Fragmentos

Alexander permanece com os braços em Charlie. O som de explosões e gritos continuam a aumentar do lado de fora da cafeteria. Era o início da devastação de Vitae. O menino tremia um pouco e Alex pôde perceber isso.

- O que faremos? - O menor pergunta virando-se para o loiro, quando escuta a porta do lugar ir ao chão, sendo brutalmente arrombada com um chute.

Alex leva o olhar para além do balcão onde estavam escondidos. Eram dois homens, potencialmente armados com uma AK-47 cada, apontando para os clientes com os canos de metal. Suas visões mudam rapidamente de foco, como se buscassem os sentimentos de medo e desespero nos olhos daquelas pessoas.

- Quero todos deitados com a mão na cabeça! - Logo após falar em voz alta a ordem, um dos militares atira em direção ao teto - Agora!

As pessoas obedecem rapidamente e Alexander finalmente percebe que ainda não respondeu o menino ao seu lado. Ele revista aquele pequeno espaço onde se encontravam e verifica se aquela porta próxima estava aberta. Ele puxa lentamente a maçaneta, tendo cuidado para que não fosse visto por aqueles dois homens. Charlie tem sua atenção tomada por uma forte voz feminina que toma a situação.

- E se eu não quiser obedecer? - Marie Desune, a dona da cafeteria, sai de seu escritório e grita com um dos homens armados - Vocês devem sair daqui, já causaram estragos demais e não quero que meus clientes sejam afetados por...

O militar puxa o gatilho com tanta velocidade que apenas se escuta o som do tiro e do corpo morto caindo ao chão. Um tiro certeiro no meio da testa da mulher. O pânico toma conta do lugar e Charlie retorna seu rosto para baixo do balcão novamente. Aquela não seria a última pessoa a morrer por essa loucura de Theodore Vitae. Provavelmente não tinha sido a primeira a ser baleada.

- Charlie! - Alexander sussurra ao menor, trazendo seus pensamentos a ele - Temos que ir!

O pálido assente e passa pela porta, sendo que Alexander sai logo em seguida e fecha a porta. Era o estacionamento da cafeteria. Estavam longe da Torre Sede de Laboratórios e não tinham tempo para voltarem andando até lá.

O loiro dá uma olhada rápida para os lados e encontra um carro. Chega a abrir um sorriso. Corre na direção do Sedan preto enquanto é seguido pelo menino, que o acompanha a distância.

- Encontrei mais dois - Uma voz grave na entrada do beco do estacionamento assusta os dois. Era um outro militar, também armado, que estava se comunicando com seu rádio preso à camisa. Ele começou a correr na direção do Sedan - Preciso de reforços.

- Charlie! - Alexander exclama enquanto vê o homem se aproximar cada vez mais do garoto, que permanecia paralisado.

O menor vira o corpo e corre na direção do carro e puxa a porta do passageiro. Entra. Alex está com a cabeça abaixo do volante, tentando fazer uma ligação direta. O toque dos metais libera algumas faíscas até que o motor do carro liga, soltando um ronco oco.

Quando o loiro puxa a marcha, o homem pula na frente do carro, se apoiando no capô. O ato inesperado é recebido com um susto do menino no passageiro. O militar soca o para brisa, que abre um vasto buraco no vidro. Alex dá ré no veículo e gira o volante, levando o carro para a saída do estacionamento. O homem soca o vidro novamente, mas dessa vez estilhaçando-o por completo. Grace acelera o carro na avenida gradativamente, cada vez mais.

Freia de uma vez, jogando o corpo daquele militar longe por cinética. Alex engata a marcha ré outra vez, girando o carro em 190°, voltando ao rumo da avenida.

- Viu os olhos dele? - Rain apoia as mãos na cadeira do carro, para encontrar uma posição mais confortável.

- Cinza e sem vida? - Alex fita as íris diferentes do menino ao seu lado - Sim, eu vi.

- O que eles são? - Charlie pergunta, enquanto tira os pequenos fragmentos de vidro da sua calça.

- Humanos mutados geneticamente - Ele responde sem tirar os olhos da estrada - Homovitae Sapiens, a evolução criada por Theodore. São apenas inocentes, com suas mentes controlados pelos sistemas de computador da Torre.

O carro acelera.

- As ruas estão lotadas desses zumbis de Vitae - Ele continua - É apenas uma questão de tempo dele controlar todo o país.

Charlie o olha assustado.

- Ou o mundo - Alex finaliza.

O olhar de preocupação do menor é levado para o longo asfalto. Estavam numa velocidade parcialmente elevada, mas necessária. Tinham de impedir o Plano B.

Ao longe, um semáforo. Cerca de trinta soldados de Vitae já estavam em posição de ataque com suas armas. Theodore sabia que os dois estavam indo impedi-lo e deve ter reforçado a segurança das ruas. Provavelmente a Torre estaria assim, ou pior. A última coisa que um psicopata como Theodore Vitae quer é que seus planos sejam atrapalhados. E como Charlie e Alexander já tiveram suas funções usados por ele, eram inúteis. E agora com o novo status de ameaça, só existia uma ordem cabível para os dois.

Ordem de extermínio.

Alexander percebeu o que aconteceria se continuassem até o semáforo.

- Charlie, abaixa! - Falando isso, Alexander puxa o corpo de Charlie para si, abaixando-o até o nível do painel do carro. Apenas deixa um pouco de sua própria cabeça na altura do volante, para não se perder totalmente da linha da rua.

Então Alexander afunda o pé no acelerador. Os sons dos tiros foram ouvidos juntamente com o barulho das balas quando atingiram as várias partes do carro.

Depois, o forte ruído do corpo de dois ou três soldados contra o capô preto. Os tiros continuaram, mesmo depois do carro ter passado pelo sinal de trânsito, resultando na perfuração do vidro traseiro. Alguns metros a diante, fora do alcance daquelas armas de fogo, os dois garotos voltam a se sentar normalmente.

- Eu realmente não sei o que esperar quando chegar-mos - Alex diz as palavras num tom lento e preocupado - Se as ruas já têm soldados, não quero imaginar como esteja na própria Torre.

O menino, ouvindo isso, abaixa sua cabeça e segura as mãos, próximas à calça.

- Estou com certo medo - Assume - Mas não podia deixar que fizesse isso sozinho.

Grace finalmente olha na direção do menino e toca suas costas, sem tirar a outra mão do volante.

- Não precisa ter medo, eu estou aqui com você.

O pálido assente lentamente e abre um sorriso de lado.

Era verdade, poderia acontecer qualquer coisa, ele sabia que Alexander estaria a seu lado.

E Charlie se sentia mais seguro com isso.

A Torre Sede de Laboratórios já era visível. Estavam a três quadras de distância. Praticamente numa linha reta.

Quando se aproximaram um pouco mais, Alex avistou a cena que menos esperava.

A entrada estaria vazia se não pela presença de uma única pessoa.

Uma garota de um longo cabelo loiro.

A agente 65.

A traidora.

A sua irmã.

Clarisse Grace.

No susto, ele quase freia o carro. Talvez, ela seja uma das poucas pessoas que não receberam o soro de controle, mas ainda assim seguem as ordens de Theodore Vitae.

Em sua mão, um rifle de assalto automático e carregado.

Alexander levanta sua mão para Charlie, que entende o gesto e segura em sua mão. Com o toque frio em sua pele, Grace fecha os olhos e esmaga o acelerador do carro com seu pé.

Ela não hesita, simplesmente saca o rifle em suas mãos e puxa o gatilho com força.

Com a arma apontada para o para - choque ou o chão próximo ao carro.

Não era ataque, era suicídio.

Clarisse não queria mais seguir as ordens de um louco, mas também não queria que seu irmão carregasse a culpa de matá-la. Era o único jeito.

Era o que ela queria.

E estava feliz por fazer o certo.

O choque da batida é sentido por todos eles, de maneiras diferentes. O carro então entra pela entrada de vidro e só para quando bate na parede dentro do prédio.

Ele abre os olhos e sai do carro. Não tinha ninguém no saguão. Somente a porta do elevador executivo aberta. Theodore tinha tudo planejado.

Os dois garotos entram pelas portas de metal, no completo silêncio. O loiro apenas aperta o último botão do painel.

Quando as portas se fecham, Rain se põe ao lado do garoto maior e entrelaça seus dedos nos dele. O olhar dois dois para as portas fechadas.

Alexander estava num mar de pensamentos e Charlie sabia disso, então respeitava.

Ele matou quem matou seu pai.

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