C A P Í T U L O 27
Substâncias anódinas
― Decerto, com o Sebastian não há problema, mas você sabe que o Andrei não aprecia os prazeres artificiais da mente.
― Todos, ou nenhum ― incitei e, com uma sobrancelha elevada, segurei um dos frascos entre o indicador e o polegar. ― Oblivion, os efeitos do VS multiplicados em dez mil vezes.
Nicolae sibilou um assovio e descerrou uma risada, maravilhado.
― Quantas horas de imersão?
― Ainda está em teste, talvez de quatro a oito horas em vocês, e duas em mim, se eu tiver sorte.
― Bem-aventurada seja a ciência e tecnologia! Considere a noite ganha, meu caro irmão ― concordou se levantando. ― Hoje ressuscitaremos o Andrei, e terminaremos de desenvolver as faculdades mentais do Sebastian.
Eu quase ri, quase.
Ele saiu rindo em direção ao bar, e em seguida voltou com quatro copos de shot. Fiquei com o comprimido de cinco mil, e o entreguei o de dez mil para ser dividido em três partes. Habilmente, Nicolae serviu uma dose de BlackOpus e três de RedOpus, submergindo uma parte do comprimido nas últimas.
Apoiando o cotovelo no braço da poltrona e o queixo sobre os dedos, o observei ir ao encontro dos outros dois. Após os cumprimentos e suas habituais anedotas, ele apontou para mim, e não tardou para que os três se aproximassem. Nicolae sempre sorrindo e trocando cortejos com os conhecidos, o Sebastian com sua expressão confiante e olhares bem-dispostos para as mulheres, já o Andrei, sério e vigilante.
― Brother, como vai? ― saudou Sebastian com um meneio mesureiro, da mesma forma, o Andrei.
― Brat.
Ajeitei-me na poltrona devolvendo-lhe os cumprimentos, ao mesmo tempo em que se acomodavam nas demais e Nicolae entregava suas respectivas doses.
― Irmãos, uma saudação a este adventício, mas não menos agradável e inteiramente imprevisível encontro ― salvou o mais novo levantando o copo, e após o tilintar dos cristais, as doses foram ingeridas e junto delas, o esquecimento.
A confiança, por vezes, podia ser um sentimento cruel, uma virtude realmente impiedosa.
Estava feito, e nenhum dos dois havia percebido a armação do Nicolae, o que lhe arrancou um sorrisinho ardiloso. Aquele momento era a evidência de que a malícia nem sempre vinha pela maldade, havia aquela proveniente da inteligência e da imaginação, a qual muitos, gentilmente, denominavam perspicácia.
Retirei o meu comprimido do frasco e o ingeri com outra dose, atraindo os olhares desconfiados de Andrei e Sebastian para mim. Um assunto qualquer foi desenvolvido por Nicolae, até que a primeira vertigem pareceu surgir no Andrei, o menos resistente para esses venenos. A verdade era que uma mente perturbada sempre era mais rápida em detectar e se adaptar à droga, portanto, ninguém ali escaparia.
Ele abria e fechava os olhos passando as mãos sobre eles, e o pirralho voltava a rir com uma certa demência. Eu não sabia quantos, mas foram poucos os minutos para o início do efeito, e o Sebastian foi o primeiro a perceber o que estava acontecendo.
― Que porra tinha nesse Opus? ― perguntou ele se segurando para não rir, enquanto observava Andrei em seu desespero.
― Está na hora de irmos para uma das salas ― declarou Nicolae se colocando de pé, e tão breve quase caiu, rindo. ― Certamente, se conseguirmos chegar até ela.
― A vinte e sete ― determinei e a partir deste momento, tudo começou a ficar lento, e aos poucos, a lentidão foi tendo partes da sua trajetória apagadas, ao passo que o restante, tornaram-se meras centelhas de uma mente adulterada, cuja qual não conseguia mais definir o que era real ou não.
A próxima recordação se deu já dentro da sala vinte e sete. Quatro vampiros enjaulados com aproximadamente doze mulheres. Vampiros sendo vampiros, entregues aos seus instintos e desejos, dados à consciência livre das objeções morais. Para alguns, um momento máximo, o ensejo de alcançar o verdadeiro esplendor, e para outros, um purgatório imaginário.
― É lastimável, irmão, que passaram a condenar o agradável sacrifício feito aos desejos carnais... ― Dando um giro e olhando ao redor, encontrei Nicolae encostado em umas das paredes, parcialmente nu, sorrindo, enquanto duas das mulheres lhe faziam sexo oral. ― Por que não ver coisas que não devem ser vistas? Por que não dizer coisas que não devem ser ditas ou não revelar segredos indizíveis? ― Sua voz cedeu a um arquejo mudo quando ele olhou para baixo, em direção às garotas. Quando seu olhar voltou para mim, ele apontou para o lado onde Andrei prendia às correntes suspensas, uma das mulheres, posicionada horizontalmente de barriga para baixo. ― Por que não cultuar espetáculos abomináveis?
Em algum momento suas palavras foram perdendo o poder de me promover o entendimento. As cores ganharam uma energia singular, passando a me penetrar os olhos com uma intensidade vigorosa, como se eu estivesse olhando para o sol. Seu estímulo aos sentidos era intenso, e parecia uma espécie de infinitude quase hipnótica, o que me levou a encarar o papel de parede. O acarminado dele era tão vermelho, que se transformou em um mar de sangue, o mesmo sangue que escorria da minha boca e pingava nas minhas mãos. O fogo parecia surgir delas, pulsante, e fluía para as minhas veias. Era possível sentir o respirar da minha pele, de tão quente que estava, e as mesmas chamas que queimavam demasiado, agora se tornavam loucura.
Procurei um dos sofás e me sentei, tentando conectar algumas coisas dentro da minha própria ilusão, e então tudo desaparecia no ar como se nunca tivesse existido. Estava tudo ali, sob a superfície, eu podia sentir. O leve toque do tecido da camisa na minha pele tinha seu efeito centuplicado pelo débil estado em que eu me encontrava. Não havia fim e nem começo, e tudo que eu via me levava para perto ou para longe.
Eu tentava me fixar ao mundo, mas ele havia se tornado metafórico, uma fantasia instintiva, em que a experiência se agregava à ação momentânea, e ao fluxo espontâneo da mente. E à medida que eu conseguia me manter emerso à todas as sínteses em que transitava, era possível definir algumas coisas que aconteciam à minha volta.
O ambiente começava a exalar um cheiro amalgamado de sexo, sangue e insanidade. A sonância se convertia a gemidos, gritos e uivos depravados de selvageria, que fizera uma forte dose de perversão se misturar às agitações do meu cérebro. Um tremor excitante me correu pelo corpo, ao ouvir o ranger do metal perfeitamente preso às articulações da garota que Andrei circulava.
De uma maneira significativa, cada movimento que eu o assistia fazer, marcava os movimentos já bem conhecidos pela minha mente, permitindo-me antever cada um deles. Eu sabia que ao terminar de se livrar das roupas, ele pegaria uma das adagas que sempre guardava no coturno. E então, muito subitamente, me surgiu uma irreprimível vontade de rir, e eu ri, ou pelo menos acreditava estar rindo, enquanto o assistia passar a lâmina no pescoço da mulher.
Se era real ou não, não era possível afirmar, mas os meus olhos viam.
Houve gritos agudos, e também houve uma chuva de sangue, sob a qual observei Andrei deitar-se no chão para desfrutar. De um limite a outro me tornei onisciente, onipresente e onipotente. Eu apenas apreciava a cena como uma obra de arte. Não contemplando o que era facilmente perceptível, os contornos e as cores, mas a alma de onde era provida, a aura que comportava, e os efeitos celestiais e tenebrosos que se alastravam sobre mim.
Neste estágio, a letargia já me asfixiava os sentidos, me intoxicava ainda mais a mente, e outra vez, fazia a proximidade se distanciar, despertando o lado mais assustador da minha consciência. As sombras pesaram sobre os meus olhos, sensações, imagens e recordações mordazes emergiam, uma sobre a outra, a precedente sepultando sua sucessora.
O meu estômago se contraía, meu diafragma comprimia e se dilatava conforme a respiração faltava, e a ânsia se proliferava buscando algum conforto no ar para a própria tortura. Até que a minha consciência parcial voltou num grande grito, me impelindo o estremecimento do corpo, ocasionando, por fim, uma profunda libertação.
A calma operou-se, o silêncio estava tomado, restando somente o desejo de manter-me assim.
― Você me quer, amor?
― Fada?
Abri os olhos a procura dela, mas tudo que vi foi o teto ameaçando desabar sobre a minha cabeça, fazendo com que eles voltassem a se fechar.
E foi então que eu a encontrei.
Os longos cabelos soltos, lábios abertos, bochechas coradas. Eu a vi correr, a vi fugir de mim. Sua risada rouca ecoava e as suas roupas ficavam pelo caminho enquanto a chuva ia molhando tudo. A vi parar e, olhando por cima do ombro, se virar me provendo a visão perfeita da camiseta branca encharcada que lhe marcava sensualmente os mamilos tesos. Vi suas mãos dançarem até alcançar a barra do tecido e, em um movimento lento, provocante, começar a subi-lo.
― Proteja-se dos seus desejos... ― Ouvi sons que pareciam a minha própria voz.
A excitação ia me consumindo de forma dolorosa à medida que eu via aqueles seios serem expostos. A camiseta já havia passado pelos cabelos loiros e agora se juntava à lama do chão. Senti algo quente e úmido descendo pelo meu abdômen, e tão logo a minha calça foi aberta, e eu apenas continuava a admirar. Ela virou a cabeça para o lado, mordiscou o lábio inferior, e então suas mãos começaram a descer arranhando a pele sensível do pescoço... dos seios... da barriga...
― Você vai me machucar, amor? Me machucar de verdade? ― Suas unhas lhe fincavam a carne rosada, deixando vários cortes ensanguentados. ― É isso que você quer, não é? ― A vi jogar a cabeça para trás, a ponta da língua lhe demarcando os lábios grossos, as mãos lhe apertando os seios com um ardor animalesco, violento. Sua cabeça voltou, e os seus braços desceram, me permitindo a visão da luz negra que refletia do meu nome. ― Você sabe que eu sou sua... sua, mas ainda assim, tudo o que você quer, é me machucar.
― Não!
Abri os olhos repentinamente, e ainda me mantive absorto em uma estranha sombra, todavia, agora a fada havia desaparecido, dando lugar a cabelos ruivos, a cabelos negros, e peles extremamente pálidas. Eu sentia a minha carne exposta, e línguas percorrendo o meu tórax e barriga, sorvendo o sangue que ali se derramara.
Levado ao extremo, o sufocamento induziu a rebelião da minha mente. Em um segundo eu estava sentado, no outro eu estava no chão e os meus dedos se agarravam, se apertavam, estrangulavam. Sobrevinha um prazer agudo que se tornava crônico, e então um momento de lucidez apresentou-se com ímpeto, igual e sólido.
Levantei-me encarando o corpo deitado no chão, o sangue voltou a me escorrer pela boca, mas eu não mais sentia o seu gosto, eu não sentia nada, absolutamente nada, nem mesmo o passageiro bem-estar que sempre existia quando eu apreciava os fins. O vazio havia voltado, o vazio afiado, profundo e mudo. Percebi-me fora do tumulto, dos ruídos, da febre e dos atos indomáveis, eu estava suspenso, em uma pausa que me foi concedida pela mente.
A compreensão adveio quando eu estava no corredor das salas, e muito rapidamente o atravessei e desci a escada que levava de volta à área RED. Uma mão segurou o meu braço, mas me desvencilhei e prossegui com a minha procura por uma porta. Talvez não fosse real, todas as saídas pareciam iguais, e todas as cores pareciam ter se fundido em uma só. Sentei-me em algum lugar, e um par de olhos cinzas, bem à minha frente, se fixaram em mim.
― Está tudo bem? ― Foquei no que conseguia ver o quanto podia, e percebi que a dona daqueles olhos parecia ser a tal garota do Nicolae. ― Olha, pegue isto ― um guardanapo de pano foi oferecido ―, acho melhor o senhor limpar a boca, antes de sair andando por aí.
― Preciso ir embora ― falei pegando o tecido e levando aos meus lábios.
― Eu posso te ajudar com isso. Vem, vou levá-lo à recepção. ― O breve oscilar do meu corpo quando me levantei a fez segurar o meu braço, o qual afastei no mesmo segundo. ― Desculpe-me, por aqui.
Ela me guiou, caminhando ao meu lado e apontando para onde deveríamos seguir. Quando a grande porta com o letreiro escrito "saída" cintilou sobre os meus olhos, senti uma espécie de alívio libertador que fez parte da minha loucura ser deixada para trás, dentro daquele encarceramento infame.
― Lavine, pra onde você está levando ele? ― Uma mulher se aproximou correndo antes que a porta se fechasse às nossas costas.
― Pra recepção, ele quer ir embora ― respondeu a outra, e de repente, um mal-estar, mais físico do que mental, passou a me contrair o estômago.
― Deixa que eu levo, eu estava na sala com ele.
Apoiei-me na parede, a ânsia muito perto de fazer tudo voltar pela boca.
― Ele não me parece bem, Viona, acho melhor ir com calma. Prometi levá-lo à recepção e é isso que vou fazer.
Outra vez a noção de espaço e tempo foram aniquilados pela minha mente. Num segundo, eu me sentia ser guiado para dentro de um carro, no outro, me perguntavam o meu endereço, até que a escuridão veio e eu me deixei apagar. Voltei a despertar, desorientado, com duas vozes femininas distintas me chamando, enquanto mãos me guiavam para fora.
― Aqui o dinheiro, moço, pode ir. ― A porta do carro foi fechada por uma loira, que logo se agarrou ao meu braço.
Impaciente, livrei-me dela, olhando ao redor e tentando de assimilar os elementos presentes. Aquela era a minha casa?
― Você perdeu o juízo, Viona? Temos que voltar pra boate.
― Quem perdeu o juízo foi você, já deu uma olhada nesse homem? Olha essa casa! Vai mesmo deixar isso passar? Vamos terminar a noite aqui, e quem sabe amanhã a gente não ganha uma gorda gratificação.
― Você sabe que é contra as regras da casa...
― Ah, me poupe! Deixa de bancar a boa moça.
Tão logo o barulho do motor rompeu forte contra os meus ouvidos, levando embora aquele buliçoso emaranhado de vozes femininas, e então foi diminuindo até desaparecer permitindo o suplantar de outra voz, desta vez, grave.
― Sr. Skarsgard? ― Busquei pela recém-chegada presença, e encontrei Gianni vindo do jardim. A minha cabeça pesava, mas eu conseguia enxergá-lo nitidamente. ― Está tudo certo?
― Cadê a Sra. Skarsgard?
― Imagino que ela esteja dormindo, senhor.
Parcialmente atordoado, atravessei a ponte da entrada e abri a porta de casa. As luzes se acenderam e eu inspirei bem devagar, me enchendo com aroma fresco do ambiente, ele guardava algumas notas doces que eu sabia ser dela. Parei no meio da sala, o estranho e confuso êxtase ainda se fazia presente, mas a tormenta havia se transformado em apenas um sopro, uma brisa.
E foi neste momento que eu a vi.
A minha tempestade.
Os longos cabelos áureos estavam soltos, a blusa curta que lhe moldava o torso delicado e que quase deixava escapar os seios redondos, realçava a cintura e revelava um vislumbre da pele rosada do abdômen. Da mesma forma, o short que lhe caía delineando os quadris, exibia as longas pernas que pareciam ter sido feitas para se encaixarem com perfeição ao redor de mim. Mas...
Desta vez ela era real?
― Que palhaçada é essa, Anton?! ― Subitamente, as palavras renasceram, envolvidas de pele, carne e osso, com uma excelência substancial, num tom dócil e diáfano.
Toda ruborizada, o que a princípio imaginei ser de constrangimento, mas logo descobri ser de raiva. Provida de um atrevimento que só ela tinha, caminhou até mim com uma fúria gritante nos olhos. A desordem em forma de fada parou bem à minha frente e de repente, o pouco que me importava, perdia a sua relevância.
Só me veio à cabeça as mil razões que ela me dava para foder com a minha promessa.
― Eu te fiz uma pergunta! ― bradou, e talvez a sua voz não estivesse tão dócil quanto imaginei. ― O que essas mulheres estão fazendo aqui?
Mulheres? Por que aquelas mulheres haviam entrado na minha casa? Eu me sentia confuso por não ter uma resposta, os pensamentos ainda estavam soltos e volúveis, me faltavam a maioria dos fragmentos da memória das últimas horas, e por este motivo não fui capaz de proferir nada.
― Nós...
― Cala a boca que eu não estou falando com você! ― gritou interrompendo a garota, que se eu via bem, era a protegida do Nicolae. ― Você é um desgraçado, um cretino, imbecil!
À cada xingamento, uma sucessão de socos e empurrões no meu peito que ameaçam me desestabilizar. A fada estava tão quente quanto a sua cólera, a pele se intensificava em um rúbeo que aos poucos se definiam em inscrições. Estas, que se abriram e passaram a irradiar a igual suave luz negra das mãos, e as mesmas que delineavam o meu nome acima dos seus seios. Tentei segurá-la, mas ela me repeliu com tanta força e desespero, que era quase como se o meu toque lhe infligisse alguma dor. Um passo para trás foi dado, os seus lábios estavam trêmulos e os olhos começavam a se avermelhar.
― Essa droga de casa pode ser sua, mas eu também moro nela e exijo o mínimo de respeito ― declarou levando as mãos ao rosto e virando-se para o outro lado.
Desejei ir até ela, desejei apertar aquele corpo contra o meu, desejei afundar o meu rosto na nuvem loira, mas eu havia me tornado uma massa hermética quase morta e desprovida de reação. Em parte, a sua negação ao meu toque me deixou assim, contudo, o meu corpo ainda permanecia refém da minha consciência perdida, embora ela já estivesse parcialmente sóbria.
― Olha, não é o que você está pensando...
A fada olhou para a morena e, em silêncio, caminhou até ela, a agarrou pelo braço e, após fazer o mesmo com a loira, as arrastou para a escada que levava para a garagem. Não consegui processar o que estava acontecendo, e também não foi possível imaginar o que ela pretendia fazer lá embaixo, mas permaneci parado no mesmo lugar, à espera de algo que nem eu mesmo compreendia o quê. No entanto, eu descobri poucos minutos depois, no momento que a vi ressurgir das escadas, sozinha, com o mesmo olhar furioso, mas também... decepcionado.
A realidade desabou sobre mim com o peso de uma vida inteira de banalidades.
A decepção sempre foi um sentimento como qualquer outro, irrelevante, descartável, mas vê-la direcionada a mim, em especial por aqueles grandes e incomparáveis olhos azuis, me incomodou. Uma espécie de inquietação exaltada elevou-se, principalmente quando ela passou direto para a escada do piso superior, me ignorando por completo.
― Fada? ― Ela não parou, não olhou para trás e nem respondeu. No calor do momento, fui até ela, segurei o seu braço e a virei para mim. ― O que vai fazer?
― Me solta! ― esbravejou tentando se libertar, me suscitando um certo alívio. Pelo menos a raiva inflamada estava lá, e com ela, eu sabia lidar. ― Não te interessa o que vou fazer, mas é bom que saiba que não irei aceitar esse tipo de comportamento. Não vou admitir que traga prostitutas ou qualquer outra mulher pra dentro desta casa. Não, enquanto estivermos casados e eu continuar morando aqui!
Agora que eu a tinha tão perto, não iria deixá-la. Depois daquela noite, qualquer dúvida ou reflexão haviam sido pulverizadas junto de todas as precauções tomadas para não violar a minha promessa, sobrevivendo apenas o instinto primitivo que rugia dentro de mim. Deixei-me levar pelo impulso obsessivo, dominador e altamente possessivo.
Se ela era minha, seria minha de todas as formas.
― Certo, você é a minha esposa ― evidenciei o inegável, e de novo ela tentou se soltar. Prontamente me abaixei e capturei as suas pernas a jogando em meu ombro. ― Mas já está na hora de começar a desempenhar a sua função, e como uma boa esposa, me dará tudo que tenho direito.
― Tire essas mãos de mim, seu maldito! ― Comecei a subir as escadas, ela se debatia, me esmurrava e gritava. ― Não vou te dar nada! Se não me soltar agora, eu vou acabar com você, Anton! Eu juro!
Oblivion – (Vocês sabem que esse é o nome da droga fictícia criada para o livro, mas irei colocar o significado da palavra aqui) do inglês, oblívio, esquecimento.
Anódino – que diminui ou acaba com os efeitos de uma dor; calmante; sedativo; insignificante.
Brat – do russo, irmão.
Obs.: (Se vocês tiverem dúvidas quanto ao significado de alguma palavra, podem perguntar nos comentários que respondo)
Viona Abrahams
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