas do carro. A moça se apavora ao ver Luke com hematomas e suando muito por ter ficado tempo demais no porta-malas.

– Você é um monstro! -ela berra com a voz embargada.

– E você é uma dramática... Mas eu quero fazer um trato com você.

– Que trato?

– Pra você ver que eu não sou tão mau assim, eu vou deixar o seu namoradinho ir embora, mas você vai ter que voltar comigo.

– Nunca!

– Tem certeza?

– Claro que eu tenho. -ela começa a andar na direção e continua falando. – Você é um ser humano ridículo, um filho da puta desgraçado que acabou com a minha vida.

– E você é uma cachorra ingrata, Camilla. Eu te dei roupas caras, carros, joias, pra quê? Pra você me trocar pelo primeiro bosta que aparece.

– Pois saiba que ele é muito mais homem do que você e sempre vai ser...

Ferdinand dá um forte tapa no rosto de Milla, puxa seus cabelos e a joga no chão. Luke tenta ajudar, mas está muito machucado e com a visão turva, e Chester está indo em direção aos dois até que a jovem saca uma arma em direção ao ex.

– Você vai me matar, Camilla? Sério? Você não mata nem uma mosca.

– Não duvida do meu poder, Ferdinand...

Em um momento de descuido, Ferdinand consegue pegar os pulsos de Milla, afastando a arma dela.

– Que poder? Você sempre foi uma fraca, assim como qualquer mulher.

De repente, um tiro ecoa no local. Ferdinand olha para o lado e vê o irmão caído com um tiro nas costas e no peito e Munique indo em sua direção.

– Mas que por...

Antes que Ferdinand pudesse fazer alguma coisa, Munique dá um tiro no braço do bandido, que cai para o lado de Milla, Chester atira na perna dele e os capangas de Ferdinand trocam tiros com os capangas de Jiang, que tentam defender o quarteto. Munique socorre Luke e o traz para perto de onde Chester, Milla e Ferdinand estão.

– Seus filhos da puta! Vocês me pagam! -o bandido grita com muita dor.

– Quer fazer as honras? -Chester pergunta para Milla enquanto ajuda ela a se levantar.

– Com todo o prazer.

Milla dá vários tiros no peito e na cabeça de Ferdinand, fazendo-o ficar irreconhecível e uma grande poça de sangue se forma no chão. Todos do quarteto estão com a respiração ofegante e Milla comenta.

– Eu não acredito que isso acabou.

– Ainda não, Milla. -Chester comenta enquanto eles olham para a troca de tiros entre os capangas e o líder fala para Munique. – Você e o Luke vão para nosso carro. Ele é à prova de balas e tem um kit de primeiros socorros, eu e Milla vamos resolver aquilo ali.

– O quê? Chester, eu também quero ajudar!

– Você já ajudou muito, Munique, sério. Agora você e o Luke precisam ficar em segurança.

Um pouco relutante, Munique obedece a Chester, que grita para alguns capangas de Jiang.

– Hùsòng Mìníhēi hé Lúkè! (Dêem escolta para a Munique e o Luke!)

Apesar de algumas balas passarem perto de Munique e Luke, eles conseguem entrar no carro graças a escolta dos orientais. Eles vão para o banco de trás e rapidamente Munique pega o kit de primeiros socorros e um saquinho de sal para aumentar a pressão de ambos. Assim que ela come um pouco do tempero e dá o resto para o amigo, ele fala com a voz rouca.

– Estou com sede.

A jovem dá água para Luke, bebe um pouco também e começa a fazer curativos nas feridas mais abertas.

– Como que você conseguiu escapar? -ele pergunta.

– Foi fácil. Aproveitei um momento de distração dos capangas do El Bravo, consegui pegar a arma de um deles e atirar nos dois. Com a confusão que tava rolando entre a Milla, o Salvador nem me viu chegando e atirei nele também.

– Você salvou a vida da Milla... Muito obrigado.

– Não foi nada, amigos fazem isso.

– Você tá sendo modesta. -ele pega a mão de Munique e a acaricia delicadamente. – Muito obrigada também por ter me defendido durante o sequestro. Se não fosse por você, eu estava morto há muito tempo.

– Você é meu irmão de criação, Luke, Martin nos ensinou a protegermos um ao outro.

– Isso é verdade, mas... Eu posso te falar uma coisa.

– Pode, claro.

– Se eu não estivesse com a Milla e se eu tomasse alguma atitude, acho que a gente daria certo como um casal.

– Acho que não, Luke. Você é muito mulherengo e eu não sou como as mulheres que você transa, e também se a gente terminar... Isso iria atrapalhar em muita coisa.

– Você tem razão, eu não tinha pensado por esse lado.

– Pois é... Pronto, os curativos estão feitos.

– Obrigado, Munique. -ele arruma a postura e os dois olham o tiroteio lá fora. – Os orientais estão mandando bem.

– Depois da morte do El Bravo e do Salvador, a gente ganhou muito mais vantagens.

– Sim... -ele suspira aliviado e comenta. – Esse pesadelo acabou, graças a deus. Sabe qual lição eu aprendi com tudo isso?

– Que você nunca mais vai transar com a ex namorada de um traficante?

– Não... -eles dão uma leve risada e Luke complementa. – É que apesar de tudo, eu sei que eu posso contar com você e com o Chester.

– Pode ter certeza disso, Luke.

Os dois trocam um rápido sorriso e esperam o tiroteio acabar. Quando isso acontece, Quon abre a porta do carro e fala.

– Podem sair.

– O seu irmão está bem? -Munique pergunta enquanto ela e Luke saem em direção a Chester e Milla.

– Ele vai ficar, a bala foi de raspão... E você, Luke?

– Ah cara, eu tô bem na medida do possível, mas tô feliz em estar de volta.

– A gente também. -Chester comenta e Milla dá um forte abraço em Luke.

– Estou tão aliviada de você estar vivo.

– Graças a Munique. -todos olham para Munique, que sorri de um jeito tímido.

– Muito obrigada por ter salvado minha vida, Munique, finalmente aquele desgraçado do Ferdinand está morto.

– Podemos viver nossas vidas em paz! -Chester exclama e todos comemoram com um forte abraço coletivo.

Apesar dos pesares, a paz finalmente vai reinar na vida do quarteto.

***

Após o tiroteio, Luke e Jiang foram para o hospital e receberam alta no dia seguinte. Toda a mídia local anunciou o misterioso assassinato de El Bravo, Salvador e a gangue dos irmãos, mas, como eles cometeram muitos delitos, o crime está sendo considerado como retaliação.

Dois dias depois, Chester, Luke, Munique e Milla estão de volta no apartamento em Manhattan. Apesar do sequestro e do tiroteio terem sido bem traumatizantes, os amigos estão seguindo suas vidas normalmente. Chester, Munique e Milla estão comendo um macarrão preparado pelo jovem enquanto assistem o noticiário anunciando novamente o assassinato da gangue de El Bravo.

– Em uma parte distante no estado de Nova York, foram encontrados cerca de vinte corpos, entre eles o corpo de Salvador García e Ferdinand García, irmãos que comandavam uma gangue de criminosos atuantes no México. Todos os corpos foram atingidos por balas de arma de fogo e a causa das mortes foi perda excessiva de sangue...

Milla troca de canal e o trio começa a assistir um seriado de comédia para quebrar o clima de tensão que está no ar. Um tanto quanto preocupada, Munique pergunta para Chester.

– Chester, se a polícia descobrir que fomos responsáveis pela morte do Salvador e do El Bravo... Para onde nós vamos?

– Relaxa, Munique, a polícia nunca vai descobrir a gente fez.

– Mas e se descobrirem? -Milla indaga.

Se descobrirem, a gente pode falar que foi legítima defesa por causa do sequestro, mas se a polícia insistir demais... É, a gente vai ter que pensar em algum lugar.

O trio apoia as costas no sofá e começa a pensar em algum lugar para ir, caso eles sejam procurados pela polícia. Enquanto isso, Luke está no quarto colocando um disco de vinil do Elvis Presley na antiga vitrola de Martin. A música começa a tocar e o jovem começa a cantarolar na parte do refrão.

– Vivaaa Las Vegas, vivaaa Las Vegas...

Luke bate levemente os pés no ritmo da música e, quando olha para a capa do disco que é de um filme que tem o mesmo nome da música, ele comenta para si mesmo.

– É... Acho que Manhattan vai ser pequena demais para os negócios.

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