PRÓLOGO


O MITO

PERSÉFONE E HADES


A mitologia grega, e romana, têm uma forma bem peculiar de nos contar sobre o ciclo das estações e de representar o ciclo infindável de morte e vida.

O mito nos conta sobre a deusa da agricultura Deméter, esta tem uma filha chamada Kore ou como irá ser conhecida: Perséfone ou Prosérpina (para os romanos). O mito também contará sobre Hades, o deus e rei do submundo. Deméter ama, zela e protege sua filha de tudo e todos quais ela, como mãe, desconsidera. Hades, é um deus temível, sombrio e misterioso. É então que percebemos, que essa história é na verdade, inteiramente, sobre Perséfone.

O rapto de Prosérpina.

Perséfone é a deusa da primavera, vinda da linhagem de sua mãe, a deusa da agricultura; ela nasceu e cresceu entre as flores e plantações, criada em uma cabana ou estufa de cristal - no meio da floresta, escondida do convívio com outros deuses e os humanos. Ela é uma criança, a criatura pequena e ingênua da deusa das plantações. E apesar de Perséfone ter crescido e se tornado uma jovem deusa, ainda é mantida e tratada como criança, assim mimada e infantilizada.

Mas, Perséfone traz algo com ela. Um tipo de personalidade sombria e espírito conflituoso que sua mãe, e até ela mesma, desconhece.

Um dia, enquanto sai para colher flores com as ninfas, a jovem deusa encontra um

narciso enorme, majestoso, com suas mil pétalas. O narciso é o símbolo conhecido por revelar a verdadeira face do eu, o verdadeiro eu. Quando a deusa da primavera se abaixa para colher o narciso de mil pétalas, a terra treme, o chão se abre aos seus pés e diante dela está Hades, o deus e rei do submundo. Perséfone é raptada, pois havia

conseguido consumir o coração do rei dos mortos de amores por ela. Assim é levada para o reino inferior, o submundo. Perséfone vai para o fundo da terra, onde ela encontra aquilo que seu próprio coração estava cheio: seus maiores desejos, sombras e paixões. Mas, se engana quem pensa que ela não se deparou com seus caminhos. Lembramos que ela é uma jovem deusa, com atitudes e comportamento de criança.

Perséfone tem esse véu de infantilidade sobre ela, porém, a alma curiosa e obstinada, tão misteriosa como os olhos de Hades mirados por ela ao colher o narciso. Lá, no reino dos mortos, ela desvendava suas raizes, sua profundeza, o que era mistério e sabedoria. Prosérpina se apaixona pelos anseios escondidos gritados por sua alma, perturbadores do grita seu espírito, enquanto ela estava sendo protegida por sua mãe no esconderijo daquela floresta onde fora criada.

A questão é: no mundo superior, Deméter procurava por ela. A deusa da agricultura abandonou as plantações, a floresta, floresta, o Olímpio, e vagueava pela terra buscando por sua Kore. O solo perecia, o inverno e a seca tomavam conta das plantações. Ninguém sabe o que aconteceu com Kore. Até que então, Hélio, o deus do sol quem tudo vê, diz que viu; Hekate, a deusa titã dos três mundos, diz que da sua caverna ouviu; e, em algumas versões, as ninfas que estavam colhendo flores com a deusa da primavera, durante o rapto, contam o que sabem. Uns dizem que Perséfone foi raptada, já outros dizem que com Hades, o reflexo do seu verdadeiro eu, Perséfone quis ir.

Deméter vai até Zeus, o rei dos deuses e pai de Kore, quer a filha de volta quem o irmão dele raptou. Há histórias que afirmam Zeus ter permitido à seu irmão, Hades, levar Perséfone antes do rapto acontecer. Não se sabe, mas, naquele primeiro momento, Zeus diz não poder fazer nada pois Hades é soberano em seu mundo, o submundo. Deméter se recusa a retomar seus afazeres. Deprimida e sofrendo pela perda da filha, ela se refugia em Eliseus e só retornará aos campos caso tenha Kore de volta.

Os humanos vivem a seca, o frio e a fome extrema. Muitos humanos morrem e os demais param de ir aos templos adorar os deuses. Os próprios deuses sentem a força da ira depressiva da deusa da agricultura. Zeus sem mais opções envia seu filho Hermes, o mensageiro, para ir até o submundo resgatar Perséfone. Qual não é a surpresa do deus Hermes ao chegar no mundo inferior e ver que Kore havia se tornado Perséfone, a rainha do submundo. Perséfone com Hades havia se casado e juntos reinavam sobre as almas dos mortos.

Há uma imensidão de versões, de mistério que acerca seu retorno. A deusa deve retornar ou a terra desaparecerá, o mundo dos deuses e dos humanos sofre amargamente. Perséfone tem a doçura e
compaixão de uma criança, de uma criatura bondosa, e não deseja 0 sofrimento de nenhum ser. Além disso, ela é a deusa da primavera.

Fica estipulado pelos deuses que ela pode retornar ao mundo dos vivos desde que não tenha "consumido nenhum fruto" durante sua estadia. A alegoria é interessante, Prosérpina teria consumido seis sementes de romā. A romã é essa fruta orgástica que pode nos representar o acasalamento do esperma masculino com os óvulos feminino.

O ato de ter "consumido algum fruto" também pode representar uma expressão para o "consumo" (recebimento) da fêmea dos fluidos do macho dentro de si.

Então, Perséfone teria sim se entregado a uma noite de amor com seu amado marido Rei Hades, e consumado sua permanência no reino dele ao se entregar sexualmente à ele. Alguns dizem que Hades a seduziu, num truque contra a inocência da deusa, quando veio a ofertá-la aquela romā.

Dis Pater, Hades para os romanos, observando a necessidade de sua esposa em retornar e selando um acordo com Zeus e Deméter, permite o retorno de Perséfone por parte do ano. A deusa da primavera, sua esposa, passaria seis meses no mundo superior e nos demais seis meses retornaria para os braços de seu marido e para seu trono de soberana, reinando assim no mundo inferior.

Quando Perséfone está na Terra, sua mãe se alegra e as plantações tomam seu curso de fertilidade, acontecendo assim a primavera e o verão. Quando Perséfone se vai, o outono começa e o inverno vem, pois o mito nos conta que sua mãe está entristecida e nada produz.

Mas, a história tão somente sendo sobre Perséfone, a deusa da primavera, entendemos assim o ciclo da natureza: para nascer, é preciso morrer; para frutificar, é preciso germinar; para fazer a natureza florescer primaveril, é preciso no sub do solo raízes reais criar.

O rapto de Prosérpina explica sobre a jornada para a ascensão. Hades é o solo para a deusa da primavera, é o elo, é o mundo qual ela vai para se nutrir, se conhecer, despertar a própria magia de gerar. E de lá ela brota, de lá a primavera se sustenta do mistério e escuridão que desconhecemos e que é o verdadeiro lar de uma semente. Kore é a semente que brota na primavera Perséfone.

No momento dos frutos e flores surgirem, é do submundo, das entranhas da terra, do amor feito... é de onde Perséfone vem. Deusa da primavera Perséfone se tornou de fato, o poder dormente e antes precoce conquistou, porque no mundo dos mortos Prosérpina reinou.

FERNANDA DE CASTHLIER

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