Faltava três dias para um dos eventos mais importantes de Kurohk, o baile de inverno. A ocasião era uma verdadeira tradição para os Kurohk, principalmente para os ômegas, que se empenhavam ao extremo para fazer daquele momento único. Por toda parte do novo mundo se ouvia sobre o baile de inverno das terras de Nap, o alfa lúpus por sua vez , ficava orgulhoso de propor algo que de fato era festa mais importante da alcateia.

Hento estava sentando na cama, o ômega estava na companhia de um livro e rodeando por diversas comida, pelo terceiro dia consecutivo ele amanheceu enjoando e correu em disparada para banheiro. Nap levanta junto e corria para socorrer seu ômega, mas Hento sempre dava um jeito de expulsar Nap do banheiro, ele não queria que alfa o visse vomitando. Era vergonhoso demais. Assim as primeiras horas da manhã deles se resumia com Hento agachado vomitando horrores no vaso, e um alfa desesperado socado a porta do banheiro.

Depois Nap ia resolver assuntos importantes ,e Hento se sentia morto até por volta das 10 da manhã, horário que seu estômago finalmente dava sinal de vida e comia como alguém que estivesse há cinco anos vivendo em uma ilha deserta sem comida. Agora ele estava ali, com uma bandeja enorme de frago frito , chocolate , chá de gengibre, sim foi uma surpresa para ele mesmo sentir vontade de tomar chá de gengibre, ele só não surtou porque a maior surpresa foi uma vontade gritante de comer iogurte com salame.

Nap sempre arrumava um tempo livre para checar se estava tudo bem com Hento, ele notou a mudança no hábito do seu ômega, mas o alfa pensou que Hento estivesse estranho devido aos acontecimentos trágicos que ele vinha passando. Nap tentava a todo custo animar Hento, ele sempre chamava Hento para caçadar e até mesmo para treinar.

Hento levou Nap a pensar e a rever seus próprios conceitos. Sim, era o deve do alfa proteger o ômega, mas depois de muitos impasses, Nap se deu conta de que a maior proteção para Hento era do seu lado, o alfa lúpus viu que não teria problema Hento caçar do seu lado, e até mesmo treinar. Por se alfa lúpus, tudo que ele sentia era mais intenso, ele ainda precisava aprender a se controlar para assim não machucar mais o seu ômega.

Porém a estranheza de Hento também acontecia nesse quesito, sempre que Nap o convidava, Hento o recusava educadamente, o alfa sempre erguia o cenho em confusão. Aonde foi parar aquele ômega atrevido? Com os pensamentos conflitantes, Nap abriu a porta do quarto e sorriu amoroso com a cena em sua frente. Hento sentando de pernas cruzadas sobre a cama, lendo um livro e com a boca toda suja de comida. Pela deusa, aquele ômega era sua vida.

Lentamente Nap chegou até Hento e envolveu a cintura do mesmo entre seus braços, com o susto Hento gritou e Nap o deitou na cama fazendo cócegas no ômega que gargalhava com os olhos brilhando. Ali estava ele, pensou Nap, seu ômega de volta. Assim que o alfa viu que o ômega começava arfa, ele interrompeu as cócegas e beijou profundamente Hento.

Com a língua o alfa explorava cada cantinho da boca de Hento. Os suspiros e gemidos do ômega era como labaredas de fogo no corpo do alfa. Relutante, Nap desfez o contato, colou sua testa na de Hento e mergulhou nas profundezas azuis dos olhos do seu ômega.

- Como você está ? - Perguntou Nap preocupado .- Vi que passou mal pela manhã novamente.

- Estou bem! - disse Hento brincado com as pontas brancas do cabelo de Nap. Ele enrolava o cabelo do seu alfa no dedo e brincava distraído.

Nap desfez o contato e sentou-se na cama, ele estudou com cenho franzido à quantidade de comida que Hento comia aquele horário. Ele esticou a mão para pegar uma enorme coxa de frango.

- Ai! - Nap gritou quando Hento fincou suas garrinhas na mão dele.

- Minha comida!

- Só peguei um pedaço meu pequeno.

Hento sentou-se também e ele mesmo pegou o pedaço e ofereceu a seu alfa. Nap sorriu agradecido, em seguida Hento atacou o iogurte com salame, Nap fez uma careta.

- Hum...- Hento lábia os dedos provando a iguaria

- Pequeno, você não acha que vai passar mal comendo essa quantidade de comida? - Nap olhava para o corpo de Hento e se perguntava para onde ia tudo aquilo.

Ele sabia que Hento não era frágil, isso não, mais ele tinha corpo delgado, e Nap começa a preocupa-se com aquela quantidade absurda. Para variar, Hento gargalhou, era sempre assim, Não estranhava mais as oscilações no humor do ômega.

- Claro que não! Mas mudando de assunto, o que você esta fazendo aqui essa hora?

- Vim ver como você está. Sem falar que estou fugido da May. Ela está para me deixa louco com os preparativos do baile de inverno.

Nap não foi contra a escolha de Hento em por a irmã no comando do clube de ômegas. O alfa lúpus viu que a irmã estava mais feliz e segura de si. Hento ouviu falar pelo cantos do castelo sobre o baile de inverno e do quão ele era tradicional para Kurohk.

- Pensei que você estivesse feliz com a chegada do baile. - Hento estava confuso.

- Estou. Só acho que não estamos no clima, entende, se dependesse de mim ia cancelar o baile esse ano. - Nap fez uma pausa e suspirou. - Mas não depende somente de mim, creio que é esse o preço que um líder deve pagar, tenho que pensar no todo.

Hento afirmou com a cabeça ele entendia bem o que Nap queria dizer. Ele ouviu falar que Kurohk nesse baile, recebe também líderes de outras alcateias.

- Farei o possível para estar a sua altura nesse dia .- murmurou Hento.

Nap o olhou em completa confusão.

- Não entendi

- Eu quis dizer que farei o possível para não fazê-lo passar vergonha. - Sussurrou Hento

- Pequeno! Você não precisa ir se quiser.

Hento o olhou espantado, como não! Nap ia receber líderes , era a festa mais importante de Kurohk, será que Nap tinha tanta vergonha dele que nem mesmo se importava se o companheiro estaria ao seu lado ou não.

- Você não quer que eu vá. - Um nó se formou na garganta de Hento, e uma vontade inexplicável de chorar tomou conta dele.

- Não é isso meu pequeno, eu sei que você não gosta desse tipo de evento ,só quero poupa-lo de futuros aborrecimentos. - Nap deixou um beijo suava no lábios de Hento e levantou-se da cama. - Agora que vi com meus próprios olhos que estar bem, voltarei ao trabalho. O deve me chamar.

Nap saiu sem se dá conta de um Hento encolhido e chorando por imaginar que seu companheiro tinha vergonha dele.

🌬🐺

Depois do almoço, Hento foi atrás da sua cunhada, ele precisava de ajuda, e só May podia ajuda-lo nesse momento. O sumiço dos seus pais, o ataque a Manroar, fez o ômega se dá conta de que tudo que ele tinha na vida era Nap, e se seu alfa o chamava para as caçadas e treinos, era porque ele de alguma forma estava tentando , nada mais justo do que Hento fazer o mesmo.

Pensando nisso ele foi atrás de May para deixa-lo a altura de um bom companheiro. Sua cunhada não poupou esforços, levou Hento numa lojinha bem charmosa da alcateia e encomendaram uma bela roupa para Hento, a roupa era baseada numa tendência do velho mundo, uma espécie de kimono que era de origem japonesa. O ômega da lua amou , depois May o ensinou algumas aulas de etiquetas. Assim a tarde de Hento foi preenchida de novidade, ele mal podia esperar para ver os olhos orgulhosos do seu companheiro sobre si no dia do baile.

🌬🐺

Era noite, e Nap estava apressado para terminar o treino e voltar para Castelo. Sua pressa tinha nome, Hento.

- Fim do treino por hoje sentinelas. - Gus avisou.

Nap tinha orgulho da sua matilha, eles eram invencíveis pela força de vontade de cada um em passar horas a fio treinando.

- Gus, encerra a arena, estou louco por um banho quente e uma boa refeição.

- Sei, me engana que eu gosto. Estas louco para vê seu ômega , isso sim. - provocou Gus.

Nap cumprimentou o amigo e voltou para Castelo, a noite estava do jeito que ele amava, a lua linda e fria de inverno , assim que cruzou o hall do castelo ele foi avisado de que tinha visita no escritório , quem poderia ser uma hora dessas?

- Cat? - O alfa ficou surpreso pela cunhada pedir para falar com ele naquele horário.

- Sei que esta tarde, e peço desculpas por isso, mas precisava falar com o alfa. - Cat cruzava os dedos da mão em gesto de nervosismo - É sobre Hento

Ao ouvi nome do Hento, Nap rapidamente ficou em alerta.

- Aconteceu algo com ele ? - Perguntou Nap aflito.

- Não...não de forma alguma, meu irmão só me pediu um favor, mais ele disse que não era para conta a você, mesmo quebrado uma promessa acho justo deixa-lo ciente.

Nap por lado estava calmo por saber que Hento estava bem, mais por outro lado uma ponta de decepção tomava conta dele, ao que parecia seu ômega tinha segredos e não compartilhava, isso explicava o nervosismo da cunhada em quebrar um pacto de favor com irmão.

- Diga!

- Bem, você sabe que Hento odeia festas, e mesmo assim ele também não tá no clima para participar do baile de inverno, assim Hento perguntou se eu não poderia fazer companhia ao alfa dele, no caso você, na hora eu disse que não haveria problema, porém resolvi vi eu mesma perguntar se você estar de acordo.

Que Hento não gostava de eventos, isso Nap já sabia, mais ele estranhou o fato do seu ômega oferecer sua companhia a irmã dele, ainda mais depois da último episódio no jantar, por outro lado, talvez Hento só estivesse sendo simpático com airmã. Pelo sim ou pelo não, ele resolveu aceitar, mas o alfa prometeu a si mesmo que iria checar a fundo essa história.

- Bom, se é uma vontade do Hento, não vejo problema algum. - Nap deu de ombros - Agora se me de licença eu preciso realmente ir.

- Claro.

Assim que ficou sozinha no gabinete, Cat caminhou lentamente até a lareira, a labaredas de fogo, refletiu em seu rosto e um sorriso diabólico cruzou seu lábios. Tudo estava saindo conforme o planejado . Foi fácil para ela abrir os portões do castelo para Manroar ser atacada, ela fez um pacto com os inimigos, que mandasse sua família para um asilo distante, e em troca eles ficariam com Manroar. Tudo saiu perfeito.

Nap no dia seguinte do ataque mandou que seu sentinelas fosse a Manroar , ele não encontrou os inimigos porque ambos estavam escondidos e planejando a viagem da família de Cat para um monastério solitário, assim todos pensaria que a família havia sido morta, e como não teria herdeiros em Manroar, os inimigos iria se apossar da terra, claro que com o apoiou da beta, o local que sua família ia, era longe o suficiente para que ninguém jamais descobrisse que eles estavam vivos, o sangue no casaco de Ake era uma prova de que eles estavam mortos, a segunda parte do plano era ser aceita em Kurohk, e ali estava ela, agora ela só precisava se livrar de Hento e assumir seu lugar de direito, ao lado de Nap.

Só que dessa vez Cat não teria clemência, ela não ia forjar a morte do irmão, ela ia matá-lo. Enquanto ela estivesse com Nap no baile, Hento seria morte por um comparsa dela, a Beta tinha tudo planejado nos mínimos detalhes, Cat queria vê o irmão morrer de forma lenta e dolorosa. Fazê-lo pagar por vir ao mundo, por destruir seus sonhos, por ser o favorito dos pais, por ter sido o companheiro do alfa que ela sempre desejou. Sim, A noite do baile seria o dia do seu triunfo. O dia que ele esperou por todo sua vida